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O Altiplano Boliviano - Atrás do Vulcão Licancabur


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Amigos,

 

Me sinto decepcionado por não relatar a viagem inteira, incluindo o Paraguai, Argentina, Chile ou Peru... todos são países muito peculiares, e dignos de excelentes comentários.

No entanto, é preciso dizer que seria grande injustiça não dar atenção especial ao canto da América do Sul que mais me instigou nesta mochilada... país sobre o qual eu passo a falar.

 

 

Atrás do Licancabur

 

 

Frio, vento forte e lua cheia. Lá estava eu apoiado nas paredes calfinadas, totalmente brancas, do muro do cemitério de San Pedro de Atacama – Chile. O sol que horas mais tarde brilharia impiedoso nas areias do deserto, por detrás da cordilheira lançava jatos de luz aos céus, como nenhum conjunto de skywalkers poderia fazer.

Um grande cone de luz se formava no horizonte... já era hora de voltar para o “centro” da cidade para tomar a van que nos levaria para a fronteira. Argentinos, europeus, americanos e alguns brasileiros... todos ansiosos pelo que estava por vir.

O micro-ônibus inicia a subida e o contorno de uma escultura feita por um ser superior: um vulcão nevado com quase 6000 metros de altitude, o Licancabur. Não demora muito, chegamos ao Paso Hito Cajones. A aduana da Bolívia parece um rancho, os oficiais são simpáticos e falantes (que diferença do Chile!). O banheiro é “natural” - apenas a carcaça de um ônibus que há alguns anos não conseguiu fazer o caminho de volta.

Passaportes carimbados, trocamos da van para um 4x4 e paramos para o café da manhã, que acontece na Laguna Blanca. Alguém ouviu falar em café? Quem teria fome??? Só queríamos sentar e olhar aquele lugar. Todos estavam silentes. Quem arriscaria quebrar a harmonia com qualquer som? As águas paradas da grande lagoa refletiam perfeitamente cada montanha ao seu redor. Aquela paisagem era alienígena... me vi obrigado a descer até a lagoa, onde não é permitido, e tocar na água para sentir de verdade aquele local que para mim, insistia em parecer uma grande mentira.

Uma Toyota Land Cruiser 1997, um guia um pouco calado, quatro brasileiros (eu, meu amigo Mário, e o casal paulista Nivaldo e Tatiana), a inglesa Ruth, a canadense Andrea e muita expectativa em cada coração.

A idéia de passar três dias convivendo ininterruptamente com pessoas desconhecidas me assustava um pouco... mas foi tarefa fácil. Ouvimos desde música típica boliviana até o último álbum do Coldplay, discutimos todos os assuntos possíveis, e o melhor de tudo: soubemos manter silêncio quando a paisagem, não raramente, fazia por merecer.

Não existem palavras para descrever como foi a chegada na Laguna Verde. É preciso esfregar os olhos para acreditar que tudo é realidade. Não bastasse a laguna alva e a laguna verde, no final do dia chegamos à inimaginável Laguna Colorada. Histórias, fotos, vídeos, relatos, como sempre não fazem e nunca farão jus ao real... ou seria surreal? Vinícius de Moraes não devia conhecer a Bolívia quando compôs a Aquarela, ele certamente teria citado as lagunas coloridas em sua inesquecível canção.

A Colorada é de um vermelho sangue. Cor de sangue da rude raça boliviana que contrasta magistralmente com o rosa das centenas de flamingos, que esbeltos e elegantes passeiam pelo espelho vermelho. Impossível omitir o bege das pedras, o verde escuro da vegetação rasteira, e o branco das várias montanhas nevadas que emolduram tal obra viva. Imaginou? Duvido. Um ser humano normal não é capaz de imaginar uma cena dessa magnitude. Um ser humano de carne e osso não poderia ter criado um lugar dessa magnitude!

