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Bolívia, norte do Chile e Peru em 20 dias - Out 2009


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Antes de iniciar o relato em si, vamos a algumas explicações iniciais.

 

Roteiro:

Rio - Lima (apenas de passagem)

Arequipa (4 dias)

Tacna - Arica (apenas passagem)

San Pedro de Atacama (1 dia)

Deserto e Salar de Uyuni (3 dias)

La Paz (3 dias)

Copacabana e Isla del Sol (2 dias)

Cusco (5 dias)

 

Sai do Rio de Janeiro de avião em direção à Lima sozinha e encontrei no caminho mais 2 amigas. A primeira chegou 5 dias após o início da minha viagem e a segunda apenas no final, em Cusco. Eu faria a viagem sozinha, mas faltando apenas 3 semanas para a ida, ganhei mais duas companhias. O roteiro então, acabou sendo reformulado por conta das datas de chegada das duas. A escolha de Lima como ponto de partida ocorreu porque viajei utilizando milhas da Tam, que não voa para a Bolívia.

 

Gastos antes da viagem:

Taxas de embarque: R$205 (minha amiga que comprou passagem, encontrou na Copa Airlines por US$ 500 ida e volta)

Passagem de avião Cusco - Lima: US$145 (pela Taca)

Seguro viagem: R$ 85 (pela GTA seguro viagem)

Trem de Ollantaytambo - Aguas Callientes - Ollantaytambo: US$ 65

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1º. Dia

 

Cheguei ao Galeão às 04:10 da manhã para o voo, mas antes precisava pegar o certificado internacional de vacina contra febre amarela, que no Rio (pelo menos) só pode ser feito no aeroporto. Cheguei acordando o mocinho que estava de plantão lá, que obviamente não ficou nem um pouco feliz e fez tudo de mau humor. No final ele perguntou se ia viajar naquele dia mesmo, pensei: não não moço, eu to aqui às 4 da manhã porque tive insônia. Respondi que sim e ele disse que eu não deveria ter feito isso porque meu comprovante estava com problemas, mas que ele iria deixar passar. Não sei se ele disso isso de birra só porque eu acordei ele ou se realmente estava errado, mas por via das dúvidas fica a dica para quem ainda não tiver, ir ao aeroporto antes de viajar fazer isso. Pensei: vocês deveriam colocar um posto desses em algum lugar mais central que o Galeão, mas deixei pra lá porque estava animada demais pra ficar discutindo.

 

A saída do vôo no Rio atrasou muito, então o embarque em SP foi feito correndo, mas sem maiores problemas. No vôo para Lima uma coisa bem legal: o tempo estava limpo então tivemos uma lindas vista do Lago Titicaca do alto, realmente muito bonito.

 

Na chegada em Lima já começaram as confusões. Pra começar quis tentar me livrar daqueles táxis tabelados que cobram uma fortuna, mas não dei sorte. O que eu peguei custou US$ 20 e me levou até a Av. Javier Prado, local de onde saem os ônibus. Foi bem caro pro resto dos táxis na região, mas o motorista foi bem simpático porque a empresa para onde pedi que ele me levasse não tinha terminal ali então ele foi me dando as dicas das empresas boas e baratas. A empresa em questão é a San Martin que até agora não sei se ela não possui terminal na Javier Prado ou se ela não sai de Lima porque ninguém (ninguém mesmo) sabia que empresa era essa. (mas ela existe, pegamos um ônibus depois com ela em Puno). Apenas para explicar que não existe uma rodoviária em Lima, as empresas possuem terminais próprios, mas na Javier Prado, são uma ao lado da outra.

 

Bom, ninguém (ninguém mesmo) sabia onde era, nem tinha ouvido falar da San Martin. Pensei: ai cacete!! Mas meu amigo taxista me indicou a empresa Tepsa. A empresa me pareceu muito boa e tinha preços inferiores à Ormeño e à Cruz del Sur (custava 80 soles) e o horário de saída era as 16:00. Só que eles não tinham mais passagem para Arequipa aquele dia (obviamente tinha que ter algum problema). Então saio eu e minhas tralhas a caça de outra empresa. Depois de passar por umas 4, resolvi ir com a Crus del Sur mesmo, porque as outras que eu vi tinham o mesmo preço e pareciam piores. O ônibus semi-cama, com cobertor, travesseiro, jantar e café da manhã (servidos no ônibus) custou 96 soles. Sei que para o Peru é caro, mas eu estava sem alternativas. Eu gostei muito da empresa, sem dúvidas a melhor que eu andei por lá. Fiquei matando tempo no terminal deles (que tem restaurante) e peguei o ônibus às 16:30.

