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Volta completa pela Joatinga... a pé!


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VOLTA COMPLETA DA JOATINGA: CIRCUITO "O" PELA PENINSULA

Desde q contornara pela 1ª vez este belo trecho de costa entre Parati e Ubatuba chamado de Joatinga, buscava motivos p/ lá retornar afim de palmilhar rincões menos visados q fossem além de sua tradicional travessia homônima. Ou melhor, q tb os incluísse. Mas qdo o Ângelo sugeriu a viabilidade de um circuitão q dispensava o obrigatório transporte marítimo, não titubiei em abraçar a empreitada. Dessa forma e (bem) longe do ziriguidum momesco, encaramos um roteiro circular radical: saímos de Laranjeiras; atravessamos o trecho de mangue tido como "intransponível" à Pta do Bananal; percorremos tds as praias da costa leste do Saco do Mamanguá, inclusive o alto do Morro Pão-de-Acucar; até alcançar, enfim, à Praia do Engenho p/ dali retomar o roteiro convencional sentido horario. Uma dura pernada de 4 dias q totaliza uma legitima volta entre a montanha, céu e o mar por toda Península de Joatinga.

 

 

 

Apesar da convocação se valer de td chamariz imaginável, apenas eu (the latin boy), o Ângelo (the oldboy) e o Eric (the crazy & very very strange boy) zarpamos de sampa na madruga rumo a Rod dos Tamoios. "Pq será q ninguém + se interessou em vir junto?", alguém perguntou. "Pq será, ne?", pensei. O calor de um dia promissor de sol e o transito inevitável de feriadão nos atrasaram um pouco, mas pior mesmo foi td viagem ser embalada ao som do boçal "Gabriel Pensador". Ao vivo. Enfim, 300km depois chegamos em Laranjeiras, as 10:30, + precisamente na Vila do Oratório, onde conseguimos negociar e deixar o veiculo por apenas R$20 no "Estacionamento do Fabrizio". O local nada + é q uma casa adaptada c/ lugar somente p/ 4 carros apertados no quintal.

 

 

 

ATRAVESSANDO O MANGUE ATÉ RIO GRANDE

Ajeita aqui e alonga ali, pusemos pé na estrada nos dirigindo ao pé da serra sgte, as 11:20hrs, rumo à trilha p/ Saco do Mamanguá. No final da rua tomamos a estreita ruazinha, à esquerda, q sobe em íngremes ziguezagues na forma de uma ladeira concretada ate se tornar uma picada bem batida, em meio à densa floresta. No alto, a mesma nivela na forma de uma precária estrada de chão e desce suave e agradavelmente no frescor da mata, as 11:40. Após a porteira da Faz. Sta Maria, o caminho sai da mata e bordeja uma vasta região alagadiça pela direita, sinal q estamos literalmente o fundo do Saco. Este trecho é tranqüilo e feito numa antiga estrada, pipocado de restos de vestígios de fazendas coloniais, já q a regiao foi outrora pto de venda de escravos. Havia mtas pessoas (residentes do luxuoso Cond. Laranjeiras) praticando corrida ou bike, sinal q esta "trilha" é caminho oficial da região.

Ao meio-dia alcançamos uma bifurcacao, proximo da Pta da Foice, onde uma bica molha nossa goela e abastece os cantis. Ignoramos a picada batida p/ esquerda (q passa pelas praias de Regato, Curupira ate chegar, enfim, a Parati-Mirim) e adentramos na precaria trilha da direita, q começa tomada de mato mas depois continua razoavelmente óbvia, espremida entre a encosta da serra e os alagadiços de brejos deste trecho inicial de manguezal. Apesar de evidente, os obstáculos são vários, desde muita mata alta, espinhenta e cortante invadindo a picada, até desbarrancados c/ diversas arvores tombadas no caminho.

As 12:45 caimos noutra bifurcacao, onde tomamos p/ esquerda, já q a outra certamente dava na Praia do Sono. Assim, a trilha prossegue no mesmo ritmo bordejando o manguezal ate simplesmente desaparecer! E agora? Na verdade, a picada continuava nalgum canto mas o mato a havia ocultado por completo. Mas mesmo espesso p/ ser vencido na raça ou ate c/ facão, optamos por continuar pelo mangue, onde o avanço era bem + rápido embora se chafurdasse o pé na lama. Aqui, o fundo do Saco é cercado de mangue, mas como a maré e o tempo quente o haviam deixado relativamente raso e + consistente p/ se andar, fomos por ele acompanhando os rastros deixados por alguém. Não tardou e caímos num rustico acampamento (catadores de caranguejos?), q estava abandonado. Uma picada saia dele no sentido desejado e por ela continuamos, agora em terra firme novamente. Um detalhe q nos chamou a atenção é q havia trechos onde o chão estava forrado de conchinhas, tal qual no Lagamar. Ou seja, aquilo lá era legitimo sambaqui, q são vestígios fossilizados de valor arqueológico.

Mas td q é bom dura pouco, pq a tal picada não demorou em sumir tal qual a anterior. Bem q tentamos reencontra-la, mas faconadas no mato espesso impediam nosso avanço num ritmo ágil e razoável. Paramos entao pra decidir o q fazer, mas principalmente nos localizar na carta, auxiliados pelo gps do Ângelo. Feito isto, azimutamos a direção das bússolas de modo a acompanhar as encostas de serra, isto é, rumo norte! E lá fomos nós, colocando pé-na-lama em meio ao fétido mangue, porem onde a vida pulsa c/ td intensidade. É fácil de ver, sob os galhos aéreos da vegetação, enormes caranguejos vermelhos das espécies uçá e maria-mulata, q nos observam elétricos e curiosos. Belas bromélias disputam espaço c/ garças-brancas, martins-pescadores, socós, maguaris, guarás, macucos e biguás. Os caixetais, espécie de arvore de madeira mole c/ a qual se faz artesanato, abundam nesta região alagadiça.