Eu poderia ficar ali por horas... e fiquei. Foi no abrigo da Laguna Colorada que passamos a noite. A tradicional confraternização entre os mochileiros de todos os cantos do planeta aconteceu numa mesa grande e farta, onde tivemos o primeiro contato com as cholas, que mais tarde nos serviram a sopa de quinua, feita com todo o carinho e atenção que lhes é peculiar.

Calma, eu explico quem são as cholas. As definições são as mais diversas possíveis, uns as amam, outros não querem muita aproximação. Eu prefiro vê-las como mulheres simpáticas em tempo integral, curiosas, lutadoras e solícitas demais. Todas têm aquela feição típica andina, quase indígena, com olhos levemente puxados, pele mais escura e queimada pelo sol. Iguaizinhas às fotos da National Geographic, elas estão sempre munidas do auayu, que é um pano colorido e bordado à mão, o qual serve para carregar mantimentos ou mesmo seus filhos pequenos.

As curiosidades sobre o chapéu das Cholas renderiam uma longa história para um relato como esse, uma delas é o tradicional sombrero, que define em sua forma o estado civil, classe social e até o humor de cada uma. Mas como nem tudo são flores, é uma pena que a limpeza não seja o forte delas, nem na cozinha e provavelmente nem no âmbito da higiene pessoal, uma vez que os odores são facilmente perceptíveis, para não dizer insuportáveis. Sim, todos nós, sem exceção, comemos a sopa de quinua preparada pelas Cholas. Era a nossa única opção. O orgulho estampado no rosto delas em nos ver comendo o que tinham preparado no meio do nada, com tanto esmero, fez valer cada colherada.

A noite cai, o termômetro exige dois dígitos para marcar as temperaturas negativas, e o vento continua impiedoso. Sair do abrigo é masoquismo diriam alguns... enquanto eu diria que o maior pesar é ficar enclausurado naquele lugar, mesmo a noite. Se o céu do Atacama chileno é considerado o mais brilhante do planeta, não sei o que dizer do céu sul boliviano. Enquanto bate a rajada de vento o rosto petrifica, a orelha é fisgada por agulhas afiadas, mas o céu... o céu tem a via-láctea definida e próxima, como se fosse uma grande faixa luminosa de um cometa. Quisera eu poder resistir ali fora por mais tempo.

Acordamos cedo, e não era sonho... mais um dia na Bolívia. O sol nascia tímido, os jipes estavam cobertos de gelo e de mochilas prontas para seguir viagem. A primeira parada foi a meros 4.850m acima do nível do mar, nos Geysers Sol de Mañana, que são diversas fumarolas como se fossem vulcões em miniatura, que expelem vapor a mais de 200ºC com um forte cheiro de enxofre. Antes de sairmos do jipe, nosso motorista nos deu um bom conselho: “o terreno é bastante instável e o vapor é bem quente. Por favor, não morram!” Sábio aviso...

Até Salvador Dali cedeu seu sobrenome a um deserto boliviano. É impossível não lembrar das pinturas do impressionista quando passamos perto das dunas salpicadas por grandes pedras, arremessadas durante a erupção dos inúmeros vulcões ativos há milênios atrás. É improvável passar por este deserto e não ficar imóvel para observar uma imensa árvore de pedra esculpida pela areia e pelo vento, que parece ter sido colocada ali para que todos ficassem admirados com a sua imponência sobre o vazio.

Sensações. A Bolívia gera algumas sensações que sequer nome têm. Não há como descrever o que senti enquanto me banhava nas termas de Puritama observando as montanhas nevadas que nos cercavam. A temperatura da água era de 35ºC, a do ambiente era de –5ºC! Sim, foi bem difícil sair da água... mas nunca me senti tão vivo!

Indescritível é poder conversar de perto com as llamas que parecem ser as nossas verdadeiras anfitriãs e pilar que sempre sustentou a vida no altiplano. Inexplicável é chegar num pueblito isolado em lugar algum, e ser recebido por desconhecidos analfabetos que sentam à mesa contigo, te olham nos olhos e com esse sinal, te convencem que realmente um gesto vale muito mais que letras ou palavras.

