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Já perdemos a batalha para salvar o Amazonas?


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Já perdemos a batalha para salvar o Amazonas?

 

 

As fontes dos dados:

 

1.A minha primeira viagem para o Amazonas indo do oeste para o leste,

 

entrando por Pucallpa, cidade peruana no lado do rio Ucayali, afluente do rio Amazonas. Subindo por lancha os mais ou menos 600 km até Iquitos em duas noites e um dia. De Iquitos para Tabatinga, cidade brasileira na fronteira com Peru, para Manaus, Santarém e no final chegando a Belém.

 

Tinha em todo este trajeto a estranha sensação, que o mundo não esta mais em ordem e escrevi sobre isso no diário: Viajar sozinho, companhia não falta.

 

Vi o rio Ucayali em Pucallpa ainda com florestas nos dois lados, mas no porto muita madeira já cortado em diversos tamanhos e tratado com produtos químicos para não atrair cupins. Chegando á Pucallpa contei mais de 50 caminhões carregado com madeira no trecho da estrada de terra entre Lima e Pucallpa.

Imaginam esta quantidade de madeira/dia multiplicado por 365 dias/ano.

Em Iquitos novamente madeira para carregar nas lanchas.

 

Li no folheto turístico sobre o Departamento de Iquitos, que Iquitos após o auge da extração de borracha, que durou de 1880 até 1914 entrou em decadência, mas graças à extração de madeira e o turismo esta novamente recuperando a sua importância. Pensei durante quanto tempo, pois com este ritmo de tirada de madeira o novo auge tem os dias contados.

No Brasil florestas cortadas até o barranco do rio, sem a proteção das raízes da floresta a corrente das águas tira a terra por baixo até que o barranco cai.

Madeireiras perto de Breves na ilha de Marajo, muitas, trabalhando a todo vapor.

 

Saindo de Belém para o Sul, um susto, não tinha mais floresta, foi todo. Ficaram só madeireiras abandonadas e fumaça de fornos para fazer carvão com o que restou das florestas. A triste paisagem de pastagens com o resto das arvores queimadas saindo do solo.

 

 

2.Li na Veja de 12/10/2005, data da partida para a minha segunda viagem.

 

As 7 pragas da Amazônia.

- o fogo

- as madeireiras

- as estradas

- os garimpos

- as pastagens

- a corrupção

- a burocracia

 

A Veja diz citando, que após destruição de 40 - 60% da floresta original a floresta vai desaparecer com a mudança do clima, mudança das chuvas e o fenômeno da autodestruição.

Mais adiante diz que alterações devem ocorrer já a partir de 20 % de destruição. Um índice conforme a Veja que estamos próximos de atingir.

 

Depois esta mostrando um mapa tirado por Satélite indicando:

41 % das florestas intactas

37% já houve intervenção do homem

22% desmatado.

Portanto conforme este mapa já atingimos os 20 % mencionados acima,

e os 37 % onde já houve intervenção do homem?

 

A Veja diz, que vivem 800 000 famílias na beira dos rios e das estradas, desmatando conforme necessidade de cada uma 1-2 hectares/ano.

 

Existem 3000 madeireiras trabalhando, imagina 3000! O que eles estão fazendo em cada dia que passa?

 

Existe o avanço da agricultura pelo Sul sobre as margens da Amazônia, no Acre, Rondônia, Mato Grosso e Para, quantos km/ano?

 

3.Minha segunda viagem pelo Amazonas, indo do sul para o norte.

 

Viajei com Ônibus de SP para Porto Velho. Passamos campos verdes em Mato Grosso uma paisagem tranqüila e agradável. Não senti a falta da floresta, não vi erosão, às vezes filas de arvores plantadas dividindo os campos, servindo como quebra-ventos.

 

Entrando em Rondônia fumaça no céu, às vezes mais longe às vezes mais perto. Cheiro de fumaça no ar.

Uma passageira de Rio Branco disse, que isso é nada contra a fumaça no Acre. Conforme ela às vezes não da para respirar.

Fiquei uma noite em Porto Velho, não senti o cheiro de fumaça aqui. No outro dia fui a pé com minha bagagem, mais ou menos 600 metros, até o rio Madeira e o Porto.

