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CHAPADA DIAMANTINA E TERRA RONCA


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RELATO CHAPADA DIAMANTINA NA BAHIA E PARQUE ESTADUAL DE TERRA RONCA NO GOIÁS

Relato de viagem ao Parque Estadual de Terra Ronca no Goiás e Chapada Diamantina acontecido no mês de outubro de 2014.

 

Fomos e minha doce Izabel, com um carro RAV4, uma SUV da Toyota com tração nas 4 rodas, que foi nos levou tranquilo nessa viagem. Embora com esse monte de tecnologia, nos percursos que fizemos, poucas vezes precisamos deles. Na época de seca, todo esse percurso dá para ser feito em carro de passeio normal.

 

1º DIA

 

Saímos de Brasília logo pela manhã. Nosso destino inicial era o Parque Estadual Terra Ronca, chamado de PETER que fica a 90 km de Posse. Vários são os caminhos para se chegar a PETER. Todas, obrigatoriamente começa na BR 020.

1ª Opção: Após Planaltina, entrar para São João da Aliança, Alto Paraiso, Teresina de Goiás, Divinópolis e São Domingos, 482 Km de asfalto.

2ª Opção: Seguir a BR 020 e em Alvorada do Norte segue no sentido de Iaciara e depois estrada de terra até São Domingos. 382 KM

3ª Opção: Seguir a BR 020 e entra em Posse e segue até Guarani em estrada asfaltada e depois de Guarani a estrada é de terra com 77 Km de estrada de terra. Total 419 KM

4ª Opção: Seguir a 020 no sentido de luís Eduardo Magalhaes e no entroncamento entre para São Domingos. Toda asfaltada. 467 km.

Nós fizemos a terceira opção pois estava com um carro 4x4, mas se estivesse com um carro comum de passeio também daria para fazer qualquer dessas rotas.

Dica: Vá direto para São Domingos via Luís Eduardo Magalhaes e na cidade contrate um guia, basta chegar em qualquer pousada que eles tem contatos.

 

No percurso que fiz, entrando por Posse a estrada nos leva direto ao Parque Nacional e passamos em frente a Caverna de Terra Ronca, mas sem guia você só vai conhecer a primeira entrada. Perto da caverna tem uma casa de um guia, Ramiro que você pode contratar para fazer com as cavernas.

 

Dentro do parque também tem um vilarejo São João onde pode também contratar alguém para sair com você para as cavernas. Os guias cobram em média 120 reais para ficar o dia todo a disposição do grupo de até 3 pessoas.

Perto da Gruta de Terra Ronca tem uma Pousada que pode-se fazer o ponto de partida para os passeios, tem uma boa infraestrutura.

No povoado de São João que fica dentro do Parque tem a Pousada Terra Ronca, você pode hospedar nela e visitar a gruta Boca da Lapa e depois para São Domingo e no outro dia visitar as outras grutas.

Quem for mais metropolitano recomendo ir para São Domingos e sair para fazer os passeios.

Chegamos em Posse e fomos almoçar, perguntamos a algumas pessoas se a estrada estava boa até São Domingos e a maioria disse que sabia que estava asfaltado até a cidade de Guarani, resolvemos arriscar. Asfalto muito bom até Guarani, depois estrada de terra. Mais de 70 Km até chegar a São Domingos. Nesse percurso, entra o Parque, como já disse, passa em frente a Caverna de Terra Ronca que também é chamada de Boca da Lapa, pode parar, andar e conhecer a sua primeira caverna, não recomendo adentrar mais sem o guia. Tem um rio e pode tomar um banho para refrescar e pegar a estrada. 1 Km antes tem a casa do Ramiro, pare e pergunte se ele está, acerte com ele para entrar com vocês na caverna, segundo os guias que conversei ele é o mais experiente de todos. Se você fizer isso, te poupara uma volta de uns 50 km para conhecer novamente a gruta por dentro. Tente conhecer logo e seguir caminho.

Passamos pelo povoado de São João e seguimos em frente, saímos do parque, paramos e tiramos umas fotos no portal e fomos para São Domingos.

