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De São Paulo ao Jalapão (sem guia), Serra das Confusões e Serra da Capivara - parte 1


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Este relato foi feito para mostrar que é fácil ir ao Jalapão e conhecer seus atrativos sozinhos, sem guia. Acabamos conhecendo muito mais coisas, pegando dicas com os locais. A única coisa que fiz, foi pesquisar um pouco no google earth. É claro que existem pessoas que irão somente com guia, mas, quero deixar bem claro que, dá sim para ir sem guia, conhecer tudo e mais um pouco.

Vou ser rápido no trajeto até Ponte Alta, pois o que interessa é depois...

Saímos de São Paulo às 5:30h e pegamos a Anhanguera sentido Ribeirão Preto, Uberaba, Uberlândia e chegamos em Cristalina – Goiás sem parar para almoço. Cidade muito barulhenta nos finais de semana. A velha mania de som alto nos carros durante a madrugada. Nem pensar em dormir na cidade, pois os 2 melhores hotéis são precários e muito caros pelo que oferecem. R$ 120,00 (Goiás Hotel) e 110,00 com café. Melhor ficar no hotel Cata Vento ao lado do posto, na BR, à 1,5 km da cidade. Jantamos uma boa picanha na churrascaria Rodeio.

Dia seguinte saímos sentido Planaltina, Planaltina de Goiás, São Gabriel de Goiás, São João d’Aliança, Alto Paraíso, Teresina de Goiás, Monte Alegre de Goiás e chegamos em Campos Belos – Goiás. Dormimos no hotel Serra Verde. Muito bom, piscina ar-condicionado e ótimo café. Cidade pacata e com algumas casas de alto padrão. Acordamos e seguimos uma rota sugerida por um grupo de 4x4 de Palmas que conheci no mochileiros.com. Entramos no Tocantins por Arraias (cidade histórica),Conceição do Tocantins, Natividade (vale parar e conhecer a cidade histórica)

 

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e Chapada de Natividade. 19 km depois da Chapada da Natividade entre à direita (estrada boa de cascalho) sentido Pindorama do Tocantins. São 120 km até Ponte Alta. Como era época de manga, enchemos alguns sacos pela estrada a fim de nos abastecermos para os 6 ou 7 dias no Jalapão.

 

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Chegamos e ficamos na Pousada Águas do Jalapão (63) 33781677. Ela fica fora da cidade e é bem tranqüila. Pagamos R$ 80,00 o casal com café. Quarto razoável, mas, com ar-condicionado. Uma piscina pra tirar a zica da estrada caiu como uma luva. E de manhã, um banho numa vereda atrás da pousada com água claríssima na temperatura ideal. Lá pela 9:00h já deu pra perceber o calor que nos esperava em todo o Jalapão. Outubro é quando se inicia o período das chuvas, porém, elas estão atrasadas e o calor e a seca deste ano estão fortes.

Bom, o melhor vem agora! Pergunte aonde é a estrada que vai para Mateiros. Passando a ponte de madeira (zere o odômetro do carro) na saída da cidade, vire à esquerda e entre a primeira à direita e vá sentido Mateiros (estrada cascalhada). Adiante vc verá a placa Portal de entrada do Jalapão. Logo no início tem uma placa com algumas kilometragens. Esqueça. 14, 5 km depois você chegará no Cânion de Sussuapara (tem uma placa no lado direito “cânion sussuapara 100m”). Deixe o carro em uma entrada à direita antes da ponte. A direita da placa tem início uma pequena trilha (5 min) e vc chegará na parte alta do cânion. Desça e explore o lugar. Na verdade é água de uma vereda que despenca e acaba formando um pequeno cânion. Lugar interessante.

 

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Pegue o carro e rode mais 17,5 km pela estrada cascalhada (os postes acompanham) e verá em sua direita uma estrada de areia. Ela vai para a cachoeira do Lajeado. Se estiver de 4x4 pode entrar. Carro sem tração é melhor ficar. Caso fique ou queira caminhar pelo cerrado (o nosso era traçado, mas, como gostamos de caminhar) em 30 minutos você chegará na cachoeira. Vá em silêncio, pois existe a possibilidade de avistar algum animal. E leve água caso tenha problemas em beber “in natura”. À direita tem umas pequeninas quedas, mas, a direita tem uma de uns 9 metros e um belo poço grande e fundo.

 

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Para chegar até ele, desça pelas pedras do lado esquerdo do riacho e logo verá uma trilha que sai logo abaixo. Contorne pela esquerda e vc chegará no poço. Ficamos umas 2 horas tomando banho e ninguém apareceu. E pode beber da água para matar a sede. Maravilha! Voltamos pela mesma estrada, pois a idéia era chegar na Cachoeira da Velha. Do carro que ficou na entrada para a cachu do Lajeado, rodamos mais 33,8 km até chegar em uma bifurcação. À esquerda vai para a Cachoeira da Velha, á direita vai para Mateiros. Aquela placa que indica Cachu da Velha não existe mais. Entramos na estrada que vai para a Cachoeira da Velha. Estrada cascalhada, mas, com alguns trechos de areia. Não arriscaria com um carro sem tração. Após 13,3 km vc verá uma placa do lado direito “Você combina com o Jalapão, o lixo não”.

 

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Preste atenção, pois, alguns metros antes, tem uma estrada de areia à direita. Ela cortará o caminho no sentido para Mateiros. Você não precisará volta até a bifurcação. Mais 7,2 km e vc verá uma fazenda à direita. Ela era uma antiga pousada chamada Jalapão. Dizem que ainda deixam armar barracas. Mais 8,8 km e você chegará na placa Cachoeira da Velha à direita. À esquerda a praia do rio Novo. Fomos direto para a praia, pois lá será nossa base por 2 dias. Fim da estrada, pode deixar o carro em frente aos 2 banheiros e desça as escadas de madeira.

