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41 dias pelas Patagônias argentina e chilena de carona/ a pé + Mendoza e Buenos Aires


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Aos mais ansiosos, está quase tudo no Instagram @tuilemes.

Mas aqui vou descrever como foi detalhadamente, aos poucos. Afinal, 41 dias não tem como "resumir" em poucas palavras.

 

Sempre foi meu sonho conhecer a Patagônia. Se alguém chegasse para mim e dissesse que pagaria uma viagem a qualquer lugar do mundo, que era só eu escolher o destino, eu ainda escolheria a Patagônia. Outro ponto é que sempre fiz trabalhos sociais voluntários e palestras sobre o assunto, incentivando as pessoas a fazerem o mesmo, praticarem o bem e ajudar ao próximo sem esperar nada material em troca. Mas era muito fácil eu fazer as ações e palestras falando isso e depois voltar pra minha casa tendo água quente para banho e comida na mesa, enquanto algumas pessoas que eu ajudei naquele dia, no dia seguinte já teriam que batalhar por sua sobrevivência de novo. Então decidi fazer de carona, e quando não tivesse seguiria a pé. Agora queria estar do outro lado, de ser ajudado. Estar em um país diferente, cultura e idioma diferentes (apesar de semelhantes), onde a cada dia que acordava não sabia onde iria dormir, onde iria comer, onde iria chegar. Cada passo dado era um passo no escuro. Só pesquisei lugares que não poderia deixar de visitar, mas como seria, como chegaria, qual iria primeiro, tudo se resolveria conforme aconteceria a viagem. Nada programado.

Contei a poucas pessoas, ninguém da família, somente amigos, e uma amiga de muitos anos “pediu” para ir junto, Alessandra. Falei que sim, mas não botei fé, achei que logo desistiria da idéia. Mas entrou de cabeça na viagem e foi comigo. Por achar perigoso pegar carona no Brasil, pegamos avião de Guarulhos a Buenos Aires através de milhas que tinha. Única coisa que tínhamos para essa viagem eram as passagens (ida 10/03 e volta 20/04).

Nosso vôo era para ter saído na quinta feira (10/03/2016) de Guarulhos pra Assunção, no Paraguai, onde faríamos uma conexão e pela manhã seguiríamos até Buenos Aires. Vôos de Assunção a Buenos Aires só tem uma vez ao dia, e pela manhã. Mas o tempo estava fechado em Guarulhos, o que fez o aeroporto fechar. Só conseguimos decolar as 7 da manhã (!!). Chegamos em Assunção no horário que era previsto chegar em Buenos Aires. Ou seja, nos atrasamos, e consequentemente, perdemos o único vôo diário para a capital argentina. Mas os passageiros não deixaram por menos. Brasileiros, argentinos, chilenos e peruanos fizeram um “auê” no aeroporto, até que “criaram” um vôo novo para nós. Mal começou a viagem e já com altas emoções, e imprevistos rs. Chegamos na sexta feira (11/03) em Bueno Aires de tarde, e fomos para a casa de Isa. Isa é uma brasileira que estudou um período na mesma universidade que eu (Universidade Estadual de Maringá), e por termos amigos em comum, acabaram me indicando ela, e ela gentilmente aceitou nos hospedar em sua casa nesse primeiro dia de viagem.

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No sábado fomos atrás para comprar passagem de trem para sair de Buenos Aires. Esse seria nosso único transporte pago, pois é perigoso pedir carona em Buenos Aires. Maior cidade do país, como se fossemos pedir carona em São Paulo. Não queríamos correr o risco de sermos assaltados e comprometer toda viagem logo no primeiro dia. Porém, os trens só funcionam de dia de semana. Ou seja, teríamos que esperar até segunda feira. Como esperar até lá teríamos gastos também ficando em Buenos Aires, mesmo mais caro decidimos pegar um ônibus até Bahia Blanca (640km). Então, na mesma noite pegamos um ônibus direto. A passagem custava 700 pesos, mas conversando com simpatia com a atendente, convidando-a para visitar o Brasil (era o sonho dela), ela nos deu um “desconto estudante” e pagamos 560 pesos em cada passagem.

 

*Dica: na Argentina é comum dar às pessoas que guardam as malas no ônibus um dinheiro, um trocado, uma gorjeta, quantia pouca, que eles chamam de “propina”. Isso evita qualquer situação chata que eles podem criar. (e tem quem ache ruim e pede a propina).

