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  1. Olá! Estamos planejando uma viagem em família de carro. A ideia é sair de Botucatu, interior de SP e chegar até Piracanga na Bahia (Itacaré). Queremos fazer paradas, temos um mês pra ir e voltar. Preferencialmente ir conhecendo o litoral daqui até lá. Gostaríamos de dicas de rotas, o que é bacana pra conhecer com crianças pequenas neste caminho?
  2. Oi Pessoal! Passei 6 dias na comunidade de Piracanga, na Bahia, perto de Itacaré. A comunidade tenta da melhor forma possível ser sustentável, ecológica, e ter harmonia com a natureza. O relato é bem completo do que vivi e presenciei lá, e tem várias fotos e um vídeo de 10 minutos ilustrando bem as experiências. Lembrando que este foi a MINHA experiência, diversas pessoas já visitaram a comunidade, algumas gostaram muito, outras nem tanto, mas eu coloquei o que acho que pode melhorar, e também destaquei o que gostei. SEGUE O RELATO: Despesas com a Experiência Eu costumo fazer viagens econômicas, acampando ou em hostel, para gastar o mínimo possível e desfrutar mais. E não foi diferente em Piracanga, fiz o máximo possível para economizar. Com a hospedagem, gastei em torno de 650 reais, nesse valor já estavam inclusas 3 refeições veganas. Podíamos comer a vontade, quantas vezes quiser. Eram comidas naturais, caseiras, e com nenhum ingrediente industrializado. Achei incrível o custo benefício. O quarto era um compartilhado, onde existiam 10 camas e 1 banheiro. Na maior parte do tempo fiquei sozinho, mas depois dividi com mais pessoas, o que rendeu boas conversas, principalmente com um grego que estava morando a 3 meses no Brasil. Ele traduzia o que pra mim é o espírito viajante, tudo era novidade e interessante, desde as palavras em português que ele anotava por achar engraçadas, até os costumes que temos no dia a dia. Ele riu muito quando alguém disse a ele a frase “Chocolate no dente”. Paguei 220 reais para um transporte da comunidade me buscar e levar no aeroporto de Ilhéus. Essa parte julgo essencial, pois para chegar lá só com veículo 4x4, e o caminho é difícil de conseguir lembrar. O meu voo saiu de Congonhas, em São Paulo, e foi direto para Ilhéus. Paguei 490 reais pela passagem, já com 1 mala inclusa em cada voo. A compra foi feita uma semana antes da data de embarque. Tentei ao máximo economizar, por isso só comi nas 3 refeições, não gastando mais nada com comida lá. Gastei somente mais 20 reais para poder usar a wi-fi durante todos os dias que fiquei na comunidade. Total: 1380,00 reais. Vídeo da viagem: Inkiri Piracanga Inkiri significa “O amor em mim, saúda o amor em você”. Qualquer viagem é um choque, desde uma caminhada em bairros vizinhos, até visitar uma população remota da Patagônia. E o meu choque começou no aeroporto de Ilhéus, que era minúsculo, com uma loja de comida, uma de presentes de viagens, e algumas outras fechadas. O que esperar de fato da Bahia? E o que esperar ainda mais de Piracanga? Quase uma vila a parte, com seu próprio dinheiro, sendo aceito junto com o real. Foi como estar na Bahia, mas em um lugar que tem pessoas de todos os lugares, mas poucas que nasceram ali. Depois de dois veículos e pouco mais de duas horas, cheguei a Piracanga. No meio da noite, porém em meio a uma festa. Estava acontecendo um casamento duplo, com uma decoração incrível, música ao vivo, comida, e celebração. No caminho, ainda fiquei sabendo que no dia anterior havia acontecido um parto na comunidade. O parto foi feito por uma parteira que mora lá mesmo, e que também trabalha como leitora de aura. Correu tudo bem, e apesar da mãe não ser moradora da comunidade, escolheu ter a filha lá. A menina chama-se Luz, e enquanto vinha ao mundo, a fundadora da comunidade, uma Portuguesa que ficou no Brasil depois de montá-la, ia lendo a aura da criança. Cheguei em um fim de semana bem agitado. Certa vez, em um documentário sobre fotografia, ouvi uma frase que fez total sentido no momento em que cheguei em Piracanga. A frase ilustrava o pensamento e a sensação do fotógrafo que chegou em uma paisagem incrível, porém no meio da madrugada. Ele sabia que estava em um lugar lindo, mesmo sem ver nada da paisagem. Uma sensação estranha, que faz nascer alguma ansiedade e expectativa. Dormi cedo nesse dia, ao som da banda do casamento, que mostrou-me que não importa onde você esteja no Brasil, em um casamento a banda sempre tocará Milla do Netinho. Pensei já na cama, como seriam meus próximos dias, e fiquei feliz também pelas noites, com um céu