Após o almoço, a viagem segue rumo à Uyuni. No final do dia chegamos à cidade cansados e aflitos, por um merecido e necessário banho. Depois da travessia do deserto era hora de ligar para casa, experimentar carne de llama e descansar!? Não! Ninguém dormiu cedo... estávamos todos ansiosos para a aventura do dia seguinte. Fomos para um bar jogar conversa fora, falar sobre o imperialismo americano, sobre as mulheres brasileiras e principalmente sobre as imagens que a nossa retina captaria no dia seguinte: o Salar de Uyuni.

O dia nascia e um sonho se tornava realidade. Madrugadas de planejamento em frente ao computador traduziam-se em imagens e sons reais. O jipe corria, jorrava água salgada para todos os lados e aos poucos descortinava-se um horizonte infinito. Eram milhares de quilômetros de um espelho perfeito. Espelho de montanhas, de nuvens, de água e de pessoas. Estávamos no maior salar do mundo. Lugar onde as montanhas se ergueram e o mar secou, deixando o sal como testemunha eterna.

Parecia o céu, sentia o chão flutuando. Difícil explicar! Cruzamos boa parte do salar em cima do teto do jipe, o vento batendo no rosto e a sensação de estar em alpha... Ei, eu não fumo nada, não preciso disso. O lugar por si só já é uma viagem.

Deixar Uyuni para trás foi um desafio. Meu amigo Mário continuaria comigo na longa jornada até Machu Picchu, mas era hora de nos despedir dos demais companheiros que passaram tantas horas inesquecíveis conosco dentro daquele jipe vermelho. Desafio também foi deixar a cidade, enquanto tudo conspirava para que ficássemos mais tempo por ali. O trem é o meio mais seguro e confortável para ir em direção à La Paz, mas naquele dia não havia trem. Não podíamos atrasar nossa agenda, e acabamos contrariando todos os guias e conselhos. Ao invés de aguardamos o trem, pegamos uma lata velha, digo, um ônibus noturno para a maior cidade do país.

A moça que nos vendeu as passagens bem que nos avisou: “Vocês devem chegar em La Paz amanhã. Ah, o horário não dá para dizer!”. O que realmente importa é que vinte horas depois de enfrentar todo tipo de gente, bicho, cheiro ruim e estradas no melhor estilo tábua de lavar roupa, chegamos vivos, ou quase vivos à capital mais alta do mundo.

Nunca me senti tão isolado quanto naquela viagem. Pareceu uma corrida maluca com dose extra de adrenalina. Nosso ônibus atravessou rios largos, quebrou, encalhou e desencalhou algumas vezes, beirou penhascos que pareciam não acabar, passou por caminhões tombados... Enfim, no ônibus tinha mochileiro gritando de tensão, tinha mochileira chorando de medo e tinha boliviano dormindo.

A chegada a La Paz foi um alívio. A cidade parece um caldeirão entre as montanhas, caldeirão este que estava borbulhando quando chegamos, pois era o dia da posse do populista Evo Morales. Todos estavam na rua festejando, os jornais só falavam sobre isso, e a cidade estava prestes a parar. Por isso decidimos deixar para conhecer a cidade durante a volta para casa.

No mesmo dia em que chegamos a La Paz partimos para Copacabana. Não para a princesinha do mar carioca... mas para a cidade que deu nome a esta praia! Copacabana é uma cidade santuário que fica às margens do lago Titicaca, a 3800 metros de altitude, na fronteira da Bolívia com o Peru. Não há nada demais na cidade, além de ser um lugar diferente por parecer uma praia num país que sequer litoral tem. Mas Copacabana não é só lago e santuário, é ponto de partida para o berço da civilização Inca, local onde dizem ter nascido Manco Capac, primeiro imperador cusqueño. Estávamos indo para a Isla del Sol!

