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  1. CABRUM! Acordei com o forte estrondo. A mata estava em silêncio. A seqüência de trovões não dava margem para dúvida: a previsão errara, e por ali passava mais um temporal, o que já se tornara lugar comum no Rio Grande do Sul. Abri a porta da barraca e espiei. O céu do Uruguai, logo à frente, ardia numa tempestade elétrica, transformando, por momentos, noite em dia. Fechei a barraca e me recostei no travesseiro inflável, ao mesmo tempo em que fechava os olhos, antevendo o tamborilar da chuva no nylon espichado. Seria uma ótima noite. O dia começara cedo. Antes das 7 da manhã eu saltei da cama, em Quaraí, fronteira do RS com o Uruguai, e tomei um mate com o Tio. Café tomado, saímos para buscar a autorização para minha pernada no Serro Jarau, marco histórico, folclórico e natural da fronteira Oeste. A primeira visita foi a um cidadão que eventualmente leva grupos para lá, para passeios de algumas horas. Nada feito. Ele não é proprietário, e nos adiantou que o dono da terra não tinha boas recordações de terceiros nas terras, pois a freqüência de caçadores e baderneiros era constante, e que ele moralizara a coisa na base do “não pise aqui”. Na fronteira isso não se faz colocando placas, mas de maneiras beeem convincentes. A segunda visita foi na empresa do cidadão que é dono das terras. Não estava. Segundo o funcionário, estava no Jarau, onde celular não pega. Partimos então para a casa da filha. Lá falamos com o genro, que falou brevemente com o proprietário numa péssima ligação por celular. Explicou-me o caminho e disse: conversa com ele lá, talvez ele permita a caminhada com pernoite. Meia hora depois eu parava o carro junto a um espinilho, de frente para uma porteira, e avistei a pouco mais de um quilômetro um trator parado. Apertei o olho e vi gente na volta dele. Rapidamente alcancei o casal que estava às voltas com o trator enguiçado, e a recepção não foi exatamente calorosa: - O senhor está perdido? – disse o homem, com uma voz que trazia um tom de “se não te conheço, tu não deverias estar aqui”. Identifico-me e falo sobre minhas referências na cidade e a coisa muda. “Se és amigo do fulano, é meu amigo. Estejas em casa”. Assumo a bronca com o trator (facilmente identificada e solucionada) e em cinco minutos resolvo o problema. Por sorte era fácil até para mim! Busquei o carro enquanto o dono da área encilhava um cavalo para me mostrar a furna do Jarau, e iniciei minha caminhada passando das 10 da manhã, com o sol ardendo e tendo uma bela visão do “problema” pela frente. Nos 15 minutos que me acompanhou, falou dos problemas com lixo e baderneiros que caçavam indiscriminadamente pela região, do trabalho que faz, das visitas, e deixou claro: eu seria o primeiro “estranho” a ter permissão para acampar. Desejou-me boa sorte e voltou para casa. Venci a primeira coxilha e alcancei a primeira encosta. Perdi um bom tempo tentando achar a tal furna, até que desisti. Subi até o topo e comecei a caminhada para o oeste, pela crista do Cerro. Vislumbrava ao longe a última elevação do Jarau, separada por uma crista menor, à esquerda, em curva. Fui até o final da primeira elevação apenas pela crista, descendo ao seu fim e rumando para o selado de ligação, onde fiz a primeira parada para o lanche, por volta das 12 horas, com o sol castigando. E tome protetor solar! Cruzei o selado ora por um lado, ora por outro, às vezes pela crista, que em muitos pontos se mostrou instransponível (para alguém que está com uma cargueira), até cruzar com uma cerca, ao seu fim. Um trecho de campo e lá estava o último morrote que compõe o Jarau. Neste lugar, tive um encontro com “La Teiniaguá”. Subi até seu ponto mais alto e o que eu via além Arroio Garupá era o a República Oriental do Uruguai. Estava no extremo oeste da jornada. Agora, o rumo era leste, voltando até o cerro terminar junto à rodovia. Retomei a caminhada, buscando água nas nascentes. O calor cobrava seu preço, sendo que até as 14 horas eu já consumira mais de dois litros. Pouco antes das 15 horas, cruzei por uma sanguinha mais volumosa, e ali tive uns minutos no melhor estilo Sérgio Beck: Sem mochila, sem botas, pés n’água. Sem pressa, só curtindo. Retomei a caminhada, entre emas assustadas e curiosas lagartixas, num piso que não deixava esquecer a última trip, em setembro, sobre trilhos de trem. Como o Jarau tem origem na queda de um meteoro, a cerca de 117 milhões de anos (ver abaixo), há muitos cacos de pedra, que combinadas com o terreno acidentado, fazem a caminhada ser um tanto quanto cuidadosa, pois há reais chances de torções. Ao contornar o que foi o primeiro morro do dia, achei a furna, bem menor que reza a história contada por Simões Lopes Neto, mas igualmente aprazível no calorão daquela tarde. Subi