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De bicicleta de Basel (Suiça) até Frankfurt (Alemanha)


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Este é o relato escrito pelo meu pai, Mário César Both, sobre a viagem comigo (Guilherme Both) e meu irmão (Maurício Both), em Agosto de 2017. Saímos do aeroporto de Basel, compartilhado por França, Suiça e Alemanha, pedalamos pela Alsácia na França e pelos estados alemães de Baden-Württemberg, Renânia-Palatinado e Hesse, chegando em Frankfurt depois de 485 km. 

PARTE UM

 

Muitos anos atrás, quando Guilherme e Mauricio eram pequenos, tínhamos uma brincadeira de sábados. Pegávamos nossas bicicletas e fazíamos o que era chamado de “Ir a Um Lugar Que Nunca Fomos Antes”, geralmente um passeio mais longo por ruas ou estradinhas que não havíamos passado. Esta é a história desta brincadeira levada às suas últimas consequências.
Toda viagem tem um começo, um princípio físico, um embarcar, que se segue ao planejamento iniciado lá atrás. Eu comecei a aventura de 2017 pegando o ônibus Cachoeira – Porto Alegre da Unesul, às sete da manhã, bagagem um alforje e uma mega caixa com a bicicleta desmontada lá dentro. Meus primeiros temores eram sem razão: a companhia aérea nem perguntou o que havia na caixinha, despachou como o contrato previa – um volume, vinte quilos, amem. Em Guarulhos aluguei uma camionetinha Fiat Dobló. Facilitou e muito a nossa vida no dia seguinte, evitando os problemas de levar de taxi as caixas, duas agora, até a rodoviária, despachar por ônibus. A noite do dia 4, sexta – feira, foi dedicada ao desmonte e embalagem da bicicleta do Guilherme, com ele assando magnificamente a despedida de churrasco pelas próximas duas semanas. Quando eu resolvi mostrar para o dono da casa como haviam ficado bonitas as camisetas de ciclismo com o nosso logo, bateu o pânico. Onde estavam as camisas dos guris???Esvaziei meus alforjes completamente, abri todas embalagens das roupas…nada delas. Aí lembrei: para que não precisasse esvaziar os alforjes e abrir os sacos de roupas, eu tinha posto as camisas dentro da caixa da minha bicicleta, prontas para distribuição em Basileia, destino final. 

 

Dia 5: esse é o dia que pode ser descrito em uma palavra – normal. Tudo perfeito, despacho das caixas no balcão da Ibéria- British, embarque voo. Normal, normal, rodas do destino engrenando.

 

