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Relato sobre o Amazonas em julho de 2017


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Resolvi escrever esse relato, pois há pouca informação sobre essa região.

Em Manaus, há muito o que se ver. Comece pelo centro da cidade, na zona sul, com prédios históricos da época de ascensão da borracha no século XX na região. O teatro Amazonas é o prédio mais eloquente, com sua cúpula em verde e amarelo. Conta com visitas guiadas e com grandes espetáculos. Em maio acontece o festival de ópera na cidade, mas garanta seu ingresso logo, pois acaba rápido. Há duas opções: ir diretamente à bilheteria ou comprar pelo site http://www.bestseat.com.br .

Em frente ao teatro há uma praça conhecida como largo São Sebastião, que conta com um monumento ao centro em homenagem à abertura dos portos. Há também ao redor alguns barzinhos, uma cafeteria com a galeria do largo acoplada (visitação gratuita) e a igreja de São Sebastião. Logo atrás do teatro há outro prédio histórico, o palácio da justiça, com entrada franca. Chama atenção pela beleza e conta com um piso com dois tipos de madeiras: a mais clara representando o rio Solimões e a mais escura, o rio negro.

Ainda no centro, há o Palácio Provincial, que conta com 5 museus, o Palácio Rio Negro, prédio grandioso, o museu e casa Eduardo Ribeiro, cuja figura política teve grande influência na região e a igreja matriz. O mercado Adolpho Lisboa também vale a visita, construído com ferragens vindas da Inglaterra e tendo sido todo revitalizado, fica próximo ao porto, de onde atracam navios e lanchas e levam as pessoas/carros pelo rio Amazonas. No mercado, além da venda de comidas regionais com destaque para o Pirarucu salgado, vende-se também souvenirs com preços camaradas. Uma grande feira com venda de artefatos, souvenirs e comidas regionais ocorre aos domingos na avenida Eduardo Ribeiro, nas proximidades do teatro pela manhã. Ocorre também no segundo domingo do mês a Feira do Paço, em frente ao Palácio Provincial, na praça da polícia (marco zero).

O encontro das águas é um passeio tradicional e que não pode faltar no roteiro. Há um ano atrás pegamos a lancha para um dia de passeio, lembro que saiu R$120,00 por pessoa. O preço varia com o tipo de passeio. Primeiro fomos ao encontro das águas, onde o rio negro e Solimões se encontram, mas não se misturam por mudanças físico-químicas. Seguimos para um local onde tem várias vitórias-régias e depois passamos por uma vila de casas flutuantes. Navegando pelo rio, paramos pra tirar fotos com jacarés, cobras e bichos-preguiça e depois pra almoçar e apreciar a natureza com contato com macaquinhos no seu habitat natural. Nesse lugar também tem a árvore centenária cujo caule é mais largo do que seus braços abertos nas duas direções.

A orla de Manaus fica na Ponta Negra, que conta com um extenso calçadão e quiosques. Área residencial e alguns hotéis compõem a orla, com destaque para o hotel tropical, no qual são realizadas grandes festas.

Manaus conta com um lindo estádio de futebol, o Arena da Amazônia, reformado para a copa de 2014 e palco de grandes jogos, além de grandes espetáculos.

Outro passeio a se fazer é conhecer o museu do seringal na Vila Paraíso, uma réplica da época da extração do látex das seringueiras. O acesso é somente fluvial. Você tem que ir até a Marina do David, no final da Ponta Negra, e pegar uma canoa táxi da ACAMDAF. A visitação é de terça a domingo das 8 às 16hs. O roteiro de visitação: trapiche, barracão dos seringueiros, casa de farinha, estrebaria, cemitério cenográfico, barracão das pelas de borracha, casarão do seringalista, capela N S da Conceição, banho das mulheres, Tapiti de defumação da borracha, trilha das seringueiras, casa do seringueiro e barracão de aviamento.