mais um morrote, à frente, cruzei por sua crista e no meio de sua descida tirei uma soneca numa providencial sombra. Na base, achei por bem acampar e continuar a caminhada no outro dia. Seria mais longa, mas não tão acidentada, e teria a vantagem de iniciar bem cedo, deixando ali mesmo a mochila e indo “de ataque”, indo e retornando, pois o ponto onde estava era próximo da sede da fazenda, onde estava meu carro. Fiz minha janta, falei ao celular (sinal cheio, vai entender!) com minha mãe, contando o que via de dentro da barraca ainda sem o sobre teto. Papinho com a namorada, que ficara preparando uma apresentação de trabalho. Sobre teto colocado para esconder as botas dos safados graxains, cochilei até ser acordado com os trovões. Olhei o tempo, deitei e saboreei a idéia de dormir com chuva. Recostei a cabeça no travesseiro e fechei os olhos, sorrindo. Em dois minutos eu estava de lanterna na cabeça, botas calçadas, socando a barraca na mochila e correndo entre trovões para a fazenda, que eu não via, mas sabia a direção. A decisão era óbvia: ou saia da fazenda agora, cruzando por dentro de duas sangas, cujas pontes haviam sido destruídas nas últimas chuvas, ou no dia seguinte meu carro não conseguiria cruzar estes córregos. Cheguei à sede da fazenda já com algum chuvisco. Tive de importunar os donos, já recolhidos, e os avisei da minha prematura saída. O proprietário lamentou, mas concordou que era o mais sensato, pois a chuva realmente cavaria a arenosa terra e meu carro não teria condições de passar pelas sangas. Frustrado, cruzei os dois a tempo, sem percalços (num deles eu já “trabalhara” o barranco na chegada, imaginem se chovesse!) e ganhei a estrada até Quaraí, onde o Tio me recebeu dizendo “que bom que te deste conta da chuva vindo, ou ficaria retido na fazenda”. Um banho, umas cervejas com histórias sobre as lendas com os amigos e cama, com a promessa de breve retorno, agora mais familiarizado com o local. Abaixo, o trajeto. TECH INFO O Jarau é uma serra, e não um cerro. Uma seqüência de elevações de cerca de 100~120 metros, partindo da quota da cidade (cerca de 140 metros acima do nível do mar). Fica a cerca de 30 km da sede da cidade de Quaraí, para quem segue em direção a Uruguaiana ou Alegrete. Formado pela queda de um meteoro a cerca de 117 milhões de anos, tem um relevo fortemente acidentada e pedregosa na porção ocidental, contrastando com elevações mais volumosas e suaves na oriental, onde se destacam alguns paredões aflorando do morro. Durante a Revolução Farroupilha, teve importância logística, embora não se tenha relatos de embates à sua volta, tal qual houve no “vizinho” Caverá, em Alegrete, onde Honório Lemes combateu fortemente na Revolução de 1923, tendo ganhado a alcunha de “Leão do Caverá”. Contudo, a fama do Jarau decorre também do seu então proprietário, Bento Manoel Ribeiro, figura controvertida, que segundo a história, ora fazia frente ao Império, perfilando-se ao lado das forças revolucionárias de Bento Gonçalves, ora se juntava àqueles. Na ficção de Simões Lopes Neto, o General Bento Manoel teria vendido sua alma à Teiniaguá, uma princesa moura fugida da Espanha quando da queda dos redutos árabes. Veio ao Sul em forma de velha, onde foi transformada em uma lagartixa pelo Diabo de uma tribo local. Para quem deseja caminhar e conhecer o local, quem organiza as excursões é um funcionário da rádio de Quaraí, do qual não lembro o nome. Solicitem na empresa (55 3423 1065). Não tentem entrar sem autorização ou acompanhamento. Como a área é cercada de banhados, a presença de caçadores é constante, e sua recepção não é nada calorosa pelos proprietários. Ou então calorosa demais (se é que me entendem). Então, se não quer levar tiro, procure o pessoal da cidade que organiza as visitas. Materiais em destaque: Botas Asolo Power Matic 300 GV. Apesar dos comentários de que há risco de desgaste prematuro da sola, são pau pra toda obra. Agarram bem, são rígidas, o que acaba cansando num primeiro momento, mas depois acostuma. Ótima proteção dos tornozelos e pés. Meias Lorpen Polycolon (interna) e Trekking Extremo Coolmax (externa). Esperava mais maciez da primeira, embora em seu primeiro uso. Mantém os pés secos de verdade. Barraca Bivak 1, Trilhas e Rumos. É para um, nada mais. Nem seu medo cabe dentro, se tu é assustado. Bastão Quechua Forclaz 500 Light. O que quebrou no PP ou tinha defeito, ou dei azar dele pegar como não devia. Leve e robusto, foi primordial no piso desnivelado do Jarau. Estou usando umas ponteiras de borracha dura, que um amigo me presenteou, e elas poupam a ponta metálica. Fica a dica. Calças Big Wall (Centauro). Boas, resistentes e confortáveis. Não usei By ou Solo, mas me surpreenderam (e custam menos).
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