 

Chegamos domingo logo cedo e Juan foi nos buscar no terminal. Juan já tinha hospedado um amigo de Alessandra, que nos indicou ele e Juan aceitou nos hospedar. Do terminal Juan passou na padaria, comprou vários croissants e fomos à sua casa. Depois de um café da manhã de domingo e conversas para nos conhecermos, ele quis nos levar para Sierra de la Ventana, um lugar muito bonito e aconchegante, pouco mais de 100km de Bahia Blanca. Lá parecia um povoado, uma vila com casas de requinte, algumas no formato triangular (como se fosse uma casa de anão dos desenhos), de madeira robusta, com todas características de uma casa no campo. As casas eram uma ao lado da outra e não havia cercado que as separasse. Uma boa vizinhança onde qualquer um gostaria de viver. Um riacho com águas cristalinas passava sob uma ponte de trilhos de trem, e todos que tinham casa ao redor podiam ir até lá, fazer um “asado argentino” e desfrutar da paisagem.598dd84c29a5d_Patagnia065.JPG.00ce8114bf57a72f12eff6b3898870ca.JPG

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Paramos em um restaurante para almoçar ates de voltarmos até a casa de Juan, para no dia seguinte sairmos tentar carona. EIS QUE Alessandra recebe uma mensagem. Pretendíamos fazer o máximo possível de nossa viagem as hospedagens através de Couchsurfing, pois além de ser mais barato, os locais podem indicar lugares que não são tão conhecidos mas tão belos quantos os mais populares. Além do fato de trocar experiências e fazer novas amizades. E a mensagem que Alessandra recebeu foi de Samuel, um jovem que vivi em Comodoro Rivadavia e aceitou nos hospedar em sua casa. Comodoro fica 1.100km pra baixo de Bahía Blanca, mas Samuel tinha ido com um amigo a um show em uma cidade pra cima de Bahía Blanca, e mandou mensagem dizendo que se quiséssemos carona tinha dois lugares. Pode parecer mentira, mas não é! Eu e Ale pretendíamos passar em Puerto Madryn para conhecer a Península Valdés, mas não podíamos perder uma oportunidade dessa. Então obviamente aceitamos. Voltamos com Juan até Bahia Blanca para pegarmos nossas coisas em sua casa. A cama já estava arrumada para dormirmos. Fiquei com dó do Juan, por sentir o prazer que tinha em receber viajantes, mas ele entendeu. Então nos levou até um posto na saída da cidade onde nos deixou. Esperamos por uma hora até Samuel e seu amigo chegarem e nos pegarem. Viajamos a noite toda, conversamos muito, principalmente futebol (assunto que nunca falha entre brasileiros e argentinos). Samuel era torcedor do River Plate e eu do São Paulo, e nossos times tinham jogado dias antes. Então papo não faltou. Além de muito mate. Saímos de Bahía Blanca umas 8 da noite, e às 7 da manhã já havíamos rodados todos os 1.100km e chegamos em Comodoro Rivadavia.

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Samuel estrategicamente tinha pedido aquela segunda feira de folga do trabalho, então dormimos sem hora para acordar. Como ganhamos muito tempo com essa carona, e acordamos de tarde nesse dia, resolvemos partir só no dia seguinte. Conhecemos um pouco de Comodoro, a praia, e a noite Samuel chamou alguns amigos para comermos um “asado napolitano”, que na real era uma carne, tipo bife mesmo só que bem grande, com molho de tomate presunto e queijo por cima. Comemos, bebemos e rimos um monte. O verdadeiro espírito do Couchsurfing. Na manhã seguinte Samuel saiu para ir ao trabalho e Alfonso, um dos amigos, que nos levou até a estrada, deixando-nos num trevo onde havia grande fluxo. Lá nos deparamos já com um mochileiro pedindo carona, um francês. Então resolvemos caminhar um pouco. 598dd7872e18f_patagoniaCloud016.JPG.cf720e1ca386af3589044f1cf70cfc48.JPG

 

Era de fato o primeiro momento da viagem que pediríamos carona na beira da estrada. Caminhamos até uma reta longa, onde todo carro que viesse pudesse nos ver de longe, e ainda havia espaço para estacionarem.