O jardim botânico ou MUSA é uma boa pedida, onde o visitante pode fazer trilhas, observar o nascer do sol, o canto dos pássaros e subir na torre de observação pra ver a cidade por cima das copas das gigantescas árvores em mata virgem. Fica na zona norte da cidade, na avenida Margarita. ( http://museudaamazonia.org.br/pt/ )

Pra quem gosta de se refrescar, há vários igarapés próximo à cidade, balneários, praias (como a praia do Japão), flutuantes (como o flutuante sedutor e sun Paradise) e cachoeiras em cidades próximas, com destaque pra Presidente Figueiredo, com cachoeiras belíssimas como a cachoeira do santuário, da SUFRAMA e de Iracema e das araras. Algumas delas inclusive contam com chalé para passar o fim de semana. Algumas contam com restaurantes, sendo esses um pouco afastados da área de banho.

Pra se divertir, quem gosta de rock, tem que ir ao porão do alemão. Falam bem do “sindicato”, “all night pub” e “taberna 88”. Há várias opções de diversão na região do Vieiralves.

Opções de shoppings são muitas, sendo os principais: shopping ponta negra, Manauara shopping (meu favorito), Millennium shopping (mais empresarial, o cinema é bom), amazonas shopping (mais tradicional), shopping Plaza.

Há uma cidade do interior chamada Novo Airão, conhecida por fazer o passeio para ver os botos e também trilha aquática.

A Amazônia é famosa pela tradição das toadas, da disputa entre dois bois – garantido e caprichoso. No carnaval, há o Carna Boi e, no final de outubro, ocorre o Boi Manaus, sempre no Sambódromo. O caprichoso criou um app chamado “boi caprichoso” que disponibiliza os álbuns do boi desde 1984. O garantido criou uma rádio (http://www.radiogarantido.com) e também colocou seus hits em nuvem no soundcloud (

). No último final de semana de junho ocorre o famoso festival de Parintins, ilha que fica a 370 km de Manaus, porém a festa começa uma semana antes. Na véspera de começar o evento, há a festa dos visitantes e lá você pode conhecer o boi boiola. Esse ano os ingressos na arquibancada especial estavam na faixa de 320,00 (bem no meio é um pouco mais caro, mas pode ficar misturada a galera dos dois bois). O camarote é um pouco mais caro, mas a arquibancada especial é mais animada. Esse ano havia quiosque da amazona Best para a venda de ingresso no local. Pra ir na arquibancada da galera (gratuito), o pessoal madruga e passa o dia inteiro na fila. Há uma forma de entrar na arquibancada da galera sem precisar passar o dia na fila, porém você perde a apresentação do primeiro boi (que, por sinal, dura 2h30min). Após a primeira apresentação, muitos vão embora, por cansaço ou por não ter interesse de assistir à apresentação do boi contrário; é aí que se forma uma fila externa pra, quando muitos forem embora, os interessados poderem entrar. A parte chata é que a única coisa que se pode fazer é assistir. Você não pode cantar nem vibrar. O interessante é que, quando o boi contrário está se apresentando, a arquibancada não pode se manifestar. A rivalidade é tanta que, se você não obedece as regras, corre o risco de ser vaiado e até espancado. No final desse relato tem uma reportagem de uma revista de grande circulação sobre a história do festival. E como ir pra Parintins? Só há dois meios: ar ou rio. O aeroporto está com alguns problemas, e só há uma companhia fazendo o voo: MAP linhas aéreas, ou voos fretados. Esse ano a Amazon Best fretou um voo pela gol linhas aéreas. Na época do festival, o valor dos voos aumenta consideravelmente, sendo na faixa de R$ 700,00 o trecho Manaus-Parintins; a vantagem é que é apenas uma hora de viagem. As opões por via fluvial é barco ou lancha. Os valores variam, mas no barco é mais barato. Você encontra passagens de ida e volta por R$ 140,00, podendo dormir no barco (cada um leva sua rede) e pode até deixar sua mala (com cadeado) no barco. Mas são longas 24 horas de viagem. De lancha os preços variam de R$180,00 a 250,00 e a viagem de 8 a 10 hs. A mais confortável (de 250,00) é a “Expresso Golfinho”, com direito a serviço de bordo (lanche e almoço) e saída de Manaus às terças e sábados e retorno às segundas e sextas. Contato (93) 991227014/981316114.

