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Viajar sozinho - Companhia não falta -Brasil, Bolivia e Peru


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Baseado na minha viagem pela bacia do Amazonas Peru/Brasil

 

 

[t1]Roteiro com ônibus/trem:[/t1]

SP - Corumbá - trem da morte - St. Cruz - Cochabamba - La Paz - Copacabana - Puno - Arequipas - Lima - Pucallpa.

 

[t1]Roteiro com embarcações (lanchas):[/t1]

Pucallpa - Iquitos - St. Rosa - Tabatinga - Letícia(Columbia) - Manaus - Santarém - Belém.

 

Belém - SP com ônibus.

 

36 dias de viagem, 35 noites. Eram 13 noites em 5 lanchas diferentes, 6 noites viajando durante a noite em ônibus/trem e 16 noites em hotéis/hostales.

Gastei 989 US$

 

O que não estou escrevendo no Diário é o seguinte:

 

Viajar sozinho tem as suas desvantagens, mas começo sentir cada vez mais as vantagens.

Viajando sozinho você vive e sente mais as emoções e tem tempo de guardar estas na sua mente.

Você esta obrigado de fazer contatos e vai encontrar gente, que você nunca ia encontrar na sua vida do dia a dia.

Fora das pessoas que viajam em trabalho e gente que viaja por prazer e diversão, você encontra gente que tenta encontrar um sentido na vida, gente que tenta encontrar-se próprio, gente que foge da realidade da vida normal, gente que é obrigado de encontrar uma nova vida num outro lugar, gente que precisa encontrar gente.

Sozinho você também observa e pensa mais sobre o que esta funcionando mal no nosso mundo, coisas que tocam seu coração.

 

Nesta viagem cheguei a conhecer:

 

O Ludwik da Bélgica: Ele entrou no bus em Campo Grande, vindo de Porta Alegre. Olhos azuis, loiro, 21 anos. Trabalhou em Porto Alegre como garçom, ganhando entre 600-800 Reais/mês. Estava apaixonado por Brasil. Ia voltar para Bélgica em Julho deste ano, trabalhar um ano e juntar o dinheiro para comprar um apartamento em Porto Alegre. Ele disse, que o preço do apartamento é tão baixo, na Bélgica ele ia pagar 4 vezes mais.

Ele era descendente de poloneses que em 1939 fugiram da Polonia pouco antes da entrada dos alemães e o inicio da guerra.

Ia para La Paz visitar um amigo do amigo dele em Porto Alegre e assim conhecendo Bolívia. Era curioso como uma criança queria ver todo e saber todo. Falamos sobre Hitler, a segunda guerra mundial. Sobre Alemanha, o maior pais da comunidade européia, mas incapaz de assumir a sua posição respectiva, para não criar tendências anti-alemães nos outro paises com lembrança da guerra ainda ativa.

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O Sandro de Lima, que encontrei na lancha de Tabatinga para Manaus. Ele foi para a Guiana Francesa, para ganhar uma vida digna. Um dia entrou num controle policial de rotina. Sem documentos validos e sem visto, foi colocado no próximo avião de volta para Peru. Agora estava no caminho, para tentar tudo de novo.

 

O Canadiano Frank, que encontrei em Iquitos. Jantamos juntos. Ele tem 84 anos e foge da solidão e do frio da sua terra lá no norte. Tem pouco dinheiro e vai para paises baratos como Bolívia e Peru, para encontrar um pouco calor humano e um sol mais brilhante.

 

O Pastor anglicano de Buenos Aires, de 29 anos, com quem falamos sobre a pobreza absoluta. Não falamos dos pobres que pedem esmola na cidade, estes tem a vida normalmente arrumado. Falamos por exemplo dos indígenas no planalto boliviano e dos favelados da grande Lima, onde só tem poeira sem chuva durante quase tudo ano. A luta para ganhar 1-2 Soles para comer uma sopa. A pergunta era, se não estamos já vivendo céu e inferno aqui na terra. Estes sem duvida tem uma vida de inferno a luta de sobrviver cada dia.

 

Perguntou, no que lado eu estou, no céu ou no inferno. Acho para não brigar com Deus, no céu, pois tenho tudo o básico para viver e no resto o livre arbítrio, que nem este eles tem.