 

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Praia maravilhosa e areia branca e limpa, contrário de alguns posts descritos aqui. Água do rio muito transparente e quente. Acampamos aqui durante 2 dias e ninguém, nenhuma alma apareceu durante este tempo. Caso queira acampar em outro local, existem mais duas praias no lado esquerdo. Uma à 5 minutos da primeira e outra, a seguir com uns 25 minutos de caminhada pelas pedras. Esta terceira praia é ainda mais bonita que a primeira. Nas pedras encontramos linhas de nylon 100 amarradas nas árvores indicando que os peixes ali são grandes. Encontrei até uma linhada com um anzol de 11 cm o que comprovou minha teoria. Em Mateiros ficamos sabendo que no rio tem o famoso Jaú (peixe de couro enorme). Pensamos em acampar na terceira, mas, como era dia de semana, achamos que não apareceria ninguém na primeira. Acertamos. Ficamos 2 dias sozinhos. Ficávamos tomando banho de rio até tarde da noite com aquela água quente. De dia algumas mutucas pra encher o saco, nada mais. Estava tão quente que tivemos que umedecer as toalhas para poder deitar e dormir. O rio tem belas corredeiras e dá até pra fazer um bóia cross da primeira para a segunda praia, mas, cuidado se não tiver experiência. Aliás, tem um rafting de 4 dias no rio Novo, acampando nas prainhas.

 

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No dia seguinte, deixamos a barraca armada e subimos as escadas para ir até a cachu da Velha. Em cima, ao lado da escada tem uma placa. Atrás dela tem início uma trilha à pé de 1,2 km que margeia o rio pelo alto e chega até a cachu da Velha. Se preferir, volte por outro caminho, (uma antiga estrada bloqueada) que chega na estrada, antes dos banheiros. É uma trilha mais aberta.

Passamos 2 ótimos dias explorando o lugar com muita calma.

 

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Na volta acabamos levando o lixo que uns incautos deixaram em sacos plásticos ao lado dos banheiros.

Retornamos pela mesma estrada cascalhada, porém, lembram-se da placa “Você combina com o Jalapão, lixo não?”. Pois bem, quando chegamos nela, alguns metros a frente, entramos à esquerda na estrada de areia. Ela corta um bom caminho e vc entrará no meio do Jalapão. São 13,2 km até a principal. Com 9 km vc já poderá ver a torre da antena (que fica na principal). Somente entre neste atalho se tiver com 4x4. Fui o tempo todo traçado e em segunda marcha. A paisagem é areia e cerradinho que estava brotando após uma grave queimada. Vimos alguns gaviões e estava um calor de matar. Ar condicionado ligado direto durante os 6 dias no Jalapão. Se estiver com carro comum, não pegue este atalho, volte até a bifurcação para Mateiros. Chegando na estrada principal (torre da antena), entre à esquerda sentido Mateiros. Não há placa alguma. Este atalho ainda segue cortando a estrada principal e sai lá na frente uns 10,5 km, mas, nós não entramos. Quem tiver mais tempo acho que vale a pena pois é só areia e passa beirando um paredão (depois é que fui ver no google earth).

 

 

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Do ponto da torre até a ponte do rio Novo são 41,7 km.Antes da ponte, no lado esquerdo, você passará por uma comunidade. É lá a entrada para a praia dos crentes. São 8 km de estrada de areia. Nos disseram que é uma praia do rio Novo muito grande e bonita. Nós não a conhecemos, mas, acreditamos que vale a pena. Como estávamos querendo ver o lado direito, o lado do acampamento Korubo, resolvemos continuar com nossos planos. 900 metros antes da ponte do rio Novo, existe uma estrada à direita. Não tem placa indicando nada. Logo nos primeiros metros, vc verá do lado esquerdo uma pista de pouso. Siga esta estrada. Aparecerão algumas bifurcações, mas, continue seguindo a mais rodada. São 3,7 km até o acampamento Korubo. Sofisticado, possui algumas tendas e até um restaurante. Tudo muito moderno para o nosso gosto. Se tiver com carro comum, nem tente, pois o areião é pesado. Tivemos que ir traçado na segunda marcha. Ficamos uns 15 minutos e voltamos até a principal pois o destino naquele dia eram as dunas e o pôr do sol.

 

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Após a ponte do rio Novo siga mais 12 km na estrada cascalhada e chegará na entrada à esquerda para as dunas. Tem uma corrente com cadeado na entrada da estrada para as dunas, mas, logo aparecerá alguém cobrando R$ 5,00 por cabeça. Bom, este é outra estrada para 4x4. Se tiver com carro comum é bom não arriscar. O problema é que terá que andar 5,2 km pra chegar lá. E com um calor de cozinhar neurônios. Leve bastante água. No meio do caminho tem a lagoa do Jacaré. É muito bonito e o pôr do sol de cima da duna é um espetáculo! E claro, somente nós dois no meio daquele paraíso. Não apareceu ninguém mais uma vez. Somente uma mutuca perturbou um pouco. O Jalapão era só nosso!

Ficamos até escurecer e voltamos pela estrada à noite e claro que a corrente nem estava passada.