De fato, andar no mangue mostrou-se a melhor opção, embora c/ seus inconvenientes de praxe, tipo o desconforto de ter lama ate o tornozelo (e dentro da bota) e pelos ataques constantes de nuvens de mosquitos, principalmente pernilongos e enormes mutucas! E não havia repelente q resolvesse, a não ser nos besuntar de lama nas áreas expostas, ardil q por incrível q pareça mantinha os sanguessugas alados afastados!!! E uma vez no mangue não havia como retornar, já q lá era literalmente um labirinto de lama, troncos, galhos e raízes. Olhávamos p/ trás e não fazíamos ideia de onde tínhamos vindo, ou seja, o jeito agora era apenas seguir em frente conferindo a direção da bússola c/ freqüência, nos fiando exclusivamente de nossa habilidade p/ navegação.

Caminhamos pelo mangue um tempão, bordejando eventualmente trechos alagados pelo mar, ate esbarrar num obstáculo considerável se interpondo no caminho: um braço de rio ou canal, q serpenteava o mangue perpendicularmente à nosso trajeto! Pois bem, aí q o Eric, mesmo não sabendo nadar, tomou a iniciativa p/ testar a profundidade do mesmo num trecho estreito, sob protestos do Ângelo. Assim q ele chegou c/ sucesso à outra margem, foi a nossa vez de segui-lo c/ as mochilas na cabeça e pisando cautelosamente no fundo viscoso do rio! Ah, e tomando tanto cuidado p/ não enfiarmos o pé mto fundo na lama s/ deixar as botas grudadas lá, como tb cautela p/ não afundar no rio, já q a água batia quase no pescoço! Cruzar o rio foi ate "fácil", mas duro mesmo era subir à margem novamente, já q o desnível c/ a água era considerável e não dispúnhamos de escadinha. O jeito foi escalaminhar pelas raízes e troncos disponíveis ou nos arrastarmos barranco acima, o q nos deixava imundos de lama, como recém-saídos de um chiqueiro! Na outra margem, nos limpávamos outra vez, porem s/ gde sucesso. Mal sabíamos q repetiríamos aquele mesmo processo + 3 ocasioes. Nessa hora imaginei se as amigas q tinha chamado p/ essa empreitada continuariam a sê-lo caso tivessem aceitado o convite.

E assim continuamos chapinhando pelo mangue, sempre acompanhando a direção apontada pela bússola. Após atravessar a duras penas 3 outros rios, caimos finalmente em terra firme, sinal q devíamos já estar nalgum extremo da encosta sul da Ponta do Bananal. Entretanto, mesmo sendo uma região de restinga alta, espessa e dominada por enormes bromélias espinhentas, havia vestígios de "trilha" q não deveríamos deixar escapar. Inicialmente andamos em círculos devido à profussao de "picadas" q se entrecruzavam (e à bússola desregulada), mas depois tomamos uma q foi no sentido desejado. Ora alternando mata fechada e alguns descampados onde um sol inclemente esbofeteava nosso rosto, aquele trecho parecia ser uma extensão do mangue devido a gde qtdade de brejo e lama q tivemos q chapinhar! Na sequencia desembocamos numa trilha obvia em terra firme (e seca) em definitivo. Menos mal, pois pernoitar naquele mangue seria no mínimo uma experiência bizarra: a exceção minha (q levava rede), o resto teria de dormir em pé nos galhos, já q barraca não se sustenta na lama..

Seguindo pela mesma, as 17:30 finalmente emergimos num descampado de capim onde havia uma casa aparentemente abandonada, ladeada por uma precária roça de mandioca. Continuamos pela trilha ate dar num bucólico e manso rio, onde havia até um bote "estacionado" em sua margem, deduzindo q ali deveria ser o local chamado de Rio Grande. A picada continuava do outro lado do rio, mas cientes q ali haveria cachus e poços interessantes, acompanhamos outra picada q seguia rio acima pela mata. Caímos entao noutra casa abandonada (q depois soubemos pertencer a alguns índios da região) e, continuando pela trilha, chegamos finalmente à Cachu do Rio Grande! O local é digno de nota: um enorme poço de proporçoes olímpicas aos pés de uma lajedao relativamente inclinado em dois níveis, parecendo um tobogã, por onde escorria água cristalina, refrescante e translúcida!

Donos absolutos do lugar, montamos acampamento numa clareira proxima e fomos dar uns tchibums (à exceção do Eric), alem de lavar roupa, botas e fazer um breve lanche. Os mosquitos endoidairam qdo o sol pousou no horizonte, nos obrigando a entrar em nossas barracas, de onde não arredamos pé pelo resto da noite. O bréu noturno foi abrilhantado pelos vagalumes q voavam pela floresta e pelas estrelas percebidas atraves do arvoredo. Preparamos entao nossa janta e caímos nos braços de Morpheus logo na sequencia, um sono dos justos mais q merecido por aquele dia exaustivo e pitoresco! Mesmo c/ alguns inconvenientes típicos de quem acampa, como "infiltração" de formigas e pernilongos na barraca, e ate uma vareta quebrada (q me obrigou a gambearras de ultima hora), tive uma noite tranqüila e sossegada.