 

Gastos:

Água no aeroporto: 5 soles

Táxi: 59 soles

Ônibus: 96 soles

Coca: 2 soles

Biscoito: 2 soles

 

Obs: troquei dólar no aeroporto, logo depois de pegar a bagagem, num caixa que dizia sem taxas. Foi um ótimo negocio; a melhor taxa de câmbio que vi enquanto estava lá.

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2º. Dia

 

A viagem de Lima até Arequipa em geral leva 16 horas, levou 20...eis a estória. Quando eram umas 6 da manhã, acordei no ônibus parado, mas nem abri os olhos, pois estava morrendo de sono, e voltei a dormir. Depois de algum tempo (cerca de 1 hora) percebi que o ônibus continuava parado e ouvi alguém dizer: Uma carreta. Pensei: ihhhiii, acidente. Ainda tava com muuuito sono e voltei a dormir. Isso aconteceu de novo mais umas 3 vezes (sempre ouvindo alguém dizer uma carreta) até que eu finalmente resolvi acordar. Vi que eram 8 da manhã (quase a hora que chegaríamos em Arequipa) e comecei a pensar que deveria ter sido um acidente muito feio pra esse tempo todo sem o ônibus andar. Levantei e vi vários ônibus, carros e caminhões parados no acostamento, a pista vazia e muuuita gente olhando. Pensei, caramba, que acidente foi esse neh? Todo mundo olhando. Ai nessa hora passa um carro muito rápido, meio diferente, que imaginei ser um carro da polícia. Mas quando prestei atenção percebi que não havia sido um acidente com “una carreta”, mas sim que estava acontecendo “uma corrida”!! hauhuahuahuahuahuahuahuahuhuaahuahuhuahuahuahuahuahuahuahuahuahuahua ::lol4::::lol4::::lol4::

 

ELES FECHARAM UMA RODOVIA NACIONAL (TIPO UMA BR) POR 4 HORAS PRA FAZER UMA CORRIDA!!!! Passei mal de tanto rir, não estava acreditando no que estava acontecendo, pra mim já tinha valido a viagem só por conta disso. Ai, ai, que comédia. Saí do ônibus para registrar o episódio, no mínimo, bizarro e vi a gringolândia que estava nos ônibus olhando incrédula pro acontecimento. Deviam estar pensando: ah, esses países subdesenvolvidos...rs. Mas não culpo não, porque até eu achei aquilo surreal. Primeiro fiquei pensando que a empresa deveria ter avisado aos passageiros que a viagem levaria “só” 4 horas a mais, mas depois pensando bem, acho que o buraco era mais embaixo: nem eles sabiam que ia ter aquilo. Enfim, 12:30 e não 08:30, chegamos em Arequipa.

 

Saí da rodoviária, peguei o táxi direto para o hostel que tinha gostado, cheugei lá e...Não tinha vaga!! ::putz:: Mas a moça foi bem simpática e deixou eu guardar o mochilão lá enquanto procurava outro hostel. Entrei no primeiro que vi e depois de uma negociação básica consegui quarto individual com banheiro privado por 30 soles (não era muito mais caro que o compartilhado do outro). Como estava morta da viagem, resolvi ficar ali mesmo. Depois de pegar a mochila, tomar banho e avisar em casa que estava viva fui almoçar. Entrei em um dos restaurantes que ficam na sacada da Plaza de Armas, olhei o menu turístico e sentei. O menu turístico é geralmente um sopa ou salada de entrada (vc pode escolher entre algumas opções) e o segundo prato algum tipo de carne (ou omelete) com arroz e batatas ou uma massa. Imbuída do espírito “China 2008 de experimentar os pratos locais” escolhi sopa de quinua de entrada e o prato com carne de alpaca e não me arrependi. Tudo muito gostoso. Depois do almoço fui em uma das agências comprar o passeio do Cannon del Colca para o dia seguinte. A agência escolhida foi a Scandinavia e custou 60 soles pelos 2 dias de passeio com guia, mais uma noite de hotel. Depois de passear durante a tarde pela cidade, voltei ao hostel e fui dormir direto. Estava morrendo de sono e acabei nem saindo pra jantar.