tão cheio de estrelas. O café da manhã é servido das 8 às 9, depois da aula de Yoga, que começa às 6 da manhã. Em Piracanga quase tudo é orgânico e sem glúten. Toda comida é vegana, totalmente livre de qualquer derivado de animal, ou dos próprios animais mortos. Eles até aceitam que quem mora na Ecovila, ou na comunidade, consuma manteiga ou ovos, mas pedem que carne não entre no terreno de Piracanga. Pelo que pude perceber, tem muito a ver sobre eles acreditarem que possam manter uma energia muito boa ali, e a carne, que traz lembrança de morte, possa estragar isso, além da saúde, claro. Eu sou ovolactovegetariano a alguns meses, mas ainda sim a comida foi um choque. Eles usam pouco sal na comida (somente sal rosa), os doces e sucos são sem açúcar, outro ingrediente que faz muito mal, e é responsável por diversas doenças e mortes pelo mundo, uma droga de verdade. Comi diversas coisas que não sei o que eram, mas que traziam uma sensação enorme de ter se alimentado de algo orgânico, natural e sustentável. Depois de uma refeição completa, mesmo consumindo bastante comida, você não se sente estufado, como quando come carne ou produtos industrializados. Em nenhum momento precisei de um descanso enorme depois das refeições, elas me davam energia, e não o contrário. Tudo em Piracanga é sustentável. A comunidade preza muito pela preservação do rio, do mar e do lençol freático. Lençol esse que em certos lugares da comunidade, está a apenar três metros de profundidade, podendo ser facilmente contaminado caso se use produtos não biodegradáveis. Todos os produtos usados na comunidade devem ser biodegradáveis, pasta de dente, shampoo, sabonete e protetor solar. O preço é bem acima da média, caso você opte por comprar isso em Piracanga, Como ganhei na entrada alguns itens, tentei ao máximo fazê-los durar até o fim da minha visita. E deu certo. Na comunidade existem muitos animais, mas todos são selvagens. Não existem cães ou gatos domesticados em Piracanga. São vários os motivos, e com um pouco de raciocínio é fácil entender a proibição. Os motivos vão desde os ataques que ocorreram de cachorros a visitantes, até a falta de castração pelos donos dos animais, tornando Piracanga um lugar com uma grande quantidade de animais soltos, sem donos. Não sei como foi contornado esse problema, e todos os animais tirados de lá, mas só vi um gato em todos os dias, e mesmo assim, ele não morava na comunidade, deve ter vindo de alguma fazenda vizinha. Oficialmente apresentado a Piracanga, pude verificar com os próprios olhos, impressões e expectativas que havia criado em minha mente. O terreno de Piracanga é médio, com 300 metros de extensão de praia, com 3 km de profundidade. Chegando durante o dia, é fácil de encontrar-se. Entrando no terreno, você chega primeiro a Ecovila, lá moram as pessoas que não vivem no centro holístico, mas que podem, ou não, trabalhar para ele. Para morar na Ecovila você pode alugar uma cama em uma casa coletiva, e trabalhar pela internet, ou ir e voltar todos os dias dos lugares próximos, ou então trabalhar no centro holístico. Um terreno lá pode custar em torno de 100 mil reais, e avistei também uma casa a venda pelo valor de 950 mil reais. Mais à frente falarei sobre isso, um dos motivos que fizeram eu achar Piracanga muito elitista. A comunidade de Piracanga tem em torno de 40 pessoas, que tomam todas as decisões em várias reuniões que acontecem. Caso você passe um tempo lá, e queira morar, todos devem votar para aceitar a sua permanência. No centro holístico, onde fica a parte mais interessante, encontra-se desde uma biblioteca comunitária, um restaurante, e uma das paisagens mais bonitas (e ponto de encontro) do centro. Descendo a areia, chega-se ao rio, de água marrom, porém limpa. A profundidade é ideal para atravessá-lo a pé, com a água na barriga, para chegar até uma faixa de areia, que é logo vencida em uma rápida caminhada, chegando-se então ao mar. O mar da Bahia! Que na minha visita estava com uma ressaca, criando ondas enormes, e uma paisagem linda. Foi na praia que percebi o quanto estavam corretas as pessoas que avisaram os interessados em Piracanga: a praia é deserta. Algumas vezes fui a praia, e estava sozinho. Vários quilômetros à frente podiam ser vistos, mas ninguém estava ali além de mim. A praia deserta causa pensamentos distintos, tanto o prazer da natureza intacta pronta para ser apreciada, quanto o sentimento de que a natureza é incrivelmente grande. Entre um cochilo em uma das redes do centro, e um almoço