 

 

 

PELA COSTA LESTE ATÉ O ALTO DO MAMANGUÁ

Acordamos antes mesmo do sol começar a se espreguiçar no horizonte. Levantar em definitivo somente as 7hrs, qdo as mochilas engoliram nossos pertences e iniciamos a jornada daquele dia. Duro foi do Ângelo se desvencilhar de uma caranguejeira q estava na barraca dele, e do Eric dar adeus a um esquálido pulguento e um ganso invocado q encarnaram nele naquele inicio de manha. Enfim, tomamos uma picada obvia q acompanhava o rio pela margem direita e, após atravessar dois córregos menores e um bucólico descampado de mini bananeiras, deu no exato pto onde chegáramos o dia anterior.

Sempre acompanhando o rio pela direita, a trilha parecia sumir vez ou outra, demandando nossas habilidades de farejo p/ prosseguir no rumo certo. Ate q o inevitável aconteceu: perdemos a picada nalgum pto, onde novamente nos vimos na obrigação de navegar nos valendo pelo bom senso. So depois o Eric mencionou ter visto a dita cuja sair num determinado trecho, mas qdo atentamos a isso já era tarde d+. Pois bem, assim não nos restou opção senão bordejar as encostas da Pta do Bananal nos trechos menos íngremes e c/ menos mata, desviando de deslizamentos e arvores tombadas. Desta vez não tínhamos a opção de seguir pelo mangue pq agora, pelo fato de ser + úmido e estar do lado do mar, o mesmo era fundo e menos compacto!

Dessa forma, terminamos caindo numa pequena e estreita prainha de areia grossa, à beira das águas calmas do Saco do Mamanguá, quase 1,5km da Praia de Curupira, do lado oposto. Prosseguimos pela areia ate o final e, vendo q não havia continuidade da trilha, seguimos o Eric q decidiu ir pelo mar. Entramos c/ água ate a cintura e fomos bordejando o costao rochoso repleto de bromelias por td aquela ponta, nos quais formam-se muitas piscinas verde-esmeralda! C/ a mochila quase na cabeça, fomos avançando num ritmo lento porem constante, apenas tomando cuidado de não tropeçar em rochas submersas cobertas de conchinhas afiadas como navalha, q havia aos montes!

Qdo passaram bem próximos - numa canoa - dois caiçaras q nos observavam atônitos, não titubeamos em perguntar-lhes se faltava muito p/ chegar à próxima praia. Qual foi decepção qdo responderam q ainda faltavam hoooras e q haveria um trecho instransponível devido à profundidade. Entretanto, sugeriram uma picada indígena q nos passara desapercebida exatamente naquela prainha na qual tínhamos saído meia hora antes! Meia-volta! As 10hrs voltamos td ate a dita praia e de fato havia uma trilha q, ao invés de contornar a ponta, a subia forte em meio à densa mata, percorria a crista do morro e descia de vez ate a próxima praia, já do outro lado da Pta do Bananal.

Assim, as 10:30 chegamos à paradisiaca Praia do Bananal, onde o caseiro da única (e enorme) casa dali, o Ramiro, nos recebeu de forma cordial e simpática. À sombra de enormes coqueiros de onde tirou alguns bem maduros p/ gente deliciar nosso gogó, nos disse q havíamos dado uma volta desnecessária pela ponta: de Rio Gde havia uma trilha q levava ate ali em menos de meia hora, e q deduzimos ser a trilha q o Eric viu e não comentou conosco! Paciência. E foi ali, naquele bucólico e plácido local q ficamos um tempinho descansando, esparramados na grama fofa e aparada, apreciando o vai-vem de luxuosos iates q estacionavam próximos daquela pequena enseada.

O marasmo tava mto bom, mas meia hora depois retomamos a jornada. Nos despedimos do Ramiro e continuamos a pernada, agora atraves de uma trilha bem batida, em meio à mata, q vai costeando td margem norte da ponta sentido leste. Emergimos entao na Praia do Espinheiro, deserta e razoavel faixa de areia marcada por muitas arvores frutíferas, como limoeiros, mexericas e coqueiros, os quais o Eric resolveu levar na mão mesmo, apesar do peso extra.

Novamente nos enfiamos na mata pela trilha, bordejando a costa agora sentido nordeste, e não tardou em dar nas pequenas praias sucessivas q compõem a comunidade de Baixio de Dentro, marcada por casinhas simples, uma simpática capelinha e algumas ruínas de outras construções abandonadas. E pouca gente, apenas alguns pescadores aqui e acolá. Este trecho inicial é repleto de água potável, pq sempre tem algum córrego, vertente ou rio descendo as encostas da serra em direção ao mar. Alem disso, a medida q subimos lentamente o Saco, o numero de casas vai aumentando, assim como o numero de pessoas na trilha, principalmente crianças caiçaras!

Após a pequena Praia de Boa Vista, onde reina uma única casa cercada de pitangueiras, vem um trecho de trilha "carpido" e bem erodido, marcado de vegetação arbustiva, capim ou samambaias, totalmente expostos ao sol inclemente do quase meio-dia! Caímos entao numa praia maior dos Baixios, onde uma pequena igreja da Assembléia de Deus destoa do casario ao redor. Atravessamos td extensão da praia em meio as casas, observando o povoado tocar sua vida em ritmo bem lento, tal qual as remadas de suas canoas. Eram mulheres lavando roupa à beira do mar, pescadores confeccionando redes e crianças carregando sempre alguma coisa p/ suas familias, isto é, um legitimo "caiçara way of life" ao vivo!