Dia 6: Aeroporto a Saint Louis - 5 km
Soubemos, logo antes do embarque, que teríamos uma baita companhia a partir da nossa escala em Londres até Basileia: o Mauricio iria no mesmo voo. Se não tivéssemos falado haveria uma surpresa das grandes pois o plano inicial era ele chegar uma hora depois de nós no Aeroporto de Mulhouse. Pousamos no horário marcado – 11 da manhã – e fomos para a área de resgate de bagagens de tamanho maior. Eu, no entusiasmo, fui para o banheiro e troquei de roupa, envergando calça e camisa de ciclista, só faltando pular na bike e pedalar. O Mauricio brincou – Não tá te apressado, pai? Chegaram carrinhos de bebe, cadeiras de rodas...uma caixa de bicicleta...DUAS CAIXAS DE BICICLETA…mais uns carrinhos de bebe e fim. A bicicleta do fardado, nada. O encarregado das bagagens disse que não havia mais carga no avião e nos encaminhou para o setor de bagagens extraviadas, onde uma atenciosa senhora nos informou que teria uma solução entre um a cinco dias…. liquidando completamente os planos de nosso tour. Em todo caso...-Vocês têm telefone? Não? E-mail? Se houver novidades avisaremos. Bem, nessa altura, só nos restava esperar e o primeiro passo era almoçar, com nossos carrinhos de malas levando as preciosas duas caixas de bicicleta que haviam chegado. Massa, bacalhau, hambúrguer com fritas foi a primeira refeição da tropa, com o moral meio baixo. Uma notícia boa pelo e-mail...a caixa não estava perdida...havia ficado, pelas engrenagens aquelas do destino, em Londres e viria no voo seguinte, pouso previsto para 18 h. Com o pôr de sol estimado para quase 21 horas, teríamos tempo de pôr o pé na estrada ainda no domingo. Descemos ao estacionamento e o Guilherme mostrou a habilidade, montando e regulando a bicicleta do Mauricio e a sua. O aeroporto de Mulhouse é tri nacional, dá pra botar um pé na França e um na Suíça dentro dele, tem uma porta de saída para quem quer sair via Alemanha e França e outra para helvéticos. Próximo das 18 horas Mauricio e eu voltamos à área de desembarque (Suíça) deixando o Guilherme no andar de baixo (França) para e espera do último veículo. Claro que o avião atrasou, desceram mil carros de bebe, muuuitas bagagens gigantes e, lá por sete e meia da noite a esperada caixa.... com seu conteúdo desmontado em miiiinimos detalhes, que nos fizeram perder mais uma hora até aprontarmos tudo. Então subimos nas bicicletas e –Lá vamos nóóóóos, com uma vaga ideia de direção, esperando sinalização especifica de bikes ou uma ciclovia. Nos embretamos num estacionamento fechado por telas, entramos por uma estrada que parecia não levar a lugar algum e, já despontando frustração, VOLTAMOS ao aeroporto, para o balcão de informações turísticas. –Tem algum hotel bem perto daqui? Perguntamos, já desistindo da etapa planejada para o primeiro dia. A moça nos encaminhou para o Hotel F1 e reagiu com um NOOOOOOON quando eu perguntei se era caro. Fizemos o caminho indicado por um mapinha e terminamos bravamente os primeiros 5 km de nossa viagem, na porta do ...hummm, bem...hotel. Quartos pequeninos, sem ar condicionado, banheiros e chuveiros compartilhados no andar, os clientes mais mal-encarados de toda Europa justificavam o preço de 32 euros para os três aventureiros. Amanhã seria um novo dia, com o café da manhã (3,5 euros!) combinado na recepção, com a senhora que não falava uma linha de inglês. Meu francês de sobrevivência conseguiu a proeza de acertar a hospedagem e saber que, a uns dez minutos de pedalada, na vizinha São Luís encontraríamos um restaurante aberto para jantar ... a minha primeira tradução das instruções foi “depois do fogo”, mas lembrei rápido que feu é sinaleira, semáforo, para os gauleses. Encontramos a Pizzaria O Sole Mio, com italianos legítimos atendendo. Pizzas divinas, de cogumelos, presunto Parma, alcachofras, cervejas geladas e num canto um grupo festejando um aniversário. O homenageado, gordão, barbudo, de mais ou menos 1,85 m vestia uma roupa de bebezinho, azul claro com direito a touca rendada e bico. Na volta o banho, com truque – o chuveiro era programado para dar um jato d’água de vinte segundos após pressionado.... o segredo era encostar o meio da coluna na torneira para conseguir uma lavada sem interrupção.

 

 