nutritivo, o rio é um destino certo. O seu curso é lento (as vezes sendo invadido pela água do mar), e não oferece perigo nem às crianças, que sempre tem aula na oca ao lado do rio, e as vezes estão nadando nele também. Nessa oca, presenciei aula de teatro e circo, e na parte da noite, alguns adultos faziam treino de tecido. Em uma das noites comi um hambúrguer vegano delicioso, com batatas, ketchup, mostrada e molho de tomate artesanais, que tinham uma cor incrível! Logo depois, houve uma apresentação de palhaços no restaurante, e pude reconhecer várias pessoas que vi na comunidade trabalhando nesse show. Dorme-se cedo em Piracanga, e o despertar para a maioria também é cedo. As experiências vividas nas conversas com as pessoas que passam pela comunidade são na minha opinião, um dos pontos mais altos na visita a comunidade. Relatos de vidas já saturadas do clima e rotina da cidade, e história inspiradoras, foram as coisas que mais ouvi. Durante todo o ano, muita gente chega e sai de Piracanga. A maioria vem fazer algum curso, imersão ou vivência, que são oferecidos pelo centro holístico. Tive contato com quatro amigos, que estavam na comunidade observando o sistema implantado, e aprendendo em um dos cursos, para depois aplicar em sua própria comunidade. Conheci também uma Americana que morava em uma favela de El Salvador. Ela estava em Piracanga para aprender diversas técnicas de bioconstrução, de tratamento de água e lixo, e de tudo mais que é colocado em prática lá, pois ela acreditava que poderia implantar isso nas favelas de El Salvador, e ajudar as pessoas de lá, lugar que ela se apaixonou. Ela definitivamente veio para o mundo afim de fazer a diferença. Fiquei sabendo por pessoas do curso que ela fazia, que por ser extremamente hiperativa, ela fazia mandalas e outras artes manuais enquanto assistia as aulas, para manter as mãos ocupadas. Também corria na praia toda manhã. Creio que a meditação poderia ajuda-la, se ela conseguir meditar, claro. Ao mesmo tempo que o trabalho feito em Piracanga é muito bonito, também é muito trabalhoso. São muitas etapas para conseguir um resultado final que seja prático, barato e ecológico. Durante uma visita guiada para as pessoas que estavam começando os cursos, me infiltrei e conheci como funcionam os banheiros secos e semi secos. A pessoa que explicou todo o funcionamento confia tanto em seu trabalho e no que vive, que mostrou o líquido resultante do tratamento das fezes, colocando o líquido em suas mãos. Ele já não tem mais nada que faça mal à saúde, e muito menos um cheiro ruim. Agora vai servir para ajudar no cultivos de plantas. Quando ele tomou essa atitude, todos tiveram coragem de fazer o mesmo, e ir conferir e cheirar, para ver que realmente aquilo havia se transformado. No caso dos banheiros secos, o resíduo vira uma matéria morta, que parece um algodão preto, e é usado para fazer um fertilizante, e recuperar o solo. Nessa mesma visita guiada, aprendi (mesmo que em uma conversa informal) como funciona a escola de Piracanga. De acordo com um morador da comunidade, a escola é reconhecida pelo MEC como uma escola inovadora, e que trata os assuntos de maneiras diferentes. O filho dele tem cinco anos, e já sabe ler e escrever. Na escola as crianças não possuem matérias definidas e limitadas por aulas separadas, elas aprendem tudo junto, de acordo com o desejo delas. Como ele explicou, recentemente seu filho fez um projeto sobre estrelas cadentes e meteoros, aprendendo assim, em um mesmo assunto, português, matemática, física e química, tudo dentro dos meteoros e estrelas cadentes, assunto aliás que foi escolhido pelo próprio menino. Como todos os produtos em Piracanga precisam ser biodegradáveis, eles são feitos na própria comunidade. Com esses produtos sendo usados, o solo não recebe produtos químicos, e quando recebe, algumas plantas agem como um filtro. Um exemplo que vi na comunidade foram as bananeiras, que precisam de uma média de 70 litros de água por dia, mas elas devolvem parte dessa água novamente para o solo, porém filtrada. Caso o visitante cheguei na comunidade com algum produto de fora, mas que acredita ser próprio para o uso lá, ele mostra para as pessoas que fazem parte do processo, para ser analisado e aprovado para uso. Eles cuidam muito dessa parte, pois sem o lençol freático que existe ali, eles dependeriam de uma fonte de água externa, tirando a autonomia da comunidade, e encarecendo o custo da vida. Nas cidades em que costumamos viver, é normal precisar de coisas de