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Trabalho com tatus rende prêmio Ig Nobel a brasileiros


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  • Membros de Honra

Você vê o prêmio Nobel como uma iniciativa muito nobre, mas não tem lá muita paciência para acompanhá-lo?

Conheça o Ig Nobel, entregue desde 1991 para estudos de utilidade no mínimo discutível, mas que rendem boas gargalhadas.

 

Demorou, mas aconteceu. Pela primeira vez na história deste país, brasileiros foram agraciados com o Ig Nobel, o Nobel da pesquisa esdrúxula, dado a estudos que "fazem você rir e depois pensar".

 

A honra coube ao arqueólogo Astolfo Araújo, da USP, e seu colega José Carlos Marcelino, do Departamento do Patrimônio Histórico de São Paulo, "por demostrarem que tatus são capazes de bagunçar sítios arqueológicos".

Por incrível que pareça, o estudo é sério.

 

Em 2003, Araújo e Marcelino publicaram no periódico "Geoarchaeology" um estudo experimental que mostrava como o tatupeba (Euphractus sexicintus), ao cavar seus túneis, consegue misturar camadas de terra diferentes.

 

Isso num sítio arqueológico é um potencial problemão, já que nesse processo uma peça arqueológica depositada mais no fundo (e, portanto, há mais tempo) pode ser deslocada para camadas mais jovens do sítio e vice-versa, potencialmente induzindo o arqueólogo a erro.

 

A notícia sobre o estudo foi publicada na Folha de S. Paulo em maio de 2003, e com isso foi nomeado como candidato ao Ig Nobel.

 

"Para mim é uma honra", disse Araújo, que desconfiou quando recebeu um e-mail de Abrahams dizendo que queria "discutir o trabalho". O pesquisador, no entanto, se declarou surpreso com a premiação.

 

"Dentro desse ramo de arqueologia experimental, o que a gente fez não é de outro mundo", contou. Ele lista experimentos como o de um grupo argentino que enterrou cachorros sob tonéis de concreto para ver como o peso dos sedimentos agia sobre os esqueletos. Ou o de um arqueólogo americano, que lascava pedras com as próprias mãos e depois usava as lascas para cortar carne de elefante. A idéia era observar o desgaste do gume.

 

Mas ele não desdenha do potencial humorístico do próprio trabalho --feito no Zôo de São Paulo, dentro da jaula do tatu e sob o olhar atento de dezenas de crianças. "Os bastidores foram a parte mais divertida."

 

Entre os outros laureados, que receberam o prêmio no ultimo dia 02 de Outubro numa concorrida cerimônia no Teatro Sanders da Universidade Harvard (EUA), está Deborah Anderson, professora de ginecologia da Escola de Medicina da Universidade de Boston. Em 1985, num estudo no "New England Journal of Medicine", ela mostrou que não só a Coca-Cola tem efeito espermicida como a Coca Diet parece funcionar melhor ainda. Um grupo de médicos de Taiwan divide com ela o prêmio, por mostrar que refrigerantes não são contraceptivos.

 

O psicólogo Geoffrey Miller, da Universidade do Novo México, levou na categoria Economia por um estudo publicado em novembro passado na revista "Evolution and Human Behavior". Nele, usando dados de 18 voluntárias, ele mostrou que dançarinas de striptease ganham mais dinheiro no pico de seu período fértil.

 

Araújo só lamenta não poder ter comparecido à premiação, em Cambridge, EUA. "Torrei todo meu dinheiro de bolsa [em viagens acadêmicas]. Como é que eu pediria dinheiro à Fapesp para ir ao Ig Nobel?"

 

O troféu

O evento foi criado pela organização Improbable Research, que também publica a revista científica de humor Annals of Improbable Research (Anais da Pesquisa Improvável). O objetivo é provocar o riso, atiçar a curiosidade das pessoas e levantar o debate sobre o que é ou não importante, não só na Ciência.

 

A premiação (que não envolve dinheiro) acontece na conceituada Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e tem participação de laureados do Nobel (o Nobel verdadeiro, que fique claro). O que os respeitáveis laureados fazem por lá?

Entregam prêmios e participam, com cantores profissionais, da mini-ópera temática! A de 2007, por exemplo, teve o tema “Chicken versus Egg” (“Galinha versus Ovo”).

 

 

Conheça os vencedores do Ig Nobel 2008:

 

Arqueologia - Os brasileiros Astolfo Gomes de Mello Araújo e José Carlos Marcelino (da Universidade de São Paulo) demonstraram como tatus podem atrapalhar escavações em sítios arqueológicos.

 

Biologia –Os franceses Marie-Christine Cadiergues, Christel Joubert e Michel Franc descobriram que pulgas que vivem em cães pulam mais alto do que as que vivem em gatos.

 

Ciência cognitiva – Os japoneses Toshiyuki Nakagaki, Hiroyasu Yamada, Ryo Kobayashi, Atsushi Tero, Akio Ishiguro e Ágota Tóth descobriram que microorganismos conseguem resolver quebra-cabeças.

 

Economia – Os norte-americanos Geoffrey Miller, Joshua Tyber e Brent Jordan descobriram que strippers ganham mais gorjeta quando estão no período fértil.

 

Física – Os norte-americanos Dorian Raymer e Douglas Smith provaram matematicamente que grandes quantidades de cordas ou cabelos inevitavelmente se embaraçam.

 

Literatura – O inglês David Sims com o estudo "Filho da mãe: Uma Exploração Narrativa da Experiência da Indignação dentro de Organizações".

 

Medicina – Os norte-americanos Dan Ariely, Rebecca L. Waber, Baba Shiv e Ziv Carmon (Singapura) mostraram que remédios falsos caros têm mai efeito que os remédios falsos baratos.

 

Nutrição - Massimiliano Zampini (Itália) e Charles Spence (Reino Unido) eletronicamente modificaram o som de um salgadinho de batata para fazer a pessoa acreditar que o petisco é mais crocante e fresco do que realmente é.

 

Paz - O Comitê Federal de Ética em Biotecnologia Não-Humana da Suíça e os cidadãos do país adotaram princípios legais de que plantas têm dignidade.

 

Química – Prêmio dividido: Sheree Umpierre, Joseph Hill e Deborah Anderson (Estados Unidos) descobriram que a Coca-Cola tem efeito espermicida. C.Y. Hong, C.C. Shieh, P. Wu e B.N. Chiang (Taiwan) descobriram que a Coca-Cola não tem efeito espermicida.

 

 

Fonte: http://msn.onne.com.br e http://www1.folha.uol.com.br

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