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PARTE DOIS

Dia 7 Saint Louis - Neuff-Brisach 74 km
Segunda feira: de onde sairia o café da manhã? Havia uma mesa, bancos altos, mas...e o resto? Pagamos os três petit dejeneurs e o sujeito da recepção acionou um botão, subindo uma persiana na parede, que escondia pão, geleia torradeira, sucos, um café da manhã simples e honesto. Para completar nossa maravilhosa impressão da estalagem apareceu um hospede.... sem camisa, totalmente tatuado com uma grosseiríssima tentativa de um gorila e uma mulher na extensão inteira das costas. Sinal para ir embora. Dessa vez assumimos a nossa rotina dali pra frente: uma meta, estudada pelo Guilherme, uma rota que o Mauricio baixava no seu celular com os mínimos detalhes ...vamos até a rua Strasbourg, dobramos à esquerda...vamos por ali 15 km ... e assim por diante. O primeiro tombo levou trinta metros para acontecer... atrapalhado com o freio consegui bater na roda de trás do Guilherme, antes de dobrar a primeira esquina, mas em todo caso, estávamos na rota.
Em pouco tempo saímos da área urbana, para tomar a ciclovia que corre junto ao canal do Reno, entrando pela Floresta Nacional. Cruzamos com uma alegre família de excursionistas, como nós...bicicletas alforjes, duas crianças, pai, mãe, uma rechonchuda mulher pedalando bem faceira de vestido de alcinhas. Aguardem, eles voltarão. Começaram as pequenas cidades, com seus acessos e avenidas floridos, certificados pela associação de Villes Flories da França. A primeira parada maior foi em Ottmarshein, onde visitamos a igreja de São Pedro, do ano Mil... toda em pedra. Procuramos o supermercado para comprarmos nosso almoço mas demos de cara com ele fechado para balanço. Resolvemos sentar num pequeno restaurante –café. Os pratos de carne eram acompanhados de uma visita ao buffet de saladas que ...uau! tinha terrines, patês, salames conservas e até saladas... o que já seria suficiente para uma refeição. Como tínhamos que tirar o atraso do primeiro dia perdido, pé na estrada até Neuff-Brisach. Ao descer desastradamente da minha bicicleta pela decima vez, na frente de uma pousada, ganhei os conselhos salvadores do Guilherme sobre técnicas de montar e desmontar numa bicicleta mais alta e carregada. Gracias Tche! Fomos para um café –bar na praça Central para cervejas (meninos) e sorvete (pai). Neuff-Brisach tem 2 mil habitantes, todos dentro da antiga muralha octogonal, com uma extensão não maior que oito quadras em seus eixos e tudo está em torno da praça. O escritório de turismo nos informou que existia um único hotel na cidade, o Duas Rosas (semelhança da muralha com dois octógonos entrelaçados) e pra lá nos fomos levando uma bronca de um motorista por termos andado uma quadra na contramão, avenida larga sem movimento, mas era contramão.
Aqui é um bom momento para descrever nossa rotina de viagem. Chegávamos na cidade meta por volta de três e meia, quatro da tarde, indo para o hotel ou pousada que tínhamos reservado na noite anterior. Descarregar bagagens significava esvaziar totalmente os alforjes, colocando junto à parede as “gavetas” - sacos plásticos cada um com seu conteúdo próprio, um para cuecas um para meias, um para roupas de pedalar, um maligno para roupas sujas. Depois de banho e descanso, saída para passear, lembrando que nessa época o sol se põe quase 21 h na região. Retorno ao hotel, cama até seis e quinze, seis e meia, com alvorada, café da manhã reforçado, com direito a um breve descanso depois dele , recarregar alforjes, fixa-los nas bikes, alongar e pé na estrada, com pausa para almoço onde e quando a fome batesse.
Em Neuf-Brissach, depois de alojarmos as bicicletas numa garagem conveniada com o hotel, na outra quadra, o passeio foi uma volta completa na muralha antecedido por uma chegada ao supermercado onde compramos o lanche e café da manhã do dia seguinte: um sortimento de queijos, terrines e salames com pães e sucos. Caminhando descobrimos que a muralha, um pouco mais extensa por fora do que tínhamos imaginado tem portões nos pontos cardeais e os outros lados do octógono são adornados com imensos bichos de tela e palha. A mesa ao ar livre que tínhamos escolhido para comer ficava logo após um rinoceronte. Veio um elefante, um urso e depois de quase uma hora de andança o Mauricio disse...-Ainda não tá na hora da nossa mesa, falta uma girafa. Dobrando a angulação da fortaleza, lá estava o bicho pescoçudo previsto. Mudamos planos: havia uma colina com bancos e mesa debaixo de uma arvore e decidimos comer por ali. Desembrulhamos os pacotes e íamos começar a festa quando pousou a primeira vespa, encantada por um pedaço de terrine. As suas parceiras começaram a descer, chegando em copos de suco de laranja, pedaços de queijo e, entes que passassem a coisas mais vivas, como turistas brasileiros, descemos o pequeno morro, voltando ao plano original, mesa perto do rinoceronte, sem vespas, apenas com um alegre cãozinho que fugiu da dona e veio nos fazer agrados para pavor da proprietária. Voltamos para o interior dos muros, com ruas permitindo estacionar do dia primeiro a 15 e outras do dia 16 a 31. Uma parada no segundo café da praça central para o reabastecimento foi o final do primeiro dia completo da excursão.

