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Travessia das Sete Quedas - Chapada dos Veadeiros (GO)


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Enfim, o meu primeiro trekking: a Travessia das Sete Quedas, no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (GO). Há muito tempo que queria realizar essa travessia, mas acabamos adiando, adiando, até que dessa vez conseguimos! A ideia de fazer trekking é antiga e, ao longo dos últimos anos, fui comprando alguns equipamentos (sempre com a ajuda dos fóruns do Mochileiros), e fazendo trilhas curtas. Mas foi só no feriado de Corpus Christi que concretizamos essa experiência incrível. Nos dois dias de caminhada cruzamos paisagens belíssimas, tomamos banhos deliciosos nas águas do Rio Preto e uma noite perfeita na área de camping, que é super organizado e muito agradável. Apesar de ser nosso primeiro trekking e nenhum no grupo ter feito qualquer preparo físico especial para a travessia, todos realizaram a caminhada com tranquilidade. É linda e acessível para muitas pessoas. Não tem porque adiar o plano. Basta agendar a trilha, planejar e organizar o que for levar e ir mergulhar na imensidão do cerrado. Pra inspirar, o registro em vídeo que fizemos do nosso trekking:

 

 

Descrição da trilha: A travessia das Sete Quedas foi aberta no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros em 2013 e é uma trilha autoguiada e super bem demarcada. O ICMBio fez um excelente trabalho no planejamento e sinalização da travessia. No total, são 23km que podem ser percorridos em dois ou três dias. No primeiro dia são 17km e no último, 6km. Caso a travessia seja realizada em três dias, o segundo é um dia livre, sem caminhada, apenas para aproveitar as Sete Quedas. Não recomendo a realização da trilha em apenas um dia (muito cansativo e com pouco tempo para aproveitar as águas do Rio Preto). O primeiro dia é de uma trilha bem plana. Nos três primeiros quilômetros, deve-se seguir as setas vermelhas (que levam para a trilha dos Cânions). A partir da bifurcação para a Travessia das Sete Quedas, deve-se seguir as setas e marcações laranja. Com cerca de 8km de trilha, atravessamos o Rio Preto e depois de mais 9km chegamos na área de camping. Lá tem um banheiro seco, super tranquilo de usar e bastante higiênico. A trilha da volta se inicia cruzando novamente o Rio Preto, depois se seguem três quilômetros de subida até a torre de observação dos incêndios, e por fim os últimos três quilômetros, novamente em terreno plano. A travessia termina na beira da estrada, entre o Morro da Baleia e São Jorge. Na portaria é entregue um cartão de identificação para o grupo, o qual deve ser depositado em uma caixinha de correio no final da trilha para que o ICMBio saiba que todos terminaram sãos e salvos.

 

Planejamento da travessia:

 

1º) A primeira tarefa foi definir se íamos fazer a travessia em dois ou três dias. Reservamos com antecedência e, como tínhamos dúvidas se todo o grupo conseguiria dispensa do serviço, decidimos reservar dois pernoites (travessia em três dias). Caso não fosse possível para todos, faríamos em apenas dois dias, com um pernoite (que foi o que aconteceu). Pagamos a Guia de Recolhimento à União (R$18,00 por pernoite e a data de pagamento é de até um dia antes do início da travessia) e guardamos o comprovante de pagamento da GRU, bem como o voucher (é preciso apresentá-los na entrada do parque). É importante realizar a reserva com antecedência, porque rapidamente as vagas (30 de pernoite por dia) são preenchidas. Porém, muitas pessoas reservam e não fazem a trilha. Então, se você não conseguiu vaga, vale à pena entrar na lista de espera. Como reservamos para dois dias, tentamos ver se era possível gerar uma nova GRU para um dia só, e assim não ter que pagar pelo segundo pernoite que não usaríamos. Fomos informados pela Ecobooking (empresa que faz as reservas) que isso não é possível. O que é possível é apenas trocar os nomes das pessoas que vão participar da travessia.