 

Gastos:

Táxi: 5 soles

Hostel: 30 soles

Almoço: 25 soles (menu turístico + bebida + mate de coca)

Passeio Cannon del Colca: 95 soles (passeio 60 + 35 entrada do parque)

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3º. Dia

 

Acordei cedo para espera a van da agência me buscar. Eles atrasaram uns 30 minutos, mas, ok. Meus coleguinhas de passeio eram uma família de 4 peruanos, 4 coreanos que estão trabalhando como voluntários no Peru há um ano (e falam espanhol melhor que qualquer brasileiro) e um japonês. Só figura! Nossa guia era super simpática, fez todo mundo se apresentar e quando falei que era brasileira e do Rio todos fizeram uma grande festa e só falavam das Olimpíadas!! O caminho até Chivay (o povoado aonde dormimos) dura umas 5 horas e é lindo. A paisagem é muito diferente, desértica e montanhosa, com vulcões de pico nevado ao fundo. Incrível. Ahhh...e várias lhaminhas e alpacas!!! Rs Na primeira parada tomei o mate de coca, batendo papo com o casal de peruanos. Foi bem interessante, conversamos sobre as diferenças e semelhanças entre Brasil e Peru, me contaram sobre a política local, costumes, etc.

 

Chegamos em Chivay e fomos direto almoçar. O restaurante era no estilo “all you eat” e custava 20 soles com bebida e sobremesa. Isso foi ótimo e péssimo ao mesmo tempo. Ótimo porque eu estava morrendo de fome, mas ruim porque eu acabei comendo muito o que não é nem um pouco aconselhável quando se está em lugares altos, o que era o caso. Chivay fica a 3700 acima do nível do mar. ::putz:: Depois do almoço e de deixar as coisas no hotel (que era bem simples, mas ok só por uma noite e pele preço) tivemos tempo livre. Em Chivay em si não há muito o que fazer, apenas circular pela feira e tirar fotos da Igreja e da pracinha. A feira tem de tudo...de frutas ao artesanato local, passando por cd´s que ensinam a falar inglês (bem alto, por sinal). Quando vi as frutas quase pulei de alegria e comprei várias (principalmente as que não conhecia)!! Estava bem frio, aliás, a esperteza não levou muita roupa de frio pra Chivay!! Ps: Um frio do cacete e a gringolândia de bermuda e regatinha. Ai ai, nada como ser dos alpes!!!

 

A noite fomos jantar num restaurante com apresentação de dança folclórica local. Todas as agências fazem isso, é bem turístico, mas muito divertido. A bandinha peruana era muito engraçada e o casal que dançava sempre chamava os gringos das mesas pra participar. Foi bem engraçado e no final todo mundo estava dançando feliz da vida com eles. Terminamos a noite com uma cerveja (um chá pra mim, que não queria abusar com a altitude) num barzinho com os coreanos e o japinha.

 

Gastos:

 

Água e balas: 2,5 soles

Mate de coca: 2,5 soles

Almoço: 20 soles

Frutas: 2,5 soles

Lembrancinhas e luva: 15 soles

Jantar: 23 soles

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4º. Dia

 

Acordamos às 5:00, tomamos café e seguimos para conhecer o Vale del Colca. A primeira parada foi num povoado parecido com Chivay, mas bem menor. Ao chegarmos já havia apresentações de dança de mulheres locais, pessoas vendendo artesanato, outras com animais para tirar foto e gente pedindo dinheiro, claro. Morri em 3 soles porque resolvi tirar foto com a Lhama, uma coruja e um Condor domesticado, mas tranquilo, porque a foto ficou legal e os bichinhos são fofos. Depois desse povoado seguimos para o vale em si e lá paramos em diversas partes do caminho para tirar fotos e ver a vista que é linda. Tudo é muito impressionante, principalmente, porque a paisagem se mistura com a história Inca na região. Eles desenharam mapas da região em pedras, construíram tumbas no alto das montanhas, algo realmente incrível. A última e mais esperada parada é no mirador Cruz del Condor de onde se pode ver o Cannon del Colca e os condores que sobrevoam a área. É espetacular esse lugar!!! No dia que eu fui o tempo estava lindo e tinham váaarios condores que voavam bem pertinho dos turistas. O Cannon em seu ponto mais alto chega a 4.000 metros de profundidade, mas em Cruz del Condor são apenas 1.600, se me lembro direito. Perguntei à guia se era possível ir a lugares mais altos e ela me respondeu que só caminhando. Ficamos por lá durante 1:30 hora. O pessoal resolveu fazer uma caminhada rápida e eu, que de início tinha me animado a fazer também, acabei desistindo depois da primeira subidinha que fiz!!! Dá-lhe altitude...1x0!!! Na volta outras paradas e, por fim, chegamos de volta a Chivay, onde almoçamos. Outra vez foi em um restaurante “all you can eat”, mas dessa vez aprendi a lição do dia anterior e só tomei uma sopa. A volta foi sem paradas e às 5 da tarde já estávamos em Arequipa.