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PARTE 3

Dia 8 – Neuff-Brisach – Strasbourg 78 km
Contra as previsões anteriores amanheceu nublado e com leves chuviscos. Na frente do hotel já havia um casal de ciclistas prontos para partir. Tinham uns sinalizadores com reflexo de luz bem para fora das bicicletas, aumentando sua visibilidade. Saímos com destino da capital europeia, Estrasburgo. Em Marckolsheim fizemos um desvio para visitar o Memorial da Linha Maginot, uma das grandes casamatas remanescentes da inútil e caríssima linha de defesa feita pelos franceses entre as duas guerras mundiais para evitar a invasão dos vizinhos alemães. As paredes ainda têm marcas dos combates, há uma cratera da explosão de uma bomba de ataque aéreo, um obus trancado no concreto e projeteis nas estruturas blindadas, Vale os três euros da entrada, mas não tinham agua potável para recarregar nossas garrafas. O almoço, nessa região guerreira, começou num bunker abandonado, onde nos protegemos da garoa, mudando para uma estação de trem desativada logo ao lado. Comemos a metade restante do piquenique de NeufBrisach.
O tempo e o ânimo melhoraram na ida a Estrasburgo. Tínhamos uma pequena dúvida sobre se o hotel (Íbis budget) teria lugar para nossos veículos, mas eu estava sossegado. Os Íbis que eu conhecia sempre tinham um pátio de estacionamento, esse não seria diferente. Doce ilusão. O Íbis Budget Estrasburgo fica bem na frente da estação de trem, numa linha de prédios de hotéis sem o menor espaço entre eles. O Guilherme que havia feito a reserva em seu nome, voltou do check in bufando: “-Que barbaridade, o carinha disse que tem um estacionamento ali na outra rua e que custa ONZE euros por cada uma”. Resolvemos ver a situação in loco e o Mauricio e eu fomos ao Parking, três quadras adiante. Com tudo quase automático, não havia atendente e pressionamos o botão que chamava o encarregado. Com a comunicação não muito fácil ele enunciou que estaria indo ali para nos orientar, em pessoa. –Oh..parking pour les velos! C’est gratuite! Iuuuupppi. Trinta e três euros mais ricos voltamos pro hotel, pusemos uma roupa não de ciclistas de barro e fomos para a Ilha Central, a parte fantástica de Estrasburgo. Na rua principal houve uma pequena façanha: à primeira parada para cervejas num bar de calçada seguiu-se outra meia quadra adiante. Explica-se: o Guilherme queria provar cervejas alsacianas típicas e teve uma decepção no primeiro bar- pediu cerveja vermelha e veio uma com um rubro jorro de xarope de groselha, adocicando sua bebida. Seguimos o passeio pela Petit France, jantamos no Au Gutemberg, na praça ao lado do carrossel do século 19, com direito a joelho de porco, chucrute, salsichas, bem o que se esperava dessa região. A praça da catedral, que já foi o edifício mais alto do mundo, lá por 1300, estava fortemente guardada por soldados muito armados, reflexo do temor francês por atentados. Antes de voltar ao hotel, mais um pitstop numa butique de cervejas com vista para a catedral.

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PARTE 4

Dia 9 – Strasbourg – Seltz 66 km
Café da manhã no hotel mesmo, saímos de Estrasburgo rumo a Seltz. Finalmente estávamos na borda do Reno, acompanhando o trafego de imensas barcaças de carga, com mais de cem metros, mostrando o que é transporte hidroviário. Por volta de onze horas chegamos a uma cidade minúscula, onde havia uma padaria artesanal, convidando para uma visita. Como um povoado tão pequeno consegue ter uma joia de lugar assim? O lanche foi baguettes cortadas ao comprido com cobertura semelhante a pizza indo ao forno. Simples, bonito, delicioso. Seguimos adiante até Drusenheim, onde almoçamos na beira de uma avenida florida. Na entrada da cidade, quem passou????? A família da gorda de vestido lá do início da viagem. Que folego dessa turminha!!!! O restaurante – Au Soleil D’or - tinha seu prato do dia, com uma entrada de pães e patês com picles, um prato principal de linguiça alsaciana com molho de bacon e batatas fitas e salada, tudo por oito euros. O Guilherme não leu o quadro negro na entrada e quando veio a entrada chiou – Que almoço miado!! Pediu, para tirar a impressão do dia anterior, uma cerveja escura. Só faltamos sentar no chão para rir quando vieram, as bebidas... a cerveja escura era.... vermelha com jorro de groselha!!!!! Depois do almoço saímos um pouco da cidade até a beira do rio, onde crianças estavam tendo aula de canoagem. Deitar na grama, debaixo da sombra, com o capacete amortecendo a cabeça e puxar um ronco.... não tem preço embora as calúnias que eu tivesse assustado as crianças francesas com o ressonar. Este trecho da pedalada começa a apresentar o que veríamos nos dias seguintes: ciclovia sobre os diques de proteção contra enchentes, chegando a uma balsa que liga França e Alemanha, com nosso destino, Seltz, a uns 3 km da beira do rio. Junto ao terminal de balsas havia uma agencia de turismo onde uma gentil senhora mais idosa se prontificou a ligar para alguns hotéis, fazendo nossa reserva no Hotel des Bois, na outra extremidade da comuna, que tem 3200 habitantes. Pegamos a ciclovia para o centro e o Mauricio estranhou uma resposta de uns garotos à sua efusiva saudação com a campainha da bicicleta. Com seu ouvido dotado conseguiu captar a frase, gritada na passagem para mim! “Ces filss sont um coco” significado à disposição no Google, onde o encontramos. No centro de Seltz pensamos em verificar um outro hotel anunciado por placas.... fechado e à venda, resolvendo honrar a nossa reserva. O Hotel Des Bois tem um anexo interessante, em final de construção, com estúdios, com camas para até oito pessoas, cozinha equipada, ótimos banheiros, tudo estalando de novo. A própria dona nos apontou o outro lado da avenida, o supermercado. Como era uma cidade sem atrações, pulamos o passeio no centro e fomos ao mercado já elaborando o cardápio da nossa janta, com o Guilherme de cozinheiro: massa tipo spetzel com chuleta defumada de porco (kassler) e cogumelos frescos e uma rica variedade de cervejas regionais e vinhos brancos. Um rótulo enganou a nós três: a cerveja, super especial da região, se chamava “ 3 MONTS”. Na hora de embalar eu me dei conta da peça que meu raciocínio costumeiro estava me pregando e perguntei rindo aos dois companheiros – Será que é boa essa cerveja “Três meses”?... todos leram a mesma coisa e só depois de prestar atenção no desenho da embalagem, com suas três montanhas vimos que faltava o H.... estávamos lendo uma palavra em francês. De quebra compramos o café da manhã para o outro dia....de novo sucumbimos à tentação de terrines, salamitos, queijos e nove salsichas – três para cada um, além de uma caixa se envelopes do café solúvel. Como bons turistas filmamos a ação de uma máquina fatiadora de pães: coloca-se a baguette , aciona o botão e Voilá! Fatias transversais perfeitas. A janta foi fantástica, continuando por degustação de bebidas até que quinze para a uma lembramos que na terrinha o Grêmio jogava naquela hora com o Godoy Cruz da Argentina. Acessada a transmissão da radio Gaúcha pela internet, um a zero pros castelhanos, quinze minutos de jogo. O Mauricio resolveu conferir o improvável e Bingo! o segundo canal de esportes da TV francesa transmitia direto o jogo, com narração das jogadas de Ramirrô e Pedro Rochá. Mandamos às urtigas a preocupação ou descanso que a jornada do outro dia pedia e ficamos até o final, comemorando a virada do tricolor. Um único problema…lá fora começava a chover.