 

A Liliane, dum vilarejo perto de Santarém/Amazonas, que foi ganhar a vida em Pernambuco e passa as férias na sua terra natal. Queria fotografar ela, mas ela achou-se feio e tinha um sorriso tão bonito.

 

O Inka de Cochbamba (os indígenas do alto plano são diferentes dos índios da bacia amazônica, pois a altura e a vida dura neste clima os formaram), o conheci em Copacabana, ele ia visitar um amigo no norte de Lima, era a primeira viagem dele fora da Bolívia. Ele ficou grudado a mim. Chegamos a Arequipa e o bus semi-leito ás 20.00 horas estava atrasado, ofereceram por mais 5 soles de pegar este. Eu disse a ele que ia fazer, foi tudo rápido, não pensei que 5 Soles para ele era muito dinheiro. Deveria ter tratado o caso dele logo também. Quando ele decidiu que ia comigo era tarde de mais, o bus começou andar e eles me chamaram.

Nem sei o nome dele, só me lembro a cara triste olhando para o bus saindo e tudo por cinco Soles.

 

O rapaz que vi nos cais do porto de Manaus. Deveria ter 25 a 30 anos, bonito, bem vestido com certeza não da região. Ele olhou para mim com um olhar de angustia, fome, abandonado, esperava qualquer coisa, um milagre, um jantar um conselho. Não agüentei o olhar dele e virei a vista. Eu passei, mas fiquei com remorso e não consegui esquecer o olhar dele. Aparecia um olhar do outro mundo.

No outro dia o vi na fila dos estivadores, carregando cada vez 3 caixas de frango congelado para uma lancha. Sujo da água dos frangos, de suor e da poeira. Ele não olhou para mim. Apareceu que ouvi uma voz dizendo: Eu chamei-te pedindo ajuda, mas tu não ouviste. Eu vir-me-ei e comecei chorar.

 

O Sergio da Normandia/França, com 32 anos, diz que não consegue ficar lá na província no apartamento que herdou dos pais. Trabalha meio ano e vai com a mochila a outra metade do ano. Já fez a norte toda de América do sul, da Guiana francesa até o sul de Peru.

 

As duas irmãs, mais ou menos da mina idade, 64 anos eram da cidade de Seattle no estado de Washington na fronteira com Canadá. Viajaram com avião até Iquitos e de lá com Lancha até Tabatinga e estavam agora na lancha para Manaus. Chegando a Manaus iam voltar para Seattle. A viajem era toda organizada e dormiam numa cabine dupla 600 Reais para as duas, contra os 100 Reais/pessoa na rede

Falaram com ninguém, e nunca vi uma sozinha eram sempre as duas juntas. Estavam sentados no lado da lancha observando a floresta. Não sabiam nada sobre a América Latina nem em que parte estavam. Falei que vinha de São Paulo e fui buscar um mapa mostrando o caminha que tinha feito e o caminho delas. Começaram ficar curiosos e falamos sobre as nossas cidades, as nossas viagens, a nossa vida etc.

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[t1]O que me tocou mais nesta viagem:[/t1]

 

 

A retirada em minha opinião totalmente descontrolada da madeira no Peru e também no Brasil. No trajeto de Lima para Pucallpa contei mais de 60 caminhões com madeira já trabalhada e cortada a medida, fora os cobertos com lona e que com certeza também levaram madeira. Imagina isso x 365 por ano.

No Porto de Pucallpa estavam descarregando pranchas de madeira tão grandes, que uma arvore forte no maximo poderia render 4-6 pranchas destes.

 

O folheto turístico sobre o estado de Loreto com a capital Iquitos escreve que Iquitos viveu seu auge entre 1880 e 1914 com a exploração da borracha. Depois entrou em esquecimento e decadência.

Só a partir de agora (conforme folheto turístico) com a exploração de petróleo (não sabia que tinha petróleo nesta zona), e principalmente a exploração da madeira ganhou nova vida. Pensei sobre o que já tinha visto em relação á exploração da madeira, caso continua como agora, e nada indica que vai mudar, esta nova vida vai acabar muito mais rápido do que os 34 anos do auge da borracha. E Brasil se cuida, se eles tiram as arvores a volta dos afluentes do Amazonas do Peru e da Bolívia ( 2/5 dos afluentes ) com a mesma ferocidade como no Brasil, em poucos (não decadas) anos by by Amazonas.