 

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Chegamos na estrada principal (cascalhada) sentido Mateiros. Rodamos mais 8,4 km e chegamos na entrada para a trilha que sobe o maciço do Espírito Santos à pé. Passamos direto, pois já passava das 19:00hs e estava totalmente escuro. Mais 26,8 km e chegamos em Mateiros. Ficamos na Pousada dos Buritis. Muito boa e com um bom café da manhã. R$ 100,00 o casal e pode pagar com cheque. Aliás, o diesel não está tão caro. R$ 2,38 e aceita cartão. Pra jantar tem a Rosa (vale o jantar batendo um papo com ela) e o Rancho 21 (mais cara, mas, muito boa comida caseira). Acordamos e fomos para o fervedouro. Da pousada, vá até a rua principal (asfalto) e vire sentido São Félix, após 24,3 km de estrada cascalhada você verá uma placa escrita “fervedouro 1.200 m, fervedouro Soninho 4 km e Mumbuca 10 km. Fomos até o primeiro fervedouro (900 m e dá pra ir nos 2 com carro comum). Deixe-o ao lado da estrada e vá a pé pela trilha. 10 minutos de caminhada e chega-se até esta maravilha! R$ 5,00 por cabeça, não tinha ninguém. O cara que toma conta, pegou a grana e voltou pra sua casa que fica bem longe. Nos deixou à vontade. Ficamos umas 2 h tomando banho, flutuando sozinhos e não apareceu ninguém (coisa boa é viajar fora de temporada!) A areia é tão fina, mas tão fina que vc não vê o grão. Chega a grudar nas mãos. Água na temperatura ideal (uns 26°C) e cor mineral.

 

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Saímos e após 2,7 km chegamos no fervedouro do Soninho. O dono do Korubo comprou aquela área e este fervedor é mais caro. R$ 8,00. Como já tínhamos tomado um bom banho, seguimos mais 8,0 km até a comunidade de Mumbuca. Pra chegar lá, somente 4x4. O areião é pesado. Vá até o centro de artesanato de Mumbuca e compre objetos feitos de capim dourado. Em Mateiros tem objetos até mais interessantes e com os mesmo preços. Ficamos umas 2 hs batendo papo com o pessoal do povoado. A Dita que nos recebeu muito bem, nos levou pra casa dela e comemos doce de buriti. Aí apareceu um gaiato com um rabeca feita de buriti e ficamos cantando e escutando ele tirar um som daquele belo instrumento. Ele até gravou um CD e fará shows pelo nordeste. Não deixe de levar os doces e as coisas feitas de capim. Pois bem, conversando com a Dita descobrimos que lá tem o fervedouro de Mumbuca que quase ninguém conhece. O filho dela, Ranieli nos levou até lá. Pra chegar tem uma boa trilha de carro e depois um trecho pequeno à pé. Depois atravessamos um rio de correnteza forte e fundo de pedra. Mais 5 minutos e o fervedouro aparece. Pra variar, ninguém. Ele tem a areia mais fina que o de Mateiros e o poço é menor, porém, o volume de água é maior e vc não afunda mais do que a da coxa pra cima. Muito louco!

 

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Voltamos, fizemos o fervedouro do Soninho e xavecamos no preço. Este é muito grande e com vários olhos d’agua. Cabe umas 20 pessoas e é cheio de pequenos peixes. Água totalmente transparente como todos os outros. Pra variar, ninguém! Ficamos somente 1 hora tomando um banho, pois iríamos até São Félix e não pretendíamos pegar estrada à noite.

 

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Voltamos até a placa na estrada principal e entramos à esquerda sentido São Félix. Da placa, pela principal, até a entrada para a cachoeira do Formiga são mais 2,8 km. Deixamos a cachu para a volta. 34 km depois tem a entrada para a cachoeira do Prata. Essa vale a pena! Nós faremos na volta. Da entrada para a cachu do Prata até São Félix são mais 21 km. A estrada está toda cascalhada, mas, tem uns trechos (7 ou 8) curtos, que carro pequeno e baixo não passará. Um caminhão estava atolado na areia e nós só passamos traçado. Chegamos já escuro em São Félix. Um calor de matar! Cidade pequena, ela é curiosa! Está dividida em duas. Fomos direto na pousada Capim Dourado. O preço que a sócia Socorro fez foi, R$ 70,00 por casal com um com café incluso.

 

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Peça o jantar (ótima comida caseira) com antecedência. Como não almoçamos em nossas viagens, só jantamos, fica mais fácil e se aproveita muito mais o dia. Conversando com um guia, ele nos deu dicas valiosas da região. Além da cachu do Prata, ele nos falou do encontro das águas do Rio Novo e Rio Sono. Bom, acordamos, tomamos o café e seguimos sem guia em direção à Novo Acordo. Saímos da pousada e após 9,7 km, à direita, antes da ponte, tem uma prainha muito boa pra tomar um banho. É uma pequena vereda. Daí mais 18,7 km e passando por uma pequena serra vc chega em frente a Pedra da Catedral. O guia havia nos dito que não dá pra subir o paredão, mas, como nós somos insistentes dei uma avaliada nas formações e tracei um caminho. Fomos subindo, subindo e chegamos até a base do maciço vertical. Dava até pra subir, contornando pelo lado esquerdo, mas, como não tínhamos muito tempo e calor estava de matar (levem bastante água) ficamos um tempo no alto abrigado do calor. Se subir, cuidado com as pedras soltas e alguns escorpiões que são abundantes.

