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  1. Face sul do Pico do Tabuleiro As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaDoPqEstDaSerraDoTabuleiroSCAbrMai13. O tracklog está aqui: Travessia do Pq Est da Serra do Tabuleiro - SC.gpx O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro foi criado em 1975 e é a maior unidade de conservação do estado de Santa Catarina. Apesar disso, ocupa apenas 1% do território do estado. Sua área de 841,3 km2 ocupa parte do território dos municípios de Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí e Paulo Lopes, ou seja, a diversidade de biomas é grande, indo desde os campos de altitude do interior até as restingas e manguezais do litoral e das ilhas. Quem caminha pelas trilhas do sul da Ilha de Santa Catarina sabe pelas placas (enquanto não acabarem de depredar todas) que está andando também pelo PE da Serra do Tabuleiro, que é administrado pela FATMA (Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina). Meu primeiro contato com esse parque foi através da revista Aventura & Ação, edição nº 132 (sem data, mas provavelmente de janeiro de 2006). Porém a linha editorial da revista não é de publicar roteiros detalhados e, sem as informações necessárias, a idéia ficou guardada por um bom tempo. Diga-se de passagem, na matéria o relato dessa travessia é extremamente superficial. Quando resolvi voltar a pesquisar sobre a travessia do parque, encontrei pouco material na internet, algumas fotos, mas achei os arquivos para gps de que precisaria, com vários pontos marcados. Já tinha assim o suficiente para me aventurar por mais essa região desconhecida para mim. Porém não contava em encontrar tanta dificuldade na segunda metade da travessia, com muitos trechos de mata alta e fechada que se deve atravessar sem trilha, varando mato mesmo, se enroscando e se arranhando todo. Somado a isso, próximo ao pico, mesmo a vegetação arbustiva é alta e compacta e dificulta cada passo dado, sendo impossível encontrar algum rastro de trilha, se é que existe algum. O melhor mesmo é fazer essa travessia em grupo e com pelo menos um facão para, num trabalho em equipe, localizar a possível trilha de aproximação do pico e reabri-la. Pico do Tabuleiro visto da rodovia BR-282, no posto Ipiranga do trevo de São Bonifácio DIA 0 - DE FLORIPA AO INÍCIO DA TRILHA Peguei o ônibus das 12h10 da empresa TCL na plataforma 5 do terminal da Praça 15 de Floripa com destino à pequena cidade de São Bonifácio. Durante a semana só há dois horários por dia dessa linha, o outro sendo às 17h50, bastante inconveniente para quem pretende fazer a travessia (a sugestão nesse caso seria dormir na Pousada das Hortênsias, a mais próxima do início da caminhada, mas não sei dizer o preço da diária). O atencioso motorista, ao saber que eu iria descer na estrada, perguntou para que local eu estava indo, e para minha tranquilidade ele conhecia tanto a entrada da Fazenda Weber quanto a do sítio do Gilson e Inês Hawerroth, os dois possíveis acessos à Serra do Tabuleiro pelo sul, sendo este último o meu destino. Depois de circular por todos os bairros possíveis e imagináveis das cidades do caminho, e até rodar por uma estrada de terra em plena mata, consegui saltar do ônibus azul às 14h55. Por sorte havia um ponto coberto na estrada pois o céu cinzento que havia se formado na última hora resolveu se transformar em chuva, o que me segurou por mais de uma hora ali abrigado. Esse ponto de ônibus fica 4km antes do centro de São Bonifácio e tem como referência uma placa marrom que indica os atrativos da localidade para onde eu me dirigia: Rio Moll, Recanto das Pedras e Travessia da Serra do Tabuleiro. Sim, por incrível que pareça, essa árdua caminhada (por conta da falta de trilha definida e dos muitos vara-matos, como disse) está escancarada ali numa placa de turismo à margem da rodovia, como se fosse um atrativo turístico igual aos outros. Enfim dei início à pernada às 16h04 atravessando a SC-431 e tomando a estrada de terra bem em frente. A altitude é de 436m e a paisagem é toda rural, com pastos, vacas para todo lado e uma concentração de umas dez casas que atravessei após cruzar a ponte de madeira sobre o Rio Capivari e tomar a esquerda na bifurcação. A estradinha acompanha o Capivari (à minha esquerda) durante algum tempo mas logo se distancia dele e das casas e vai encontrar o Rio Moll mais à frente, correndo à direita. Esse rio, afluente da margem esquerda do Capivari, será uma referência durante toda a primeira parte da travessia pois percorrerei seu vale florestado em direção à sua nascente até o momento certo de subir a Serra do Tabuleiro. Uma das 16 travessias do Rio Moll Às 17h10 alcancei o fim da estrada exatamente na frente da casa do Gilson, onde bati palma (altitude de 600m). Fui recebido por sua esposa, Inês, que me deu informações rápidas sobre o local e