 

No Brasil pergunto o mesmo, alguém controla a retirada da madeira? Na cidade de Breves já no delta da ilha Marajó e antes madeira muita madeira em troncos no rio boiando e já trabalhada, serralherias trabalhando a todo vapor. De onde vem toda esta madeira? Em minha opinião isso já fugiu do controle, e isso vai continuar até as ultimas arvores de madeira nobre como mogno, jatobá e cedro caíram. Não quer ser pessimista, mas como as coisas vão os nossos netos não vão ver mais as maravilhas que alem de todo ainda hoje encontramos.

 

Pensei que no sul de Belém ainda tinha florestas, mas já foram todas, só se vê os restos, troncos queimados a floresta transformado em pasto e mata baixo. Saindo de Belém vi as serralharias abandonados ou em decadência, pois a madeira simplesmente acabou. Muitos fornos para fazer carvão, aproveitando assim o que ficou das florestas.

 

O desmatamento até a beira do rio. Passando com a lancha fica bonito de ver, um trecho sem floresta, grama verde até o horizonte só com algumas palmeiras e vacas pastando. Mas quem observa direito vê que a beira do rio sem a proteção das raízes da floresta fica desprotegida. A terra é muito mole e o rio baixando nesta época do ano tem mais correnteza tirando a terra por baixo da grama e a borda cai hoje aqui, amanha mais para frente. O leito do rio na esta fixa a diferença entre alta e baixa da água é muito grande e qualquer brecha a água entra, procurando novos caminhos. Vi e fotografei uma plantação de bananas, a primeira fila mesmo a beira do rio tinha caído toda no rio. Pois a raiz das bananas também não tem o cumprimento das raízes da floresta, que seguram a terra entre o nível mais alto e mais baixo. O rio assim fica com o tempo mais largo, mas menos fundo e com mais bancos de areia no meio.

 

Ouvi,

oi Dieter, os meus afluentes são as minhas veias, os meus braços e as minhas pernas, quem machuca os meus afluentes esta machucando a mim.

As florestas a volta dos meus afluentes e a volta de mim, são o meu corpo, quem machuca as minhas florestas, esta machucando a mim.

Pensei: Mas rio Amazonas em relação ao que vi, com cada dia que passa, já não é tarde de mais?

Fiquei quieto, aguardando uma resposta, mas ouvi mais nada.

 

As favelas em volta de Lima. Em Lima é raro que esta chovendo, no caminho todo de Arequipa até Lima passa-se por deserto sem verde nenhum. Lima tem muitas áreas verdes e arvores na beira das ruas, mas regado, pois os Andes são próximos e fornecem muita água. Agora as favelas de barracas de madeira, chapas de zinco, não tem verde nenhum, só poeira muita poeira. Como uma criança pode crescer saudável nesta miséria? Pensei nas favelas de São Paulo (com algumas exceções) pelo menos tem de vez em quando uma arvore tem água e não tem esta poeira. Bom não sou especialista em favelas, mas viver numa de São Paulo aparece-me muito melhor do que em uma de Lima.

 

As crianças trabalhando, como estivadores. Rapazes com não mais de 14 anos. Agora isso vi só no Peru. Não porque estão trabalhando, mais por causa do ambiente todo, sujo e se não tem poeira tem lama. Os estivadores estão sempre correndo, devem combinar um pagamento por certo trabalho e estão correndo para pegar logo outro trabalho. O dinheiro deve-ser tão pouco, pois tem sempre homens esperando para fazer qualquer coisa.

 

A crueldade no transporte do gado, também isso vi só no Peru e fotografei. As lanchas carregam todo inclusive a minha para Iquitos levava duas vacas. Agora o que vi em Iquitos, numa lancha umas 15 vacas encurraladas num canto da lancha uma tão perto da outra que tinham de ficar em pé, nem poderiam cair. Sem comida sem água, não sei quanto tempo estavam já nesta lancha. Tinha uma instalação para tirar as vacas da lancha direto para um caminhão esperando. Agora com espaço a primeira vaca caiu, eles bateram nela, torceram o rabo, mas não adiantava, então já acostumado encostou um carro baixo na lancha e com laços, puxando nos cornos no rabo puxaram a vaca acima do carro. A vaca nem se movimentava nem um pouco os olhos virados, mas ainda respirando. Levaram ela com rapidez, pois não poderia morrer antes de chegar ao matadouro. Outra vaca caiu já no caminho para o caminhão, levantaram a cabeça dela e jogaram água no nariz dela e ela levantou-se com pressa. Bom ficou a ultima, eles nem tentaram bater nela, puxaram ela direto para o carro pequeno que já estava de volta.