 

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Descemos, fomos para o carro e seguimos em direção a Novo Acordo para irmos até o encontro das águas. Este lugar foi dica de um guia em São Félix. Após 4,5 km entre à esquerda por uma estrada de cascalho. Após 1,7 km vc verá um rancho do lado direito, com cercados para o gado. Siga reto e mais uns 900 metros a estrada é fechada por uma cerca de arame farpado com cadeado. Deixe o carro no local, atravesse a cerca e caminhe por uns 15 minutos e encontrará o Rio Sono. Águas claras e profundas, a correnteza é muito forte. Encontramos alguns pescadores que estavam indo embora, pois passaram à noite acampados no local. Mais uma vez, sozinhos. Que beleza!

Uma trilha de 15 minutos para o lado esquerdo levará até o encontro das águas dos rios Novo e Sono. O Novo à direita deságua em 3 braços. Esse é o rio Novo onde estávamos acampados bem longe dali. Uma trilha do lado direito de uns 20 minutos te levará para uma prainha bem grande de areias brancas. Um calor terrível, sol de rachar e água do rio na temperatura ideal, ficamos umas 2 horas dentro dágua

 

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Voltamos para a estrada principal e retornamos sentido São Félix, pois ainda não tínhamos ido para o fervedouro do Alecrim que fica 1,5km da pousada Capim Dourado. Deixamos o carro na pousada e atravessamos à pé para o outro lado da cidade. Pergunte aonde é a praia do rio do Sono, vá até lá por uma estrada de areia. Um pouco antes de chegar, entre a esquerda em uma estrada (só tem ela, não tem como errar) siga por uns 15 minutos e verá uma placa do fervedouro. R$ 5,00 por cabeça, ele fica logo atrás de uma casa no final de uma trilha de 5 minutos. De novo, sozinhos. Maravilha! Poço enorme, muitos peixes ornamentais, água mineral e um olho dágua bem no centro e vários outros pequenos. Ficamos até o escurecer. Pegamos a trilha de volta e ainda deu pra tomar um banho no rio do Sono, pois a prefeitura de São Félix colocou iluminação no local. É bem verdade que está um pouco mau conservado, pois fica quase dentro da cidade. Cheio de larica, almojantamos uma comidinha maravilhosa. Depois, uma volta pela cidade (demos 3 voltas) e um sorvete artesanal (o calor à noite estava infernal) feito pelo sr. Joaquim, voltamos para o quarto pedindo ar-condicionado.

 

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Dia seguinte fechamos a conta e voltamos sentido Mateiros pois ainda íamos para a cachu do Prata e cachoeira do Formiga. Entramos na comunidade do Prata, paramos em uma casa de tijolos de barro (fabricados por eles) e perguntamos se alguém poderia nos levar até lá. Tinham umas meninas na frente e elas foram perguntar para a mãe. Claro que não se pode confiar em ninguém. A menina veio e falou que um primo poderia nos levar e ela veio junto. Chegamos no tal primo, o Edmilson e uns 2 amigos perguntaram se poderiam ir “banhar” também. Fomos todos. Mais uns 12 km de areião (caminhonete traçada direto) chegamos na cachu. Na verdade é uma grande vereda em que várias deságuam todo o volume de água, formando uma cachu bem volumosa. Peguei meu snorkel e minha máscara e fui caminhando até onde pude ir antes da queda. Me joguei na água e fiz um drift-diving (snorkeling com correnteza) fascinante de uns 30 minutos até antes da queda. Alguns lugares no rio tinham uns 8 metros de profundidade e dava pra enxergar tudo. Dei a máscara para o Edmilson experimentar. O cara ficou maluco! Nunca tinha utilizado uma. Bebeu um pouco de água pelo snorkel, mas, faz parte do aprendizado. E quem disse que ele queria ir embora... E quando eu ensinei pra ele a técnica de equalização pra não doer o ouvido quando se afunda! Ficou doido! Depois de um tempo fomos para o poço da queda e ele nos levou para atrás da cortina de água. Lá tem uma toca com um ninhal de andorinhas. Quando nós entramos foi uma revoada só. Dá pra ficar lá dentro e ver a cortina numa boa. Bom, depois de umas boas horas, era hora de ir embora pois tínhamos que ir para a cachu da Formiga. Ficou a promessa de mandar pelo correio para a Socorro da pousada em São Félix, uma máscara e snorkel para o Edmilson. Brevemente enviarei. Voltamos para a comunidade e os deixamos. Eles ficaram todos muito contentes pois como estava muito calor, aquele banho foi como lavar a alma!

Ainda compramos alguns objetos muito bem feitos de capim dourado da mãe da menina que nos levou.

É sempre muito bom ajudar de alguma forma aquela gente!

De lá seguimos sentido Mateiros.

 

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Depois de um tempo apareceu a placa cachoeira do Formiga a esquerda. A estrada de 2,4 km é punk. Areião pesado, somente carro traçado. Mas vale cada perrengue. R$ 5,00 por pessoa, a água é completamente incolor e na temperatura ideal. Tinham alguns gaiatos que foram logo embora, portanto, de novo, ficamos a sós mais uma vez. O poço é enorme, com uns 3 metros na parte mais funda.

Ficamos umas 2 horas dentro dágua espantando o calor. Se puder, vá até a nascente. Ela fica 1,5 km pra cima. Nós não fomos porque o caseiro que toma conta do local estava sozinho e não poderia abandonar o local. Mas, ele disse que seria um prazer nos levar pois quase ninguém pede para ir até lá e ele disse se um local muito bonito. Fica para a próxima. Bom, pé na estrada e voltamos para Mateiros. Ficamos na mesma pousada dos Buritis. Tem até conexão wireless. Como a proposta era acordar às 4:00 da madruga para ver o nascer do sol no alto da Serra do Espírito Santo, jantamos no Rancho 21 e fomos dormir.