São Domingos é uma cidade histórica com aproximadamente 11 mil habitantes, mas está precisando urgentemente de um programa de preservação. Procuramos algumas pousadas e ficamos na Pousada Araújo, 70 reais o casal. Pousada arrumadinha e com ar condicionado. Café da manhã aceitável. Os funcionários muito hospitaleiros prontamente telefonaram para um guia (Tarcísio) que veio para que combinássemos o passeio do dia seguinte. Combinamos que iriamos conhecer a Caverna Angélica, e depois poderíamos ir a Terra Ronca novamente se nós quiséssemos.

Saímos a noite para comer alguma coisa e fomos a uma jantinha, onde escolhe um espeto de carne e vem os acompanhamentos. Muito bom.

 

2º DIA

 

Bem cedo, tomamos café e o guia chegou e fomos de volta para o Parque em estrada de chão.

A Caverna Angélica, é uma das mais belas cavernas do Parque Estadual de Terra Ronca. Rodamos aproximadamente 27 km em estrada de terra, os primeiros 20 km são de cascalho, portanto fáceis, os últimos tem que entrar em estradas secundárias e atravessar várias fazenda e sítios. Tivemos que para seis vezes para o Tarcísio (guia) abrir as porteiras para a gente passar. Paga-se R$ 5,00 reais para visitar. Nesse dia não tinha ninguém para cobrar e devido ao acesso considerado fácil é bastante visitada. Mas nesse dia não tinha viva alma, só nos três. Pela falta de fiscalização e controle da entrada de visitantes isto vem causando depredações irreparáveis. Pois é uma bela, linda e excelente caverna. Visitei outras e essa me parece a mais bela de todas.

Nunca se arrisque dentro de uma caverna sem um guia, a presença do guia com experiência é fundamental. Lentamente fomos adentrando a caverna e passamos por pela boca da caverna e tem uma praia em seu interior onde corre o rio angélica e desaparece no subterrâneo, ressurgindo no interior de alguns salões que visitaríamos depois. Com apenas lanternas fomos explorando as profundezas da escuridão e os ricos lindos e reluzentes espeleotemas iam aparecendo e milhões de belíssimas cortinas de estalactites e estalagmites. Vários salões, entre eles canudos, espelhos e o das cortinas. No momento mais mágico, sentamos em frente a uma cortina de eslactites e espeleotemas e o guia pediu que apagássemos as lanternas e do outro lado ele iluminou o lago com sua lanterna de forma que as formações do teto refletissem na água, foi magistral, uma cidade inteira surge do chão, fazendo com que a gente se sentisse muito privilegiado por ter uma visão dessas.

Outra experiência foi ficarmos em silencio total dentro da caverna com as luzes todas apagadas por algum tempo para ouvir e ver o nada. Uma experiência que confesso, me deixou inquieto com o passar dos minutos, uma onda de pavor percorreu meu corpo e minha mente começou a pensar que jamais sairia dali e que sem nenhuma luz morreria pois nunca acharia o caminho de volta. Pavoroso, mas momentâneo. Jamais esquecerei esse momento. Bel achou magnifico aqueles momentos e disse que ficou extremamente concentrada e que foi um momento mágico. Cada um reage de uma forma.

Depois de várias horas na caverna, saímos. Luz. Caminhamos beirando um rio e aproveitamos para tomar banho nele. Magnifico.

Decidimos que não iriamos mais a outra caverna de Terra Ronca, pois já estava ficando tarde e já tínhamos passado por ela e além disso seria mais uns 40 km de terra. Voltamos para a cidade e fomos almoçar com o guia. Acertei com ele, despedi e voltei para a pousada e resolvemos naquele momento que deveríamos continuar a viagem para a Chapada Diamantina, já que ainda era dia e não havia necessidade de esperar até o dia seguinte.

Pagamos a Pousada e saímos de São Domingos voltando na BR 020 e no entroncamento para Correntina entramos e dirigimos até a cidade de Bom Jesus da Lapa, queríamos ver novamente a gruta e os peregrinos. Um pequeno contratempo no carro e tive que acionar o seguro, que foi resolvido no dia seguinte cedo sem problema. Dormimos no Saulos Hotel e pagamos 135,00 reais e com um café da manhã muito bom.