 

Gastos:

 

Almoço: 18 soles

Hostel: 30 soles

Jantar: 25 soles

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5º. Dia

 

Aproveitei para acordar um pouco mais tarde, mas a agência do meu passeio do Cannon resolveu ir até o meu hotel e perguntar se eu gostaria de fazer um city tour!!! Cacilda, quase matei!! Minha amiga chegou e depois de tomar um banho e arrumar as coisas saímos para ela conhecer a cidade. Fomos ao Monastério de Santa Catalina e amamos o lugar. A visita durou umas 2 horas e meias, mas poderia demorado mais porque no final corremos já que o sol estava muito forte. As espertonas deixaram pra fazer a visita no sol de meio dia!! ::putz:: Depois que terminamos, fomos almoçar em um dos restaurantes da Plaza de Armas.

 

Após o almoço fomos comprar nossas passagens para viagem do dia seguinte à Tacna. Após perguntarmos nas agências da Plaza vimos que todas elas cobravam uma taxa pela venda e nem todas vendiam de empresas que tinham horário que queríamos, então acabamos indo até a rodoviária mesmo. Chegando lá e após perguntarmos preços em todas as empresas, escolhemos uma que oferecia serviço imperial (leia-se, com banheiro) por 25 soles. Não lembro o nome da empresa, mas foi a primeira da rodoviária. Como a viagem levava 6 horas, achamos melhor escolher um com banheiro mesmo. Voltamos à Plaza de Armas, rodamos pelas lojinhas da cidade e depois fomos jantar.

 

Gastos:

 

Monastério St. Catalina: 30 soles

Almoço: 23 soles

Hostel: 20 soles

Táxi + passagem: 30 soles

Lembrancinhas: 30 soles

Jantar: 20 soles

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6º. Dia

 

Acordamos cedo, mas nos enrolamos e acabamos chegando à rodoviária as 06:55. fomos diretor despachar nossa bagagem no guichê da empresa, mas ao chegar descobrimos que aquele dia eles não teriam ônibus com serviço imperial que compramos...OH GOD!! ::grr:: Fiquei muito irritada e, enquanto a Juliana tentava recuperar nosso dinheiro, fui na Flores tentar o onibus deles que era em um horário parecido. O rapaz que estava lá me disse que eu deveria ir ao terminal deles que era do outro la da avenida (em frente a rodoviária). Encontrei a Ju, já com nosso dinheiro de volta e corremos para o outro lugar. Quando chegamos a moça me informou que o ônibus com mesmo serviço (imperial, o com banheiro) só tinha 1 lugar!!! Só lembrava da hiena do: Oh céus, oh vida, oh azar!!! Como não tinha o que fazer, acabamos comprando o serviço comum deles (leia-se sem banheiro e sem ar) para as 7:45.