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PARTE 5

Dia 10. Seltz – Karlsruhe 40 km
A chuva anunciada na noite continuava. Tomamos o café, com a panelada de salsichas e eu desci para ajeitar alforje e bicicleta. –Cadê o Guilherme Mauricio? –Lavando a louça, descobriu que se não lavar e secar tem uma taxa de 20 euros. Depois da lavada de pratos mais bem remunerada da vida, encaramos a chuva e a volta à ciclovia, com capas e roupas mais quentes. Próximo ao centro passamos por uma alegre octogenária ciclista que nos abanou…sem qualquer abrigo, feliz da vida na sua pedalada. Como é interessante, os inimigos de outrora, França e Alemanha tem agora uma fronteira sem sinalização. Cruzamos a ponte minúscula sobre um arroio onde se troca de país e só nos demos conta de ter entrado na Alemanha pela mudança de idioma nas placas de estrada, alguns quilômetros depois. Depois de 33 km era hora de atravessar o Reno, trocando de estado - Renânia–Palatinado na margem de cá por Baden-Vurtenberg do lado de lá – usando o ferry que faz a viagem cada 15 minutos, por dois euros e cinquenta para cada ciclista e sua bike. Do outro lado recusei, acho que pela única vez na viagem, a proposta de uma parada no Restaurante Zolhaus. “Se eu parar agora vou congelar de vez...prefiro continuar até Karlsruhe” e encaramos a estrada no meio da mata. A entrada nesta cidade bem industrial foi facilitada pelo trajeto da ciclovia, todo dentro de um parque, nos deixando a três ou quatro quadras do Novium Hotel, onde entramos molhados como pintos. Por sorte havia uma padaria na esquina anterior e depois de banho e roupas secas, fomos para lá, com lições do nosso ex-morador da terra dos tedescos, Guilherme. Lição um: talvez um pouco tarde: não pedir café grande. A nossa xicara grande é a média deles, a grande dá quase para nadar dentro. Dois: as padarias têm comida de ótima qualidade, como o sanduiche de bife à milanesa que o Guilherme comeu, sendo boas opções até mesmo para almoço. Saímos a pé para o centro e o castelo de Karlsruhe, com guarda chuvas emprestados pelo hotel, deixando as roupas molhadas na sacada de nosso quarto. A cidade talvez seja a mais sem graça de todo trajeto, com uma atração insólita, uma pirâmide na frente da prefeitura, desprezada por turistas e nativos. Depois de um café num bar turco voltamos ao hotel, dedicando o final da tarde a secar roupas e tênis com o secador de cabelos do banheiro. O jantar foi bem próximo, num restaurante árabe, com dedicação aos kebabs, de novo sem possibilidade de pagar com cartão de credito, apenas “cash”. Será que a tecnologia não chegou na Alemanha??