 

O por do sol neste rio/mar. Acho foi o por de sol mais bonito que já tinha visto, a lancha navegava no meu do rio não se via as margens, o rio brilhava , aparecia que andamos num mar de ouro e prata. O rio dizia, alem de tudo que vocês estão fazendo comigo eu ainda estou aqui grande e majestoso. Começam refletir sobre o que vocês estão fazendo comigo, para que fico assim para vocês, vossos filhos e os filhos destes.

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  • Membros de Honra

Pombo...

mais um admirável post seu. Também gosto muito de viajar sozinho, são muitas as vantagens. Egoísmo? Talvez... mas é muito mais sossegado e aberto p/ conhecer pessoas como estas q vc citou aí.

Tô doido p/ conhecer o Amazonas, mas ainda está muito caro p/ nós mortais...

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  • Membros de Honra

Oi mikeweiss,

 

obrigado pelo teu comentário, veja a viagem eram 36 dias e gastei só 989 US$. O caro são as viagens com bus no Brasil, paguei 59 US$ de SP até Corumbá e depois outros 50 US$ para o restante do trecho via Bolívia até Lima. Mas não sei como eles conseguem pagar as despesas todas cobrando só de Copacabana até Lima 28 US$ e muitas vezes o ônibus vai ainda meio vazio.

Mas esta viagem ficou barata por causa das 16 noites viajando, dormindo e comendo na lancha, com um custo médio de 7 US$/dia.

De qualquer maneira tinha de fazer esta viagem, pois era uma promessa a mim própria.

Maico, viajar sozinho tem as suas vantagens, mas eu não defendo de viajar sozinho,

e não estou viajando por egoísmo sozinho, no meu caso é falta de companhia mesmo.

Tem ser uma equipa na qual cada um conhece bem o outro.

Agora isso não esta invalidando os meus comentários sobre as vantagens de viajar sozinho. Poderia agora dizer quais são as vantagens de viajar a dois. Uma menos importante é o preço do hotel dividido por dois é mais barato.

Abraços Dieter

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  • Membros de Honra

Muito boas suas observações!!! Tem viajantes que "passam" pelos lugares, e tem viajantes que "participam" dos lugares por onde passam.

 

Muito legal tb é ver como tem gente por aí que vai viver um sonho, tipo, vai se virando, trabalha seis meses para poder conhecer o mundo nos proximos seis, e assim vai vivendo. Admiro isso!

 

Dá gosto de ler suas impressòes sobre as viagens! Parabéns!

 

Abraço!!!

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  • Membros

Dieter, Li seus E.mails na minha caixa postal. Infelizmente só consegui deletar,apagando tudo.Mas não tem importancia , repito aqui as minhas palavras anteriores: ACHEI O SEU SITE ÓTIMO. A viagem está bem descrita e o que tambem é importante para o mochileiro , é o relato das despesas, de preferencia em dollar. Sendo o que tenho para o momento, um abraço amigo. marcelloinglez

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  • Membros de Honra

Oi marcelloinglez,

 

Preços incluídos café de manha, almoço, jantar.id="red">

 

Pucallpa - Iquitos:

Rede 70 soles/ 22US$

Cabine duplo c/garantia de ficar sozinho 120 soles/38 US$

Iquitos - Tabatinga:

Rede 50 soles/ 15,6 US$

Cabine dupla sem garantia de ficar sozinho, então entrou

Rubi, 21 anos, uma muita boa companhia, 80 soles/25 US$

Tabatinga - Manaus:

Rede 100 Real

Cabine duplo, 300 Reais/pessoa, Suíte 600 Reais.

Manaus-Santarém-Belém: Rede 200 Reais, com troca da lancha em Santarém.

 

De Pucallpa até Tabatinga fiquei com cabine. Depois a cabine ficou cara de mais e fiquei com rede, e gostei muito.

De Manaus até Belém nem perguntei mais o preço da cabine.

 

Abraços Dieter

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