 

 

3º DIA

 

Logo cedo saímos para visitar a gruta onde os peregrinos chegam aos milhares. Conta-se que o peregrino Francisco de Mendonça Mar andava pelo sertão carregando uma imagem do Bom Jesus e fez dessa gruta sua morada e construiu um hospital e um asilo para idosos. Isso lá pelos idos de 1.600. Assim começou a crescer ao lado da lapa do Bom Jesus um povoado, assumindo o mesmo nome de Bom Jesus da Lapa. O santuário, dentro de uma gruta está bem cuidado e tem ar condicionado e os romeiros entram e sai o tempo todo. Vários cartazes pedem para falar baixo. Muita gente compra nos camelôs nas cercanias amuletos como pés, mãos, cabeças de plástico para depositar nos altares pedindo graça. Já havia visitado ele uma vez e estava muito descuidado e com muitas pessoas pedindo esmolas nos arredores. Mas desta vez, não vi nenhuma. Uma festa.

Por volta das onze horas saímos de Bom Jesus e pegamos a 430 em direção a Riacho de Santana e Caetité onde almoçamos e dei umas andadas na cidadezinha para comprar um bojão pequeno de gás para meus futuros acampamentos. De Caetité A Brumado a estrada estava com buracos. Redobrando os cuidados. De Brumado rumamos a nossa primeira paragem oficial para a Chapada Diamantina, Rio de Contas.

Aqui cabe algumas observações:

Quando iniciei o planejamento dessa viagem, a ideia inicial era seguir pela BR 020 até a entrada de Lençóis e fazer dessa cidade nossa base para fazer os passeios pela Chapada. Dois motivos fizeram com que eu mudasse de ideia. O primeiro é que estava acontecendo um festival no final de semana que eu estaria chegando e não tinha mais hotel, pousada, nada. O segundo é que estudando o mapa da Chapada Diamantina e suas atrações, verifiquei que estas, ficam todas, distantes de lençóis, podendo faze-las de outras localidade mais perto e por conseguinte conhecer essas cidades. Foi por isso que optei em começar a viagem pelo lado sul da chapada e depois percorre-la até chegar ao seu final no lado norte em Lençóis.

Nosso planejamento ficou assim: Rio de Contas (1 dia); Mucugê (2 dias) Lençois (3) dias e Araquara (1 dia).

Retomando a narrativa. Antes de chegar a cidade de Rio de Contas passamos pela cidade de Livramento que é muito bonitinha e do alto avistamos a Cachoeira do Fraga. Considerado o cartão postal da cidade, é a cachoeira mais próxima da cidade. Queda d’água no Rio Brumado, forma piscinas naturais ótimas para Banho. Lindo visual.

Assim que chegamos ao centro da cidade de Rio de Contas não nos contivemos com a beleza da cidade. As casas e casarões históricos lembrando os tempos áureos do ouro e diamante. Cidade pequena e muito bem cuidada. Limpa e com poucas pessoas nas ruas. Uma praça linda e florida e bem cuidada.

 

Para quem interessar sobre história leia esse parágrafo:

 

“Criada por Provisão Real em 1745, Rio de Contas foi a primeira cidade planejada do Brasil. O município preserva o traçado antigo, apresentando praças e ruas amplas, igrejas barrocas, monumentos públicos e religiosos em pedra e o casario em adobe.

Escravos alforriados que se instalaram na margem direita do Rio de Contas Pequeno, atual Rio Brumado, foram os primeiros habitantes da região de Rio de Contas. Em pouco tempo, formou-se o povoado denominado "Pouso dos Crioulos" (localizado ao sul da Chapada Diamantina e dentro do Polígono das Secas). No início do século XVIII, com a chegada de bandeirantes interessados em novas regiões de exploração do ouro, um novo arraial (hoje chamado de Mato Grosso) foi fundado, atraindo mais pessoas para a região. Também nessa época chegaram os padres jesuítas.