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PARTE 6

Dia 11 Karlsruhe – Heidelberg 65 km
Heidelberg entrou na nossa rota meio como Pilatos no Credo. Eu queria muito conhecer a cidade mesmo que ela ficasse fora do traçado do caminho original, o Euro velo 15, e precisássemos fazer um desvio bem extenso. Na época de planejar argumentei com o Guilherme que seria pouco provável que eu passasse outra vez pela região e que tinha ouvido maravilhas do lugar. Saímos de Karlsruhe olhando para o alto e o Senhor das chuvas mandou água, muita água, a partir do meio dia. Em ??? fizemos a pausa para o almoço. Encontramos o restaurante ideal: letreiro gótico, cardápio típico com anuncio de schnitelzs a preços bem razoáveis. Levando as bicicletas para o estacionamento a triste constatação.... só abriam para o jantar. Como estava frio e ameaçando chover optamos por comida quente em um mini restaurante italiano que havíamos descartado na primeira passada (“quando formos à Itália vamos comer massa”) e que, embora não aceitasse cartões de credito, obrigando os meninos a darem uma pernada na chuva até o banco, nos revigorou com imensos pratos de lasanha e bife à parmegiana. Santa comida porque resolveu começar a chover de verdade, nos fazendo vestir as capas que logo, logo se mostraram não tão impermeáveis como o Mauricio e eu esperávamos das nossas, molhando roupas e ciclistas que estavam debaixo delas. O caminho tinha um longo percurso dentro de mata e com ciclovia não pavimentada resultando numa bela imundice nas bicicletas e nos alforjes que recebiam os respingos das rodas traseiras. Os quilômetros que antecederam Heidelberg foram especialmente molhados, por chuva que atrapalhava até a visão. Muito interessante foi a cruzada por um campo florido. Havia uma placa grande com os preços das flores e uma caixa com uma fenda para os clientes colocarem o dinheiro após colherem o que desejassem, sem fiscais, sem cercas. Acho que não funcionaria aqui no Brasil.... A chegada em Heidelberg foi uma das coisas mais decepcionantes da viagem. Ao invés do castelo, rio e ponte que eu estava esperando entramos numa cidade grande moderna, movimentada, piorando pelo trajeto até nosso hostel, indo por viadutos em reforma, com cimento e ferro de construção pelo caminho. O Steffis Hostel era no terceiro e quarto andares de um prédio e, na hora de fazer o check in, o Mauricio mostrou sinais de cansaço. A recepcionista detalhou onde e como guardaríamos as bicicletas (saguão de quarto andar, subir pelo elevador) e em seguida ele perguntou...-Como vamos guardar as bicicletas? ... Alojados, não nos demos conta que estávamos a cerca de um km da cidade velha e das atrações que tínhamos ido buscar. As roupas e tênis molhados foram colocadas na frente de um ventilador ligado, a moça da recepção nos emprestou duas espalhafatosas capas de chuva azuis e fomos ao turismo. Antes de chegar bem no centro ouvimos o chamado da selva: um bar perfeito, com banquinhos altos, várias pessoas com caras de felizes agarradas a canecões de vidro de um litro ou de louça com meio litro da bebida nacional da Alemanha, é aqui, combinamos e sentamos no canto disponível. O garçom nos deixou um cardápio e....sumiu. Uns quinze minutos depois alguns clientes começaram a ir até o caixa pedindo ou suas contas ou reclamando do sumiço do cara. Para nós, nem as horas, o que obrigou uma retirada estratégica e sedenta, até a praça central, cheia de restaurantes arrumados. Não era bem isso, disse o Guilherme. Eu queria um ...mais parecido com um bar. Pediu, achou. Tinha um bar tão bar na praça que não serviam comidas. Como gentileza para os estrangeiros a garçonete nos DEU um tira-gosto, uma mistura de chips com doritos. Voltamos para a caminhada na chuva e eu fiz uma constatação maligna: havia guardado a máquina fotográfica no bolso da capa azul que, como as nossas, não era tão impermeável. O bolso devia ter dois dedos de agua e a câmera entrou em coma úmido, só despertando no final da viagem. Passeamos pelo centro histórico, pela ponte, com belíssimas vistas dos prédios típicos e imponentes do outro lado do rio, apreciamos o castelo e já estava na hora do jantar. Era só escolher entre os restaurantes atraentes, cheios de turistas, mas seguíamos caminhando. Por sorte tivemos a atenção chamada para um prédio sólido, massudo, com janelas altas estreitas e uma porta severa, com cardápios ao lado, o Brauhaus Vetter. Entramos e foi como adentrar ao paraíso: uma atmosfera de festa, mesas imensas cheias de clientes, perfumes de cervejas e comidas fumegantes. Perguntamos ao coordenador da zoeira toda se deveríamos dar nossos nomes para obter um lugar. –Não, onde vagar vocês sentam, mesmo com outras pessoas. Nos ofereceu uma mesa num canto quase dentro da cozinha, onde faríamos companhia a um casal de japoneses de meia idade. Em poucos minutos vagou uma mesa e nós e os japas trocamos nosso lugar para o meio do fervo. Resolvemos pedir um mix de comidas típicas e nossos parceiros de mesa deram gritinhos não sei de espanto ou entusiasmo quando a garçonete nos serviu joelho de porco, um imenso ramschnitzel e um prato com dez salsichas e chucrute, com litros de cerveja turva. Esse casal comeu filé com fritas e foram embora, seus lugares logo ocupados por uma família de italianos de Turim pai, mãe, filha, genro alemão dali mesmo, medico dermatologista, filho bebê de seis meses e um cão que ficou quietinho debaixo da mesa. Deu pena de deixar o lugar e voltamos quase meia noite pelas ruas desertas, sem temor algum, ao hostel, onde um grupo de coral tomava chá entoando algum orfeão em língua desconhecida.

