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TRAVESSIA DA JUATINGA - Rio de Janeiro: relato detalhado


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Travessia da Juatinga - Rio de Janeiro

 

Inicialmente, os planos da virada 2016-2017 envolviam o sul da Bahia, mas, infelizmente, por questão de "dinheiros" e logística de carros, desistimos. Em 2016, passamos o feriado da Páscoa em Martin de Sá e a região, chamada de Reserva Ecológica da Juatinga, deixou um gostinho de quero mais. Foi daí que surgiu a ideia de fazer a travessia da Juatinga, um trekking que as pessoas costumam fazer em 4 dias começando no saco do Mamangua e terminando na praia do Sono (ou vice-versa).

 

Dessa vez, a opção de parar em Paraty-mirim e pegar um barco de lá, foi a melhor na questão financeira e logística. Os estacionamentos custam R$10,00 a diária e são mais seguros que largar o carro pelas ruas de Paraty nessa época de festividades. Em um post anterior, explico todos os detalhes de como chegar até lá: http://www.nanateleva.com/single-post/2016/11/25/Martim-de-S%C3%A1-cantinho-escondido-do-mundo

 

Qual o roteiro da travessia?

 

O roteiro tradicional, costuma durar 4 dias e atravessar todos os trechos de trilha (um pouco diferente do nosso).

 

1 dia: Saco do Mamanguá - Praia Grande do Cajaíba

2 dia: Praia Grande do Cajaíba - Martim de Sá

3 dia: Martim de Sá - Ponta Negra

4 dia: Ponta Negra - Vila do Oratório (via Praia do Sono)

 

Tínhamos 9 dias para fazer o mesmo percurso e estávamos em um grupo de 11 pessoas (com muitos comes e bebes), então nos deslocamos entre os lugares de barco, mas fizemos todas as trilhas para conhecer as atrações (cachoeiras e praias próximas). Nosso roteiro (personalizado) foi:

 

Paraty Mirim - Saco do Mamangua (praia do cruzeiro)

Praia do Cruzeiro - Praia de Itaoca do Cajaíba

Praia de Itaoca do Cajaíba - Martim de Sá (com uma pequena parada na praia do Pouso)

Martim de Sá - Ponta Negra

Ponta Negra - Praia do Sono - Vila do Oratório

 

Saco do Mamanguá

O Saco do mamanguá é um lindo "braço" de água que adentra no continente, tornando suas águas rasas e muuuito mansinhas. Lá estávamos, dia 28 de dezembro pegando um barco por 150 reais (o que foi bem barato já que dividimos entre 11 o preço) a caminho da praia do cruzeiro (uma das várias opções do saco).

 

O barquinho nos deixou no cais, o que foi ótimo, já que passamos pela casa do Seu Preá que tinha aberto uma área de camping. Além de ser menos badalado (e também menos lotado) que o camping do Seu Orlando (mais conhecido da praia), foi mais barato. Ele cobrou 20,00 a diária, arranjou um fogão a gás para que cozinhássemos, mantinha uma boa limpeza no banheiro e, de quebra, tinha muitas historias interessantes para contar sobre a região do povo caiçara.

 

O que fazer no saco? Além de aproveitar uma praia rasa e calminha, tem a opção de seguir até uma cachoeira e até o Pico do Pão de Açúcar. Dia 29 foi dia dos desbravamentos pela região. Teve uma parte do grupo, muito animada e com pique, que topou fazer as 2 trilhas. Eu preferi me guardar para ver o pôr do sol no pico. A cachoeira fica a 2 horas de caminhada da praia, porém, sem grandes elevações. Já o Pico fica a 1 hora e meia (no ritmo dos mais despreparados fisicamente, como eu). São 1,4 km de subida intensa (e põe intensa nisso!!!) com uma vista da região que recompensa qualquer cansaço físico. Começamos a subir as 17 e voltamos por volta das 19:20 para não pegar a trilha escura (também levamos lanternas para eventuais emergências). Esse pareceu o melhor horário, já que o sol estava mais ameno e o pico não tinha quase ninguém.

 

Praia de Itaoca

 

Na ida para o Saco, já fechamos que o Joel (barqueiro) nos buscaria dia 30 cedo com destino à nossa próxima parada (o reveillon!) na praia de Itaoca. Há quem prefira fazer esse trecho por trilha (7,1 km) de nível pesado, mas o peso nos impedia (ou talvez fosse a desculpa necessária para poupar esforços, hahahaha).

 

Achei que já tinha me surpreendido muito com o Saco, mas descobri que tudo pode ser ainda melhor. Itaoca é uma pequena praia entre a praia de Calhaus e praia Grande de Cajaíba, localizando-se na enseada do Pouso de Cajaíba. Um mar sem ondas, esverdeado. O camping da Dona Branca é na areia com vista privilegiada para a praia (20,00 a diária).