Em 1746, o Pouso dos Crioulos passou a chamar-se Vila Nova de Nossa Senhora do Livramento das Minas do Rio de Contas, nome herdado da transferência de uma vila vizinha que, devido a constantes enchentes, sofria de uma epidemia da "febre de mau caráter".

Na segunda década do século XVIII, o bandeirante Sebastião Pinheiro da Fonseca Raposo Tavares descobriu ouro no local, iniciando um ciclo que marcou a história da região, fazendo com que o povoado prosperasse rapidamente. Rico em ouro de aluvião, o município viveu na segunda metade do século XVIII uma época de grande prosperidade econômica. As tradicionais famílias importavam da Europa peças de uso pessoal e de decoração e, numa celebração à abundância, pó de ouro era lançado nos Imperadores e Rainhas durante as procissões da festa do Divino Espírito Santo. Também são desta época os casarões em estilo colonial, hoje tombados pelo patrimônio.

Em 1745 dá-se a transferência de uma antiga vila (a de Nossa Senhora do Livramento de Minas do Rio de Contas) para o novo sítio, surgindo então a Vila Nova de Nossa Senhora do Livramento de Minas do Rio de Contas. Toda esta prosperidade decaiu já por volta de 1800 com a escassez do ouro, e agravou-se com a descoberta de diamantes na Chapada Diamantina quatro décadas depois. Grande parte da população de Rio de Contas que havia fundado a cidade transferiu-se para Mucugê em busca de novas riquezas. A vila foi elevada à cidade em 1885.

É um atual polo eco turístico da Bahia. Foi cenário do filme Abril Despedaçado do diretor Walter Salles.”

Para terminar, Rio de Contas é hoje tombado pelo Patrimônio H histórico e Artístico Nacional. Vale a pena passar uma tarde nessa cidade maravilhosa.

Procuramos uma pousada, existem várias. Fomos bem recebidos na Pousada Aconchego, perto de um centro de Turismo e da melhor pizza da viagem. Pagamos 70 reais pela diária com um café da manhã aceitável. Tiramos muitas fotos e curtimos muito andar até cansar nessa cidade linda. Jantamos a melhor pizza da cidade no centro cultural em frente a nossa pousada.

 

4º DIA

Logo cedo conversamos com a Lea da Pousada e rumamos para o povoado de Mato Grosso onde moram portugueses que vieram para o Brasil no século XVII.

Esse povoado tem uma história interessante, na qual vale a pena reproduzir de um jornalzinho Itabuna,com.br que pesquisei para visitar.

“É a comunidade de Mato Grosso, situada ao norte da sede Rio de Contas, a 18 km no alto sertão da Chapada Diamantina. Compreende áreas recobertas de caatinga e chapadas elevadas com vegetação do tipo gerais, onde o clima é ameno sob uma temperatura que varia de 10.ºc a 32.o c. Numa altitude de 1450m.

O acesso é feito por uma antiga trilha que hoje virou uma pitoresca estrada, parcialmente pavimentada em lajões de pedras, muito mal conservada. A vila tem entre 600 e 800 casas térreas, as quais mantém suas antigas características arquitetônicas. Apesar de se encontrar num vale, as casas foram construídas perpendicular ao leito de uma serra, cortada por pequenos planaltos de forma que a gravidade facilita todas as tarefas do cotidiano.

 

LONGA TRAJETORIA

A comunidade de Mato Grosso surgiu no final do século XVII, mais precisamente em 1710 o bandeirante Sebastião Pinheiro Raposo descobriu lavras de ouro. As famílias portuguesas Mafra, Silva e Lima, que vieram para antiga colônia portuguesa em busca de riquezas, subiram o leito do Rio de Contas a partir do litoral de Itacaré, numa viagem de aventuras que na época durava meses, até chegar ao Rio Brumado.

