RJ - Teresópolis - Pedra do Sino (09-10/05/2015)

DIÁRIO DE AVENTURA – 2015.05.09-10

Pedra do Sino – Teresópolis – RJ

Parti por volta das 06:30h de São Gonçalo. Pretendia partir mais cedo, mas a ansiedade da primeira grande aventura não me deixou dormir cedo, acabei perdendo o horário, de forma que somente cheguei à sede do Parque Nacional da Serra dos Órgãos – PARNASO por volta das 8h. Dali até o início efetivo da trilha são aproximadamente 3Km, em subida média (uma pessoa em razoáveis condições físicas faz com certa tranquilidade). Todo esse percurso, por dentro do parque, pode ser feito de carro, mas o último ponto para estacionamento fica na Pousada (desativada), a 1 Km da Barragem (início da trilha). Esse percurso é fácil, feito em cerca de 15 min.

Comecei a trilha, efetivamente às 9h15min. Já tinha lido alguns relatos (bem e mal sucedidos) e já tinha ensaiado fazendo trilhas menores. Certa vez fiz, em sequência as trilhas Cartão Postal, Mozart-Catão, Barragem e Suspensa, totalizando aproximadamente 8h. A distância e a duração dessa sequência (feita ininterruptamente) me fizeram acreditar que estava bem preparado para a trilha da Pedra do Sino, de aproximadamente 6h. A prática mostrou que não era exatamente assim.

Essa trilha pode ser feita em três modalidades:

1) Bate-e-volta: realizada no mesmo dia. Nesse caso, muitas vezes o aventureiro nem chega a completar a trilha e volta na metade do caminho, seja por cansaço, seja para evitar retornar à noite.

2) Pernoite: é possível pernoitar no Abrigo 4, que fica a aproximadamente 30 – 40 minutos da Pedra do Sino. É preciso reservar com antecedência, podendo escolher entre alojamento (com beliches), Bivaque (espécie de sótão, com sacos de dormir) e barracas (camping, fora do abrigo). Nas duas primeiras opções, é franqueado o uso da cozinha (completa, com utensílios e equipamentos). O banho quente é pago (R$ 20,00!), o frio é de graça (quem se habilita? rsrsrs).

3) Travessia: Feita em três dias, vai até Petrópolis, num percurso de aproximadamente 35 Km. A Pedra do Sino representa um terço da caminhada.

O início da trilha é um pouco intimidador: não é íngreme, mas é repleto de grandes pedras e alguns desníveis consideráveis. Esse cenário dura até as proximidades da Cachoeira Véu da Noiva, 1h40m de caminhada. A chegada à cachoeira exige atenção, pois é preciso passar por uma pedra inclinada (em direção ao precipício, óbvio) e úmida. Não é difícil, mas exige atenção. Um corrimão faz falta no local (existe, mas não cobre toda a pedra). A cachoeira tem um pequeno lago, ideal para banho. Dez minutos antes da cachoeira, fica o Abrigo 1, que apesar do nome, não serve de abrigo, devendo ser usado somente em casos extremos. É proibido acampar ao longo da trilha, inclusive nos três primeiros “abrigos”, sob pena de multa (R$ 500,00).

A segunda parte da trilha começa após a cachoeira e é marcada pela mudança de terreno. As pedras dão lugar a um caminho estreito mas confortável, com vários pequenos mirantes de onde é possível avistar a cidade de Teresópolis cada vez mais ao longe. Dependendo do local, em vez da cidade podemos avistar outros pontos da região, como os três picos, em Nova Friburgo.

Com 4h de caminhada, cheguei à Cachoeira do Papel. Diferentemente da Véu de Noiva, não é apropriada para banho, pois tem muitas pedras. Assim como a Cachoeira véu de noiva, essa cachoeira fica logo depois de um abrigo (Abrigo 2) – ou do que sobrou dele. A travessia da Cachoeira do Papel exige um certo esforço e atenção, algo como brincar de “amarelinha” pulando entre as pedras pontiagudas (a distância entre elas às vezes impede que avancemos passo a passo, exigindo pequenos pulos). Uma pisada em falso, é torção na certa! Assim como fazia o Chapolin Colorado, todos os nossos gestos devem ser friamente calculados rsss. Logo após, encontramos o “Abrigo 3”, que nada mais é do que um “caixote” de pedra, com lados de aproximadamente 1 a 1,5 metros. Dá umas duas ou três pessoas sentadas ali dentro.

Às 6h30m de caminhada, chegamos ao Abrigo 4, o único que de fato pode ser classificado como tal. Depois do que passamos, é uma verdadeira pousada 5 estrelas. Ali deixamos a mochila, os equipamentos e seguimos (quem ainda tiver pernas) para a Pedra do Sino. Também é possível ir à Pedra da Baleia, com visual incrível. Nessa altura, meu joelho esquerdo doía demais, mas ainda assim eu fiz as duas trilhas. O preço seria cobrado no dia seguinte, na descida.

Como fiquei no abrigo, equipamentos de camping como barraca, fogareiro, etc foram dispensados. Coisas simples como chinelo de dedo (que eu esqueci no carro, lá embaixo), fizeram muita falta. Não se pode entrar no abrigo com sapatos (a essa altura cheios de lama). Nesse sentido, o sapato deve ser confortável (nada de sapato novinho!) e impermeável, pois não tem como fazer a caminhada sem afundar o pé em trechos de lama e charque. Muitas vezes é o único caminho.

Para proteger os pés e evitar bolhas, devemos usar duas meias – e levar meias sobressalentes. Lanterna, pilhas, etc. Kit de primeiros socorros para pequenos ferimentos, analgésicos, antissépticos, antitérmicos, etc. Remédio para dor muscular – fez muita falta!!! Por mais frio que esteja, suba de roupas leves. Por mais quente que esteja, leve agasalhos para passar a noite. Quanto mais cedo começar a trilha, melhor. Água não deve ser preocupação, leve um pouco para o início e um bom recipiente (1 litro é mais do que suficiente). Existem vários pontos de água no caminho. Chocolate, barras de cereais, sucos instantâneos são muito úteis no percurso. Café solúvel, açúcar, pão e manteiga são indispensáveis no abrigo. Um miojo para a janta é muito bom, e pode ser melhorado se levarmos sardinhas e/ou ovos cozidos. Leve os ovos cozidos sem descascar, descasque na hora e esquente junto com o miojo. Na próxima vez vou pernoitar em Teresópolis e iniciar a trilha bem cedo. O tempo de 6h30m, gasto na caminhada, foi exagerado e devido ao excesso de paradas para fotos.

Atenciosamente,

Cláudio Pinheiro Gomes

Boa tarde, consigo comprar cartuchos de gás tekgas da nautika em Teresópolis??