sobre o começo da trilha. "Não acampe perto do rio, ele é muito perigoso", recomendou fortemente ela, acrescentando que eu iria cruzar o Moll 13 ou 14 vezes, para minha surpresa (na verdade, foram 16 vezes). O começo da trilha é bem ali do lado esquerdo da casa, não tem erro. Pelo horário eu sabia que logo teria que encontrar um local para montar a barraca, mas assim mesmo quis adiantar algumas centenas de metros ainda nesse dia e não quis pedir para acampar no quintal deles. A trilha imediatamente entra na densa mata ciliar e começa a cruzar o rio a cada poucos minutos, pelas pedras. Não há grande dificuldade mas um bastão ou cajado ajuda bastante, então tratei logo de arranjar um pedaço de tronco como cajado. Às 18h06, quase sem luz natural no meio da mata, encontrei um espacinho plano e pouco úmido para pernoitar. Já havia cruzado o Moll 3 vezes. O céu no cair da noite continuava encoberto, com possibilidade de mais chuva, e a água que caía das árvores deixava tudo completamente molhado. Altitude de 666m. Nesse dia caminhei 5,5km. Primeira visão do Pico do Tabuleiro, ainda bem distante, à direita (o de topo mais chapado) 1º DIA - DO RIO MOLL AO MIRANTE DE FLORIPA A luz natural demorou um pouco para penetrar o vale e a mata, o que me tomou algum tempo para saber se a chuva do dia anterior iria atrapalhar o meu primeiro dia de travessia ou não. Felizmente um sol forte deu as caras e os ânimos se renovaram. Nessa expectativa, acabei saindo tarde, às 9h35. O Rio Moll, como disse, é uma referência constante pois a rotina da manhã toda foi cruzá-lo a cada 5 ou 10 minutos de trilha, mas sempre pulando pedras, sem necessidade de tirar as botas (uma boa bota impermeável vem bem a calhar nessas horas). Depois de atravessá-lo 12 vezes (contando desde o dia anterior) saio desse primeiro longo trecho de mata às 10h45 e encontro um pasto com vacas. A sequência agora passaria a ser essa: mais uma florestinha, outro pasto, cruza o rio, e assim por diante. No quarto pasto, depois de atravessar o Moll 16 vezes, é hora de ficar atento. A tendência natural da trilha (de bois) é atravessá-lo mais uma vez, e foi o que eu fiz. Porém encontrei logo à frente a trilha toda tomada por um rio largo e raso. Percebi que havia passado um pouquinho do ponto onde se inicia a subida da serra. Cruzei o Moll de volta e fui para a esquerda pelo pasto, na direção da floresta, tendo o rio bem à minha esquerda. A altitude é de 774m e nesse momento a direção geral da travessia, que vinha sendo basicamente norte, quebra para leste. Ali na borda da floresta, às 11h27, encontrei facilmente a trilha que a penetra e sobe bastante sob a sombra das árvores. Dois minutos depois de um colchete, abasteci os cantis no riachinho pois seria a minha última água fácil do dia. Subindo o Morro das Pedras A trilha sai no aberto às 11h59 e já é possível contemplar os morros e vales ao redor, embora ainda na modesta altitude de 865m. Na sequência, mais subida com samambaias e mais dois segmentos de mata até que se atinge o alto da serra, onde... vacas pastam! Quebra um pouco o clima de montanha, fazer o quê, mas é isso mesmo, grande parte dos caminhos dessa travessia são trilhas de boi que tomamos e abandonamos de acordo com a direção e conveniência. Logo descobri também que parte do terreno é formada por turfeiras, que são uma vegetação "esponjosa", rosada ou avermelhada, que acumula água e que é o terror de quem faz travessias na Serra Geral de SC e RS por significar solo encharcado e cansativo para caminhar. Mas aqui elas são bem menos frequentes, felizmente. No alto da serra, o pano de fundo para o tranquilo pastar bovino é uma cadeia montanhosa que surge a nordeste, com uma bela sequência de discretos picos que me traz uma boa novidade: a primeira visão do Pico do Tabuleiro, com seu característico topo chapado, ainda bem distante (cerca de 9km em linha reta), mas como um objetivo ao alcance do olhar. No topo do Morro das Pedras Continuando a subida seguindo sempre os caminhos bovinos mais marcados, atinjo às 14h30 um ponto bastante alto e aberto (1209m) onde há sinal da Vivo e Claro para poder dar um alô em casa depois de muitos dias sem contato. Aproveitei para um descanso e um lanche também. À minha frente (noroeste) já vejo o Rio Moll correndo dentro de um profundo vale. Desse ponto já avisto também bem próximo (nordeste) o Morro das Pedras, aonde chego às 16h25. O Morro das Pedras é uma crista formada de capim baixo, lajes e grandes blocos de pedra, a 1269m de altitude, com visão de 360º de serras distantes, e de onde se divisa a cidade de Florianópolis pela primeira vez na travessia, a nordeste. Ultrapassado o topo do Morro das Pedras a trilha desce suavemente contornando-o pela esquerda e em menos de 400m (após o topo) há uma bifurcação pouco perceptível no capim. O caminho natural da travessia vai para norte/nordeste (esquerda na bifurcação), mas a descida até o vale à direita (leste) é bastante interessante pois sobe a seguir a um cocuruto de pedras de onde se avista Floripa de camarote, além do enorme vale do Rio Vargem do Braço à direita. A vista desse mirante estava tão inspiradora que resolvi acampar por ali mesmo e ter a oportunidade de contemplar as luzes da capital catarinense durante a noite. Altitude de 1227m. Nesse dia caminhei 8,4km. Floripa vista do topo do Morro das Pedras 2º DIA - DO MIRANTE DE FLORIPA AO MINICÂNION O feriado de 1º de maio amanheceu completamente fechado no alto da serra, a neblina não deixava enxergar mais que 50 metros ao redor. Junto aquela garoa fina característica. Sem condição nenhuma de navegação visual e também sem pressa alguma de terminar a travessia (estava de férias), enrolei a manhã toda para ver se o tempo melhoraria com o sol mais forte. E deu certo. Aos poucos a neblina foi se dissipando. Com isso, acabei levantando acampamento somente às 13h40. Voltei pelo mesmo caminho até a bifurcação da tarde anterior e fui para a direita, descendo em direção a um riacho, uma das nascentes do Rio dos Porcos, onde parei para um lanche às 14h13. Retomando a caminhada às 14h42, acabo cruzando o mesmo córrego mais abaixo duas vezes e prossigo por um divisor de águas, com vales caindo para ambos os lados - nascentes do Rio Alto à direita e do Rio dos Porcos à esquerda. Subo um pouco e, contornando o morro à esquerda, desço a um vale e cruzo dois riachos, tributários de um outro córrego cujo vale se abre à minha direita (nordeste) e para onde os caminhos de boi me ajudam a seguir. Porém eles não me ajudam a descobrir o melhor ponto para atravessar duas faixas de mata sem trilha definida que aparecem a seguir. Daqui em diante, os trechos de mata tornam-se ruins de passar pois lá dentro há caminhos de boi para todos os lados, e ao mesmo tempo há taquarinhas que enroscam em todo o corpo, na mochila, nos aparelhos pendurados (câmera, gps). Mas o que eu passei até aqui foi só uma pequena amostra do que ainda estava por vir. O dia hoje não rendeu muito e logo depois da segunda matinha já era hora de montar acampamento, com a luz natural se esvaindo, às 18h. Altitude de 1018m. Uma curiosidade: as águas desse vale onde acampei, ao contrário de quase todas as outras dessa travessia, juntam-se para descer a serra tomando o rumo leste num rio sem nome na carta que desemboca bem abaixo no Rio Vargem do Braço, o grande vale que avistei à direita no mirante de Floripa. Quase todas os outros córregos com que tive contato formam rios que descem a serra na direção oeste. Essas nascentes são a preciosa fonte de água para a Grande Floripa e litoral sul do estado, daí a importância da preservação do lugar. Nesse dia caminhei 4,8km. Águas que vão para o vale do Rio Vargem do Braço 3º DIA - DO MINICÂNION AO COCURUTO VIZINHO AO PICO DO TABULEIRO De manhã, com mais luz, é que notei quão profundo era o vale ao lado do meu acampamento, quase um pequeno cânion. Como disse, esse córrego é um dos que despencam serra abaixo na direção leste e ajudam a engrossar o Rio Vargem do Braço. Comecei a caminhar às 8h40 e desci acompanhando o tal rio profundo até atravessá-lo facilmente pelas pedras depois de 17 minutos. Nessa descida, com o dia bem limpo (ao contrário de ontem), vou estudando o terreno à minha frente: uma muralha de morros bem altos com extensas faixas de floresta para complicar. Do ponto de vista que eu tinha tracei um caminho que me pareceu ser o mais desimpedido para a subida. No vale atravessei às 9h30 um bonito riacho com uma quedinha, abandonando com isso as trilhas de boi, que seguiam sem cruzar o riacho. Comecei a subir a encosta do alto morro sem trilha alguma, o que começou a me deixar ressabiado pois isso podia significar não estar num bom caminho. Porém, para minha surpresa, o gps confirmou esse trajeto. Pois bem, tanto eu quanto o gps estávamos errados pois aquele não era mesmo o melhor caminho. Devia ter seguido os bois e subido por uma outra encosta mais à esquerda (oeste). Aliás, essa é a proposta do tracklog do Hendrik Fendel (http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=3376898). Esse caminho que eu tracei visualmente, e o gps confirmou, sobe muito, vara uma mata curta porém cerrada (com um plástico azul sinalizando uma entrada menos ruim) e chega ao topo do morro para em seguida... descer boa parte do que subiu atravessando uma florestinha meio complicada. Como se pode ver, um caminho bem ruim. Vale de uma das nascentes do Ribeirão Vermelho De qualquer modo, por um caminho ou por outro, vamos atingir um riacho que é um dos formadores do Ribeirão Vermelho (aonde cheguei às 11h25), caminhar pouco mais de 200m bem junto a ele e abandoná-lo para subir a encosta da direita por trilhas de vaca ainda. Mas não sem antes encher todos os cantis pois seria a