 

Por influência das lavras, se transferiram para o norte,que por muitos anos fora um garimpo promissor. As famílias portuguesas, aclimatadas, pois a temperatura que mais se aproximava da sua região de origem, Mafra em Portugal, resolveram ali permanecer. Em 1718, com a construção da Igreja de Santo Antonio, pelos jesuítas, a sede foi elevada a primeira Freguesia do Sertão de Cima.

 

DECADÊNCIA

Por volta de 1800, o ouro caiu de produção e com a descoberta de outros garimpos de diamante e ouro no Mucugê, Lençóis e Jacobina, houve êxodo de garimpeiros. Ao longo destes quatro séculos as famílias portuguesas se isolaram de todos, passando de geração a geração casando entre famílias do mesmo grupo étnico, formando um estereotipo onde a maioria dos habitantes tem em comum os traços ligados a altura, rosto, orelhas salientes e nariz, ficando famosos como a comunidade dos brancos.

A marca que realmente identifica esta comunidade é a união das famílias, que realizam os trabalhos agrícolas entre si, por meio da mão de obra familiar, transformando se em uma sociedade agrícola, um exemplo de organização em pleno esteio jacobinense.

 

ADAPTAÇÃO

A princípio com os costumes que trouxeram de Mafra, com a primeira geração, plantavam trigo, arroz e cevada para complementar a cesta de sustento. Ao longo do tempo, a cada geração, as famílias foram se adaptando às culturas regionais e a demanda do mercado que absorvia o excedente da produção de Mato Grosso. Uma comunidade agrícola, cercada por cafezais, pomares e hortas, onde aproveitam um palmo de terra dos quintais para plantar verduras e frutas, transformando o meio urbano numa paisagem especial. As rochas que são abundantes servem para fazer as divisões de áreas assim como para fazer o calçamento das ruas e construções. Apesar da comunidade produzir de tudo, ainda está longe da auto-suficiência, o excedente da produção, é vendido para completar a necessidade de cada família.

CAFÉ

A base econômica é a cultura do café catuí, espécie que não fica muito grande e facilita a colheita, seguida de legumes e frutas que chegam a sair dentre dois a três caminhões semanais para os mercados de outras praças. Na época da colheita do café a mão de obra familiar ficar limitada, assim contrata-se mão de obra das comunidades de baixo que são as vilas de negros do Bananal e Barra que tem uma semelhança com a história do povo de Mato Grosso.

REISADOS

O orgulho dos habitantes da vila é a Igreja de Santo Antônio, construída no século XVII pelos jesuítas e que hoje é palco da festa de Santo Antônio e reisado, quando a comunidade se une em leilão de objetos de valores estimativos para arrecadar fundos de despesas das festas. O feito mais recente foi a eleição de um vereador (Gervásio Mafra), e do vice-prefeito de Rio de Contas (Jonas Mafra), 660 eleitores, demonstrando que mesmo com o tempo a união dos moradores continua firme. A mais recente geração começou a sair da vila em busca de melhores estudos e a explorar outro universo, além dos muros de pedras e dos picos e com isto o surgimento de novas relações, provocando uma renovação genética, mas é muito difícil não encontrar a marca de uma das três famílias, pela região do sertão alto e baixo da Chapada, Mafra, Silva e Lima.”

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1472436”

 

Depois de chegar ao povoado resolvemos que deveríamos visitar ao mirante do Bitencourt que fica a 1.600m de altitude) e perguntamos a alguns rapazes a direção e fomos por uma estrada muito ruim. Nos perdemos e andamos por várias estradas sinuosas, avistamos muitos lugares considerados mirantes, mas não tenho certeza até agora que cheguei mesmo ao Mirante. O fato é que estávamos perdidos. Depois de algum tempo, avistamos um senhor e perguntamos como chegar a a Mato Grosso e ele nos indicou que estávamos próximos, e realmente depois de algumas curvas chegamos novamente ao povoado. Atravessamos ele e paramos para conversar com uma senhora que estava cuidando de algumas roseiras. Nos disse que todos lá são mesmo portugueses e que eles casam entre eles e insistiu para que entrássemos para ver seus artesanatos.

Na volta passamos pela Ponte do Coronel, lugar onde as pessoas vão passar fim de semana e tomar banho nas correntezas do Rio Brumado.