 

2º) No planejamento é importante também definir se será utilizado serviço de resgate ao final da trilha (fechar com alguém para buscar o grupo) e aonde será a hospedagem no dia anterior ao da trilha. Quando contratado serviço de resgate, é possível ligar para quem vai te buscar próximo ao final da trilha. Tem sinal de celular (Vivo, ao menos) na maior parte do trajeto. É preciso acordar cedo para começar a travessia, então vale a pena estar hospedado nas proximidades do parque.

 

O que nós levamos: Fomos em um grupo de seis amigos e decidimos levar as coisas de forma mais coletiva possível para evitar peso desnecessário nas costas. Isso foi um grande acerto. Levamos UMA pasta de dente, UM protetor solar, UM desodorante, e por aí vai, para todo o grupo. Vi alguns relatos de pessoas que fizeram essa trilha com mochilas pesando 22kg. Desnecessário. A minha pesava entre 7 a 8kg, e as mais pesadas, no máximo uns 10 ou 11kg. O espaço para montar as barracas é grande, então levamos uma barraca maior (porém leve: 2,4kg) pra dividir com outro casal. Peso da barraca compartilhado na mochila de todos, foi muito tranquilo. Além disso, o básico: isolante térmico, saco de dormir, kit de primeiros socorros (como tinha um médico na equipe ele fez de questão de levar um kit bem completo e nunca antes se viu trilheiros tão seguros por essas bandas), mochila, roupas leves, lanterna, sacos de lixo pra levar tudo no final (lembre-se de colocar o saco de dormir num saco pra não molhar), canivete, isqueiro, panelas, pratos, copos e talheres. Blusa de frio porque nessa época pode esfriar bastante. Dica: se tiver faltando algum equipamento e a grana for curta, já tem serviço de aluguel de equipamento para trekking em Brasília (telefone: 61 98383 - 9179).

 

Alimentação: Cada um levou uma garrafa de 1,5 ou de 2 litros de água. No primeiro dia tem muitos pontos pra reabestecer e no segundo, a trilha não é longa. Foi o suficiente. Levamos clorin para purificar a água, fogareiro à gás e a alimentação foi um super acerto. No primeiro dia até chegar ao camping, cada um levou 200g de frutas secas e castanhas (que ficou pro segundo dia também), dois sanduíches de pão integral com presunto/mortadela e queijo e um chocolate. Alguns no grupo ficaram com medo de passar fome, mas foi super suficiente pra todos. À noite, de 1 pacote a 1 pacote e meio de miojo para cada um. Preparei um molho com frango desfiado da Vapza, cebola, alho, molho de tomate, milho, sal e temperinhos. Nada em latas, as embalagens foram de plástico pra pesar menos. No café da manhã, fervemos água para chá e café. Fizemos um sanduíche com pão tipo Rap10, salaminho e queijo provolone. Uma delícia. No restante da trilha do segundo dia, ficamos nas frutas secas e maçã. Mais uma vez, alguns acharam que pudesse ser pouca comida no total e levaram uma ou outra coisa a mais que acabou voltando pra Brasília.

 

Orientação: Foi muito simples. Apenas seguimos setas e bastões laranjas sinalizando a direção. Imprimimos também o guia de bolso e o mapa elaborados pelo ICMBio e foi tudo. Não precisa de nenhum conhecimento especial, apenas um pouco de atenção.

 

A travessia das Sete Quedas:

 

Todo mundo iniciou a trilha morrendo de medo de morrer de cansaço. Estávamos enganados. As paisagens são tão belas e por termos ido fazendo paradas para lanchar, tomar banho e tirar fotos, não sentimos tanto os 17km do primeiro dia. Iniciamos às 08:30 (um horário bom, mas poderia ter sido um pouco antes). O parque abre às 07:00 para quem vai fazer a Travessia e outra informação importante é que quem vai pra Sete Quedas não precisa pegar aquelas filas enormes que formam na entrada do parque nos feriados. Logo estávamos na bifurcação que dá pro Cânion 1. Deixamos nossas mochilas escondidas no mato pra pegar depois e fomos tomar banho e lanchar. Voltamos, pegamos a mochila e caminhamos até o ponto de atravessar o Rio Preto (tem bastões laranjas sinalizando onde é seguro). Atenção para não escorregar. Todos precisaram tirar os calçados, mas não é fundo. Mais um banho delicioso. Nessas paradas gastamos de 40 minutos a 1 hora.