A trilha continua em suaves sobe-desces pela costa, ate se manter no alto durante um bom tempo. À nossa esquerda, observamos a Ilha Pequena e Ilha Gde destoarem como formações rochosas forradas de verde mata em meio as águas estupidamente azuis do Saco do Mamanguá. Mas as 12:30 a picada surge cimentada, assim como eventuais pontes de metal e madeira, q facilitam transpor eventuais vales! E assim continua durante um bom tempo! Não tarda tb a surgirem alambrados e cercas delimitando propriedades (algumas bem luxuosas), os quais apenas desviamos, sempre costeando sentido nordeste!

Mas as 12:45 damos na movimentada Baixio de Fora, tb conhecida como Praia do Cruzeiro, cujas areias claras chegam ate a ofuscar a visao! Atravessamos s/ pressa a bela praia, onde muitos turistas nos observam dos quiosques, do lado de uma simpática capelinha. No final da praia, e após cruzar um braço de rio c/ água ate quase a cintura, terminamos caindo numa luxuosa propriedade q é a tal "casa do coreano", da qual já tínhamos infos. So não sabíamos q não se podia passar atraves dela p/ outro lado, tanto q uma galera de olhos puxados se espantou ao nos ver passando na frente deles enqto comiam numa bela mesa num buffet. "Catso, to na Joatinga ou na Liberdade?", pensei. Ai um rapaz nos interpelou dizendo q não podíamos passar por ali pois era propriedade particular, mas gentilmente nos conduziu até atrás da casa, onde a picada continuava.

Pois bem, dali a picada continuava tanto p/ praias seguintes como ia pro alto do Morro do Pão-de-Acucar (ou Pico do Mamanguá), q já cobicavamos em subir bem antes de chegar naquela praia. O pico é o sentinela do Mamanguá, um dedo rochoso imponente à beira mar apontando p/ ceu azul q estavamos resolutos p/ encarar! Após um breve descanso, claro! Pois bem, não deu nem um pouco pela trilha q surge a bifurcacao pro pico, à direita, onde uma galera recém voltava. "Ah, demoramos quase 2hrs p/ subir!", tivemos como resposta ao perguntar o tempo necessário p/ subida. Logicamente q nós não demoraríamos nem metade disso, ainda + se escondessemos nossas cargueiras no mato de modo a subir c/ + agilidade. E foi o q fizemos. Partimos as 13:30hrs dos 70m (pelo altímetro do Ângelo) do inicio da trilha, subindo bem forte, aos ziguezagues, em meio à mata! Nalguns trechos + verticais havia ate uma corda disponível p/ ajudar a vencer a piramba. Apesar da sombra, o calor abafado daquele horario é quase palpável e o suor não tarda a escorrer em bicas e ensopar nossas camisas. Enqto o tempo passa, reparamos q o caminho contorna o pico pela direita, em direção a um colo de serra. A partir dali se lança à parte de trás do pico, onde outro selado o liga ao imponente dedo rochoso chamado de Morro do Cajaiba (pela carta). No entanto, não é p/ la q vamos e sim pela trilha, q agora dá lugar a uma sucessão de lajes e aderências íngremes q, as 14:15, nos levam ao alto dos 445m do topo do pico. Lá, uma vista panorâmica nos brinda c/ a beleza magistral e privilegiada dos 9km de td extensao deste braço de mar esmeralda q é o Saco do Mamanguá, desde a Pta da Foice - c/ tds as bordas forradas de pura Mata Atlantica deste fiorde tropical - ate a Ilha do Algodão! Uma subida q realmente vale o esforço! Em tempo: Mamanguá vem de mamã-guabá (em tupi, "comida da reunião"), pois nessa região piscosa, de comida abundante, que os índios tupinambás, antigos moradores da região, se reuniam para pescar e fazer suas refeições. Após mta contemplação e descanso tomamos o rumo de volta, ate pq a rocha na qual estávamos parecia uma frigideira de tao quente e o sol insistia em fritar nossos miolos! O retorno foi tranqüilo e, claro, bem + rápido q a subida. As 15hrs já estávamos de volta à nossas mochilas, onde demos um tempo p/ recuperar fôlego e fazer um lanchinho antes de prosseguir pernada.

Novamente na trilha, a mesma continua costeando a orla em seguidos sobe-desces íngremes forrados de mata ao redor. Em determinado trecho tomamos alguma bifurcacao errada pois a picada continha mato alto, alem de adentrar pequenos vales onde as pontes estavam totalmente inutilizáveis, sendo necessário contorna-las ou escalaminhar seus respectivos barrancos, p/ depois prosseguir pela trilha. Apesar de relativamente confusa, a trilha acabou se juntando à picada oficial, isto é, a + utilizada. Não tardou a aparecerem + cercas e alambrados q bastou contorna-los e assim, as 16:40, alcançamos os quintais do punhado de casas de pescadores q compõe a Pta da Romana.

Mas ainda faltava uma ultima enseada, q so foi vencida bordejando um morrao enorme totalmente no aberto, em meio a matacoes de samambaias. Estávamos cansados, é verdade, e não víamos a hora de surgir um poção ou cachu p/ finalizar aquele dia exaustivo! Caímos entao, as 17:20, nos fundos de um enorme casarão já nos domínios da Praia do Engenho (ou Praia de Caieiras). Contornando o quintal gramado e aparado desta mesma casa - onde vimos a única cobra da trip! - caímos no q pareceu um convidativo rio repleto de poços, aos pés de uma gde cachu. Foi ali onde nos refrescamos e tivemos nosso merecido banho diário, à excecao do Eric (outra vez).