De volta a Rio de Contas, rumamos para a estrada real que liga Rio de Contas a Livramento, Construída nos tempos do Império, por ordem de D. Pedro II. É toda calçada com lajes de pedra. O percurso proporciona toda a beleza da descida da serra. Estava interditada devido a uma queimada que tinha acontecido alguns dias antes e só podemos apreciar um pedaço de sua subida.

Fomos para a Cachoeira do Fraga, considerada o cartão postal da cidade de Rio de Contas, muito próxima da cidade, podendo ir de carro, qualquer carro até a sua porta, deixando-o num estacionamento que não é pago e aproveitar suas ótimas águas. Tomamos uns banhos e vimos que estava na hora de seguir viagem para outras paragens. Nosso destino era Ibicoara, onde queríamos ir a Cachoeira do Buracão.

Pegamos a estrada rumo a Ibicoara. São 90 km. Até Jussiape 45 km é asfaltada e depois um estradão de terra que vai até o entroncamento com a BA142 e mais 8 km de asfalto ate Ibicoara.

Ibicoara é uma cidade de 16 mil habitantes e era comarca de Mucugê e foi emancipada em 1962, localiza-se a sudoeste da Chapada.

Chegamos num domingo onde tudo estava fechado. Procuramos uma pousada que tinha um pequeno restaurante. Durante o almoço perguntei a uma das cozinheiras se ela conhecia algum guia, pois sabia que para a cachoeira do buracão você só pode ir se estiver com um guia.

Numa mesa ao lado estavam algumas pessoas e a moça chamou por um que veio conversar com a gente, o apelido dele é Du, muito simpático disse que levaria a gente com prazer, mas só no dia seguinte pois tinha bebido algumas cervejas e jamais iria levar alguém para as cachoeiras depois de ter ingerido bebida alcoólica. Acertamos tudo para o dia seguinte.

Acertamos a diária (70 reais) pois é o valor estipulado pela ACVIb – Associação de Condutores de Visitantes de Ibicoara (formada exclusivamente por guias locais e fomos nos instalar na Pousada Sabor da Chapada, também pagamos mais 70,00 reais pela diária.

A noite visitamos o centro da cidade, jantamos e fomos dormir.

 

5º DIA

Logo cedo já estávamos de pé esperando nosso guia. Enquanto aguardávamos, fomos até a feira que estava acontecendo no Mercado Municipal, ela acontece um dia na semana em cada cidade nas redondezas e nessa segunda feira foi em Ibicoara. AS oito e meia nosso guia chegou e rumamos para nosso destino. Cachoeira do Buracão.

São 27 km de estrada de chão até a Entrada do Parque onde fica a cachoeira, pagamos mais 6 reais por pessoa e entramos no parque, mais uns 10 minutos estacionamos o carro e o resto do percurso deveria ser feito a pé. Na época da chuva, como os carros passam por um riacho, a distância da caminhada aumenta em três quilômetros. Como a trilha não é demarcada a presença do guia é fundamental

Uma hora de viagem caminhando hora nas pedras, horas em trilhas. Paisagem deslumbrante e vários cânions com paisagens e uma variedade de flores indescritíveis. A trilha demora uma hora em ritmo moderado.

Nosso guia o Du, gente muito fina, muito educado, atencioso ao extremo, trabalhou por muitos anos no Parque, conhece todos os caminhos que levam a Cachoeira. Morador das redondezas, não teve nenhuma dificuldade em nos mostrar todas as belezas do lugar.

A Cachoeira do Buracão está dentro de uma reserva ambiental que é de responsabilidade da Prefeitura de Ibicoara, sendo que eles mantem um banheiro no estacionamento onde os carros devem ficar enquanto vc faz o passeio. O ideal é levar muita agua e algum lanche na mochila.

Du foi nos mostrando por percurso algumas quedas d’água e pequenas Cachoeiras como a das Orquídeas e a do Recanto Verde e um cânions que ele diz ser de hidromassagem, mas estava com pouca água e nem nos atrevemos. Após essa caminhada em terreno mais ou menos plano. Avistamos a cachoeira e o Du pediu para que deitássemos nas pedras e olhássemos a cachoeira de cima. Linda.