O nível da água do rio Madeira baixo como nunca, conforme informações obtidas pelos comerciantes lá no Porto. Os barcos estavam lá embaixo do barranco, difícil para serem carregados. Eram 12.30 pm, quando comprei a minha passagem, paguei 120 Reais, acho incluída a comissão para o rapaz que me levou para o barco certo. Os 120 Reais incluem 3 refeições/dia. Estava cheio e com dificuldade arranjei um lugar para minha rede. Fico sempre impressionado com a reação das pessoas, quase estou pendurado acima ou encostando ao lado deles, mas nunca comentários, sempre um sorriso cheio de compreensão. O barco saiu as 02.00 pm. A volta das 0400 pm vimos uma ventania chegando, muito rápida, nuvens pretas e nuvens de poeira levantado dos bancos de areia. O rio ficou com ondas, coisa igual nunca vi, mas sobre isso vou falar no diário. À noite paramos conforme ordem da marinha, por segurança em relação aos bancos de areia e as rochas no rio. Só no outro dia as 01.30 chegamos a Humaitá. Mais passageiros entraram e agora poderia ver quantas redes realmente cabem. Tinha lá uma inspeção da marinha, mas reclamaram nada.

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Na chegada perto de Manaus o barco foi interceptado novamente pela marinha e pagaram uma multa por irregularidades, entre outros, carga demais, 3000 Reais. A viagem durou 4 noites e 5 dias.

 

No barco sacos para o lixo, mas nenhum aviso de não jogar lixo no rio. Muitos passageiros com ar de machistas jogaram todo para o rio, latas de cerveja, garrafas plásticos, caixas de cigarro, papel de alumino, etc.

Paramos no lado do rio para deixar sair passageiros para o barco pequeno, que os levava para umas das casas no lado do rio. Na margem do rio o lixo acumulado dos barcos. Comentei com um rapaz com quem já tinha falado antes, mas pelo menos a maior parte é colocado para dentro dos sacos de lixo. Ele disse, olha não fica triste, mas hoje á noite não consegui dormir, subi e vi que eles jogaram o lixo para o rio. Vi lá as latas de alumínio separadas e acreditei neste fato incrível. (Hoje escrevendo isso penso, mas se jogaram o lixo dentro dos sacos estes iam boiar, só se eles jogaram o lixo sem os sacos). Quantos golfinhos cinzentos e rosa já morreram engolindo plástico?

 

Na margem no mínimo a cada mil metros uma família morando. A Floresta a volta das casas pobres derrubada, para ganhar terra para o cultivo. A lógica diz, que com os anos uma família vai encostar-se à outra, com os seus campos.

Muito transito de grandes lanchas de carga, chegando a cem metros de cumprimento, carregadas de caminhões, gás, petróleo, containeres.

Acho pássaro e jacaré nenhum agüenta. Vi duas vezes jacarés, um pequeno de mais ou menos 1 metro tomando sol na beira do rio e um grande de uns 2 metros ou mais nadando em direção do barco. Vendo ou sentindo o barco voltou assustado para trás.

Era uma alegria para todos, de ver estes bichos e pensei quanta riqueza estamos destruindo para ganhar o pobre dia a dia.

Chegamos à entrada do rio Madeira no Amazonas no quinto dia bem cedo. Nuvens de fumaça no horizonte, lá longe do lado do rio Amazonas.

Fiquei 3 dias em Manaus antes de sair para Roraima, Boa Vista.

 

Um novo susto pensei que a floresta vai até a fronteira com Venezuela. Mas após 2 horas de viagem de Manaus acabou a floresta, substituído por mato baixo e pastagens. Quase vi nenhuma casa e nenhum gado nas pastagens. As pastagens eram tão fraco, que em alguns lugares aparecia a terra vermelha, quase rocha ou areia branca. Inicio da desertificação?

 

Fui ver a bacia do Amazonas em Equador, em Coca no lado do rio Napo. Muitos avisos contra a tirada ilegal de animais e Madeira. Muitos controles pela policia. O mesmo indo até Trinidad ao lado do rio Mamoré na Bolívia. Mas vi quanta madeira já foi tirado e li no jornal ( trouxe a copia ) sobre a difícil luta contra ao desmatamento ilegal.

Os números conforme o jornal alarmantes. Sobre Peru já falei.