Para comer, Manaus tem das mais variadas alternativas. Os melhores bombons são os da “Bombons finos da Amazônia”, tendo loja no Amazonas shopping e no Manauara. Entre as comidas típicas, há o tacacá, feito com o tucupi (caldo da mandioca ralada e fermentada), folhas de jambú, camarão salgado de água doce, cheiro verde e goma. Dizem que o melhor da cidade é o tacacá do largo São Sebastião, no centro. Outro prato tradicional é o pato no tucupi, além dos peixes de água doce, com destaque para o tambaqui, pirarucu, matrixã, jaraqui, sardinha de água doce e pescada. Alguns nomes de comidas regionais são: bolinho de piracuí, sardinha assada na folha de bananeira, farofa do Uarini, caldeirada de tucunaré, pirarucu de casaca, pato no tucupi e docinho de jambú. Dentre as frutas, destaque para a tucumã (o pessoal gosta de comer no pão ou tapioca com queijo coalho e banana pacovã frita: é o famoso x-caboquinho), pupunha (só se come cozida), rambutan (lembra a pitomba), açaí (aqui consomem líquido com farinha da mandioca), camu-camu e cubiu. Ô povo pra gostar de banana: fazem ela frita, farofa de banana (com farinha “ovinha”) e chips. Os cafés regionais também são bem movimentados como o Priscila café regional e o “casa da árvore). Manaus também conta com alguns lugares que oferecem cafés especiais como o Molen café e suplicy café (manauara), di café (millennium), como em casa e kalena café (rua Fortaleza). Bons lugares pra refeições são: tropeiro, La parrilla, Banzeiro, crepe bistrô, La coquete, Picanha mania.

Sobre como se deslocar na cidade, há taxi/mototaxi (caros), uber, executivos (linhas de vans mais confortável que os ônibus e com ar condicionado, custando R$ 4,20 a passagem) e o transporte coletivo (serviço ruim e ônibus velhos; R$ 3,80 a passagem).

Sobre onde se hospedar, há a região da Ponta negra, na orla, mas o melhor local pra ficar é na região do Veiralves. O íbis hotel é muito bem localizado. O hotel de selva já não existe mais.

Pra quem gosta de TV, os canais mudam conforme o estado, então fiz uma lista com a numeração dos canais em Manaus: Record 4.1; globo 5.1; boas novas 8.1; SBT 10.1; Band 13.1; RS21 14.1; Rede TV 18; esporte interativo 20; aparecida 26.1; Record News 36; Rede vida 40.1; Amazonsat 44.1; cultura 49; canção nova 53; TV senado 56.1.

 

Festival de Parintins: os fascínios de uma rivalidade centenária

Por Victor Affonso e Emilãine Vieira para Abril Branded Content access_time30 jun 2017, 19h21 - Atualizado em 4 jul 2017, 15h01

Chega o mês de junho e os amazonenses já sabem: vai ter guerra na floresta. É quando uma ilha cravada no coração da Amazônia se divide em duas. Azul ou vermelho, estrela ou coração, zona norte ou zona sul, Caprichoso ou Garantido – não há meio-termo. É essa rivalidade centenária que dá o tom do Festival Folclórico de Parintins, uma grande ópera amazônica a céu aberto que, com patrocínio do Bradesco, acontece nos dias 30 de junho e 1° e 2 de julho no segundo município mais populoso do estado, a 370 quilômetros de Manaus.