última água do dia. Essa nova subida amplia muito a visão do horizonte em todas as direções e às 12h35 já tenho à direita (leste) um profundo e belíssimo vale que se abre lá embaixo no Rio Vargem do Braço, com um povoado e a torre de uma igreja. Para trás, é possível visualizar grande parte do caminho percorrido, desde o Morro das Pedras, pelo menos. E subindo um pouco mais enfim surge à minha frente na cota dos 1222m o imponente e desafiador Pico do Tabuleiro, num ângulo em que o cocuruto que o acompanha fica à direita. Fiquei feliz por vê-lo finalmente, porém o que eu temia se concretizou: entre mim e ele um enorme e profundo vale recoberto de florestas. Qual caminho seguir? Muitas surpresas e perrengues estavam prestes a começar. Mas antes uma boa surpresa, uma nova vista de Floripa, ainda mais próxima e mais bonita. Porém duas centenas de metros depois a má notícia: os trilhos e caminhos de boi desaparecem completamente, o que de cara torna a caminhada menos óbvia. Passo então a descer às 13h50 a encosta de gramíneas sem trilha alguma e na lenta aproximação com o pico um caminho vai parecendo o menos ruim: à direita, uma continuação natural da crista, porém mais baixa, serve como um selado ligando a montanha que desço ao maciço do Pico do Tabuleiro, mais exatamente ao cocuruto vizinho ao pico. Porém esse selado também não deixa de ter suas faixas de mata e trechos mais íngremes, ou seja, não seria um caminho fácil. Selado cheio de mata fechada que tive que atravessar sem trilha Atinjo o ponto mais baixo do grande selado sem grande dificuldade (1059m), mas aí começam os fragmentos de mata. Como a chegada nessas matinhas se dá sem trilha alguma, perco algum tempo procurando uma entrada nelas que seja menos difícil e aponte para um possível caminho lá dentro com menos enrosco na vegetação cerrada, mas é praticamente em vão, não há mesmo um caminho, apenas vara-mato. Os quatro segmentos de mata do selado têm entre 40 e 200 metros de extensão cada um, mas fora deles também era difícil avançar pois a vegetação compacta de cerca de um metro de altura dificultava bastante cada passo. Uma camiseta de manga longa aqui é uma ótima dica para não chegar ao pico e ao final da travessia com os braços pegando fogo de tão lanhados. Após o quarto e último trecho de mata, o mais curto deles, termino de subir ao topo do cocuruto vizinho ao pico pelo capim baixo, porém com uma novidade, espinhentos gravatás, que insistem em espetar e cortar as pernas. Com o dia findando, às 18h, parei ali mesmo no alto do cocuruto e montei a barraca sobre um rastro de trilha que apareceu do nada. Altitude de 1206m. De novo tive uma visão privilegiada da Grande Floripa à noite, com a extensa massa de luzes amarelas espalhadas pela ilha e pelo continente. Nesse dia caminhei 6,7km. Nascer do sol na direção de Floripa 4º DIA - DO COCURUTO VIZINHO AO PICO DO TABULEIRO A CALDAS DA IMPERATRIZ Do local onde acampei eu tinha o grande platô do Pico do Tabuleiro bem à minha frente, porém com um profundo vale nos separando, e, pior, forrado de densa floresta. Mas explorações na noite anterior deram esperança de haver uma tênue trilha por essa mata. Outro fator importante a considerar é que eu deveria transpor essa mata necessariamente na direção da língua de vegetação rasteira que desce do cume para tornar viável a ascensão do outro lado. Desmontei a casa e parti às 7h31, adentrando a tal mata em menos de 100 metros. Dentro dela, procurando aqui e ali, um caminho foi se definindo e desceu bem forte e íngreme até um leito seco de rio. A primeira parte, portanto, já havia cumprido. Um pouco à direita, caminhando pelo leito seco, encontrei água parada porém limpa, que consumi sem problema. Restava encontrar a continuação do caminho para subir enfim a encosta do pico. Aí já não foi tão fácil. Não encontrei trilha e adentrei a calha de um outro córrego seco que parecia ir na direção desejada. Aqui, sem trilha, sem visão nenhuma e tendo de alcançar a ponta da única faixa de vegetação baixa que desce do cume, tive de lançar mão de um ponto previamente gravado no gps e traçar uma reta até ele para não ficar varando mato em várias tentativas sem sucesso. Assim, ao sair da calha do córrego seco procurei algum caminho orientado pela direção apontada pelo aparelhinho. Depois de vários enroscos e espinhos, encontrei algo que parecia ser uma tênue trilha que subiu, passou por outra água parada (mas limpa) e saiu da floresta às 8h53 exatamente na língua de mato que dá acesso ao cume - ufa! Vale do Rio Vargem do Braço Mas ainda faltava vencer um desnível bastante íngreme de quase 100m sem uma trilha bem definida, o que me matou logo cedo. Após subir com cuidado algumas lajes de pedra inclinadas e altas quase no topo, alcancei finalmente o cume do Pico do Tabuleiro às 9h38, confirmando seus 1249m de altitude. Explorei as bordas do grande