 

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Acordamos às 4:00, e rumamos para a estrada sentido Ponte Alta. Como já tínhamos passado pelo local na vinda, sabíamos mais ou menos onde era a entrada, mas, como estava escuro...

Chegamos na entrada e era escuridão e areião puro. 4x4 ligado, entramos e após 800 metros chegamos no início da trilha. Lanterna de cabeça ligada, subimos a trilha no escuro e em 20 minutos estávamos lá em cima. Chegando lá, tem uma placa com o início da trilha para o mirante das dunas. São 3 km. Como o sol nasce bem na frente da trilha, ficamos até clarear. O problema é que o sol resolveu não aparecer. Clicamos algumas fotos e fomos para o mirante. Chegando lá, percebi que umas nuvens vinham do leste. Ficamos um pouco vendo as dunas de cima e a erosão no paredão da serra que, forma e as alimenta. As nuvens foram se avolumando e escutei uns trovões. Como lá em cima é um chapadão com cerradinho, achei que não estaríamos bem protegidos. Começou a chover uns pingos e logo o toró desabou. Voltamos correndo pela trilha e os raios começaram a despencar. Os trovões e raios quase simultâneos nos indicava que estavam bem pertos. Aumentamos a corrida e chegamos no início da trilha no topo da serra. Em 10 minutos estávamos entrando no carro ensopados. Descemos num pau só.

Não se enxergava nada e o toró aumentando. Cheguei na estrada. Lamaçal puro, dei uma rabeada e atravessei na pista. Tracei a caminhonete e segui até a pousada.

Um banho quente, um ótimo café, arrumamos nossas coisas e seguimos em frente. Na pesquisa que fiz antes da viagem, um grupo de 4x4 de Palmas me disse que existe uma estrada que sai de Mateiros e vai até Coaceral no norte da Bahia divisa com Piauí e Maranhão. Esse era o caminho ideal para pegar a BR135, pois nosso plano era o PN Serra das Confusões, no Piauí. Esta estrada de cascalho e areia não consta em nenhum mapa rodoviário, mas, ela existe e nós a pegamos...

 

 

 

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Em Mateiros, no Jalapão, pergunte aonde é a estrada para Coaceral (início da BR 135). Zere o odômetro na saída da cidade.

Após 22 km você verá uma Pousada/Fazenda ao lado direito e a frente uma bifurcação que tem uma placa. Pegue à esquerda e siga mais 8 km onde aparecerá uma outra placa indicando Corrente – PI. Siga ela. O cerrado aqui é bem preservado.

 

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No km 35 aparece um povoado com umas 6 casas. Aqui já encontramos um cerradão, com arvores bem mais altas, denotando maior preservação. Faz sentido pois é uma estrada sem qualquer movimento. Não vimos um único carro até Coaceral. No km 38 tem uma escola e um pouco antes uma ponte de madeira.

O cerradão agora dá lugar a um cerrado mais baixo. A quantidade de flores nas margens da estrada é imensa.

 

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No km 51 pegue à direita por uma estrada de areia. No km 59 tem uma fazenda de nome São José. Passe reto. No km 63 à direita tem uma fazenda de Eucalipto. No km 68,3 vire à direita. Você verá o cerrado à esquerda e uma lavoura à direita. No km 69 você verá cerrado à direita e lavoura à esquerda.

No km 72,3 vire à esquerda com um cerrado à direita e lavoura à esquerda. No km 77,5 continue seguindo reto.

 

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Você verá que é o começo da descida da serra. Verá muitas pedras dos 2 lados. A descida vai ficando punk. No km 79,2 você verá a estrada descendo e bem a sua frente uma pequena subida.

 

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Logo você verá uma ponte de madeira sobre uma vereda. É hora de parar e tomar um bom banho. Água transparente e na temperatura ideal. Trace a caminhonete pra subir este pequeno trecho.

 

 

 

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No km 81 quando termina a subida siga reto na bifurcação. Não pegue à direita. No km 84 não siga reto, vire à esquerda (você verá o traçado). No km 85,8 siga reto. Você verá uma lavoura à esquerda e à direita. Siga até o fim. Entre o km 95 até 98, observe neste local alguns (acho que seis) enormes silos de armazenagem de grãos à sua esquerda. Ali é a Cargill, o início da estrada de asfalto (78 km) até a BR 135. Na Cargill zere o odômetro.

A estrada está sendo “arrumada”. Tem alguns buracos na pista, portanto, muito cuidado

 

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Chegando na BR 135 entre à esquerda sentido Corrente – PI. São 65 km até lá. Entre na cidade e pergunte aonde tem início a estrada para Curimatá via Parnaguá. Até Curimatá são 118 km. Entre Corrente e Parnaguá tem uns 40 km de terra, o que contraria o guia 4 rodas (no guia está asfaltada). De Parnaguá até Curimatá o asfalto está ótimo, o que também contraria o guia 4 rodas (no guia estão asfaltando). Chegando em Curimatá, nem pense em procurar pousada. Fique no hotel do posto (2 irmãos). É o único que tem ar condicionado. Vejam a porta do banheiro...

 

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Detalhe. Você não consegue dormir sem ar. O calor é terrível!!!

Outro detalhe! Você só poderá ligar o ar depois das 21:00hs. Porque? A hora do pico de consumo de E Elétrica é a hora da novela. Pasmem!!! O pico de EE é causado pelas televisões ligadas. Depois da novela, o consumo cai (desligam-se as TVs). Mas, notem que quase ninguém em casa tem chuveiro elétrico e ar condicionado. O sistema elétrico é que é precário mesmo. Eles disseram que 3 anos atrás era muuuuiito pior!!!