Ao longo de três noites os bois se revezam na arena do bumbódromo, durante duas horas e 30 minutos por noite, para recriar o Auto do Boi-Bumbá. O que rege o espetáculo é a temática anual que cada agremiação apresenta, dividida em três subtemas, um para cada noite. Neste ano, Caprichoso exalta A Poética do Imaginário Caboclo e Garantido celebra a Magia e Fascínio no Coração da Amazônia.

 

(Elcio/Vídeo Park/Divulgação)

A rivalidade

 

(Elcio/Vídeo Park/Pitter Freitas/Divulgação)

Se hoje a disputa é uma grande festa com reconhecimento internacional que mobiliza milhares de pessoas e atrai outros milhares de turistas, nem sempre o clima foi tão amigável assim. Parintins, também conhecida como Ilha Tupinambarana, recebeu status de cidade em 1880 e carrega no nome o espírito de rivalidade. Sua designação homenageia os índios parintintins, tribo guerreira do tronco tupi que deixou sua marca na região por guerrear com as tribos alojadas na ilha.

O boi-bumbá – uma manifestação do Maranhão, onde é chamada de bumba-meu-boi, hoje uma festa distinta – chegou à Amazônia já com os primeiros imigrantes nordestinos, em sua maioria maranhenses. Já os bois feitos de pano, madeira e curuatá surgiram por volta da década de 1910 em brincadeira de rua, palco de batalhas que consistiam em cada dono arremessar seu boi contra o outro, ganhando o que ficasse menos destruído.

 

(Elcio/Video Park/Divulgação)

Foi nesse cenário que nasceram Caprichoso e Garantido, junto com outros bois, de outras cores e até de outros municípios. Esses dois se destacaram pelas histórias e mitos que os cercam há mais de um século. Apesar de ainda hoje ser motivo de controvérsias, ambos bois declaram como 1913 o ano oficial de suas fundações. Com um histórico envolto por promessas católicas de nordestinos e amazonenses, esses descendentes de maranhenses, deram início aos desfiles dos bumbás pelas ruas de Parintins. Entre os anos 1930 e 1960, em comemoração ao dia de São João Batista, os bois saíam e dançavam em frente às residências, prosseguindo pela via repleta de fogueiras e acompanhados pelos brincantes – tradição que até hoje se mantém viva dos dois lados da ilha graças a eventos como a Ladainha e o Boi de Rua.

Eis que surgiu em 1965, o Festival Folclórico de Parintins, organizado pela Juventude Alegre Católica, um braço da igreja na Amazônia, no intuito de organizar as torcidas e os eventos públicos, que ganhavam ares cada vez mais violentos. Os bois Caprichoso e Garantido não participaram da primeira edição, que contou com a apresentação de quadrilhas, então foco do evento. Apenas no ano seguinte, os bumbás foram convidados para o festival, no qual o campeão foi definido de acordo com a intensidade dos aplausos do público presente. Com o passar dos anos, os dois bois acabaram se tornando as atrações principais do Festival, que até hoje mantém outras festas como ciranda, quadrilha e boi-mirim numa programação que dura aproximadamente um mês.

Profissionalização

 

Bumbódromo (Yuri Pinheiro/SECOM Parintins/Divulgação)

No início da década de 1980 os bois deixaram de ter um “dono” e passaram a ser agremiações folclóricas. Foi um período de profissionalização, numa época em que a Prefeitura de Parintins assumiu o Festival e criou o bumbódromo, em 1988, inspirado no recém-inaugurado sambódromo do Rio de Janeiro, mas no formato de uma cabeça bovina. Na década seguinte, o Festival, que já era bastante popular em todo o Amazonas e também no oeste do Pará, alcançou relevância nacional e, perto da virada do milênio, internacional, transformando o município em uma verdadeira atração turística da Região Norte – e se tornando eixo fundamental da economia parintinense.