A última barca que partiu para a famosa ilha já havia partido. Existia ainda uma opção: atravessar toda a península de van e pegar um barco a remo até a ilha. E lá fomos nós! Cruzamos todo o interior da cidade, percorremos campos de lavanda, plantações de milho e de coca até chegar ao final da península, onde um senhor disponibilizou seu barco e sua filha de treze anos que remaria até a ilha pelo equivalente a R$ 5,00 por pessoa. As feições da menina eram de sofrimento. Rosto queimado pelo sol e mãos de quem desde cedo tem que lutar pela sobrevivência, não pelo conforto. Impossível não se comover com a situação, e inadmissível pagar somente o preço exigido.

Kamisaraaaaaki, kamisaraaaaaki!!! As crianças da ilha nos avistaram chegando e corriam para nos receber gritando “olá” em aymará, o dialeto local. Meia dúzia delas nos guiavam entre as trilhas que nos levariam à vila no topo da ilha. Cada um contava uma vantagem sobre um albergue diferente, mas o que elas queriam mesmo, era nos convencer a ficar no albergue de seus pais. Enquanto fazíamos a árdua subida, as crianças curiosas como as do mundo inteiro, não paravam de perguntar sobre tudo. Infelizmente, minha resposta nunca ia muito além do “porque sim”. Eles não me irritavam não, foi muito divertido até! O problema é que eu não conseguia falar! A quase 4000 metros de altitude o coração dispara a cada passo, e os pulmões parecem pedir cada vez mais ar.

A noite na ilha foi incrível, um dos highlights da viagem. Já era tarde da noite, as ruelas da vila não têm nenhuma iluminação e a chuva começou a cair no exato momento em que estávamos tentando voltar para o albergue. Não era possível enxergar os incontáveis degraus das escadas incas, ouvia-se apenas foguetes e várias vozes espalhadas pela ilha, todas elas gritando a mesma frase em aymará... frases que para nós não faziam o menor sentido. No outro dia nos explicaram tratar-se de agradecimentos aos Deuses por terem enviado a chuva tão esperada e tão rara naquele lugar.

No outro dia deixamos a ilha em direção à fronteira com o Peru, país este que mereceria também um relato exclusivo. Após visitar Uros, toda a região de Cuzco e Machu Picchu, no Peru, iniciamos nosso caminho de volta para casa. A volta é sempre a parte mais chata da viagem, mas desta vez não foi. A Bolívia estava no caminho novamente.

Estávamos de volta a La Paz. A cidade não é pacífica, é agitada, perigosa e poluída. Durante a viagem fizemos amizade com o Karl, um aposentado alemão que estava dando a volta ao mundo. La Paz é barata, e saímos para fazer compras! Há uma rua chamada Calle de las Brujas (rua das bruxas) onde situa-se um mercado com o mesmo nome. Por lá encontra-se desde fetos de llama até camisetas da seleção brasileira. Karl preferiu comprar a camiseta verde-amarela, e prometeu usá-la durante a copa na Alemanha.

Acordar cedo nos últimos dias de viagem não é tarefa fácil, entretanto o dia que estava por vir seria especial! O ponto alto da viagem, literalmente, era a montanha Chacaltaya. Tínhamos contratado um tour que nos deixaria no vale de la luna, um lugar com crateras estranhas e geografia perfeitamente lunar, para depois nos levar até a grande montanha.

A imponência do Chacaltaya assusta. Nossa van foi patinando pelas estradas nevadas e sinuosas que levam ao topo da montanha que é considerada a pista de ski mais alta do mundo. São 5.395 metros bem acima do nível do mar, porém muitíssimo abaixo do nível ideal de oxigênio que uma pessoa normal consegue suportar. Tem gente que regurgita, outros passam muito mal e tem fortes dores de cabeça. Estava nevando muito forte, e eu esqueci que tudo isso poderia acontecer. Fiquei aproveitando o momento em que estava no topo do mundo, e acabei fazendo um boneco de neve, mas ficou estranho porque não tinha nenhuma cenoura para colocar no lugar do nariz...