fora, mas lá eles incentivam muito para todos cuidarem do que já tem, e não degradar até tornar-se inutilizável. Quando esses produtos são feitos na comunidade, eles acabam poluindo uma quantidade de água, com alguns elementos químicos, como é o caso dos cosméticos. Esses produtos são feitos em uma casa chamada Templo das águas, que possui em seu teto um telhado vivo, feitos em diferentes níveis. Nesse telhado existem algumas plantas que são capazes de limpar a água. Essa água então é bombeada lá pra cima, entrando em contato com as plantas, e conforme vai passando pelos diferentes níveis, vai sendo retirada delas os resíduos que a poluíram. Algumas dessas plantas são capazes de tirar até metais pesados da água. Como disse, o processo é trabalhoso, pois deve-se tirar a planta antes que sua vida acabe, já que se ela morrer em meio ao processo de tratamento, o que foi filtrado volta para a água. Andei por esses telhados, com o pé na água e nas plantas, em contato com uma atitude incrível e extremamente ecológica. Foi uma das melhores experiências que tive em Piracanga. Com todas as pessoas que vieram para fazer os cursos já presentes na comunidade, houve uma celebração de boas vindas em forma de fogueira, com música, som do mar, e um céu lotado de estrelas. Pude ouvir alguns mantras que mais tarde ouviria novamente em uma meditação sonora, onde é alternado tempos de silêncio, com mantras e músicas de devoção. Eu nunca havia meditado, e de fato eu consegui, mas só por cinco minutos. Minha mente ficou extremamente vazia, nenhum pensamento era capaz de adentrar. Eu tentei, mas realmente naquele momento, eu parecia estar vivendo o presente. A experiência dos mantras na fogueira e na meditação foi incrível, que ainda rendeu algumas fotos incríveis das estrelas, assim como um convite para filmar uma das músicas tocadas na meditação sonora. Recebi o convite por um rapaz que também estava hospedado em Piracanga, mas na Ecovila. Ele era um discípulo de Sri Prem Baba, e visitava a comunidade pela primeira vez também. Sonha em viver de música e me pediu que gravasse uma música de sua autoria, um rap devocional. Como citei, as conexões com outros visitantes fazem de Piracanga um lugar especial, e não foi diferente dessa vez. Depois da gravação, fui até a casa que ele estava hospedado, na Ecovila, entregar para ele o arquivo. Descobri que ele estava hospedado na casa de João, um fotógrafo que vive lá a 8 anos, um dos primeiros moradores permanente da Ecovila. Nessa casa, havia uma exposição com as suas fotografias, alguns livros também enfeitavam o lugar, todos lançados pelo fotógrafo. Nas fotos, paisagens que quero ver um dia, Ilha de Páscoa, Noronha, Tribos da Amazônia, Índia, e diversas outras coisas lindas. Uma foto que me marcou foi uma em Fernando de Noronha, onde mostrava um golfinho nadando, e em sua nadadeira, uma sacola plástica presa. Acabei conhecendo melhor o João em outro dia, enquanto eu estava sentado na beira do rio. Ele subiu em uma árvore, fez alguns exercícios de flexão, pendurado em um galho, e depois sentou-se ao meu lado. Começou a conversa com: Ali é minha academia. Contou que viajou muito com a fotografia, mas que estava a algum tempo parado, e que seu próximo desejo era organizar alguns passeios de barco para avistar baleias Jubarte, que frequentemente são vistas por ali. Aliás, em um dos dias que estive lá, houve uma certa gritaria em um momento do dia, deixando bem claro que algumas pessoas viram uma baleia dar um salto para fora da água. João contou também sobre Piracanga ser frequentemente visitada por tartarugas, que na época de desova, lotam a praia de ovos e filhotes. Com certeza deve ser uma imagem linda! Lembrei então que durante uma caminhada na praia, avistei uma placa de madeira, meio jogada na vegetação. Nela estava o aviso de que aquele local era uma área de desova, e que deveria ser respeitado e preservado. O lixo em Piracanga é um problema, mas também uma solução. Lá nós não encontramos lixeiras, porque não pode existir lixo, cada um é responsável pelo que joga fora. Um grande exemplo disso, é que é feito um sistema de construção usando o lixo plástico da comunidade. As pessoas que lá estão recebem algumas garrafas plásticas, todas iguais e vazias, para colocar o seu lixo plástico dentro. O lixo deve estar lavado, sem sujeira, e totalmente seco. Então é comum encontrar sacolas que serviram para embalar alimentos estendidas em varais, para secar e poderem ser colocadas dentro das garrafas, até ela ficar