A influência na cidade é tanta que o Festival, tradicionalmente disputado nos dias 28, 29 e 30 de junho, passou, em 2005, a ser organizado sempre no último fim de semana do mesmo mês, graças a uma lei municipal, na tentativa de atrair cada vez mais turistas, já que agora a festa seria sempre nos fins de semana. Deu certo: comerciantes e serviços como hotelaria, alimentação e transporte chegam a lucrar, em três dias, o equivalente a três meses em outra época do ano.

Apesar do Festival ser sempre em junho, os ensaios, festas e trabalhos técnicos nos “currais” (como são chamados os complexos dois bois, denominados Cidade Garantido e Curral Zeca Xibelão, respectivamente, onde é proibido qualquer cor que remeta ao boi “contrário”) acontecem durante todo o ano. A maioria dos primeiros ensaios e as grandes festas acontecem em Manaus, mas geralmente é Parintins que recebe a gravação anual do DVD e CD oficial.

Os preparativos para o Festival em si começam quatro meses antes, logo após o carnaval, quando cerca de 1 500 pessoas em cada agremiação trabalham exaustivamente nos galpões, preparando fantasias, cenários e alegorias. Tudo, exceto as composições, é mantido em máximo segredo possível até a semana do evento, quando os ensaios finais são abertos ao público e as gigantes alegorias, que chegam a medir 40 metros de altura, são empurradas dos galpões até a praça ao lado do bumbódromo, onde podem enfrentar ocasionalidades como tempestades e princípios de incêndio – o que não é raro – até a noite em que são apresentadas ao público.

 

 

 

 

Há 18 anos a primeira da fila

 

Arquibancada da galera (LiadePaula/MinC/Divulgação)

Para quem não quer pagar o valor cobrado pelos ingressos para as três noites de Festival, a alternativa é enfrentar a fila da galera para entrar na arquibancada. Ali, se vive intensamente cada noite de espetáculo – literalmente fazendo parte da apresentação, já que quem está lá precisa seguir os comandos emitidos por técnicos do bumbá. Os portões são abertos no fim da tarde, cerca de cinco horas antes das apresentações, mas os primeiros a entrar estão no local há dias, enfrentando chuva e sol, para conseguir lugar.

Uma mulher já é conhecida, inclusive, por ser sempre a primeira da fila do Garantido há 18 anos – nesta edição, ela chegou dois dias antes do início do Festival. Ao todo, o bumbódromo comporta 17 000 pessoas. Quem não pretende ou não consegue entrar aproveita os bares e restaurantes à beira-rio, o cenário amazônico da orla parintinense e os famosos passeios de triciclo para amenizar o calor que beira diariamente os 40 graus Celsius.

Destaque nacional

 

(Elcio/Vídeo Park/Divulgação)

O Festival é tradicionalmente transmitido pela televisão, algo que ajudou a moldar a identidade do evento desde meados dos anos 1990. Afinal, as comparações com o Carnaval do Rio de Janeiro e de São Paulo são inevitáveis e, quando a festa folclórica começou a ser exibida para o Brasil inteiro, profissionais parintinenses, famosos pela criatividade artística, começaram a ser chamados para trabalhar nos desfiles de fevereiro.

Neste ano, o evento – que anteriormente já foi veiculado pelas afiliadas da Rede Globo, SBT e Bandeirantes – voltará a ter transmissão para todo o país em rede aberta: a Rede Calderaro de Comunicação, transmissora oficial do Festival e afiliada da Rede Record no Amazonas, que em anos anteriores já havia disponibilizado a festa pela internet, fechou parceria com a TV Cultura para exibição em todos os estados e no Distrito Federal.

A grandiosidade do Festival chama a atenção e muitos artistas de renome nacional podem confirmar isso. Daniela Mercury cantou na arena durante apresentação do Garantido em 2010 e levou dançarinos encarnados para sua apresentação no trio elétrico de Salvador.