Muitos passaram reto por nós, até que Gabriel parou. Uhull!! Nossa primeira carona conseguida na estrada!

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Ele disse que poderia nos levar por uns 80km, pois depois desviaria do nosso caminho. Aceitamos (lógico) e partimos. No meio do caminho, encontramos uma manifestação de civis contra o governo (chamam de “côrrrte” – lê-se como escrito), e bloqueavam toda rodovia, não deixando nenhum carro passar, formando aquela fila imensa de carro. PORÉM Gabriel já havia passado por essa manifestação pela manhã quando foi até a cidade. Os manifestantes disseram que quando ele voltasse lhes dessem um “regalo” (presente) e eles o deixariam passar. Então ao chegar na manifestação, fomos nos enfiando por entre os carros até chegarmos na frente. Quando os manifestantes vieram nos abordar, Gabriel pegou um chouriço no chão do passageiro e entregou. Feito isso, eles liberaram nosso carro e seguimos. INACREDITÁVEL!!! Tantos carros passando reto por nós, e o único que parou para nos dar carona foi o único a passar pela manifestação. Demais!!!

 

Gabriel nos deixou onde ele viraria para outra direção. Porém, 50 metros atrás, tínhamos passado por uma fiscalização policial. Então caminhamos até lá, conversei com os policiais e pedi ajuda, para que as pessoas que eles abordassem pedirem para nos dar carona. De bom coração o chefe topou, e os carros que eles paravam perguntavam se podiam nos dar carona. Em 10 minutos conseguimos uma, por mais 60km, até um posto de gasolina. Eram pai e filho no carro. 598dd7875bc31_patagoniaCloud027.JPG.7b20064a0fb4e2e60a2f0d016c9f0202.JPG

 

Eles seguiriam por mais 12km pelo sentido que pretendíamos, depois tomariam outro rumo. Então decidimos ficar no posto e tentar carona ali. Abordamos alguns carros e uma coisa interessante: alguns que pedíamos carona falavam “mas como já estão aqui?? Passei reto por vocês lá atrás!”. Hahaha! Nós, de carona, andamos mais rápido que eles com carro próprio, graças a Gabriel.

Nesse posto passamos mais de hora e nada, estávamos apreensivos já, pois o cenário era de extremo deserto. Então Ale falou “Tui, vamos entrar e comer algo. Quando sairmos NÓS VAMOS CONSEGUIR!”. E não é que foi dito e feito. Almocei um bife com batatas. O bife era enorme, então cortei e enrolei num guardanapo para levar, afinal, não sabia quando iria comer novamente. Ao sair do restaurante, caminhando em direção às bombas de combustível, encontramos Ivan, um chileno gente boa que estava viajando sozinho de camionete.

- Para onde vão?

- Rio Gallegos

- Entrem, eu levo vocês!

Alegria sem tamanho! Ganhamos uma carona de 700km!

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Ivan é representante da Under Armor no Chile. Um cara super bem humorado e amante da gastronomia, além de conhecedor da música brasileira. Durante a viagem reparei e perguntei sobre o som, e ele disse que não tinha. Então cheguei à seguinte conclusão: ali estávamos tanto ele nos ajudando quanto nós a ele. Imagina viajar sozinho, por 700km, no deserto patagônico, sem som nem sinal algum de celular ou rádio. Tédio absurdo!

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No caminho pegamos outro "côrrte", mas dessa vez tivemos que esperar. Pouco mais de uma hora. Interessante é que era meia dúzia de manifestantes. Teve carro que tentou pegar um caminho de terra contornando, eles foram atrás. Apesar de poucos, sabíamos que estavam armados. Então só nos restava esperar liberarem. 598dd799e46ce_Patagnia085.JPG.65961f3f4626dc4b88f7b005e73fb7d0.JPG

 

Chegamos umas 9 da noite em Rio Gallegos e paramos logo num posto na entrada da cidade. Posto grande com polícia 24hrs, conveniência e restaurante. Por esses motivos decidimos ficar por ali. Ivan já seguiria para Puerto Natales, enquanto nós queríamos descer até Ushuaia. Ficamos tempo ali na conveniência, e convesando com o policial ele sugeriu para dormirmos no fundo do posto se quiséssemos descansar. Disse que lá já haviam outros mochileiros com barracas armadas. Então demos a volta e fomos. Logo encontramos dois espanhóis (mal poderíamos imaginar o que ainda passaríamos juntos), um argentino e outro chileno. Conversamos um pouco, mas já montei a barraca para descansar o pouco tempo que tínhamos. Já era 1 da manha nesse momento, e perguntei aos demais que horas acordariam para pegar estrada. Como disseram as 7:00, falei para Ale que teríamos que acordar as 5:30. Afinal, querendo ou não, eles eram nossos “concorrentes”. Então, se saíssemos antes, maior a chance de conseguirmos.