 

A viagem parecia aquelas de filme que tudo acontece, cheia de gente berrando, que entram animais. Ok, ok, não entraram galinhas (vivas), mas só faltou isso. Assim que entramos no ônibus levantou um cidadão vendendo dvd´s sobre o corpo humano. ::putz:: Aos berros e sem parar de falar ele passou – sem nenhum exagero – 40 minutos vendendo seus produtos, explicando detalhadmente porque era muito necessários aos passageiros comprarem os dvd´s. Quando ele finalmente calou a boca e o ônibus estava tranquilo ocorreu a primeira das infinitas paradas. O problema não eram as paradas em si, eram as trocentas mulheres que entravam no ônibus vendendo comida e bebida também aos berros. Elas ocupavam o corredor do ônibus e lá ficavam até que percebessem que ninguém mais ia comprar nada (e as pessoas compram mesmo). A mais gostosa de todas as guloseimas vendidas era um tal de Chicharon, que parecia um torresmo, sei lá que m*** era aquela!! ECOOOUUUUU!!! Imaginem que delícia o cheirinho daquilo no ônibus...uuuuui! Que viagem gostosa! Bom, ai, quando pensávamos que não havia nada mais para acontecer o motorista querido colocou um filme...MUUUUUITO ALTO!!! Huauhahuahuahuahuahuahuahuahuahuahuahuaiahuhauahuhuahua ::lol4::::lol4::::lol4:: No final a gente só ria porque, pra melhorar, ainda estava muito calor e o ônibus atrasou mais de 1 hora. AHHH, vale ressaltar que no meio do caminho vimos o ônibus do serviço imperial (aquele que só tinha mais 1 lugar vago) enguiçado na estrada!!! Ok, parei com “oh, céus, oh vida, oh azar!!! Ahhahahahaahahahahahahaha

 

Chegamos à Tacna e logo fomos “catadas” pelos taxistas que fazem o percurso até Arica. Já tínhamos a indicação do pessoal aqui do fórum que era tranquilo ir com eles e bem mais rápido do que de ônibus. Depois dos trâmites deles, entramos no táxi de um motorista que era o clone do Renato Gaúcho. A passagem na fronteira foi bem rápida e às 17 horas estávamos em Arica. Uma observação: quando estávamos carimbando os passaportes na fronteira, o Renato Gaúcho olhou meu passaporte com um olho enoooorme e falou: nossa, vc tem visto americano!! Ai, já sacando, respondi: Não, eu tinha, mas já expirou. Era até verdade, mas mesmo se o visto tivesse válido eu teria mentido, porque passaporte brasileiro vale muito no mercado negro e com visto americano ainda, nem se fala. Bom prestar atenção. Já meio ressabiadas com o Renatão, recusamos gentilmente sua oferta de fazer um city tour em Arica, que incluía a visita ao alto de um morro!!!!! A vista de lá deveria ser realmente espetacular, mas com ele de jeito nenhum..ahahahahahhaahha.

 

Depois que saímos do táxi ele ainda perguntou se queríamos trocar dólar, já foi chamando um cambista e disse que na rodoviária não tinha money exchange. Pensei: aham, ta bom que eu vou trocar dólar com essa figura ai. E ta bom que tem cambista do lado de fora, mas não tem casa de câmbio lá dentro!!! Esse pessoal acha que gringo tem um “otário” escrito na testa, né? ::vapapu:: Enfim, entramos na rodoviária e, obviamente, tinha lugar decente pra trocar dólar. Compramos logo a passagem para San Pedro de Atacama, pedimos uma que fosse direto (ou seja, sem trocar de ônibus em Calama) e conseguimos os dois últimos lugares. Como o ônibus era só as 21:00, deixamos nossas mochilas na empresa e fomos até o centrinho almoçar e dar uma volta. Comemos no Mc Donalds mesmo porque a Ju queria “comida decente” segundo ela...rs. A cidade é bem bonitinha, é um balneário de férias, tem uma ruazinha toda ajeitadinha, cheia de bares, é bem legal. A vista da praia também é muito linda, deu até vontade de ir até a tal montanha que o Renato Gaúcho falou, mas já estava escurecendo aí deixamos de lado a idéia. Voltamos as 8 para a rodoviária para pegar o ônibus.