Percebi que a sobrevivência do Amazonas começa aqui na Columbia, Equador, Peru e Bolívia. Lembrei-me do comentário de alguém em Porto Velho, graças a Deus choveu forte na Bolívia e a água parou de descer. A revista Veja não fala nada sobre este agravante, para ela existe só a Amazônia de Brasil.

 

Resumo:

 

Agora estou olhando com outros olhos para a foto da região do Amazonas tirado pelo Satélite. Se este foto é de origem brasileira, seria bom mostrar rápida a bacia do Amazonas toda, para ganhar uma idéia completa do problema.

 

Vejo que nos 37% da intervenção do homem começou a autodestruição da floresta. 1° vão os arvores grandes de madeira nobre, depois morrem as arvores e insetos que vivem em função desta arvore grande, depois morrem as plantas e insetos, que viviam em função destes, etc. a destruição entra em cadeia.

Os pássaros e os animais abandonam a área. Ficam só as plantas e o mato, que se adaptam rápido ao sol, ao calor mais forte, a falta de água que desaparece rápido no solo. Estes 31 % estão virando savana e eventualmente deserto com cada dia que passa.

Portanto nem necessariamente no inicio deste estagio já existe uma alteração da quantidade e da época das chuvas, mas é bom verificar com atenção.

Quem inventou esta lei, que para cada arvore derrubada, tem-se plantar uma nova no mesmo lugar, deveria ganhar um prémio.

 

E o restante, os 41% ainda uma floresta intacta?

 

 

Pergunto eu:

 

Quem vai parar as 800 000 famílias na beira dos rios e das novas estradas de derrubar arvores, para plantar em solo virgem e assim ganhar pelo menos para sobreviver, pois para mais não da?

 

Quem vai parar os 3000 madeireiras, que eles por dia cada uma derruba no mínimo 3 arvores grandes? Aproximadamente 150-200 metros a volta de cada arvore grande um míni-ecosistema é destruído e provocado a morte em cadeia de plantas e insetos.

3000 madeireiros ( com muito dinheiro, lobby e corrupção atrás ) derrubando cada uma só 3 árvores/dia = 250 km²/dia = 90 000 km²/ano, significa uma floresta intacta do tamanho do estado de Pernambuco por ano perdido.

 

Quem vai parar o avanço dos agricultores, que cada ano nos estados de Acre, Mato Grosso, Para e Roraima empurram a fronteira dos campos para dentro da bacia do Amazonas?

 

Quem vai monitorar e controlar a derrubada das florestas na Bolívia, Peru, Columbia e Equador de onde vem a maioria dos afluentes do Amazonas?

 

Quem tem uma resposta, uma solução ou contradiz-me, para ficar mais tranqüilo?

 

Então a seca deste ano pode ser um sinal. Pouco á pouco em cada ano que passa a quantidade das chuvas, a temperatura media, o ciclo das altas e baixas das águas, o aumento da erosão a mudança do leito e da profundidade dos rios, não vai começar de aqui á dez anos, já começou á muito tempo, e vejo ninguém de parar esta loucura.

 

Pergunto de novo, se alguém tem uma outra opinião, escreva, diga. Eu não só cientista, mas ando com os olhos abertos e viajando na bacia do Amazonas não se precisa saber muito, basta olhar.

 

Ps.:

Não queria ser irônica, mas pelo menos neste ponto. A Veja após de revelar esta triste realidade sem chegar á uma conclusão, deixando o final aberto, ela escreve: Mas não esta todo perdido no Brasil e mostra campos e campos de eucaliptos no sul do país. Senhores da Veja, pergunto eu, que tem a plantação de eucalipto com o Amazonas? Eucaliptos estão substituindo o plantio de milho, soja e pastagens, porque no momento dão mais rendimento. È para produzir pasta de papel. A madeira do Amazonas é nobre e serve para os caprichos de alguns brasileiros ricos e algumas países ricos, especialmente Japão.

Este final era para fechar a Veja e dizer, bom estamos no Brasil, nada de pânico, todo vai dar certo.

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  • Membros

Dieter, li este seu depoimento e fico muito entristecido por ver que você, um estrangeiro que adotou a nossa terra para viver, tem os olhos muito mais atentos aos nossos problemas do que nós mesmos. Eu tinha a esperança de que o desmatamento diminuísse, mas pelo seu relato vemos que ele continua intenso.