O quarto tinha as paredes mofas e parte do reboco caindo. Fazer o que se era a melhor.

Jantamos pizza, pois a cidade não tem restaurante. Vimos um boteco na rua do hotel com mesas na calçada e quase todas ocupadas. Falei, vamos amarrar o nosso Jegue aqui mesmo!!!

Até que a pizza tava boa.

Demos um rolezinho pela cidade e notamos que aqui no interior do Piauí, ninguém, absolutamente ninguém anda de moto com capacete. É a maior zona. 2, 3, 4 pessoas com crianças em cima de uma moto. Terra de ninguém !!! Passou um cara com a mulher na garupa segurando uma menina dormindo.......e todos sem capacete.

Bom, depois de apreciar as barbaridades da cidade, fomos para a pousada. Chegamos lá, surpresa! O sistema caiu! Sem luz, sem ar condicionado. O quarto um forno e cheio de pernilongos. Peguei emprestado da recepção um spray mata mosquito e nos livramos deles. Fiquei batendo papo na recepção com a dona do hotel/posto pois lá fora ainda batia uma leve brisa que espantava um pouco o calor. Daí, contamos para ela que estávamos indo para Caracol via Redenção da Gurguéia, Bom Jesus, Santa Luz....e aí ela nos deu uma grande dica. Tem uma estrada de terra e areia muito boa que corta um caminho enorme até Caracol. Umas 22:00 a energia voltou. Fomos para o quarto, ligamos o ar que funcionou muito bem. Após um café da manhã precário e cheio de moscas pegamos a tal estrada. Saimos do hotel/posto pela direita e depois do segundo quebra molas viramos à direita. Na esquina tem um comércio pintado de verde. Daí é chão (84 km) até Morro Cabeça no Tempo (é uma cidade!).

 

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Ela não passa por Avelino Lopes. Esta estrada não consta no mapa 4 rodas. Após passar por dezenas de comunidades entre elas a do Desapego, Desengano e Xique-Xique, com mais 60 km você chega no vilarejo do Feijão.

 

 

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Rodamos mais uns 16 km e chegamos no vilarejo do Peixe e antes ainda passamos por outras comunidades. Do Peixe até Caracol foram mais 30 km. Foi a melhor coisa que fizemos. Além de cortar um grande caminho, passamos pelo interior da caatinga Piauiense, Baiana e Piauiense de novo o que nos fez conhecer bem de perto o sofrimento deste povo.

 

 

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A seca é total!

O calor e a paisagem da caatinga nos fez refletir sobre a boa vida que levamos. De Curimatá até Caracol, foram 190 km de terra e areia. Mas, valeu cada km. Passamos por lugares completamente inóspitos.

Chegamos em Caracol debaixo da maior chuva. Estava caindo um temporal que logo passou. Tem somente 2 pousadas em Caracol que vale conhecer e ficar. Ficamos na pousada da Ednéia. Única com ar condicionado, e em um quarto apenas. E pode crer, faz falta. Chuveiro elétrico nem pensar. Nenhuma pousada tem, mas, nem é necessário.

Pagamos R$ 50,00 o casal com café. A Ednéia nos indicou um guia que trabalha no Ibama como segurança, afirmando que ele tinha prática na condução de viajantes. Acertamos com o guia para conhecer o PN Serra das Confusões e alguns sítios com pinturas rupestres. Acordamos, tomamos um belo café e fomos com o guia para o PN.

Da pousada até a entrada do PN (estão construindo a primeira guarita) que não tem estrutura nenhuma são 11km.

Deixamos o carro à direita da guarita e seguimos a estrada cascalhada à pé. Da pra ir de carro, mas, nós queríamos caminhar. Chegamos até o buraco das andorinhas. Lugar muito bonito, mas o mais interessante é vc conhecê-lo na parte da tarde onde as andorinhas descem em bando para dormirem nas tocas. O barulho do vôo mergulhante parece mais de um pequeno avião a jato (guardadas as devidas proporções). Nós conferimos isto no PN das Capivaras como relatarei mais adiante. Primeira pisada do guia. Voltamos para o carro pela mesma trilha, pegamos o carro e pegamos a estrada-parque em direção a gruta do Riacho dos Bois. A estrada foi aberta e escavada na pedra pelos escravos a mando dos Jesuítas (sempre eles...). Somente 4x4 para encarar esta estrada. É uma descida violenta com o carro traçado todo o tempo. Da guarita até a entrada da gruta Riacho dos Bois são uns 5 km. Deixe o carro e desça umas escadas de ferro e logo vc chegará no início da trilha. É um local de rara beleza.

 

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Na época das chuvas o local vira um rio com profundidade de 1,5 à 2,0 metros. Caminhamos por uns 5 km, ora com o sol entrando num facho pelas frestas do teto, ora com a lanterna de cabeça acessa. Próximo do fim tem um enorme salão. Voltamos pela mesma trilha, pegamos o carro e rumamos para a Toca do Capim e Toca do Enoque com suas pinturas rupestres. Chegamos na comunidade do Capim onde mora o Zé Rocha, um guia local (nós já tínhamos ouvido falar dele, mas, não sabíamos onde morava). Ele conhece tudo nas Confusões. Dá pousada da Ednéia até a comunidade do Capim, são 28km. Do Capim, + 6km chegamos na comunidade do Barreiro. Antes da última casa do povoado, entre à direita (se informe onde é a estrada para a Toca do Capim e Enoque). Rode por 3 km e entre à direita (cuidado com os tocos com raízes de árvores). Antes do fim da estrada, observe à sua esquerda uma clareira do tamanho de 2 carros. Deixe o carro ali e pegue uma trilha um pouco antes em direção ao paredão. Em 2 minutos você chegará na Toca do Enoque com pinturas, grafismos e uma excepcional pintura de um Tamanduá, única em todo o PN das Confusões e PN da Capivara.