 

Chegamos no local do camping por volta das 16:00. Tomamos um bom banho nas Sete Quedas, que ficam bem próximas do camping. São uma delícia. Montamos as nossas barracas e voltamos pra ver o por do sol confortavelmente alojados no meio das pedras da cachoeira. Indescritível! Fomos preparar o jantar e cada casal havia levado uma garrafa de vinho (que antes da trilha colocamos em garrafas de plástico pra pesar menos e não prejudicou em nada o sabor dos vinhos). Um sucesso! Acordamos depois das 08:00 e tomamos um café da manhã preguiçoso. Mais banho nas Sete Quedas e uma deliciosa massagem nas costas, feita pelas quedas d'água. Não se esqueçam do analgésico/relaxante muscular pra dor e dos esparadrapos pros calos, porque no dia seguinte todo mundo amanhece meio quebrado.

 

Por volta de 11:30 iniciamos a caminhada rumo ao final da Travessia. Os três primeiros quilômetros do segundo dia são uma subida cruel. Enfim, chegamos à torre e os últimos três quilômetros são incrivelmente belos, com o Morro da Baleia e o Buracão no horizonte. Chegamos às 14:00 na rodovia e nosso amigo que ia nos buscar e nos levar até onde estavam os carros (estacionamento do parque), não aparecia - graças a um desencontro na hora de combinar. Problema rapidamente resolvido porque eu pedi carona e na segunda tentativa deu certo. Os motoristas dos nossos carros foram até São Jorge, pegaram os carros, nos encontraram e terminamos a trilha comendo a tradicional matula do seu Waldomiro. Mais umas cervejinhas pra comemorar e os primeiros planos para novos trekkings que devem vir por aí.

 

Foi um grande primeiro trekking e recomendo essa travessia pra todo mundo! É muito linda. No mais, só tenho a agradecer a todos desse fórum. As informações, relatos e dicas de vocês além de terem nos ajudado bastante, foram de muita inspiração pra nos jogar no mundo. Gostamos e queremos mais. Um abraço grande, galera!

Editado por Visitante
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:) Obrigada pelo relato e pelas dicas! Estou indo no começo de agosto para a chapada e vou fazer a travessia sozinha! Ansiedade grande já!! Abs

Olá , estou querendo ir também... Mas a procura de companhia p ir não só e tals...

Me chama no whatsapp p gente conversar melhor pfv 61-998128030 [emoji4]

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Olá, bela aventura hein!

Estou indo a chapada em meados de novembro e pretendo fazer essa trilha, gostaria de saber se vocês ficaram em Alto Paraiso, Sao Jorge ou Cavalcante, to na dúvida de onde ficar. Ah! pretendo passar duas semanas.

 

Para fazer essa trilha o melhor é ficar em São Jorge. Pra mim, aliás, o melhor lugar da Chapada pra ficar é em São Jorge mesmo. É maravilhoso aquele lugar. Mas como você vai ficar muitos dias, pode se dividir e passar alguns dias em Cavalcante também.

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:) Obrigada pelo relato e pelas dicas! Estou indo no começo de agosto para a chapada e vou fazer a travessia sozinha! Ansiedade grande já!! Abs

 

Vai ser fantástico. Dá pra fazer sozinha tranquilamente, eu acho. Só lembra de ter o celular sempre carregado caso você precise em alguma emergência. Ótima travessia pra você, querida!

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  • 3 semanas depois...
  • 1 ano depois...

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