Subindo a picada ate o alto da cachu, atravessamos uma pequena represinha ate dar no inicio da trilha q sobe forte em direcao à Praia Gde de Cajaiba. Foi perto daqui q arrumamos um local razoavelmente plano, no meio da trilha, o suficiente p/ acomodar 3 barracas bem apertadas, as 18:15. Mesmo c/ o sol indo embora rapidamente, nosso local de acampamento continuava mto quente por ser "carpido" e exposto d+. Dureza foi permanecer dentro da barraca e preparar a janta nessas condições, p/ fugir tb das nuvens de pernilongos q atacavam s/ piedade do lado de fora! Bem, mas felizmente cai uma breve pancada de chuva q refresca o ambiente pelo resto da noite, nos presenteando c/ uma relativa noite de sono e um firmamento coalhado de estrelas.

 

 

 

DA PRAIA GRANDE ATÉ O CAIRUÇU

A manha sgte levantamos bem dispostos as 5:30. E enqto o sol derrama timidamente seus primeiros raios pela mata num dia nublado, tomamos nosso desjejum e arrumamos nossas coisas, cientes q nossas mochilas estariam + pesadas devido as barracas úmidas. Zarpamos entao as 7hrs, subindo pela trilha numa piramba íngreme inicialmente no aberto, em meio a arbustos, p/ depois mergulharmos de vez na floresta fechada. Antes disso, uma rápida olhada por sobre o ombro nos permite apreciar ocasionais barcos pesqueiros singrando o mar abaixo. Não tarda a nossos rostos já estarem suando em bicas dada a declividade acentuada deste trecho, mas por sorte a trilha é nítida e obvia. Entretanto, da picada principal logo sai uma ramificação pela esquerda q tomamos equivocadamente. Esta, sempre subindo forte, nos levou a um colo de serra ate dar num casebre de adobe aparentemente abandonado, na cota dos 265m.

Voltamos entao à bifurcacao apenas p/ notar q uma placa ("Cajaiba à direita") indicando o sentido correto estava escondida. Pois bem, tomando a picada correta atravessamos um pequeno córrego ate dar noutra bifurcacao, na qual intuitivamente vamos pela direita. Após outro riachinho, outra vez começamos a subir bem forte em curtos ziguezagues, p/ perceber ter dominado a crista a esquerda, bordejando a encosta à direita e ainda subindo. Mas as 8:40 a trilha arrefece ate nivelar, sinal q já estamos no alto dos 420m do alto da serra, onde eventuais brechas na vegetação descortinam a beleza das praias sgtes. Dali a trilha desce forte em definitivo, em meio a muita vegetação q teima invadir a trilha, principalmente um tipo de afiado capim navalha q vai ralando gradativamente nossas pernas e mãos! Saimos dali parecendo q tínhamos brigado c/ uma onça! Assim, perdemos rapidamente altitude em curtos ziguezagues encosta abaixo, bordejando voçorocas enormes de bambuzais q forram o chão c/ suas folhagens secas altamente escorregadias.

As 9:30 desembocamos na areia fofa de Praia Grande, onde descansamos um pouco e conversamos c/ uma simpática carioca q la estava acampada, a Carolina. Atravessamos entao a enorme praia pela areia, q praticamente estaria deserta não fosse meia dúzia de jovens surfando. O dia q amanhecera nublado agora estava c/ um sol rijo sob nossas cabeças, e o calor estava terrível! No final da praia tomamos uma picada nitida q contorna o costao (chamado de Pta da Espia) no frescor da mata por um tempo, e logo descemos à pequena Praia de Itaoca, as 10:40. Esta, por sua vez, é uma pequenina e simpática praia quase deserta, já q tem poucas casas, inclusive uma capelinha, alem de uma bela ilha c/ o mesmo nome bem em frente.

A continuidade da trilha está um pouco antes do final da praia, e logo nos leva outra vez bordejando encostas expostas pela orla. No caminho cruzamos a canaleta rochosa de um riachinho, onde um bambu oferece uma bica p/ molhar nossa goela, mas q nos fazemos de ducha refrescante p/ calor forte daquele horario! Seguindo em frente terminamos descendo à pequena Calhaus, as 11:20, já bem mais povoada, com muitas casas, apetrechos c/ barquinhos de pesca, e ate um boteco. Lá o Eric manda ver dois côcos por um preço + salgado q a água do mar.

Subindo o morro sgte em meio às casas, tomamos a picada por terreno bem aberto e exposto, ate descer à próxima praia, Ipanema, as 11:20. Antes, porem, cruzamos um riachinho c/ um poço onde a farofa rolava solta c/ uma galera, onde a única beleza mesmo era a luz vazando entre o arvoredo e refletindo na agua. A praia, por sua vez, é gde, simpatica e aprazível. No entanto, pelo fato de ser feriado estava ate bem movimentada, e por isso passamos batido. Após cruzar sua comprida faixa de areia quente, a trilha entao sobe e desce sucessivamente, costeando os dois morros sgtes s/ sombra alguma, apenas p/ castigarnos c/ sol rijo e calor implacável! Cruzamos um riachinho seco e, na ultima subida, ao olhar p/ trás observamos um pequeno e pitoresco cemitério local, q geralmente passa desapercebido aos andarilhos.

Caímos finalmente na muvuca de Pouso de Cajaiba, ao meio-dia! Fomos direto encostar o esqueleto na única padaria-armazem dali, no final da praia, onde eu e o Ângelo tomamos breja e refri, respectivamente, alem de beliscar alguma coisa. O Eric abasteceu seu estoque de miojos, já q ele come Nissen no café, lanche e janta(?!). Assim, de forma descompromissada, ficamos lagarteando um bom tempo ali, vendo o vai-vem da turistada em geral, q a essa altura tava indo embora em qtdades industriais nos barcos e lanchas ancorados no mar.