platô para registrar a espetacular paisagem e caminhei (por trilha bem definida) até a ponta sudoeste para uma visão do caminho percorrido desde o Morro das Pedras, ainda no primeiro dia da travessia. A noroeste, é possível ver os carros passando na BR-282, rodovia pela qual vim de Floripa, e o posto Ipiranga do trevo de São Bonifácio. A nota negativa ficou por conta do lixo deixado pelos farofeiros que acampam numa grande clareira a oeste do cume, exatamente onde chega a trilha que sobe de Caldas da Imperatriz. Deixei o cume às 10h53 por essa trilha e levei bem mais tempo do que imaginava para chegar a Caldas: 3h40. A trilha, ao contrário do que havia lido, é bem aberta e marcada, sem nenhuma dúvida. O que acontece é que em alguns trechos os bambuzinhos projetam as folhas no caminho, raspando nos braços. De novo uma manga longa vai bem. BR-282 vista do Pico do Tabuleiro A descida é toda feita na sombra da mata e é bem íngreme no começo, perdendo altitude rapidamente. Há duas pequenas clareiras que servem como mirante (uma na cota de 986m e a outra na de 857m), mas em outros momentos também é possível ver entre o arvoredo a grande muralha do Pico do Tabuleiro ficando para trás. Às 14h, aos 439m, cruzei um pequeno curso-d'água que pode molhar a goela seca mas não parei pois topei com uma cobra marrom clara de tamanho médio bem ao lado (e eu ainda tinha água de reserva). Mais 13 minutos e aparece um casebre de madeira deserto no meio do nada com placa de "Sítio Orgânico Montanha do Tabuleiro". Após uma plantação de eucaliptos desemboco numa outra trilha e vou para a direita. Essa vai se transformando numa estradinha precária até terminar às 14h32 numa rua concretada de um bairro, exatamente onde um pé de mexerica carregado me convida a adoçar a boca. Dali bastou tomar à esquerda a rua concretada (que se assemelha a uma rua particular) e descer até a rua principal, onde há um portal de concreto com o número 2479 e um ponto de ônibus de cada lado. Altitude de 163m. Em poucos minutos tomei do outro lado da rua o circular Floripa-Caldas da Imperatriz que saiu do ponto final ali próximo às 15h15. Esse ônibus tem ponto inicial na plataforma 1 do mesmo terminal da Praça 15 onde tomei o ônibus São Bonifácio alguns dias antes. Nesse dia caminhei 7,8km. Total da caminhada: 33,2km Pico do Tabuleiro visto da descida para Caldas da Imperatriz Informações adicionais: O site oficial do parque é http://www.fatma.sc.gov.br/conteudo/parque-estadual-da-serra-do-tabuleiro. Horários de ônibus: O nome oficial do terminal da Praça 15 é Terminal Urbano Cidade de Florianópolis. . Floripa-São Bonifácio (empresa TCL - http://www.transportescapivari.com.br) - plataforma 5 do terminal da Praça 15 - R$16,25: seg a sáb - 12h10 e 17h50 dom e feriados - 17h50 . Floripa-Caldas da Imperatriz (empresa Imperatriz) - plataforma 1 do terminal da Praça 15 - R$5,40: consultar o site http://www.avimperatriz.com.br Cartas topográficas: . São Bonifácio - http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SG-22-Z-D-V-3.jpg . Santo Amaro da Imperatriz - http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SG-22-Z-D-V-1.jpg Rafael Santiago maio/2013 Percurso na carta topográfica: Percurso na imagem do Google Earth:
  2. Travessia Parque Estadual da Serra do Tabuleiro São Bonifácio a Caldas da Imperatriz Localizado em uma região estratégica, única e muito especial da Mata Atlântica, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro possui uma ampla diversidade de habitats. Cinco das seis grandes formações vegetais do bioma Mata Atlântica encontradas no Estado estão representados no Parque. Por essa razão, ele abriga uma biodiversidade ainda maior que seus 84.130 hectares poderiam sugerir. O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro ocupa cerca de 1% do território catarinense. Abrange áreas dos municípios de Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí e Paulo Lopes. Fazem parte do Parque as ilhas do Siriú, dos Cardos, do Largo, do Andrade e do Coral, e os arquipélagos das Três Irmãs e Moleques do Sul. Fonte: Fatma A ideia da travessia surgiu no início de julho de 2017, exatamente 3 meses antes, em uma das ascensões ao Morro do Cambirela, quando no cume, já praticamente na face oeste do Cambirela, avistei aquela imensidão de montanhas que sugeriam uma travessia muito interessante. Fiz algumas pesquisas na internet, e encontrei dois tracklogs que dariam uma boa base para a travessia. Um deles foi do Rafael Santiago, que acompanhava um breve relato da expedição. O outro era o do aventureiro Hendrik Fendel. Analisei exaustivamente as fotos de satélites, juntamente com os mapas topográficos da região e o tracklogs, mesclando as informações e criando uma trilha que para mim seria mais ideal. Nada muito diferente do que os outros fizeram, mas que de certa forma poderia facilitar um pouco a