 

A viagem foi uma verdadeira novela e, apesar de contá-la às gargalhadas hoje, na hora foi um sufoco. Entramos felizes da vida no ônibus (que era super arrumadinho) e depois de sentar em nossas poltronas lá atrás (bem no banheiro) começou uma movimentação. A Ju me chamou atenção para uma mulher que estava vendendo alguma coisa para o passageiro algumas poltronas na nossa frente e falou: cara, é alguma droga, olha o saquinho preto. Logo em seguida entraram 2 mulheres (1 delas um senhora, tipo da idade da sua avó, sabe?) com vaaaaarios “sacos pretos”. Como a rota é de cocaína (e pelo que me disseram pelas nossas descrições) deveria ser isso mesmo. Aí, como se já não bastasse nossas coleguinhas de ônibus (sim, porque uma estava sentada na frente da Ju e a outra ao meu lado) elas começaram a esconder o “carregamento” pelo ônibus, inclusive ATRÁS DA MINHA POLTRONA!!! :shock: Pense: “Ferrou. Agora ferrou tudo. Se esse ônibus é parado a primeira coisa que as queridas vão fazer é dizer que é nosso, neh? Óbvio!!”. Nos olhamos, mas ficamos quietas porque consideramos não ser legal criar confusão com traficante. ::hãã2:: Como tudo pode sempre piorar, nesse momento percebemos que o motorista e o auxiliar também estavam no esquema. Todos se cumprimentavam como velhos conhecidos, amigos de infância, etc. CACEEEETE!! :roll: E como numa hora dessas sua mente viaja e você começa a pensar um monte de besteiras pensei: “se está todo mundo do ônibus no esquema, pra alguém ter colocado alguma coisa nas nossas mochilas que ficaram a tarde inteira na agência, não custa nada!!!” O melhor é que nessas horas vc já se vê nos noticiários: turistas brasileiras deportadas por tráfico de drogas...ahahahahahahahahhahaha ::hahaha:: To rindo, mas sério, fiquei muito tensa. Na verdade, é realmente muito fácil se eles quiserem se safar, incriminando alguém, principalmente duas turistas. Fiquei rezando para o ônibus não ser parado.

 

Eram aproximadamente 4 da manhã, quando o ônibus foi parado e mandaram todo mundo descer com seus pertences. Uma olhava pra cara da outra...as duas desesperadas!!! Ai, foi uma enorme confusão porque as 2 (a vovó e a outra) começaram a passar as sacolas entre elas, tentando esconder tudo. Nessa hora – claro tudo sempre pode piorar – a traficante que estava a nossa frente virou para trás e me perguntou: “Quieres?? és puro!!” Branca, respondi: “No gracias, no me gusta” Ela não se deu por satisfeita e argumentou: “Pero és puro”. Ainda mais branca e louca pra sair dali falei: “Tengo certeza que és puro, pero no me gusta!!” ahhuhuaahuahuhuahuaahuahuhuaahuhuahuahuahua Não fazia idéia do que eu estava falando. ::lol4::::lol4::::lol4:: Descemos finalmente do ônibus e vimos que as bagagens despachadas não estavam sendo revistadas porque já haviam passado pela revista na rodoviária. Nossa, nesse momento, quase chorei de felicidade. Na hora que a moça passou revistando, já fui logo abrindo minha mochila, quase gritando “olha, pode ver, não tem NADA aqui, ta?”. Na verdade foi um grande teatro, porque ninguém da fiscalização subiu no ônibus, ou seja, se eu tivesse alguma coisa ilegal poderia ter largado la em cima que ninguém teria visto. Depois que subimos, uma das sacolas pretas desapareceu e, claro, obvio, que as gracinhas ficaram discutindo entre elas e ainda tiveram a cara de pau de vir procurar nas nossas poltronas: ALOOOOUUUU, OLHA A MINHA CARA DE QUEM VAI ROUBAR CARREGAMENTO DE TRAFICANTE??!!! ::prestessao:: Ainda descobrimos ouvindo o papo das moçoilas (que obviamente era feito aos berros, sem a menor cerimônia) que se elas tivessem sido pegas teriam que ter pago um “imposto”. Moral da estória: aquilo é uma zona, se passa com o que quiser sem o menor problema!!!

 

Gastos:

 

Táxi rodoviária: 5 soles (2,5 para cada)

Táxi Tacna-Arica: 20 soles por pessoa

Ônibus para SP Atacama: 10.000 pesos

Táxi em Arica: 1.000 pesos por pessoa (ida e volta)

Almoço: 3.000 pesos

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7º. Dia

 