O compositor Chico da Silva escreveu o clássico Vermelho, um dos grandes sucessos de Fafá de Belém, para o Garantido, e hoje a música é usada até como grito de torcida pelos fãs do time de futebol português Benfica, apelidado de “Encarnados”. Pelo lado do Caprichoso, Carlinhos Brown chegou a ir a Parintins em 2013 para gravar a toada A Cor do Meu País para o DVD que celebrou o centenário do bumbá azulado. Já na edição deste ano, Leandro Lehart, do grupo de pagode Art Popular, gravou uma faixa do Caprichoso.

Também em Parintins, o Bradesco, patrocinador da festa, adicionou azul ao vermelho da sua identidade pela primeira vez, apoiando os dois bois.

E o que é a apresentação?

 

(Elcio/Vídeo Park/Divulgação)

O auto é uma composição teatral, subgênero da literatura dramática. A história do auto parintinense agrega muitos elementos regionais ao folguedo tradicionalmente maranhense, mas sem alterá-lo tanto: Pai Francisco trabalha em uma fazenda. Um dia sua esposa grávida, Mãe Catirina, deseja comer a língua do boi mais bonito do local, pedido ao qual Pai Francisco prontamente atende. O Amo do Boi, dono da fazenda, descobre e manda prender Pai Francisco caso ele não resolva a situação, levando o pobre caboclo a buscar auxílio de um pajé, que consegue ressuscitar o boi após um ritual indígena, o que salva Francisco e Catirina, e todos podem viver felizes para sempre.

São julgados 21 itens, divididos em três blocos: Bloco A, musical; Bloco B, cênico-coreográfico; e Bloco C, artístico. Apesar de Mãe Catirina e Pai Francisco continuarem sendo símbolos importantes, inclusive na apresentação de arena, já não somam pontos.

O Bloco A concentra os itens de Apresentador, que exerce o papel de anfitrião e mestre de cerimônia do espetáculo; Levantador de Toadas, cantor que conduz o desenvolvimento do tema; Marujada de Guerra/Batucada Encarnada, grupos de percussão compostos por cerca de 350 pessoas cada; Amo do Boi, que, personificando o dono da fazenda, desafia e instiga o boi “contrário” com versos; Toada, com composições que exaltam temas amazônicos; Galera, os torcedores que lotam as arquibancadas e agem como apoio à apresentação; e Organização do Conjunto Folclórico, a disposição durante as noites de todos os itens – individuais e coletivos –, de acordo com o tema e a tradição do Festival.

 

(Roberto Carlos/SECOM-AM/Divulgação)

O Bloco B traz os itens Sinhazinha da Fazenda, a delicada filha do dono da fazenda; Cunhã-Poranga, índia mais bonita da tribo com ares místicos; Rainha do Folclore, que simboliza e homenageia a diversidade da tradição brasileira; Porta-Estandarte, que, como o nome sugere, carrega a bandeira da agremiação, representando-a com seu bailado; Boi-Bumbá, em que é avaliada a evolução do boi de pano, comandada pelo “tripa”, que fica na parte interna do bumbá; Pajé, curandeiro e referência em muitos momentos da narrativa do espetáculo; e Coreografia. Os itens individuais, inclusive, são tratados como celebridades locais durante todo o ano e a disputa por vaga é intensa, apesar de alguns itens acumularem dezenas de anos na função.

Por último, o Bloco C avalia os elementos cenográficos dos itens Ritual Indígena, Tribos Indígenas, Tuxauas (chefes da tribo), Figura Típica Regional (representação da cultura amazônica), Alegoria, Lenda Amazônica e Vaqueirada (guardiã do boi). Os jurados – pesquisadores e práticos da arte, cultura e folclore brasileiro que atuam em outras regiões do Brasil – são sorteados dias antes do Festival ter início e são divididos nos blocos conforme suas áreas de conhecimento.

Independentemente da rivalidade, quando chega a última semana de junho os amazonenses já sabem: vai ter festa na floresta!

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