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PARTE 7

Dia 12 Heidelberg – Worms 58 km
O ventilador ligado a noite toda cumpriu seu papel e secou muito bem as roupas e tênis. Tomamos café no refeitório comum do hostel e partimos em direção de Worms, cidade histórica, com boas expectativas já antes de embarcarmos. Nossos parceiros constantes nos últimos cinco dias e quase trezentos quilômetros começaram, a nos abandonar: eram pés de milho, milhões e milhões deles, quilômetros após quilômetros de milharais, que nem sabíamos existir no sudeste francês e nesta região da Alemanha. Fizemos algumas teorias – venderiam para os italianos fazerem polenta, mandariam para as praias gregas, para vender espigas fervidas – mas descobrimos que são grandes e tradicionais produtores de milho para forragem, milhões de toneladas, triturando tudo para alimento de gado e porcos. Começavam os milharais a serem substituídos por imensas hortas de cenouras, repolhos, alho poró e apontavam as primeiras parreiras, anunciando a zona vinhateira que se aproximava. Cruzamos por Manheim, um megaporto, entreposto industrial e, compatível com isso, sem encantos que nos fizessem parar, a não ser o almoço num restaurante turco com um atenciosíssimo oriental que serviu kebabs para um batalhão. O hotel onde ficaríamos era na periferia de Worms, uns 8 km do centro. O trajeto indicado pelo Google maps era no mínimo meio esquisito – atravessamos a cidade, cruzamos por todo um parque, entramos por uma longa picada no meio da mata até chegar no destino. O hotel – Landhaus Rebstock - era um brinco, pequeno, no fundo do corredor, com uma senhora recepcionista que anunciou que não falava inglês, dominando alemão, romeno e russo!!! Logo ao chegar notamos um movimento na rua ao lado, quinze metros adiante do corredor que levava à portaria. Fomos ver e ooooohhhhh placas de HOJE KERB por todo lado, com o pessoal martelando para construir as barracas. Decidimos que ali seria o lugar de jantar mas seguimos o plano inicial, indo de taxi ao centro, descobrindo uma ciclovia reta, escondida pelo navegador da internet, e recorrendo a pé a catedral, o monumento a Lutero, a roda do destino, a muralha antiga e a atração maior, a torre dos Nibelungos, já bem fora da cidade. Não tínhamos a menor ideia de onde pegaríamos um taxi para a volta e retornamos ao centro, pedindo ajuda para um cabelereiro numa barbearia que imediatamente telefonou para o serviço e em dez minutos estávamos no caminho do Kerb. Rua cheia, barraquinhas de pescaria, derrubar latas com bolas de meia, tiro ao alvo, venda de corações de pão-de-mel, além é claro de imensa tenda de cervejas de barril e várias de salsichas, porco assado e bifes com molho espesso, espelho fiel de antigas quermesses populares no Brasil. Eu me entreguei cedo, mas os parceiros chegaram cantando e rindo passadas duas da manhã.