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  • Membros de Honra

eu ainda vou ler todo esse relato

mas a princípio, engraçado a "revista" Veja não ter citado o avanço da agricultura como uma das 7 pragas para a floresta Amazônica...

=/

 

por favor, deixem de ler essa revista

nem para ler e ser contra serve mais, de tão parcial que sempre foram e continuam insistir em ser

 

dados sobretal destruição podem ser pesquisados na imprensa ambiental, que em alguns casos está deixando de ser apenas denuncismo para para fazer jornalismo

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  • Membros

Pombo, obrigado pelo relato.

Sou da opinião de que temos sempre que ir ver com os próprios olhos e não nos atermos a opiniões alheias, ainda mais vindas de uma revista comercial, que precisa manter um esquema de compra e venda para sobreviver.

Vou fazer o mesmo trajeto que você, de Porto Velho até Belém e lembrarei do teu relato.

 

É uma pena.

 

Mas se não podemos mais mudar o começo, ainda podemos mudar o final. Depende de cada um de nós.

 

Um forte abraço

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  • Membros de Honra

Tuca infelizmente continua,

 

cada ano um estado Pernambuco de floresta tropical perdido. E o calculo é por baixo, só estou considerando que as 3000 madeireiras, cada uma corta só 3 árvores/dia. Não estou considerando as outras pragas.

Com cada ano que passa agora, Brasil perde o resto da maior riqueza que tinha e da qual restam ainda só 41 % hoje, no ano que vem nesta data 38,5 %, etc.

E não tem mais milagre. È isso mesmo!

Repitam as minhas viagens pela bacia do Amazonas e conferem!

Analisam o foto do Satélite e conferem!

Mas de preferência hoje, porque até amanha já perdemos mais 250 km².

 

Tuca um abraço, Dieter

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  • Membros de Honra

Olá Tyago,id="navy">

 

acho não podemos mais mudar o fim, o fim já começou á muito tempo.

Se pudéssemos mudar só uma das 7 pragas! Na realidade são 8 pragas, a Veja esqueceu o avanço da agricultura a partir de Acre, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Roraima para

dentro da Amazônia.

Imaginam desmatar a Amazônia para plantar soja, para exportar para China, para importar da China roupa, brinquedos e eletrônicos baratos. (Quem fez este contrato? Todos nos sabemos!).

 

Tyago, restam só 41 % da floresta original, e no ano que vem no dia de hoje 38,5 %.

Quer apostar comigo?

Abraços Dieter

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  • Membros

É, infelizmente essa é a realidade da nossa amazonia, que a cada dia que passa vem sendo mais destruida, por causa da ganancia do bicho homen, que só pensa no agora, no saldo de sua conta bancaria, e não pensa no futuro, em quais proporções podem se transformar esses atos tomados!

Mas vocês verão! a Natureza é perfeita, mas é tão perfeita, que quando nós começarmos a incomoda-la de verdade, ela simplesmente vai acabar com a raça humana, isso é certo, e não tem como mudar! e infelizmente, devido a ganancia do ser humano, estamos cavando a nossa propria cova!!!

 

Sem Mais

 

Igor Bassoli!!

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  • Membros de Honra

Olá Igor,id="navy">

 

é isso, a natureza já começou de se adaptar as provocações na Amazônia. Digo Amazônia, porque engloba a parte do Amazonas de Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Ficará como estou prevendo e não tem mais salvação.

A Embrapa que esta monitorando Brasil por satélite, poderia fácil confirmar os dados agora e os mesmos no dia de hoje no ano que vem.

 

Existem vários exemplos da mudança da natureza no mundo provocado pelo homem. Na Europa tem dezenas. Um bom exemplo é Espanha e a mudança da regularidade e quantidade das chuvas no sul, Andaluzia.

 

Outro bom exemplo é África. No tempo dos romanos antes de Cristo ainda havia leões e elefantes na norte da África. Na existem relatos como chegou ao estado de hoje. Mas cada ano que passa o deserto avança mais km/ano para a savana e este mais km/ano para a floresta tropical. Provocado pelo homem, que na savana corta as poucas arvores para o uso domestico da madeira.

Mas nunca na história da vida do homem na terra uma área tão grande como a Amazônia foi mudado tão rápido e tão radical em tão curto tempo. É certo, que a natureza esta reagindo e é isso que estamos vendo.

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