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200K na Serra de Campos do Jordão


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Esse ano, decidi iniciar a temporada de cicloturismo com o lendário Audax da 200K da serra de Campos.

 

Como a largada foi no posto Castelão, no Km 15 da Rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro,em Tremembé, ficamos em uma pousada chamada “Megoperama”. Simples mas muito bem cuidada, com lago, piscina, quiosque para churrasco. Mas, segundo o proprietário – Paulo – ele está arrendando para uma clinica de recuperação de dependentes químicos.

 

Revendo velhos amigos e conhecendo gente nova, fomos dormir tarde e até 3 da manhã tinha gente chegando na pousada e como é toda de madeira, faz muito barulho. Somente depois disso foi possível descansar.....até as 4:00. Hora de levantar, o dia será longo.

 

Tomamos um café da manhã especial preparado pelo Paulo, a irmã e tia dele. E de bicicleta fomos até o local da largada. Eram pouco mais de 10 Km Dalí em nível quase totalmente plano.

 

Na largada, os participantes do Audax 200K e desafio 100K foram divididos em 3 grupos, montados pela ordem de chegada e briefing. Isso foi necessário para “espalhar” os ciclistas pela rodovia que tem o acostamento muito estreito e a subida da serra é pouco depois da largada.

 

Nos 200k não dá aquele frio na barriga com a dúvida – será que consigo? Terei problema mecânico? Salvo raríssimas exceções, somente um problema mecânico muito sério poderá tirar alguém da prova.

 

Mas, a subida da serra de Campos dá uma apreensão. Quanto sofrerei? Como estarão minhas pernas lá encima?

 

Para complicar minha aventura decidi ir com uma relação de marchas bastante pesada. Com 53X39 na dianteira e Cassete de 12X25. Não encontrei nenhum outro lá com a mesma relação. No máximo tinha gente com cassete de 11x28. Três míseros dentinhos que dão um grande alívio na escalada.

Dias antes da prova consultei o Ogun777 sobre a relação que iria usar e mencionei a minha. Ele me disse “Você vai morrer na subida”. E fez questão de lembrar-me pouco antes da largada.

 

 

Partimos no segundo pelotão, sentido Campos do Jordão. Com apenas 9Km iniciamos a escalada da Serra. Pegar subida logo no início é a estratégia da prova, para testar a resistência dos audaciosos.

 

Por pouco mais de 8,5Km subimos 600m de altitude. De 600m a 1.200m acima do nível do mar. Com o asfalto muito ruim fica difícil dar giro. Tanto pelo atrito maior como pelos buracos que quebram a inércia, tornando a escalada mais pesada. Tomamos a derivação da serra para Santo Antonio do Pinhal. Após o trevo foi o ponto mais crítico de escalada da prova. Uma inclinação bastante acentuada fez com que muitas pessoas pareassem para tomar um gel ou líquido. Parei também. Depois que retomei o pedal vi que faltavam apenas uns 300m de distancia para a subida acabar. Naquela “pegada” da subida, não dá para tomar gel ou água pedalando.

 

Após essa Sofrida, tivemos pouco mais de 20Km de alívio. Descidas e subidas “normais”. Na verdade mais descidas do que subidas. Passamos pela charmosa “Pinhal”. Não conhecia a cidade ainda. Vale uma visita em um feriado.

 

Pouco à frente a organização montou um PA – Posto de Abastecimento. Momento de hidratar para a próxima etapa de escalada.

A segunda escalada sai de 1.000m de altitude e vai até 1.680m no portal (pela estrada de Pinhal) de Campos do Jordão. Mas essa subida é menos sofrível do que a primeira pois esses 680m de desnível estão distribuídos em cerca de 12,5Km. Portanto com uma inclinação menos pesada.

 

Nas duas subidas preferi pedalar “solo”. Refletindo, curtindo o visual maravilhoso da região. Essa segunda é dentro da mata. Passei por maritacas, macacos e uma onça. Epa! Essa entalhada em pedra ou madeira.

 

Com um ritmo constante lentamente fui ganhando altitude. Em algum tempo estava atravessando alguns vilarejos periféricos de Campos e logo estava no topo da serra. Sensação de vitória. Tinha pernas e fôlego para mais.

 

Desci até a avenida principal de Campos e cheguei ao centro da cidade. Tomei a avenida principal atravessando a Abernéssia, Capivari e chegando na Concha Acústica aonde em uma praça estava o primeiro PC para registrar a passagem.

 

Desde o topo da serra até o PC tive que girar muito o pedal para evitar cãimbas. Estava chovendo e frio. Na avenida principal encontrei o Ogun777 e fomos juntos até o PC.