Começamos a descida, nada que não se consiga com uma dose de boa vontade. Chegamos aos cânions e para ter acesso a cachoeira é necessário que você resolva ou vai nadando até a cachoeira entre os cânions ou vá escalando as encostas dos cânions.

Resolvemos ir nadando, embora Bel não saiba nadar, disse a ela para ir boiando e fomos lentamente passando pelo pequeno cânions. Impressionante esse percurso. Não tem como descreve-lo. Magnifico. Nosso guia ia dizendo onde pararmos. Você não vê a cachoeira a não ser quando esta já no final dos cânions. Quando numa das curvas do cânions nos deparamos com aquela visão. O poço onde desagua a cachoeira que tem 85 metros de altura é muito fundo, mais de 30 metros, mas não sentimos em nenhum momento medo. Nadamos até a entrada da cachoeira. Visão fantástica. Nadamos mais e mais e chegamos onde desagua a cachoeira. Conseguimos. Lindo. Êxtase

Suas águas vermelha quase preta onde você não enxerga mais do que dez centímetros nos dá uma sensação de que realmente é bastante profunda. Um lugar indescritível.

Ficamos ali um bom tempo nadando e curtindo. Voltamos pelo mesmo caminho e pedi ao Du que me mostrasse como seria o percurso pelas encostas. Para acessar o outro lado da encosta colocaram um pau onde as pessoas devem atravessar segurando um cabo de aço. Altura de uns oito metros até a agua dos cânions> Du disse que algumas pessoas pulavam lá de cima na água. Eu disse que faria isso, Minha mulher não acreditou muito e pedi para filmar e pulei. Uma sensação incrível.

Assim que terminamos e começamos a nossa volta, chegaram outros turistas. Agora não era mais só nossa. A subida é mais difícil, mas como estávamos muito empolgados com nosso feito, nem sentimos.

Como tinha me informado que a Cachoeira do Buracão é muito bonita e que não deveria iniciar minha aventura por ela pois o ficaria comparando com o resto, achei exagero, mas confesso que fiquei com a impressão de que seria o melhor passeio de todos. E realmente é o melhor passeio. Claro que todos foram bacanas, mas sentir aqueles cânions, nadar até a cachoeira. Impagável.

De volta ao estacionamento, lanchamos e conversamos muito com o Du, nosso guia. Voltamos a cidade, acertamos com ele. Almoçamos, pagamos o hotel e fomos embora de Ibicoara para a cidade de Mucugê.

Mucugê fica a 78 km de Ibicoara, tudo asfaltado. Segundo a Prefeitura, “a cidade de Mucugê é uma das mais antigas da região da Chapada Diamantina, fundada no fim do século XVIII. A cidade foi um dos principais centros de exploração de ouro e de diamantes, assim como a famosa cidade de Lençóis, apresentando até hoje os casarões coloniais de estilo português. Favorável para o Ecoturismo, Mucugê é um local bastante visitado por pessoas que apreciam o turismo cultural.

De arquitetura colonial totalmente preservada, e ruas bem limpas, chamam a atenção os seus jardins e canteiros muito floridos. O Alto do Capa Bode é considerado um local de contemplação, onde habitantes e visitantes garantem ali terem avistado OVNIs – Objetos Voadores Não-Identificados. Mucugê oferece também locais de rara beleza, como cachoeiras, paisagens, vales e cânions, histórias de lutas pela posse do garimpo, de defesa contra a invasão da Coluna Prestes e de destemidos coronéis que eram respeitados pelo poder e riqueza.”

Logo na entrada de Mucugê tivemos uma surpresa imensa ao depararmos com o Cemitério Bizantino que na verdade chama-se Cemitério de Santa Izabel. Fica na encosta da serra Sincorá, que é iluminada e a noite se torna um espetáculo à parte. Conta-se que esse cemitério foi erguido para se proteger da contaminação em função de uma epidemia de cólera que assolou a Bahia e como ficava em um local elevado com muita pedra, longe dos mananciais de água da região não os afetaria.