Foi lá no alto da montanha que conversamos bastante com o nosso guia. Ele é Paceño e trabalhou numa fábrica clandestina de roupas em São Paulo. Depois de dois anos de ilegalidade e do salário de R$ 150,00 mensais, ele não resistiu às saudades e decidiu voltar para casa. Os imigrantes bolivianos são explorados em jornadas ininterruptas dentro de quartos sem ventilação, e dormem no mesmo local. O sonho de uma vida no Brasil é a ilusão de milhares de paceños que querem apenas dar de comer à sua família. Dos nossos olhos brotavam lágrimas de raiva e de incapacidade diante das situações que o capitalismo causa.

No final do dia embarcamos para uma longa jornada de 20 horas sentados até Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra, onde supostamente pegaríamos o “trem da morte” que nos deixaria na divisa com a Terra Brasilis, em Corumbá no Mato Grosso do Sul. De surpresa ficamos sabendo que todos os bilhetes do trem para até três dias depois já estavam esgotados. Tentamos com cambistas, tentamos com agências, apelamos para as linhas de ônibus pelo Paraguai, mas nada deu certo. A opção que nos restou era rezar para que alguma companhia aérea tivesse um bilhete barato... e nossas preces foram atendidas.

Quando fechei a compra da passagem aérea, me dei conta que a viagem tinha acabado. O tempo passa tão rápido quando a gente faz o que gosta!

Da janela do avião, as luzes de Santa Cruz ficavam cada vez menores e iam desaparecendo, mas da minha cabeça não desapareciam as imagens e sensações da Bolívia. Me perguntei afinal, como eu poderia definir esse pedaço de chão quando eu chegasse em casa. Não consegui resposta. É difícil descrever a Bolívia. Quem sabe um país relegado aos interesses políticos de pseudo revolucionistas... talvez um país perto do céu, onde o povo de rosto queimado pelo sol, não tem muito oxigênio, não tem mar, não tem emprego, não tem solo fértil mas é alegre e feliz. Talvez a Bolívia seja um povo e um pedaço de terra que provoca emoções e sensações singulares e indescritíveis. Sim! Talvez só a nossa língua portuguesa consiga exprimir com exatidão um dos sentimentos que a Bolívia deixa no coração de quem a visita... talvez não, certamente SAUDADES de ti, Bolívia.

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boa Mike, lindo relato, parabéns !

 

eu também amei a Bolívia, apesar do caos do trânsito, a miséria das pessoas, mas amei o povo, o espírito lutador e a simpatia deles. Uma riqueza natural lindíssima, o Titicaca, as montanhas, as histórias, o Salar, que coisa maravilhosa, não deve existir nada igual aquilo no mundo !

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Concordo com a Camibr!!!

 

Lindo e emocionante!!!!!!!!!!!!!!! Parabéns!!!!!

 

Estou indo em outubro e meu grande sonho sempre foi conhecer o Peru e chegar em Machu Picchu pela Trilha Inca, mas nos últimos dias, a cada relato que leio e cada foto que vejo do Salar, dos vulcões e das lagunas, fico pensando e imaginando que, talvez, o ápice da minha viagem tbém possa ser a Bolívia!!

 

Vamos ver... Estou contando os dias!!!!! :wink:

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Amigo Celso,

O relato saiu bem atrasado. rs Guardei o diário de bordo quando cheguei e fui abrir de volta esses dias. Esse ano está agitado, não sobra mais muito tempo para cá...

Mas em tempo agradeço muito teu apoio no ano passado... essa fraternidade entre o pessoal daqui vale ouro!