6:00 já estávamos pedindo carona a quem parava no posto, mas até as 7:00 não tínhamos conseguido nada. Vimos os outros mochileiros levantarem e irem para a conveniência tomar café. Então eu e Ale decidimos sair do posto e começamos a caminhar em direção à cidade (lembrando que estávamos no posto na entrada da cidade). Íamos andando e pedindo carona, até que paramos um tempo onde achamos um lugar que os carros poderiam estacionar. Mas os carros passavam em alta velocidade, seria difícil. Até que parou um senhor, desceu e nos disse “Aqui vocês não vão conseguir nada. Os carros não podem parar aqui. Claramente vocês não sabem disso. Entrem que levo vocês até a saída da cidade.” Que alma boa! Deu uma carona de uns 7 minutos, mas essencial! Na saída da cidade onde o senhor nos deixou havia outro “côrrte”, mas como estávamos a pé, não houve problemas. Passamos caminhando por entre eles. Até ouvimos um “boa viagem” rs.

Como bloqueavam o trânsito tanto para quem vem quanto para quem vai, alguns carros decidiam voltar para onde antes estavam. Passamos caminhando pela manifestação e seguimos. Uma camionete que chegou até o “côrrte” resolveu retornar, seguindo o mesmo sentido que agora andávamos. Então parou para nós. Era Mariano, trabalhador de uma fazenda alguns quilômetros dali. Jogamos as mochilas na carroceria e subimos. Humilde e muito boa gente, Mariano nos levou até a fronteira com o Chile, 12km depois da entrada de sua fazenda. Ele retornou e nós entramos na aduana para regularizar o passaporte. 598dd787cbafd_patagoniaCloud049.JPG.12ce0872f0eb7fb09826fcb3f34f19bd.JPG

Esse é um trecho onde temos que adentrar o território chileno e depois sair, retornando ao argentino seguindo até Ushuaia. Ficamos na aduana, pois era mais fácil abordar as pessoas, visto que todos têm que parar ali. Logo conseguimos uma carona de um pai com a filha. Nos deixaram no trevo onde virava rumo Ushuaia. Eles seguiriam reto em direção a Punta Arenas. Então começamos a caminhar no deserto patagônico. Já estávamos a quilômetros da aduana, só nos restava torcer. Eis que pára nossa primeira carona de caminhão. Achávamos que ela seria quase toda de caronas de caminhoneiros, mas estava praticamente sendo feita por carros particulares.

 

*OBS: muitos caminhoneiros são boa gente e até querem dar carona, mas por ordem da empresa são proibidos. Isso deve-se a uma ocasião que um caminhoneiro deu carona para um mochileiro e houve um acidente, daí a empresa foi notificada pelo seguro. Então eles não dão para evitar problemas. Mas ainda têm alguns que ignoram e têm prazer em ajudar os mochileiros.

 