 

Um leve lanche, muita hidratação e agora vem a parte mais técnica e perigosa da prova. A descida da Serra com o asfalto muito ruim. São 19Km de descida saindo de 1650m para 600m de altitude. Dias antes do evento, o Regério – organizador – havia mandado um e-mail alertando para os riscos da descida. Inclusive de uma grelha na entrada do túnel. O risco de “enfiar” o pneu dianteiro nela e capotar existia. Essa grelha não me saia da cabeça.

Saimos juntos eu, , Ogun, Eistein, e a Silvia. Eles abriram na minha frente. Mesmo com cuidado um dos buracos fez uma fissura no aro traseiro de minha bicicleta. Não me tirou da prova, mas tornou tudo mais pesado depois disso pois deixou a roda “ovalada”.

 

Dei duas assistências nessa descida para pessoas que tiveram pneu furado. Um deles foi mais demorado, o rapaz tinha pouca habilidade em mecânica . Lembrei-me do Marcelo que antes de uma prova dessas, ele que troca a câmara de todo mundo nos treinos.

 

Cheguei no segundo PC - que era o ponto de largada e chegada da prova - registrei a passagem e como estava com tempo de sobra para terminar a prova fui almoçar.

 

Alí ficamos sabendo que duas pessoas acidentaram-se na descida, sendo que um deles teve diversos ossos quebrados.

 

Acabei conversando demais e deixando tempo de menos para concluir a prova. Saímos juntos eu, o Marcelo e o Eisten rumo ao terceiro PC. Saímos pela Floriano em direção a Taubaté até a Carvalho Pinto. Nela sentido capital fomos até o frango Assado de Jacareí. O que no gráfico da altimetria da prova era uma reta, plana, transformou-se em inúmeras e longas subidas e descidas. A cada descida eu comentava que aquela descida se transformaria em uma subida, pois o caminho de volta seria o mesmo.

 

Passando por bairros periféricos de Taubaté percebi a presença intensa da Polícia na rodovia. Mas adiantem viemos saber que houve tentativa de roubo de bicicletas.

 

O pedal pesado do inicio da prova e a roda torta, resolveram cobrar-me nesse trecho. Fui me poupando e com paciência até chegar ao PC 3, pois umas dores nas pernas me preocupavam.

 

Após hidratação um descanso saímos agora com a Vevê junto à nos. Faltavam somente pouco mais de 50Km e a noite já começava a avisar que estava chegando.

Deixei o pessoal e fiz um pedal de giro, fazendo as dores sumirem. Fui bastante forte até sair da Carvalho Pinto e entrar na Floriano, aonde encontrei novamente o Ogun777. Faltavam 18 Km, seguimos em um ritmo mais lento, descansando pois tinha tempo de sobra para terminar a prova.

 

Chegamos ao quarto e último PC onde recebemos a medalha e o certificado. Tinha pernas e pulmões para mais 100Km tranquilamente. Meu GPS registrou 222Km.

Voltamos à pousada.Eu, Marcelo e Rogério. Na cidade o calçamento de cascalho fez-nos sofrer. Pois ninguém mais tinha glúteo para agüentar as pancadas. Consequência do asfalto ruim da serra de Campos.

 

Um merecido banho e mais tarde fomos a uma pizzaria de Tremembé chamada Casarão. O pessoal foi antes, como deixei para tomar banho mais tarde cheguei depois. Pedi uma Pizza e pasmem. O garçom disse que não tinha massa para a pizza. Acabei comendo Picanha e tomando um chopp.

Um pessoal que havia entrado na Pizzaria bem antes e feito o pedido ficou sem pizza também. Esqueceram do pedido e a massa acabou. Tiveram que ir para outro restaurante. O mais estarrecedor foi ver a gerente do local brava pela reclamação. Total descaso com o cliente. Ainda mais para alguém que havia pedalado 240Km naquele dia (somando-se a prova e os deslocamentos antes e depois do evento).

 

Na manhã seguinte uma surpresa. O pneu traseiro estava totalmente vazio. Um minúsculo furo na câmara feito por um fino arame de pneu de caminhão.

 

Alguns aprendizados:

- Testei meu preparo. Mas não entro em outro Audax com a relação de transmissão que participei. Nos 300K pretendo ir com um cassete 11x32.

 

- Outra lição foi com relação ao pneu. Enfrentei a prova com um jogo de 20mm com 130psi. Pouco mais fino que um 23. Mas para quem vai pedalar longas distâncias, os trancos um pouco mais forte em cada buraco no final do pedal faz diferença.

 

-O selim da speed com desenho de performance é desconfortável. No Audax não importa quem chega na frente e sim chegar, e bem e ter prestado assistência a quem necessita de ajuda. Portanto, um selim mais confortável nos 300K.

 

Que venham os 300Km, nas intermináveis subidas de Holambra.

 

Altimetria:

20120413151309.JPG

 

Mapa:

 

20120413151342.JPG

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