Volte, pegue o carro e vá até o final. No final da estrada que segue beirando o paredão pare o carro e siga uma trilha à esquerda. Você verá uma estrutura de madeira com uma escada e portão trancado com cadeado (necessário para evitar ação de vândalos). Suba e verá pinturas (grafismos puros, animais, homens e mulheres) e baixos relevos feitos ente 5.000 e 50.000 anos. É magnífico. Ali, a arqueóloga Niède Guidon, encontrou enterramentos de nossos antepassados completamente diferentes dos encontrados no PN da Serra da Capivara.

 

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Voltamos pela mesma estrada até a comunidade do Barreiro. Lá, nosso guia nos levaria até o sítio Muquém, mas, ele disse que a estrada não estava muito boa, mas, insisti e ele nos levou até lá. Chegando lá na entrada realmente não tinha a menor condição de colocar o carro naquele buraco cheio de arvores. Ele disse que o pau velho do Ibama entrava, mas, não arriscaria. Dali, eram uns 6 km de pernada, então eu disse à ele, - então vamos pernar, pois em 1 hora chegamos lá. Aí o cidadão disse que “lembrou” de uma estrada nova que fizeram pouco tempo. Voltamos para o Barreiro e ele perguntou para um gaiato que disse que a estrada estava boa e todos estavam utilizando. Pegamos a mesma estrada que vai para as Tocas do Capim e Enoque, e no momento de entrar à direita, à esquerda é a estrada para o Muquém. Ou seja, ele já sabia desta estrada, estava fazendo corpo mole, tentando nos enrolar. Como disse que ir pernando, ele “lembrou” da estrada. Um grande picareta! Fomos até o sítio Muquém, um local com uma gruta bem no paredão com algumas inscrições bem distantes. De beleza ímpar, este local deve ser visitado. A estrada que leva até o Muquém foi aberta uns 3 anos e é muito estreita. Devemos ficar atentos com os tocos das raízes que eles não removeram. Esta estória não terminaria muito bem. Voltamos pela mesma estrada até o Barreiro e depois a comunidade do Capim. Nesta altura, já caía um temporal pesado, e nós p. com o guia. A estrada alagando e escorregadia nos obrigou a traçar a caminhonete que já saia de lado.

 

 

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Chegando próximo da estrada de pedra senti um ruído da lado esquerdo. Pedi para minha mulher olhar pela janela. Ela disse – furou o pneu. Parei, desci e falei, não foi um pneu, foram 2 pneus furados. E agora! Já estava escurecendo, precisávamos subir aquela estrada de pedras e tínhamos 2 pneus furados. Bom, peguei meu compressor, liguei no acendedor de cigarros (melhor investimento que fiz) dei uma carga nos 2 pneus, liguei a tração e o carro patinava. Coloquei a reduzida e ele foi. Mais 2 minutos, parei, dei mais uma carga nos pneus pois um estava zerado de novo e subi mais uns 2 minutos, dei uma pressão de novo e subi mais um pouco e assim foi indo até chegar lá em cima. Chegando na estrada de areia, dei mais pressão e fui embora pra rodar mais 30 km até a pousada. Chegamos lá no sacrifício às 20:30h. Borracheiro fechado.

Este guia foi péssimo. Além de errar um caminho no meio do PN, fez corpo mole para conhecer o resto. Acho que ele queria nos enrolar para nos guiar no dia seguinte, mas, como sou macaco velho, dei-lhe uns “apertos” e ele acabou nos levando em todos os principais naquele mesmo dia.

Acordamos no dia seguinte e para minha surpresa, 3 pneus furados. Mais um. Bom, tomamos um café sossegado enquanto o compressor trabalhava... Arrumamos as malas, fomos para o borracheiro e consertamos os pneus. 2 dos pneus tinha mais de 1 furo. Eles foram causados pelos tocos das estradas de terra. Quando abrem as picadas, não arrancam pela raiz, assim, sobram os tocos com raízes laterais que furam sem dó. Todos os furos foram nas laterais interna e externas. Rumamos para o PN da Capivara cuja cidade base fica em São Raimundo Nonato. A estrada está asfaltada e em bom estado, o problema são os animais na pista que a toda hora surgem do nada e os (as) motociclistas que andam sem capacete.

 

 

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Na cidade de Curimatá os motoqueiros, sem capacete, passavam em frente ao prédio do departamento de Transito sem cerimônia. E nada acontecia. Bom, chegamos em São Raimundo Nonato e fomos conhecer algumas pousadas. Sem pestanejar, ficamos no Real Hotel. Pegamos um ótimo quarto na parte superior do hotel e a diária custou R$ 99,00 o casal com um excelente café. Como ele fica no centro (e tem estacionamento), após as caminhadas no PN, basta chegar, tomar um banho e almojantar por perto, à pé. Um dia jantamos um ótimo e barato peixe para 2 no restaurante do hotel (com ar). Mas, vale 1 dia comer um Carneiro no Bode Assado do Tanga. Imperdível, e baratíssimo. Comemos uma ótima pizza no Paulinho e um churrasco de Carneiro e Picanha de Porco (divina) no restaurante Varandas. Aliás, preciso relatar uma coisa! Em toda a viagem pelo norte e nordeste, todas as cervejas, seja lata ou garrafa, que tomei, estavam estupidamente geladas. Nunca tomei aqui no sudeste cerveja com temperatura tão baixa. Ponto pra eles !!!