O caminhoneiro nos levou até a balsa, onde atravessamos com ele, e sugeriu que descêssemos logo depois de cruzar, pois ele seguiria para outra cidade, e ali era onde todos carros que atravessavam pela balsa passam. Descemos e ficamos na frente do restaurante que tem logo do outro lado. Ficamos pouco mais de duas horas ali pedindo carona e nada. O fluxo é menor, pois temos que esperar a balsa ir até o outro lado, voltar com os veículos, e ainda torcermos para algum desses poucos nos dar carona. Começamos a ficar apreensivos depois de duas horas ali. Então tive a idéia de atravessar novamente a balsa, pois os carros que viriam para este lado tinham que parar lá para esperar, assim era mais fácil de abordar. Atravessamos novamente e, logo que descemos da balsa avistamos Juan, um dos espanhóis que conhecemos acampando no posto em Rio Gallegos e também ia para Ushuaia. Ele estava de carona com um caminhoneiro e tinha se separado temporariamente de seu amigo, que estava em outro caminhão sabe-se lá aonde. Juan estava conversando com o caminhoneiro que estava lhe dando carona e outro caminhoneiro companheiro dele de empresa. Dissemos que estávamos tentávamos carona há mais de 2 horas e nada. Então Juan nos ajudou, convencendo o outro caminhoneiro a nos dar carona. O caminhoneiro era Guilherme, um argentino que conhecia bastante o Brasil, mas tinha receio de dar carona pois já tinha levado um tiro na perna de um caroneiro (Juan me contou depois). Juan dizia “Eles são boa gente. Já os conheço. Leve eles até Ushuaia conosco”. Guilherme respondeu “tá bom, eu levo!”. Ou seja: passamos mais de duas horas do outro lado e nada. Voltamos, e em 5 minutos conseguimos carona até o destino final. Aeee!!! Carona até o ponto final da rota, até “el fin del mundo”!!!

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Cruzamos a balsa novamente e seguimos viagem. Mas nem imaginávamos a estrada que pegaríamos. Era um trecho de uns 114km absolutamente de pedra, sem placas ou informações, fazendo com que por várias vezes eu pensasse se estaríamos no caminho certo ou não. E várias vezes olhava o velocímetro e via 5, 10, 15km/h. Percorremos esse trecho desgastante de 114km em 4 HORAS!!! De noite chegamos à aduana para regularizar passaporte e podermos adentrar a Argentina novamente. E Guilherme ainda nos deu uma “hamburguesa” para cada e um suco para todos.

Estávamos a uns 400km de distância de Ushuaia, e percebemos que Guilherme estava com sono, “pescando” ao volante. Eu já não conseguia ficar com olhos abertos também para ajudar, pois estava quase 40 horas sem dormir. Então sugerimos que parássemos os caminhões para descansar. Guilherme ligou para seu companheiro no caminhão da frente, que levava Juan, e fez a sugestão. Aceitaram e encostaram os caminhões no acostamento. Mas como nos caminhões só havia espaço para os próprios caminhoneiros dormirem, tivemos que armar a barraca do lado de fora. A barraca de Juan era bem mais prática, então armamos a dele e dividimos nós três. Estávamos dormindo literalmente à beira da estrada, sobre pedras. Durante a madrugada ventou demais, fazendo com que a barraca balançasse várias vezes e nós tivéssemos que apoiar as mãos por dentro para ela não sair do lugar. Pra ajudar, começou a chover, e nossas coisas que deixamos fora tivemos que arrastar pra dentro para não molhar. Que sufoco!

Às 6 da manhã ligaram os caminhões, levantamos, ajeitamos as coisas e desmontamos a barraca. Motoristas descansados, hora de partir. Cada quilômetro que passava ficávamos mais empolgados. Quando começamos a ver a neve caindo na estrada, a ansiedade aumentou mais ainda. Mas a estrada era perigosa, cheia de curvas com um penhasco do lado. Um deslize e adeus! Mas Guilherme era um caminhoneiro prudente, como ele mesmo enfatizara, e estávamos indo bem tranquilos, sem pressa, e apreciando a linda paisagem que tínhamos ao redor. No final do penhasco havia o Rio Grande, em meio a árvores cobertas de neve.Parecia cena de filme tipo "estrada da morte" rs. Quando estávamos na última curva antes da entrada em Ushuaia, eis que encontramos outro "côrrte" não deixando nenhum veículo entrar ou sair da cidade.

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Paramos os caminhões, descemos e ficamos conversando com Juan, que vinha no caminhão de trás. Então veio a notícia de que, diferente dos outros cortes, este não havia previsão para liberarem a passagem. Estávamos tão perto, não poderíamos ficar ali perdendo tempo com Ushuaia já ao alcance dos nossos olhos. Então decidimos pegar nossas coisas e irmos a pé. Eu, Ale e Juan. Nos despedimos dos caminhoneiros e seguimos, cada um com sua mochila e Juan ainda com seu violão em mãos. Que cena mais poética três pessoas chegando a pé numa cidade, debaixo da neve, e um ainda com violão em mãos. 598dd788436cc_patagoniaCloud059.JPG.beab9c7ee0bff7ce2d2abdf25e3fe9a0.JPG

Paramos no portal de entrada para o registro do final daquela aventura de estrada e seguimos até um posto da YPF logo na entrada da cidade onde Juan tinha combinado de esperar por seu amigo.