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PARTE 8

Dia 13 Worms –Mainz 60 km
Um dia com tempo bom, sol radiante e grande pedalada, acompanhando a ciclovia que bordejava o Reno, na sua margem ou sobre o dique de proteção e cruzando a zona de videiras, a região vinícola. Avistamos a cidade de Oppenheim, com o plano de circundá-la e seguir na direção de Mainz, cidade meta deste penúltimo dia. A vista da cidadezinha era tão bonita, com igreja pontuda e torre no alto de um morro que fizemos uma derivação e fomos visita-la. As ruas íngremes obrigaram o veterano a desmontar e seguir empurrando a bike. Quando estávamos por dobrar a última esquina da praça central o Mauricio exclamou –Ei, tem um evento aqui!! E quando pusemos o pé no lugar uma banda, como se estivesse nos esperando, atacou “Rosamunde”!!! no Brasil adaptada livremente como “Barril de Chopp” o que seria inadequado para a ocasião, pois caímos no meio da festa do vinho do local. Banda, comida típica, mais uma vez em barracas, até uma polonaise em volta da praça fez parte desse final de manhã, pena que limitado pela impossibilidade de conciliar pedais com vinho. De volta à estrada em Boddenheim uma placa indicava caminho fechado para ciclistas, com duas faixas vermelhas cruzando a placa de sinalização. Entre arriscar, voltar ou perguntar para alguém, escolhemos a última opção, com uma corredora que vinha trotando pela estrada. Caminho Livre? Sim. Tem certeza? Sim, estou indo para lá (8km de chão). Nos aproximamos de Mainz, com um grande movimento na orla do rio, ciclistas famílias, bares da beira lotados. Nossa reserva era para um pequeno hotel do outro lado do rio, o Zum Schnackel, já em Wiesbaden, mas antes de cruzar a ponte deixamos em um poste, já enfeitado por viajantes anteriores, um dos adesivos com nosso logo, marcando a passagem dos Both por lá. Depois de instalados, fomos de bicicleta para um dos barzinhos de happy hour na barranca do rio, apenas curtindo o final da tarde, jantando no Bastion von Schoenbrorn, restaurante mais arrumado do lado.

 

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PARTE 9

Último dia, o de menor distancia a percorrer, pela beira do rio Main. Um simbolismo todo especial nos acompanhou neste trecho – a direção dos aviões que aterrissavam em Frankfurt, o maior aeroporto da Alemanha, era a mesma que seguíamos e com a aproximação da cidade parecia que os aviões desciam conosco na nossa chegada. Deu tempo até para uma pausa de soneca sobre bancos e mesas em um lugar de repouso para ciclistas na metade do caminho. Alugamos um apartamento mobiliado bem próximo à estação central de ferrovias mas tivemos que desmontar para chegar no endereço, tal o movimento de pedestres no entorno da Hauffbanhoff. Olhamos o prédio, olhamos para nós e dissemos... –TERMINOU!!! Depois de oito etapas, 485 km, havíamos completado nossa viagem! Do outro lado da rua um bar restaurante muito vagabundo, mas com um nome extremamente adequado... Terminus... recebeu os primeiros brindes vitoriosos. O último dia (assim pensávamos) ainda foi preenchido com trancar a porta do lado de fora com a chave dentro, buscar sem sucesso caixas para empacotarmos as bikes e visita ao centro histórico.

Epílogo: a chegada não foi perfeita, culpa da companhia aérea. A volta foi muito imperfeita, culpa da companhia aérea. Com voo às 19 h Basileia Londres São Paulo, tomamos o trem para o aeroporto pouco antes do meio dia. Uma super loja de ciclismo na cidade sentia muito...três dias antes tinham quase cinquenta caixas como queríamos e nos dariam com prazer, mas hoje…Teríamos que comprar caixas no terminal de bagagens do aeroporto, desmontar as bicicletas e embala-las para o transporte. Uma surpresa: sem muitas indicações de onde ficava o local procurado, batemos num painel de acesso, uma porta de segurança se abriu, e entramos direto, sem objeção de quem quer que devesse estar cuidando a entrada de um local restrito. Depois desta parte resolvida, embarcar. O problema é o tamanho do aeroporto de Frankfurt. O lugar onde vendiam as caixas era uns três km longe do nosso terminal e deslocar-se com três volumes imensos por elevadores, linha de monotrilho e mais elevadores foi um pequeno desafio. Lá fora uma mudança repentina.... o tempo rugia com raios, trovões e chuvarada. Ihhh... isso pode dar atraso em nossa conexão, começamos a temer. Ficamos mais tranquilos ao embarcara rigorosamente no horário. A tranquilidade se dissipou nos setenta minutos seguintes, sentados dentro do avião parado, esperando liberação para decolar. Mesmo com uma apressada tentativa de embarque, perdemos o voo para São Paulo, com a notícia que só no outro dia poderíamos regressar. Pulamos para esse dia, depois de hospedados no Hyatt Place. Já dentro da área restrita o Guilherme perdeu seu cartão de embarque. Subimos para o escritório da British Airways e no caminho havia uma sala de espera vip, com duas recepcionistas num balcão. Perguntamos ali, buscando a solução. Ambas fizeram caras de consternadas: Ihhhh! O senhor tem um graaaande problema... e após uma pausa começaram a rir – “It’s a joke! ”, uma piada das graciosas. Três digitadas, um novo cartão na mão, perguntei para uma delas – “-Essa cor amarela em seus olhos é um câncer de pâncreas? ” Depois das exclamações de espanto das duas, dei uma pausa e terminei; “-It’s a joke!”. Pano rápido para fechar a cena.

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