travessia, visto que existe muita vegetação densa na região, mata fechada mesmo, com poucas trilhas marcadas, e arbustos e capim alto e úmido, que dificultam muito avançar nessa região nessa época do ano. Me preparei juntando alguns equipamentos que ainda não tinha, e fui em busca de um parceiro para a travessia. Tentei convencer dois amigos, mas sem sucesso. Já estava decidido a enfrentar sozinho, quando toquei no assunto da travessia com meu amigo Junior Borttoloto que surpreendentemente na hora comprou a ideia, e se dispôs a compartilhar essa aventura, mesmo com poucos recursos técnicos que dispunha até então. Sem muito tempo para correr atrás de equipamentos, juntou o que pode, e marcamos o dia da travessia. Seria dia 01 de outubro de 2017. Dados da Travessia: Distância Total: 37,5km Tempo Total (não conta tempo acampado): 1 Dia, 19 horas, 3 minutos. Tempo em movimento: 21 horas, 18 minutos. Tempo parado: 23 horas, 03 minutos. Velocidade Média: 0,87km/h Velocidade Média em movimento: 1,76km/k Altitude máxima: 1276 m (Morro das Pedras) Subida: 3072m Descida: 3111m Arquivo do Tracklog: https://drive.google.com/file/d/0B8ysaVUguG6sNDVVZG9tcS1Wcm8/view?usp=sharing Tracklog no Google Maps: https://drive.google.com/open?id=1OZgNa__mw1oh1GEJ94iPz_By8gQ&usp=sharing Primeiro Dia, 01/10/2017 Saímos de casa perto das 8:30 da manhã em direção a São Bonifácio, onde seria o início da travessia. Esta se iniciaria perto do centro da cidade, aproximadamente 4km antes, em uma estrada de terra, onde há uma placa indicando “RIO MOLL”. Se preparamos, e iniciamos a caminhada por volta das 10:10 da manhã. Sol forte, pouco conhecimento do terreno, mas fomos avançando até a casa do Sr. Gilson, na fazenda Recanto das Pedras. Chegamos lá por volta de 11:50, após ter caminhado 4,2km em estrada de chão, numa temperatura média de 30°C. Batemos palma, e ninguém atendeu. A casa estava toda aberta, janelas escancaradas, e para nossa surpresa não havia ninguém em casa. Foi quando avistamos um vizinho em uma casa um pouco antes; e então resolvemos retroceder para pegar informações a respeito do início da trilha que começava nos fundos da casa do sr Gilson. Este nos informou que o sr. Gilson não estava muito contente em liberar a travessia através do seu terreno, porque alguns aventureiros anteriores andaram deixando lixo espalhado pelas trilhas. Falou que ele não deveria voltar cedo para nos conceder autorização; foi então que começamos a pensar que a nossa travessia havia acabado no começo, porque não tínhamos autorização para entrar na propriedade particular. Foi quando o vizinho resolveu autorizar, e disse que poderíamos seguir tranquilos, que ele estava autorizando e iria informar o sr Gilson, que entramos em sua propriedade e sem previsão de retorno; já que sairíamos por Caldas da Imperatriz, e se comprometemos a levar todo lixo que fossemos a produzir. Autorização concedida, o início da trilha foi relativamente fácil; mata fechada, porém com uma trilha bem marcada, seguindo o Rio Moll e cruzando ele por volta de 12 vezes até chegar num primeiro pasto, lugar planejado para o primeiro pernoite. Era 16:10, e resolvemos acampar ali mesmo, após ter caminhado um total de 7,7km. Km total: 7,7km Tempo em movimento: 02:46:15 Tempo parado: 03:17:50 Altitude inicial: 443m Altitude final: 738m Perda elevação: 42m Ganho de elevação: 338m Algumas fotos desse dia: Segundo Dia, 02/10/2017 Tivemos uma noite tranquila devido ao lugar isolado e cercado por montanhas; sem vento, temperaturas amenas, e o som do Rio Moll proporcionaram uma noite de sono recuperadora. Após o café, partimos as 8:55 do primeiro acampamento; cruzamos o Rio Moll mais algumas vezes seguindo seu curso rio acima, e rapidamente chegamos a outro pasto, que também seria um excelente local para acampamento. Nosso objetivo do dia era acampar no Morro das Pedras, próximo do Cânions onde se tem uma vista da Ilha de Santa Catarina. Continuamos avançando e as 10:00 cruzamos o Rio Moll pela décima sexta vez, seria a última; porque no pasto seguinte nossa direção passou de norte para leste, iniciando uma subida muito acentuada em meio a mata, passando de 780m para 1100m. A visão do pasto lá embaixo deixava ainda mais evidente o quanto nós estávamos subindo. Nessa subida, após passar um colchete (porteira de arame), deveríamos ter coletado água num riacho que fica aproximadamente 50 metros após o colchete; mas na empolgação de avançar acabamos nos dando conta apenas lá em cima que estávamos ficando sem água. Foi quando começamos a racionar, até encontrar uma água parada e turva, próxima a um lamaçal e então usamos clorin para purificar. Já que não tínhamos previsão de encontrar agua tão cedo, resolvemos levar uma reserva para cozinhar. Caminhamos por mais uma hora; quando de repente o tempo começou a fechar rapidamente. Era nítido que não escaparíamos de