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Resumindo: desde Buenos Aires até Ushuaia, só gastei 560 pesos (ônibus para sair de Buenos Aires) com locomoção, o que na cotação que peguei dá R$ 135,00. Cento e trinta e cinco reais para andar 3.068km em 6 dias.

Até agora só foi estrada. A partir de Ushuaia começam os passeios e lugares. Ainda tem Torres Del Paine, Calafate, Chaltén, Bariloche, região dos Siete Lagos...

Em breve retorno com os relatos seguintes.

 

CONTINUANDO...

 

Juan tinha combinado de se encontrar com Victor, mas não tínhamos notícias dele há um dia. Achávamos que Victor estava atrás de nós, então ficaríamos no posto esperando até ele chegar. Eu e Ale ficaríamos juntos pois Juan nos ajudou muito e nos tornamos companheiros de viagem. Mas eis que, para nossa surpresa e alegria imensa de Juan, Victor já estava no posto nos esperando. Se abraçaram com uma alegria imensa de irmãos de viagem, bonito de ver. Demos um tempo, tomamos um café e com o wifi do posto atualizamos nossas famílias com notícias.

Como estava tendo o "côrrte" ali na entrada da cidade, não estava passando veículos por aquelas ruas. Então não tinha outro jeito se não fosse a pé. Seguimos os quatro pela avenida em direção ao centro de Ushuaia. Juan parou para ajeitar sua barraca na mochila e Victor o ajudava enquanto avistei um ônibus vindo. O ônibus parou uns 50 metros à nossa frente num ponto de ônibus. Saímos os quatro correndo. Conseguimos chegar a tempo, conversamos com o motorista se iria para o centro e ele disse para entrarmos. Fomos de ônibus até a esquina de um hostel que nos fora indicado de carona com o circular, já que o motorista disse que não precisávamos pagar. Chegamos ao hostel, mas estava caro (280 pesos). Então seguimos em busca de outra opção.

No meio de uma rua importante, bem em frente à Casa do Governo, haviam manifestantes com barracas estilo sem-terra, barris com fogo, cena de acampamento medieval, mas foram muito simpáticos e acolhedores. Nos deram água e comida, e ficamos um bom tempo conversando, principalmente sobre as situações políticas de Brasil e Argentina. Em conversas com muitos argentinos, mais ainda com esses manifestantes, chegamos à conclusão de que brasileiros e argentinos são bem parecidos, e estão passando por problemas similares na política. 598dd79a26399_patagoniaCloud068.JPG.c78c540d25917b4d0dce8684d85de73f.JPG

O tempo estava fechando e nós quatro decidimos sair dali para encontrar um lugar que pudéssemos passar a noite. Encontramos uns artesãos que ofereceram a casa por cem pesos (barato), mas era uma hora e meia de caminhada, não valia a pena. Então fomos a um café para tomarmos algo quente e nos aquecer, e também conseguir wifi. Sentamos na mesa e todos conectamos. Cada um começou a averiguar o que queria. Eu fui direto no Couchsurfing. Procurei em Ushuaia e mandei para a primeira pessoa que apareceu, dizendo que já estávamos na cidade e não tínhamos ainda onde ficar. EIS QUE, mais rápida que casal de namorados adolescentes quando estão conversando, ela me respondeu. Juro, não demorou 15 segundos. Até achei que fosse uma notificação atrasada do celular, algum bug, sei lá. Ileana, uma jovem professora de matemática, me respondeu dizendo que no momento não estava pensando em hospedar alguém, mas como dissemos que não tínhamos lugar, e ela vendo que o tempo estava fechando para chuva e neve, disse que não era um bom dia para alguém ficar na rua, então nos aceitou. Disse ainda que estava de carro pela rua e nos passaria pegar em 2 minutos.

Como assim??

Não tínhamos onde ficar e, em menos de 3 minutos, uma pessoa já tinha aceitado e estava indo nos buscar. Sério, são tantas coisas boas acontecendo que parece exagero. Eu mesmo talvez não acreditaria, pelo menos na rapidez com que os fatos aconteceram. Mas é a mais pura verdade!!