Chegamos em San Pedro de Atacama quase 11 horas e fomos direto procurar um hotel. Ficamos no Hostal Inti Para em quarto compartilhado por 6.000 pesos. O hostel era ótimo (cozinha arrumada para hospedes, banheiros limpíssimos e com água quente, bem localizado), mas a moça que cuidava do lugar era o cúmulo da má vontade e do mau humor. Deixamos as coisas no hostel e fomos direto procurar um lugar para almoçar. San Pedro foi, definitivamente, o lugar mais caro de toda a viagem. Quando se compara aos outros lugares San Pedro perde a linha, até a gringolândia estava reclamando dos preços. Mão-de-vacando nas refeições, fomos em busca de um lugar com preços razoáveis e encontramos um restaurante com menu + bebida por 2.500 pesos. Não lembro o nome, mas fica na Calle Tocopilla. Uma boa dica é entrar em Dicas para San Pedro de Atacama e lá tem um tópico da Samantha chamado San de Atacama para pobre http://www.mochileiros.com/dicas-o-que-fazer-no-deserto-do-atacama-t35110.html que me ajudou muito. Em seguida, fomos procurar agências para marcar o passeio do Salar de Uyuni. Fomos primeiro na Cordillera e acabamos fazendo com eles mesmo, pois era considerada pela maioria daqui a melhor empresa. E, de antemão falo, que não nos arrependemos. O passeio custou US$ 120 (saindo de SP Atacama e ficando em Uyuni) por 3 dias, com tudo incluído: jipe, guia, alojamento e refeições. É possível voltar a SP também, mas aí são 4 dias e é um pouco mais caro. Depois de fechar o passeio, demos uma volta na cidade, mas o sol estava tão forte que resolvemos voltar para o hotel e ficar na sombrinha. Logo que chegamos bateu todo o cansaço já que as drug dealers não nos deixaram dormir.

 

A tardinha, saímos para comprar água e coisas de comer para os dias no Salar. É bom mesmo comprar uma barra de chocolate, fruta e uns biscoitos além de água porque o tempo entre as refeições pode ser longo. Saímos do mercadinho e fomos novamente em busca de um lugar não muito caro para jantar. Acabei me esquecendo de anotar o nome dos lugares que tinham indicado aqui, então ficamos andando aleatoriamente e olhando os preços como no almoço. Como já estava mais fresco e não estávamos tão mortas de fome, procuramos com mais calma dessa vez. Ficamos num lugar chamado El Sol na calle Toconao que oferecia menu por 2000 pesos sem bebida. Depois do jantar, passeamos mais um pouco pela cidade e depois fomos dormir.

 

Gastos:

 

Hostel: 6.000 pesos

Almoço: 2.500 pesos

Salar de Uyuni: 70.000 pesos

Jantar: 2.300 pesos

Água e comida para o Salar: 3.000 pesos

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8º. Dia

 

Acordamos às 7 horas, tomamos banho (bem importante, já que só tem banho no segundo dia de viagem) e fomos para a Cordillera onde uma van nos aguardava para nos levar até a fronteira. Fomos até a imigração do Chile, que estava bem cheia, depois seguimos por 1 hora até a fronteira entre Chile e Bolívia. Saímos da van e dividimos o grupo (de 11 pessoas) em 2 jipes. O pessoal da agência serviu um ótimo café da manhã e depois fomos à imigração boliviana pegar o visto. Mais uma vez: aquilo é uma farra só, ninguém revistou bagagem, nem nada. Se vc quiser, passa numa boa com qualquer coisa! Enfim, terminados os procedimentos burocráticos, entramos no jipe para começarmos o passeio. Nosso carro tinha apenas 5 pessoas (nós 2, um casal de ingleses e um alemão), o que tornou nossa viagem bem mais confortável. O pessoal era muito gente fina e a viagem, que já era maravilhosa, ficou ainda mais divertida por conta das companhias agradáveis. Paramos em primeiro lugar na Laguna Blanca, onde tinham vários flamingos (ainda ficávamos surpresos ao ver os bichos, depois banalizou) e em seguida na Laguna Verde. O guia não falava inglês então nós e o alemão, que estava morando em Santiago e falava espanhol bem melhor que nós 2, nos revezávamos na tradução para os ingleses. Apesar de não falar inglês, Flávio nosso guia, era muito gente boa, atencioso, explicava tudo com vários detalhes e falava pelos cotovelos. Ahhh, ele também adorava as 5 primeiras músicas do ÚNICO cd (de músias bolivianas, claro) que tinha levado pra viagem. Ele gostava tanto que todos saímos do passeio sabendo as tais músicas de cor. ::lol4::::lol4::::lol4:: Muito comédia. Paramos num lugar com águas termais e aproveitamos para esquentar os pés. Obs: Como estava muito calor em SP de Atacama, as bonitas aqui acharam que durante o dia seria também muito quente no deserto. Doce ilusão. Venta muuuuito e é muuuuuito frio! ::Cold::