Mas o sol foi embora e uma massa cinzenta começou a se formar no céu, nos obrigando a colocar pé-na-trilha o + rápido possível. A trilha sai por trás da ultima vendinha no final da praia e sobe vigorosamente alternando descampados de capinzal e mata fechada. Na bifurcacao q surge tomamos intuitivamente à esquerda, como q indo de encontro aos enormes e imponentes blocos rochosos q compõem o alto da serra e tb servem de mirante. Apesar de nublado, o calor ensopa nossas camisas rapidamente, mas uma vez no alto dos 270m da serra (um selado de ligação), nos damos o luxo de parar p/ desfrutar tanto da brisa q sopra em nosso rosto como tb apreciar a paisagem de td trajeto percorrido desde a praia.

Daqui a picada desce suavemente pro outro lado da montanha, em meio a encostas densamente florestadas. No caminho, uma trilha sai pela esquerda em direção à Praia da Sumaca (e ao farol), q o Eric resolveu conhecer sozinho. So não sabíamos se depois o encontraríamos pois não nos ocorreu combinar isso. Eu e o Ângelo declinamos desse passeio pq estávamos cientes q nosso cronograma tava atrasado, e deveríamos alcancar a Praia do Cairuçu ate o final do dia, no minimo. Pois bem, o caminho subitamente emerge da mata atravessando matacoes de samambaias, de onde já se tem uma visao privilegiada de Martim de Sá.

Dessa forma, em longos e suaves ziguezagues, irrompemos dentro da cerca (!?) q delimita o camping do Seu Maneco, em Martim de Sá, as 14:30. Muita coisa mudou desde a ultima vez q estive aqui: não havia cerca nem td a infra q agora a praia dispõe, inclusive restaurante. Havia ate uma placa ameaçando quem se atrevesse a comprar bebidas fora dali!? Noutras, Seu Maneco, apelido tradicional de Manuel dos Remédios, tinha virado pop! Francamente, não gostei nem um pouco do q vi, s/ falar q estava super lotado pela muvuca jovem de ripongas, bicho-grilos, neo-hippies, surfistinhas e gringos! Uma trilha passa por um rio e alcança a praia, q a partir daqui estão voltadas p/ mar aberto, c/ ondas fortes e correnteza! Entretanto, eu e o Ângelo nos limitamos a descansar brevemente no camping, alem de beliscar algo e obter algumas infos sobre as condições da trilha a seguir. Não vimos nem sinal do "Guardião do Paraiso" dali, o tal Seu Maneco.

Mas bastou sentir uma fumaça de odor peculiar rolando solta junto duma galera - num estado de consciência duvidoso - q retomamos nossa jornada, as 15hrs. Nos despedimos de Martim de Sá beirando a sombra fresca de um bosque de encosta ate q a trilha desemboca num belo riacho, repleto de poços bem convidativos, nos quais um enorme tronco tombado serve como um improvisada ponte natural à outra margem, onde a trilha continua. Claro q aqui nos permitimos + um breve pit-stop p/ tchibum, afinal, estávamos c/ relativo tempo de sobra.

Voltamos à trilha uns 10min depois, ainda dentro da mata, qdo começamos a subir ladeando + um enorme morrao. Do outro lado, ignoramos uma bifurcacao q sai bem nítida pela esquerda, q nada + é a picada q vai por dentro do Saco das Enxovas. No entanto, continuamos pela outra, mais curta, q vai por cima da mencionada praia, s/ descer à mesma. Pra isto continuamos em suaves sobe-desces, costeando um enorme morro pela direita. Este trajeto é feito num caminho atraves de uma floresta bem escura, já q o topo das arvores impedia qq infiltração de luz natural, q por sua vez já era mínima devido ao tempo nublado.

Não demora a cairmos outra vez na trilha principal, agora c/ a mesma se abrindo numa razoavel encosta de sapé, c/ vistas p/ sudoeste. Mais adiante outra trilha desce evidente ate Enchovas, onde o telhado de algumas casas pode ser avistado assim como é tb audível o bramido do mar ecoando lá embaixo. Nesta pequena enseada não há areia e as águas batem forte diretamente nas pedras. Não é a toa q a Joatinga é tb conehcida como "Cabo Horn tupiniquim", pelas condições adversas de suas águas.

As 16:45 a picada envereda outra vez em meio à mata, cruza um riachinho (onde enchemos os cantis) p/ emergir noutra encosta de sapé, logo adiante, s/ perder altitude. Aqui é um bom lugar p/ parar brevemente e apreciar os largos horizontes q se descortinam, q vao desde a Pta da Joatinga ate Martim de Sá! Mas aos poucos percebemos q o caminho comeca a descer suavemente, aproximando-se do proximo costao, onde na certa cairemos na estreita faixa de areia e algumas casas q é Cairuçu. Como não era nossa intenção pernoitar lá, retrocedemos alguns metros buscando algum lugar plano na trilha p/ acampar, mas por sorte encontramos outra trilhona q nos passara desapercebida. Esta, por sua vez, nos levou num terreno marcado por uma casa bem simples, no alto da encosta. Aparentemente abandonada, não pensamos 2x em montar ali mesmo nosso pernoite.