totalmente cheias e duras. Depois disso, a garrafa vira uma espécie de tijolo, e depois de um trabalho que une as garrafas e as deixa com uma aparência de parede, elas deixam de ser o problema da comunidade, e passar a ser uma solução, elas viram parte da comunidade, assim como aquele lixo que era problema, ele passou a ser a própria Piracanga, e não um possível poluente das águas do mar. Poucos dias antes de chegar em Piracanga, eu estava obcecado com um assunto que tem aparecido bastante na mídia, a Agrofloresta. É um sistema onde você tem uma floresta que ajuda o solo, os animais, a água, e não somente um sistema onde você retira todos os nutrientes do solo afim de coletar alimentos, como é a agricultura comum hoje em dia. Nela, além de ter árvores nativas, você também tem árvores frutíferas, isso é conseguir o sustento e alimento pela agricultura, mas sem destruir o meio ambiente, você não está em uma mão de via única, onde só a terra te dá o que você precisa, nesse caso você também ajuda a terra. Cheguei a Piracanga sem a pretensão de encontrar algo de Agrofloresta, mas fui apresentado a um sistema sendo implantado, não com o objetivo de prover todos os alimentos de lá (eles gostam de incentivar a produção dos agricultores locais, e compram deles), mas sim como um exemplo do que pode ser feito mundo afora. Visitei um local que estava sendo plantados alguns alimentos e árvores, e percebi que abacaxis com menos de 3 semanas de plantio já estavam com pequenos frutos. Foi uma surpresa boa, e meu primeiro contato com Agroflorestas, mesmo que ainda pequenas, fora da teoria e de documentários. A minha relação com insetos é um pouco peculiar, embora eu goste muito de acampar, de natureza e bichos, alguns tipos de insetos e animais causam certo medo em mim. Mas em Piracanga precisei esquecer isso. Os bichos no geral fogem do ser humano, e poucos iriam atacar alguém. Em uma caminhada, vi uma cobra fugir muito rápido quando me avistou, e em uma caminhada noturna, iluminei sem querer com a lanterna uma aranha enorme, do tamanho da minha mão aberta. Baratas do mato, ratos, morcegos e lagartos são frequentes, mas nada que o mosquiteiro que cada cama possui, não faça o trabalho de garantir um sono tranquilo, mesmo que durante a noite você possa ouvir os morcegos voando livremente em seu quarto. A dica de todos os moradores é sempre a mesma: Não deixe frutas expostas no quartos, os macacos vão roubá-las! Já perto do dia de ir embora, estava em meu quarto, quando ouvi uma música alta, coisa rara por ali. Saí e fui ver o que era, e para minha surpresa, era uma dança coletiva, em frente ao restaurante, com vista para o rio. Em geral, as danças acontecem com mantras, ou outras músicas de devoção, e envolvem uma grande quantidade de pessoas, que ficam em círculo, interagindo umas com as outras. Dancei junto com as pessoas que já conhecia, e com moradores das comunidade. É uma experiência legal de interação, e mesmo quem não tem talento nenhum com dança, consegue aprender os passos, que são poucos e fáceis. Na comunidade existem poucos tipos de comércios. Uma feira acontece três vezes por semana, frequentada em geral por quem mora na Ecovila. Existe também uma barraca do Açaí, que vende além disso, salgados veganos e integrais, que são bem gostosos, seguindo toda a lógica da comida da comunidade. A loja de produtos biodegradáveis abre todos os dias, e embora tenha um preço muito alto para visitantes, possui boas opções para a higiene pessoal. Do lado do restaurante, existe uma mercearia, que vende desde grãos, até algumas pastas e doces. Tudo é vendido sem sacola plástica, sendo necessário que a pessoa que vai comprar leve um saco de papel, que posteriormente pode ser reutilizado. Tudo em prol do meio ambiente. Como em todo lugar, existem pontos negativos. Eu entendi que a ideia ali contida é muito boa e inspiradora, mas achei Piracanga um lugar extremamente elitista. Quem vai visitar a comunidade ou fazer cursos, são pessoas que tem condição de viajar, e até uma condição melhor de vida. Acho que para o mundo ser um lugar melhor, e o meio ambiente ser mais cuidado, tudo que é aplicado ali, deveria ser repensado para ser aplicado em comunidades de baixa renda, e em favelas e bairros de periferia. Creio que isso será o próximo passo, se falando em Ecovilas e casas sustentáveis, e eu gostaria muito de poder ajudar nessa próxima fase do desafio, de qualquer modo que seja. Valeu, espero que gostem! Diogo
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