 

Ainda passamos pelos Geyseres e por outros lugares lindíssimos até pararmos as 16 horas no alojamento para almoçar. Nosso almoço durou horas, pois não parávamos de conversar. Aliás, quem olhava pensava que éramos amigos de infância porque em menos de um dia já estava um zuando o outro, fazendo piadinhas...rs. Viajar é muito bom e conhecer pessoas legais e é umas das coisas que eu mais gosto. Depois disso, resolvemos dar uma volta, mas não demoramos muito porque o vento estava muito forte. A noite jantamos e, novamente, depois de horas de conversa, fomos dormir. A noite foi um pouco ruim porque este lugar estava a 4.500 metros de altura e os efeitos da altitude foram ruins pra alguns. A maioria só teve insônia e falta de ar, mas o inglês passou mal durante a madrugada. Obs: O céu à noite é nada menos que espetacular!!! ::otemo::

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9º. Dia

 

Acordamos às 7 hs, tomamos café da manhã e saímos do alojamento. Como ninguém conseguiu dormir bem naquela noite, estávamos todos com sono e meio devagares. A primeira parada foi na Laguna Colorada que estava lotada de flamingos! Muito lindo, ainda mais com a luz de início de manhã. Em seguida, paramos por diversos lugares muuuuito irados. As paisagens são inacreditáveis, parece que não se está nesse planeta. Nesse dia, paramos para almoçar em uma das lagunas (não me lembro do nome) e não no alojamento como no dia anterior. Como o Flávio (nosso guia figuraça) percebeu que já estávamos um pouco de saco cheios das tais 5 primeiras do CD dele, ele perguntou se alguém gostaria de colocar um Ipod no som. Ooobviamente, todos adoramos a sugestão e coloquei o meu, para alegria geral do jipe. Imagina a felicidade da galera ao ouvir Beatles (ou qualquer coisa não-boliviana). Claro que o pessoal pediu para ouvir umas músicas brasileiras e no final até o Flávio cantava junto as partes que ele conseguia entender do português!! Muito engraçado!

 

Chegamos ao hotel de sal as 16 hs e nos deparamos com algo bizarro. Estava “hospedado” no lugar um grupo de viajantes que fazia o trecho Rio de Janeiro-Quito DE BICICLETA!!! Meus deus, quanta animação. O percurso duraria 5 meses e eles percorriam em média 120 km por dia!! Credo! O mais novo tinha 23 anos e o mais velho 65...isso que é envelhecer com saúde. Não pedalo nem 10 km por dia na praia, imagina 120 naquela altura!!! Invejo esse pessoal corajoso, quem sabe um dia, neh??! Enfim, depois de dar de cara com eles (carinhosamente apelidados de piratas pela Ju e aderido por todo nosso grupo), resolvemos dar uma volta pelo povoado que ficava perto do hotel de sal. Levamos uns 15 minutos andando e depois mais 1 hora passeando pelo lugar. Não imagino como deve ser morar num lugar daqueles, que apesar de lindo, é completamente no meio do nada. Voltamos para o alojamento, tomamos um chá (que colocaram para nós) e depois jantamos. A refeição esse dia foi caprichada: carne de lhama com papas fritas e vinho!!! Depois do jantar nosso guia veio nos informar que teríamos duas opções para o dia seguinte: ou acordaríamos às 8, sairíamos para o Salar, almoçaríamos e chegaríamos à Uyuni as 14 hs ou acordaríamos às 4 da manhã, assistiríamos o nascer do sol no Salar de Uyuni e chegaríamos às 12 hs em Uyuni (e não teríamos almoço incluído). Obviamente escolhemos ver o nascer do sol. Escolhido o que faríamos, veio o momento mais aguardado por todos: BANHO!!!!!!!! Ah, que delícia ver água depois de quase 2 dias. O chuveiro alternava entre gélido e escaldante, mas àquela altura qualquer banho era bem-vindo. Depois do banho fomos todos dormir.

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