Foi ai q apareceu o dono da casa, Seu Franzinildo, q mostrou-se ser uma das pessoas + generosas e simpáticas da trip, permitindo de bom grado q ficássemos ali. Bom de prosa, era representante legitimo da comunidade caiçara q habita a Joatinga: vivia ali sozinho desde q se conhecia por gente, e até uma de suas irmãs era a esposa do folclorico Seu Maneco; cultivava uma precária roça de subsistência e eventualmente pescava, como tb fazia algum artesanato q ia vender no Sono, onde ia 2x ao mês fazer compras; seu prato preferido era feijão c/ arroz e (pasmem!) miojo; e acalentava a ideia de construir um camping em seu terreno. Lamentava desde o sumiço dos animais devido aos caçadores, a lenta perda das tradições caiçaras, já q quase tds dali eram agora evangélicos, assim como da falta de união entre a própria população local, embora boa parte deles se conhecesse ou tivesse algum grau de parentesco.

O papo tava bom, mas bastou começarem a espocar flashes assim q escureceu p/ previsões de tempestade de Seu Franzinildo se mostrarem acertadas. Por sorte já estávamos bem encasulados qdo um aguaceiro resolveu cair c/ forca total! Por sorte tb estávamos num terreno bem protegido pelo arvoredo, q barrou boa parte da chuva e do vento q soprava com forca vindo do mar! Eu conversava c/ o Ângelo de dentro da barraca enqto preparávamos nossa janta, e nos perguntávamos em q buraco provavelmente o Eric deveria estar naquele momento. Na sequencia, caímos no sono dos justos p/ ter uma noite dormida por inteiro.

 

 

 

DA PONTA NEGRA ATE LARANJEIRAS

Despertamos assim q o sol toca nas barracas e os ruídos da mata se fazem presentes sob a forma de ruidosas maritacas. A chuva da noite anterior havia limpado completamente o ceu, q agora estava desprovido de nuvens, exibindo um azul intenso. Enqto tomamos um café s/ pressa e arrumamos as coisas, eu e o Ângelo separamos nosso excedente de mantimentos (incluindo pacotes de miojo!) p/ deixa-los c/ Seu Franzinildo, q certamente faria uso melhor dos mesmos. Era o mínimo q poderíamos fazer pela sua simples e humilde hospitalidade.

Zarpamos as 7:30 tomando uma picada perpendicular (dica do Seu Franzinildo) à principal q evitaria q descessemos ao Cairuçu s/ necessidade, já q este não passava de um minúsculo retalho de areia desenhado no fundo abrupto de um costao. Assim, após um breve sobe-desce num ombro de serra bem florestado, desembocamos na trilha principal, já quase aos pés da enorme montanha q teríamos q vencer naquele dia. A picada entao desce um pouco e serpenteia enormes blocos rochosos, nos quais nos esprememos derivando p/ direita, onde a trilha continua. Agora sim começamos a subir forte em definitivo, atraves de sucessivas cristas estreitas na quais podemos ouvir o sussurro de um riacho nalgum canto à direita e, mais adiante, outro à esquerda. Nosso avanço é lento e, embora estejamos na sombra, nosso suor escorre em bicas a medida q ganhamos altitude atraves dos degraus de raízes disponiveis. Na cota dos 460m, após um pequeno córrego q molha nossa goela, surge uma enorme pedra q cobre uma área plana ideal p/ bivaque, chamada de Toca da Onça (ou Berta da Figueira). Finalmente, as 9:20, após vencer um estreito corredor, alcancamos o topo, marcado por uma pequena clareira e uma janela na mata, q permite vislumbrar parte da Praia de Pta Negra, 560m lá embaixo.

Na descida, igualmente íngreme, nos agarramos nas arvores à mão ate perdermos altitude num piscar de olhos, sempre bordejando a encosta p/ direita. Logo depois a trilha suaviza (pero no mucho) ate toparmos c/ a discreta picada q vai ao Pico do Cairuçu, saindo pela direita encosta acima em meio a mata. Infelizmente havíamos subestimado os percalços do 1º dia, atrasando nosso cronograma q tb incluía a subida ao Cairuçu. Mas so ali descobrimos q o pico demandava uma logística exclusivamente p/ ele, alem de 2 dias extras, tempo q não dispúnhamos. Mais um motivo p/ la retornar, já agendando nossa próxima missao na Joatinga.

Pois bem, a medida q vamos descendo, agora ao longo de uma crista delgada, a vegetação se abre e logo nos vemos atravessando capinzais e roças sob o mormaço de um sol q novamente se ocultou entre as nuvens. O borbulhar de água e emaranhados de mangueiras no chao anunciam um riacho proximo. Dito e feito, não demora a cruzarmos as lajes de um belo riacho, q despenca em pequenas corredeiras, onde paramos p/ um breve banho. Continuando a trilha, acabamos dando nos quintais de algumas casas q marcam a chegada à vila de pescadores q é Ponta Negra, as 10:45. A partir daqui os caminhos podem confundir, mas basta perguntar aqui e ali q te indicam a direção certa p/ seguir ate o Sono.

A trilha envereda entao a encosta de um morro à direita da praia, q vencemos no aberto s/ dificuldades. Olhando p/ trás podemos contemplar melhor as águas verdes e translucidas de Pta Negra, onde alguns poucos barcos balançam ao compasso de fortes arrebentações. A picada entao desce ate a praia de pedras conhecida como Galhetas, onde ao invés de seguir pulando de pedra em pedra, tomamos uma trilha logo atrás da única casa q tem. A dita cuja atravessa em meio a muito mato ate desembocar no Rio das Galhetas, porem bem + acima q o trajeto comumente feito pelos andarilhos, q é rente ao litoral. Onde estávamos era dominado por um enorme e convidativo poção e uma enorme cachu, logo atras! Pausa novamente p/ um tchibum + demorado,claro, e ate p/ um breve cochilo numa enorme laje deste q vos escreve.