uma chuva nesse dia. E foi só pensar, que em menos de 5 minutos começaram os primeiros pingos. Foi nesse momento que avistamos no horizonte pela primeira vez o cume Pico do Tabuleiro. Apesar de ainda estar cedo, começamos a procurar um local para acampar e descansar. Não chegamos nos cânions como pretendido, mas já estávamos no Morro das Pedras. Armamos as barracas, jantamos, e em seguida começou a chover muito forte, fez muito frio, e o vento pegou em cheio até umas 2 da manhã. Km total: 4,4km Tempo em movimento: 02:04:47 Tempo parado: 04:24:45 Altitude inicial: 735m Altitude final: 1195m Perda elevação: 34m Ganho de elevação: 494m Algumas fotos desse dia: Terceiro Dia, 03/10/2017 Após uma noite muito fria e com muito vento, acordamos por volta das 7:00 com tudo molhado e úmido. Deixamos o café de lado, tentamos secar o máximo possível e levantamos acampamento partindo as 9:00 rumo ao norte no morro das pedras. Ventava muito no local, e a temperatura por volta de 12°C naquela manhã nos dava uma sensação muito mais fria do que realmente estava. Por volta das 10:10 paramos para tomar café quando o sol já estava mais agradável, e abrigados do vento por alguns montes em volta. Continuamos avançando; e 200 metros a frente e 1256m de altitude, encontramos um outro local de acampamento, com uma fogueira cercada por pedras, panelas, e até um par de sandálias abandonado. Por todo trecho dessa travessia encontramos muito lixo, e tudo que foi possível levar nós levamos. Havia muito papel de bala, band-aid, etc. O que era leve e possível de carregar nos levamos para dar um destino adequado em casa. Seguindo viagem, logo a frente cruzamos a nascente do Rio dos Porcos, aonde tivemos que atravessar uma pedra por onde a água escoava, muito lisa e com limo. Vale lembrar que é muito bem-vindo um par de bastões nessa travessia. Eram 14:30 quando paramos para almoçar num trecho onde cruzamos um riacho, o local era ideal para o almoço. Lavamos algumas meias, secamos os pés, almoçamos, lavamos as louças e após uma hora e meia seguimos nosso curso na margem direita desse riacho, até encontrar nosso próximo ponto para acampamento. Chegamos no limite do pôr do sol, as 18:05 começamos a armar as barracas, e fomos coletar mais agua para fazer a janta. Este local é muito bom para acampar, tinha algumas pedras no centro do pasto, que permitem fazer uma fogueira se necessário - o que não fizemos - e um riacho bem perto para coletar água. Logo começou a cair um orvalho que molhou tudo rapidamente. Pegamos mais água, e fomos descansar. Km total: 7,3km Tempo em movimento: 03:46:55 Tempo parado: 05:37:04 Altitude inicial: 1191m Altitude final: 951m Perda elevação: 525m Ganho de elevação: 288m Algumas fotos desse dia: Quarto Dia, 04/10/2017 Nesse dia acordamos por volta das 7:30, e ainda muito cansados preparamos o café, levantamos acampamento e logo partimos. O objetivo era seguir a oeste partindo do acampamento, seguindo sem cruzar o riacho onde tem uma cachoeira. A ideia era não cruzar uma mata fechada, densa e sem trilha, que segundo Rafael Santiago é muito difícil de avançar, caso houvéssemos cruzando o riacho e seguindo o rastro dos bois. Foi nesse trecho que optamos pelo caminho do Hendrik, perdendo altitude, mas contornando essa mata difícil de atravessar. Na saída, acabamos saindo para sudoeste devido a um erro de interpretação e navegação, e acabamos perdendo 25 minutos. Rumo certo, e seguimos em frente. Após 1 hora de caminhada, encontramos um espaço no pasto que havia sido usado como acampamento recentemente; talvez 3, 4 dias atrás. Paramos as 12:30 para almoçar, e continuamos as 14:00 rumo ao norte, subindo cada vez mais, até alcançarmos 1236m, tendo uma visão do imponente platô do tabuleiro a nossa frente, visto de sua face sul. Nesse momento parecia estar muito perto. Estávamos enganados! Nesse dia, o objetivo seria acampar no cocuruto vizinho ao platô, para no dia seguinte atacar o cume pela manhã. Quando percebemos que não conseguiríamos chegar, resolvemos acampar em um descampado próximo aos cânions a 1073m, no pé do cocuruto, e com uma bela visão da ilha de SC. Outra vantagem é que nesse local tem sinal de celular, bom para dar o ar das graças em casa. Nesta noite ventou forte! Tão forte que achamos que as barracas não iriam aguentar, mas aguentaram! Km total: 6,7km Tempo em movimento: 03:29:10 Tempo parado: 04:33:00 Altitude inicial: 961m Altitude final: 1073m Perda elevação: 263m Ganho de elevação: 374m Algumas fotos desse dia: Quinto Dia, 05/10/2017 No último dia levantamos cedo, e partimos 7:40 logo depois de desmontar o acampamento. A caminhada logo começa em meio aos arbustos, e já enfrentamos dificuldades logo no início do dia. Tentando desviar um longo trecho de mata que havia entre nós e o cocuruto ao lado do pico, resolvemos seguir para oeste logo em seguida, contornando essa vegetação densa. Mas para isso precisávamos passar por outra área de uns 30 ou 40 metros de vegetação sem trilha, com arbustos e bambus que nos faziam andar dois passos para trás a cada um para frente. Não foi nada fácil passar essa mata estreita, porém sem trilha que tornaram essa manhã muito difícil. Cruzando essa mata, atravessamos um riacho, coletamos água e seguimos novamente para o norte rumo ao pico vizinho. Neste trecho há muito gravatás, uma planta de altura média com muitos espinhos que volta e meia raspavam nas pernas e espetavam mesmo por cima da calça. Nessa hora um facão faz toda diferença. 