 

Cami,

Ô coisa boa, hein?! Essa ansiedade aí também é uma das partes que eu mais gosto. eheheh

 

Renata,

Sonho é sonho né? Machu Picchu também era um dos meus, e pode ter certeza: não decepcciona nem um pouco não! Quando cheguei em MP, a neblina ficou fechada até o meio-dia. Não dava para ver nem o Huayna Picchu... momento incrível quando do nada, as nuvens foram embora e o povo todo (muita gente, uma Disney Picchu rs) ficou de queixo caído num coral de "oooohhhh". eheheh

 

Mário,

Valeu. O relato é sincero... não tenho vergonha de dizer que chorei conversando com o guia. Ele foi muito verdadeiro na conversa, tava desabafando de verdade e sem segundas intenções ($), e isso é raro... porque o povo boliviano, as cholas, as crianças em geral são bem tímidas e não querem muita conversa com estrangeiros.

 

Cami e Renata,

Vcs que estão indo logo, talvez tenham a mesma impressão que eu... e quem foi também deve ter notado. A Bolívia tem um pouco de Veneza... vai desaparecendo aos poucos. Nums lugares isolados você conversa com o povo, e nota que eles tem uma inocência na forma de agir, de viver... e aos poucos isso vai mudando, eles vão se prostituindo, se acostumando ao "capitalismo selvagem". Uma cidadezinha do interior, perto do Uyuni, foi totalmente destruída para a construção de uma mina particular americana... os acionistas da mina construíram uma cidade totalmente nova para a população, que hoje tem renda e melhor qualidade de vida... mas que perdeu suas raízes. Será que isso vale a pena??? (isso daria um bom bate-papo num encontro mochileiro! rs). E é por isso que o Morales defende tanto a nacionalização das estrangeiras... ele sabe que está enraigado no espírito do povo toda essa cultura, a busca pelas raízes e até a luta. Populista que é, se aproveitou de tudo isso e da sua origem cocaleira, para fazer seu marketing pessoal e se eleger para manipular grande parcela do povo como aqueles bonequinhos (títeres) que as crianças vendem nas ruas de La Paz. Política ultimamente está me dando asco... já enjoou, tanto no município, quanto no estado, ou nesse Brasil inteiro corrupto. E eu fico por aqui, senão o negócio vai longe... rs

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  • Membros de Honra

Olá Mike,

 

Vc escreveu:

 

", percorremos campos de lavanda, plantações de milho e de coca até chegar ao final da península, onde um senhor disponibilizou seu barco e sua filha de treze anos que remaria até a ilha pelo equivalente a R$ 5,00 por pessoa. As feições da menina eram de sofrimento. Rosto queimado pelo sol e mãos de quem desde cedo tem que lutar pela sobrevivência, não pelo conforto. Impossível não se comover com a situação, e inadmissível pagar somente o preço exigido. "

 

Às vezes preocupamos em comprar aquela mochila de última geração, e a bota, tem que ser impermeável......, blusa de não sei o quê, ..........., mas muitas das vezes esquecemos, que quem nos ajuda em nossas viagem são pessoas igual a essa garota, e que muitos não se sensibilizam com o problema dela. Têm pessoas, que nestes momentos, fazem até"pechincha".

Mário.

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  • Membros

Oi Mike!!!

 

Vc “captou” bem o que eu quis dizer!!!

O meu “medo” é gostar tanto do Salar, que Machu Picchu acabe ficando em segundo plano...

Mas acho que não vou me decepcionar mesmo!!! Como vc falou que não tem vergonha em dizer que chorou, acho que vou chegar pela trilha e, ao ver a primeira imagem de MP (se as nuvens deixarem, rss) vou sentar e chorar feito criança!!!!!! Rsssss....

 

Como vou sozinha, quero muito ver de perto tudo isso que vc comentou sobre a cultura e as raízes do povo!!! Sentar e conversar com eles!!! Acho que a gente volta outra pessoa de uma viagem como essa, não?!?

 

É isso aí!!! Valeu pelo relato inspirador!!!

:wink:

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