Nos despedimos de Juan e Victor. Parecia meio chato largar os dois ali, mas eles entenderam. Desejamos sorte uns aos outros, e dissemos que iríamos atrás deles em Ushuaia ainda para revê-los.

Eu e Ale ficamos esperando na porta do café, e em alguns minutos Ileana chegou. Fomos conversando, nos conhecendo, até chegarmos à sua casa. Nos mostrou as camas, tomamos banho e logo fomos dormir. Estávamos muito cansados. Quase 48 horas direto sem dormir. Ileana também estava cansada.

Em poucos minutos, estávamos sem casa e sem saber o que aconteceria, para tudo mudar rapidamente e estarmos dormindo em colchões aconchegantes e cobertas quentes.

Que delicia dormir limpo em colchões confortáveis e com cobertas. Acordei e fui a uma padaria próxima da casa de Ileana, e ali comecei um relacionamento sério com os alfajores e croissants argentinos. Meu Deus!! Que coisa maravilhosa! Não conseguia passar na frente de uma padaria sem comprar algum. Voltei pra casa, tomamos café da manhã e resolvemos ir ao Parque Nacional. Iríamos "haciendo dedo" (é como eles dizem "pedir carona"). Ileana nos eixou no centro, e fomos caminhando pela beira dágua, onde havia um navio abandonado que formava uma linda paisagem.

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Da cidade até o parque eram 12km. Não é possível que conseguimos carona pra mais de 1.000km e não vamos conseguir uma de 12km rs. Seguimos caminhando, e só no sétimo quilômetro que alguém parou para nós. Senhor Miguel, que morava numa casinha rural pouco antes do Parque, mas gentilmente nos levou até a entrada.

Pagamos o ticket de entrada (100 pesos para Mercosul) e seguimos caminhando, por volta das 3 da tarde.

Esse caminho ainda é a Ruta 03. Ela passa pelo Parque Nacional, por isso ainda há um pequeno fluxo de carros. Entretanto, seu fim é justamente no final do parque.598dd79accf52_Patagnia122.JPG.a322c071e703264fd3db5ac46b197e3f.JPG

Seguimos caminhando sem saber o quanto teríamos que andar, até que num cruzamento de caminhos encontramos com Florencia, uma argentina mochileira que estava desde manhã no parque e vinha de outro pico. Nós apresentamos e decidimos seguir juntos os 3. Fomos conversando, nos conhecendo, e Florência mostrou ser uma mulher totalmente independente, daquelas que não espera ninguém resolver ou tomar iniciativa.

E os carros continuavam a passar, até que parou uma camionete com quatro pessoas de idade e nos deixaram seguir com eles na carroceria. Que graça! Foi muita sorte, pois só depois que subimos vimos o tanto que teríamos que caminhar (cerca de 12km) e jamais conseguiríamos conhecer o parque a pé naquele dia (já eram 3:30 da tarde).

Pelo caminho avistamos raposas e um grupo lindo de cavalos selvagens, soltos pelo parque.

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Chegamos ao famoso ponto final da Ruta 03. Último pedaço de terra da América do Sul. Se seguir dali em diante numa linha reta chegará à Antartida. Estacionaram a camionete onde já haviam outros carros estacionados. Todos tiramos fotos ao lado da placa que indica o final da Rota, além das distâncias até Buenos Aires e o Alasca. Passando pela placa, encontrei algo que me chamou muito a atenção, felizmente: um caminho de maneira que leva mais adiante até um mirador, e outro caminho de maneira mas para pessoas com deficiência de mobilidade. Acessibilidade até o fim do mundo. Aquilo me alegrou muito!

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Fomos até o final, tiramos algumas fotos com águas e montanhas de fundo e, ao retornar em direção aos carros, o senhor que conduzia a camionete nos convidou a seguir com eles. Que se quiséssemos poderíamos continuar junto, e depois eles voltariam pra cidade.

CLARO!!

Além de termos rápida mobilidade dentro do parque onde a distância entre os pontos eram longe, ainda teríamos carona para retornar a Ushuaia. Voltamos à carroceria eu, ale e Florência. A senhora que pegamos no caminho seguiu seu instinto aventureiro e decidiu ficar mais ali e que depois dava um jeito de retornar. Admiração total por esses jovens de alma.