Voltamos à pernada quase 20min depois, subindo forte (quase 80m) outra encosta em meio a mata, contornando a ponta sgte. Algumas brechas na vegetação permitem um belo visu das próximas praias, Antiguinhos e Antigos. Mas o q me chama a atenção não são as ruidosas arrebentações nos costoes e sim o odor agridoce q paira no ar, resultado do gde numero de jacas estateladas no chão! Descendo a picada, saimos brevemente dela acompanhando um riachinho q nos leva à pequenina e singela Antiguinhos, onde apenas meia dúzia de jovens se tostava ao sol.

Novamente na picada principal, não demora muito p/ pisarmos as areias fofas e claras da Praia de Antigos, um pouco maior q sua versão mini anterior. Trôpegamente - já q um sol impiedoso outra vez martelava s/ dó nossas cabeças - atravessamos a bela faixa de areia ate a continuidade da trilha. Subimos entao mais um enorme morro afim de costear mais uma ponta e ter uma das + belas vistas da trip e q vale uma pausa demorada p/ contemplacao: a bela Enseada do Sono, de águas azuis, onde uma extensa faixa de areia dourada a divide o mar da verdejante mata q recobre o resto da serra!

A descida destes quase 80m é feita com lentidão e cautela, pois o chão é íngreme e traiçoeiro! Na sequencia, a foz do pequeno Rio do Sono é vencida c/ água ate a cintura e assim, as 13hrs, pisamos na Praia do Sono sob sol forte! Andamos pela areia s/ pressa, apreciando os detalhes desta q é a maior praia da travessia. Chegando na metade, estacionamos num dos vários barzinhos e mandamos ver um suculento PF de peixe, regado a doses generosas de breja (eu) e refri. E la ficamos à toa, descansando e vendo as arriscadas manobras das lanchas em sair dali (c/ tripulantes) num mar de ressaca, torcendo p/ algum barco virar e virar noticia pelo dia. Foi ai q, as 15hrs, vimos o Eric chegando e chamamos p/ se juntar a nos; depois nos contou de sua incursão solo na Praia da Sumaca, onde ele nem sequer pisou pq "de cima do morro já dava p/ vê-la e ai acampei", comentou, alem de se queixar do chao quente. Tambem, isso q da fazer a travessia td descalco..

Meia hora após retomamos este último trecho da trip, digamos, bem indispostos devido ainda à digestão do farto almoço e cansaço acumulados. Noutras, s/ pressa alguma. Andamos pela areia ate bem antes do final da praia, p/ dali reencontrar a trilha atrás de algumas casas, + precisamente atrás do ultimo bar. A picada sobe forte pelas pedras, valendo-se de escadas e ate de um trecho cimentado, e penetra pela mata em definitivo. Antes disso, uma ultima olhada p/ trás em direção ao mar, já q é nossa despedida da costa. A passo de tartaruga-manca, q arranca nossas ultimas gotas de suor, alcançamos a altura máxima da montanha (110m), e imediatamente a picada comeca a descer. Desembocamos, enfim, perto de um pto de bus, já no extremo da Vila do Oratório, as 17hrs. Perguntando aqui e ali, conseguimos retornar ao estacionamento do corpulento Fabrizio, q nos recebeu eufórico comemorando a vitória de sua escola de samba, a Salgueiro. E após uma merecida chuveirada, tomamos o asfalto de volta p/ Sampa, as 18hrs. Pegamos transito, alguma chuva e outros percalços típicos de volta de feriadão, mas conseguimos chegar sãos e salvos à Terra da Garoa, por volta da 23hrs.

 

 

 

E assim transcorreu nossa epopéia perrengueira pela Ponta da Joatinga, num roteiro diferenciado de uma das + tradicionais travessias de litoral do país, tb conhecida como Parati-Trindade. Apesar de próxima dos gdes centros urbanos, muitas das paisagens desta pequena península - que lembra um pouco o formato de uma bota - ainda permanecem desconhecidos ao turista convencional. A dificuldade de acesso, o terreno íngreme e montanhoso, a ausência de eletricidade, de estradas e ate mesmo de trilhas razoáveis tem sido ate agora o melhor aliado deste paraíso de praias desertas, rios cristalinos e ate de sua humilde e simples comunidade caiçara. E é neste refugio de águas calmas e natureza exuberantemente verde, protegida por 2 Unidades de Conservação que se sobrepõem (a APA do Cairuçu e a Res. Ecol. da Joatinga) que sempre haverá algo novo a se descobrir. E q, claro, merece ser explorado da forma + natural possível. Sem o barulho e a fumaça de um transporte a motor e, sobretudo, s/ pressa. Resumindo: no sossego e tranqüilidade de uma simples pernada.

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  • 3 semanas depois...
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Fenomenal!

Estou sempre lendo seus posts, já me declarei fã dos seus escritos e do augusto, lembra?

Não sei onde eu li um comentário sobre uma de suas trips que dizia ser você um bandeirante do mundo moderno. Concordo plenamente com essa observação. O que é melhor de se ver nos seus textos é o domínio do que está fazendo, parece que tudo está na dose certa, coragem, informação, conhecimento.

Quando entrei em contato contigo a primeira vez, me convidei para uma aventura que ocorresse aqui pelo Rio de Janeiro, não farei isso denovo, pois meu material para este fim está sucateado. Porém espero um dia ter a oportunidade de fazer uma trip contigo e aprender, principalmente navegação por carta dentro da mata, que eu acho dificílimo. Espero que você não encare este auto convite como uma obrigação, pois não o é, mas sim como uma alternativa em uma trip mais rústica em que lhe faltar companhia e esta lhe seja indispensável.

Abraço do carioca

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  • 8 meses depois...
  • 1 ano depois...

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