 

O que fazer em Itaoca? Ficar morgando na praia (sim, excelente opção). Ir até a cachoeira de praia Grande (20 minutos de trilha até Praia Grande + 20 minutos até a cachoeira). Conhecer as outras praias de região. Dormir mais um pouquinho para esperar a noite e ver um céu muito estrelado (uma pena não conseguir registrar isso com a minha máquina).

 

Apesar da tranquilidade de Itaoca, passamos a virada do ano em Praia Grande com um pouco mais de agito, música instrumental e fogueira com direito à roda. Digo mais: essa é uma excelente opção, se hospedar em Itaoca e passar só a virada em Praia Grande, já que o camping de lá é mais afastado da praia e mais caro, perdendo um pouco daquele encanto aconchegante da vista pro mar.

 

Martim de Sá

 

De Itaoca, pegamos uma lancha até Pouso do Cajaíba (R$ 10,00 por pessoa) no dia 02 de janeiro. A maioria dos barqueiros das praias mansas daqueles lados não se aventuram até o mar aberto de Martim. Em Pouso conseguimos um pouco de sinal de celular, após vários dias sem - detox total de whatsapp, facebook e instagram. De lá conseguimos outro barqueiro que cobrou R$40,00 por pessoa e nos deixou em Martim.

 

Dessa vez, preferi não fazer a trilha e o grupo também optou por ir no conforto do barco. Infelizmente, o camping estava muuuito mais cheio que da última vez, em abril de 2016. Mesmo assim, aquela praia não perde seu encanto. Desde uma tormenta na praia, que mais parecia cenário de um filme de terror, até o nascer do sol, Martim não decepciona.

 

Ponta Negra

 

Dia 04, infelizmente, foi dia do grupo se separar. Alguns já tinham que voltar para o caos da cidade, enquanto eu e mais 4 amigos seguimos para o próximo destino, a Praia de Ponta Negra.

 

Como de costume, pegamos o barco (lancha, para ser mais específica), que cobrou R$ 60,00 por pessoa. O preço foi justo já que a distância era grande. Se das outras vezes fazer a trilha até o destino era uma dúvida, dessa vez ela não foi nem cogitada. Com mais de 11 km até Ponta Negra, a trilha considerada de nível pesado, demora quase um dia inteiro para ser feita. Para os trilheiros de plantão, é só seguir de Martim até Cairuçu das Pedras e de lá se informar sobre o trecho que continua até o destino final.

 

Chegamos em Ponta Negra ainda pela manhã cedo, fechamos o camping do Nenei bem próximo à praia com diária de R$ 20,00, e trilhamos para a tão esperada-maravilhosa-escondida cachoeira do Saco Bravo. Além de já esperar muito por causa das fotos, nossa lancha passou próxima à ela, pelo mar. Realmente, é um espetáculo à parte.

 

São 4,2 km de trilha pesada, mas um pouco melhor, ou um pouco menos pior que a trilha para a Sumaca. Confesso que a ida é um pouco menos cansativa que a volta, mas não é tão assustadora quanto o folheto das trilhas da Juatinga pregava. A trilha é bem demarcada (a não ser o início que tem muitas bifurcações, ainda no vilarejo de Ponta Negra) e a única parte difícil são as pedras da chegada na cachoeira, aonde é necessário ter um pouco de equilíbrio.

Praia do Sono/ Vila do Oratório/ Paraty-Mirim

 

Depois da nossa última noite e 2 dias seguidos de trilhas intensas, optamos por não fazer a trilha até a Praia do Sono. Esse foi meu único arrependimento da viagem, porque acabamos não conhecendo Antigos e Antiguinhos, mas o cansaço e a vontade de voltar pra nossa caminha depois de 8 dias, falava mais alto. Passamos a manhã na Praia do Sono, que, apesar de ter um mar limpo é a praia mais cheia e menos bonita da região. Para quem gosta de mais estrutura, lá é o melhor lugar, já que tem vários quiosques e hospedagens sem ser somente campings.

 

Para a Vila do Oratório parte do grupo fez a trilha e outra parte pegou o barquinho. E quem pensa que a jornada acabou, ledo engano. Ainda tivemos que encarar o busão até Paraty, que só sai de hora em hora da Vila. E lá na rodoviária de Paraty esperamos o outro ônibus para Paraty-Mirim. Outra opção é ficar na BR 101, na entrada de Paraty-Mirim, esperando o busão passar, mas o motorista falou que, pelo horário, íamos ficar muito tempo esperando no meio do nada.

 

Confesso que foi estranho voltar à cidade, depois de tanto tempo sem barulho, que não fosse do mar, dos bichos ou da música do meu celular. Mais estranho ainda foi observar todo mundo vidrado no celular enquanto o meu estava estragado na mochila. Dizem que acampar, longe de tudo, ajusta seu relógio biológico, o que pareceu verdade já que meu organismo parecia reconhecer o horário de dormir e acordar sem despertadores e exatas 8 horas por noite e até minha fome tinha hora para aparecer.

 

Para os trilheiros (ou não tanto assim, como eu), vale a pena tirar um feriado ou alguns dias a mais para fazer essa Travessia incrível ou, pelo menos, conhecer alguma das praias da região.

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