Já tínhamos nos tornado amigos daquele grupo que de idosos tinham apenas a faixa etária. Um pique invejável!

Seguimos pelo mesmo caminho em direção à saída do parque, mas no caminho paramos e caminhamos um pouco para ver o "trabalho" dos castores do parque.

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Muito interessante ver a sapiência dos animais através de suas manifestações de sobrevivência. Tiramos algumas fotos da paisagem, tirei do grupo e tiramos todos juntos também, pena ter sido só na câmera deles e eu não ter esse registro para mostrá-los.

Retornamos à camionete e seguidos sentido Ushuaia. Esse posso dizer que foi um dos momentos que mais senti o frio real do fim do mundo. Fim de tarde, termômetro por volta dos 6°C mas com sensação de negativo, ainda mais exposto ao vento na traseira da camionete. Todos encolhidos, abaixados ao máximo para nos protegermos do vento gelado cortante. Parecíamos aquelas pessoas que querem ultrapassar ilegalmente qualquer fronteira haha.

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Em frente ao posto turístico de Ushuaia, o grupo de amigos da terceira idade nos deixou. Nos despedimos deles e também de Florência, pois cada um seguiria para um lado. Então eu e Ale fomos ao mesmo café que fomos quando estávamos com os espanhóis, pois precisávamos de wifi. Quando saímos pela manhã, não me lembrei que eu não tinha nenhum contato de Ileana, quem estava nos hospedando. Não tinha WhatsApp, não tinha Facebook, somente mensagem no aplicativo do Couchsurfing. Então recorri a ele novamente. Não demorou muito e Ileana nos respondeu dizendo que passaria nos buscar. Alessandra tomou um chá para se esquentar e até esperarmos Ile chegar, o que não demorou. Fomos para casa, tomamos banho, comemos algo e mais à noite fomos a um Pub tradicional em Ushuaia onde vários turistas também vão. Ileana é amiga do dono e nos reservou mesa. Comemos, bebemos, conversamos e rimos, com mais uma amiga de Ile. Mesmo o cansaço sendo visível, quem estava mais era Ileana, que logo puxou o bonde do sono. Pagamos e partimos. Chegamos os três em casa todos cansados e querendo uma cama quente.

10 minutos depois estavam todos com o desejo realizado! haha

 

O dia seguinte amanheceu fechado e chovendo. Perguntei a Ileana o que poderíamos conhecer mesmo com chuva, e ela nos indicou o Glaciar Marcial. Não era tão longe, mas disse que poderia nos levar até a entrada e nos poupar de gastar energia desde a porta de casa. Mesmo com chuva, quis ir. Tinha otimismo de que no caminho abriria o sol, mas de qualquer forma estávamos preparados para a chuva com capas para mochilas e jaquetas corta chuva. Chegamos à base do Glaciar sob garoa, mas tranquilo. Começamos a subir pelas margens de um riacho, cenário de fundo de Windows.

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No caminho juntou-se a nós William, um senhor inglês que havia acabado de chegar em Ushuaia de navio. O navio ficaria apenas um dia na cidade, então os tripulantes tinham só esse tempo para conhecer. E Sir William optou pelo Glaciar. Como tinha horário, acelerou o passo e nos despedimos dele. Que lugar fantástico! Subindo por caminhos de pedras, passando por pontes de madeira com neve dos lados, lindo! Até que chegamos na base do Glaciar, onde de fato começava a neve.

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Haviam dois trekkings: um de 800 e poucos metros de 1 hora e dificuldade alta, e outro de 425 metros de dificuldade baixa. Óbvio que escolhi o mais alto.

Que paisagem! Parecia cenário de "O Senhor dos Anéis".

O caminho nem é longo, mas o tempo de uma hora deve-se à dificuldade frente à neve encontrada.

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Arthur, meu irmão. Que relato é esse???!!! Isso sim é "mochilão". Aventura FENOMENAL. ::hahaha::

 

Já ficarei aqui acompanhando igual novela rs. Patagônia tá nos meus planos próximos.

 

Abraço, e parabéns pelo tópico!

 

Valeu Rodrigo!

Tem muita coisa pra escrever ainda. Vou postar algumas coisas hoje com mais fotos.

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