11:20 chegamos no pico do cocuruto vizinho, almoçamos e as 12:20 começamos a descer um pequeno vale no lado norte desse pico, afim de atravessá-lo para atacar o cume do platô pelo lado leste. Em meio a vegetação densa, uma descida muito íngreme, mas com uma boa trilha na primeira metade. Depois entramos em um trecho que não haviam trilhas visuais, e a vegetação dificultou muito por causa dos bambus que enroscavam de todos os jeitos. Após uma hora e meia descendo, conseguimos atravessar a mata, e logo começamos a subir pela face leste do Pico do Tabuleiro. Caminho relativamente tranquilo, com vegetação baixa e de fácil navegação. Trinta minutos subindo, e caminho nos leva a uma pedra um pouco alta, que necessita bastante atenção na subida. Transpondo esse pequeno obstáculo, em seguida estávamos no cume. Era 14:30, e o GPS registrou 1260m de altitude! O fato curioso aqui, é que este platô não é o ponto mais alto. Conforme dados do GPS, chegamos a passar por trechos onde a altitude era de 1276m no Morro das Pedras. Algumas fotos, descansamos um pouco, e uma hora depois começamos a descer. A trilha da descida do Tabuleiro para Caldas da Imperatriz é muito boa, mas não sei se devido a época do ano, havia muito bambu na trilha, que em alguns trechos a tornavam bem fechadas. Nessa hora os bastões auxiliaram para valer, afastando a medida que íamos andando, afim de abrir caminho sem ter que usar o facão. Chegamos no portal onde termina a trilha – na rua de concreto – as 19:40. Totalizando 4:10 de descida, onde pegamos por volta de 1:30 de trilha durante a noite. Chegamos no final muito exaustos, pés e pernas doendo, mas com sensação de missão cumprida. Nossa carona já estava aguardando no começo da rua, e depois de alguns minutos já estava em casa, sentado no sofá, assistindo tv, navegando na internet, voltando ao cotidiano, e pensando na próxima aventura. Km total: 10,0km Tempo em movimento: 06:37:35 Tempo parado: 06:24:43 Altitude inicial: 1076m Altitude final: 156m Perda elevação: 1639m Ganho de elevação: 574m Algumas fotos desse dia: Primeiro Dia Segundo Dia Terceiro Dia Quarto Dia Quinto Dia Percurso completo Algumas Dicas: Se resolver fazer essa travessia, esteja preparado fisicamente e emocionalmente. Ela é muito mais difícil e complexa do que parece. As fotos, cartas, tracklogs e os próprios relatos nunca lhe darão uma ideia exata das dificuldades dessa travessia. Tenha pelo menos um amigo disposto a encarar essa travessia com você, porque faze-la sozinho pode não ser uma boa ideia, e a torna cansativa de mais por causa dos vara matos. Lembre-se, é um local isolado, de difícil acesso, sem sinal de celular em quase todo trajeto. Não banque o Rambo, aproveite o passeio, e leve um rastreador pessoal para um caso de emergência (SPOT, inReach, etc). Material Utilizado na Travessia: Deuter Futura Vario 50+10 (muito boa, recomendo) Barraca Azteq Nepal 2 (muito resistente ao vento, poderia ser mais leve, não levaria novamente ) Isolante Térmico EVA (não levaria pelo volume, aconselho um inflável pequeno) Saco de Dormir Deuter Orbit -5 (Recomendo, mas muito volumoso) Bota Homero Impermeável (Recomendo, muito boa) Polaina anti-cobra Alpamayo (indispensável) Fogareiro portátil (Comprei da China, Recomendo) Refil de gás 230g (Recomendo 1 por pessoa) Panela Portátil de Camping (Joguinho comprado da China, leve e cabe gás e fogareiro dentro) 1 Caneca (Recomendo de plástico) Talheres de plástico Sacos de Lixo Refeições da marca “Comida Pronta” (Não recomendo devido ao peso, aconselho miojo ou outra comida desidratada, com calabresa, bacon e afins) Café solúvel com leite Biscoitos diversos para café 20 pastilhas de Clorin (Agua muito boa, mas em alguns casos usamos por precaução) GPS com pilhas Reservas ( Leve pelo menos 1 jogo de baterias para cada dia) Spot com pilhas Reservas (As originais duraram os 5 dias inteiros ) Capa de chuva Quechua (Boa, leve, e compacta) Fleece Quechua (Recomendo) Calça Bermuda Quechua Gorro de lã 1 Par de bastões (indispensável) 1 Facão (indispensável) 1 Lanterna de cabeça (indispensável) 1 Lampião de LED (Recomendo) 1 Garrafa de 1,5lt pra coleta de água (indispensável) Protetor Solar Repelente Óculos de sol
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