Acordamos e fomos para o Museu do Homem Americano. Fantástico!

Ali está toda a epopéia da chegada do Homem nas Américas (segundo a teoria, ele, vindo da África, atravessou o oceano Atlântico que na época, cerca de 100 mil anos, era +/-150 metros mais baixo, portanto um caminho mais curto que hoje, e, subiu o rio São Francisco e foi ocupando suas margens e arredores, chegando até o interior). Vale muito a visita para conhecer um pouco mais a história de nossos antepassados e se familiarizar com o que verá no PN. Maravilhoso!

 

 

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Não tivemos o prazer de conhecer a Arqueóloga Niède Guidon, a grande e única responsável pela criação, conservação e manutenção do PN e uma defensora atuante na preservação da fauna e flora da região, bem como dos magníficos testemunhos pintados pelos nossos antigos parentes dentro e no entorno do PN da Capivara. Além de tudo, ela sempre ajudou muito a pobre população do interior do Piauí. Com umas 100 dela o Brasil seria muito diferente! Não deixe de conhecer os laboratórios de Paleontologia e oficinas Líticas do Museu. Bem, ali nós tivemos a sorte de conhecer a Riquelma, a namorada do Gadelha (89 – 94234032 – 35821028). Este cara gente boa foi o nosso guia pelos 4 dias que rodamos pelo parque. Ele trabalhou por 10 anos com a Niède na prospecção e escavação dos sítios arqueológicos nos PN das Confusões e Capivara, portanto, conhece como poucos, toda a região. Deixamos por conta dele todos os 4 dias. E olha que foram poucos. Dá pra ficar uns 10 ou mais. São 800 sítios arqueológicos entre pinturas, relevos e líticos. Fique somente nas pinturas e relevos. Ele os levará nas principais. Não dá pra descrever, só indo lá e ver. Maravilhoso!!!

 

 

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Depois de 4 dias, tivemos que ir embora, mas, no Museu, nos disseram que ha pouco tempo, descobriram em uma lagoa (dos Porcos) várias ossadas. A Fundham (Museu do Homem Americano) presidido pela Niède, enviou uma equipe para verificar. Pois bem, no fundo desta lagoa, que está seca, estão em plena atividade, equipes chefiadas pelos Paleontólogos. São umas 50 pessoas (vejam as fotos) trabalhando nas escavações e descobrindo várias ossadas de animais pré-históricos gigantescos de nossa mega fauna (preguiça gigante, tatu gigante...). E nós chegamos bem na hora das escavações! Foi de arrepiar ver aquelas pessoas resgatando parte da história.

 

 

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Bem, depois da aula na sala natural, pegamos a estrada e rumamos para Petrolina. Nem pense ir para Petrolina via Remanso, pois a estrada está um lixo e fiquei sabendo que são de 7 a 8 horas pra chegar lá. Com tínhamos um lastro de tempo, pegamos uma ótima estrada que sai de São Raimundo Nonato e vai até São João do Piauí (BR 020). Em São João tem uma estrada novíssima (faltavam 17 km para acabar o asfalto) que vai até a BR 407 passando por Campo Alegre do Fidalgo, Lagoa do Barro do Piauí, Queimada Nova, daí até a BR. Muito cuidado com os animais na pista. Como comprar moto está barato, eles estão abandonando os Jegues no mato. Cruzamos com dezenas nas margens e no meio da estrada. Portanto, muito cuidado. Chegamos em Petrolina depois de 4,5 horas e fomos brindados com um maravilhoso por do Sol no velho Chico, atravessando a ponte entre Petrolina e Juazeiro. Depois fomos descendo até Sampa.

 

 

 

 

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Editado por Visitante
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  • Membros de Honra

Lu,

 

Fantástico seu relato, realmente de arrepiar!!

A paisagem qdo cortou caminho até Caracol demostra bem como é sofrimento do povo do nordeste que não tem acesso a àgua.

 

Estar ali no momento de descobertas arqueólogoicas e paleontológicas não tem preço!!!!

 

parabéns pela Viagem, muito bom!!! ::otemo::::otemo::

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  • 1 mês depois...
  • 1 mês depois...
  • Membros de Honra

Lu Arau,

 

Muito bom o relato! O Jalapão é um dos lugares que considero mais interessantes do Brasil, ao lado da Chapada Diamantina. Nos meus planos de viagem para o próximo ano está um misto de road trip (de jipe - JPX Diesel) e trekkings com duração total de pelo menos uns 30 dias, por estas duas regiões, quem sabe esticando ainda até o sul do Maranhão (Carolina e etc) para aproveitar a jornada a partir do Paraná (afinal são quase 2300 Km de Curitiba até a Ch Diamantina).

 

Como todo lugar selvagem, há que se ter cuidados e, principalmente se municiar bem de informações e mapas. Com a internet à disposição essas pesquisas ficaram muito mais fáceis. Assim é possível a qualquer um, com um mínimo de noção e boa vontade conhecer qualquer lugar neste país sem precisar andar com guias a tiracolo, e digo mais, como você bem frisou: é possível conhecer muito mais coisas, além de se ter o domínio pleno do seu tempo.

 

Abraço,

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  • 7 meses depois...

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