Seus túmulos são alindados horizontalmente, todos caiados de branco. As formas de sua arquitetura lembra a época de bizâncio, mas na verdade elas imitam fachadas de igrejas e arcos. Mas é um espetáculo a parte. Durante a noite com a iluminação feita na Serra e no cemitério, é uma visão muito instigante.

Fomos para uma Pousada no centro, onde pretendíamos ficar por dois dias e fazer alguns passeios nas redondezas. A cidade é linda, com casario do século XVIII preservadíssimas. Suas rumas de pedras dão um charme especial. Sentar num café descolado e tomar um chocolate ou um capuchino vendo os transeunte e a cidade andar devagar, não tem preço. Decidimos que iriamos conhecer o Poço Encantado, o Poço Azul e a Caverna do Bode. Conversamos com um guia e acertamos em ir no outro dia cedo, seriam dois carros pois ele já tinha acertado com outro casal com um filho e bastava que o seguíssemos. Sem problema. O preço acerta na hora dependendo do numero de pessoas.

A noite jantamos em um dos diversos restaurantes da cidade. Uma picanha maravilhosa.

Nossa Pousada é sui generis. A Neuza que toma conta, vai embora as nove da noite e deu a chave da Pousada para a gente trancar a porta quando voltássemos. Só nós estávamos nela nesse dia.

 

6º DIA

Acordamos por volta das sete e fomos tomar café, conforme tínhamos combinado com a Neuza da Pousada. Café tomado e fomos encontrar o Guia com apelido de BOCA. Logo o casal chegou e fomos rumo ao poço encantado.

 

Para chegar ao Poço Encantado é necessário ir para o Município de Itaetê, mas não precisa chegar na cidade, fica no caminho, 47 km até Mucugê. O carro para na entrada do poço. Paga-se uma taxa de 20 reais por pessoa e recebemos uma touca daquelas para sala de cirurgia e um capacete e descemos uma escadaria de 322 degraus.

O poço tem aguas cristalinas, possui cerca de 60 metros de profundidade e da para ver perfeitamente o fundo. A gente só acredita que tem água por la, quando o guia faz um pequeno movimento na água. É proibido tocar na água pois pode dissipar todas as formações que se encontram em seu solo. A melhor época para se visitar é de abril a setembro pois o reflexo do sol faz com que a cor fique muito azul. O que só é mostrado com firmeza nas fotos. Inexplicável. Terminada a visita fomos subir a maldita escada. Longa. Bel odiou, não o poço, mas as escadas. Muito íngreme e cansativa.

Saímos do Poço Encantado e fomos visitar a Gruta da Lapa do Bode. Tem esse nome porque o caseiro que toma conta nos disse que aos 14 anos de idade entrou pela primeira vez na gruta e que as cabras ficavam na entrada descansando e quando entrou na gruta encontrou três crânios de cabras que estão la ate hoje. Disse que esta treinando um bode para acompanha-lo com os turistas. Essa Gruta é aberta localizada à margem esquerda do rio. Uma distância de 22 km da sede e 150m da ponte à BA-142, estrada que liga a cidade de Itaetê a Mucugê e Andaraí. A caverna é constituída de várias galerias longitudinais e outras transversais, formando um impressionante labirinto. No local, o visitante ainda pode encontrar exuberantes formações rochosas com estalagmites e estalactites. Nosso guia que é o dono do terreno onde fica a Gruta disse que foi ele quem a descobriu e quem a explora. Pagamos 15 reais por pessoa. Muito bonita a Gruta, vale o passeio.

 

Saímos da gruta e fomos para o Poço Azul onde pode fazer a flutuação (nadar com colete e visor para ver o fundo do poço). Mais estrada de chão. Chegando ao Poço azul vi que tem infraestrutura. Pagamos 15 reais cada pessoa e entramos para ver o Poço com direito a flutuação. Como tinha muitos turistas tivemos que esperar e aproveitamos para almoçar por lá mesmo, pois tinha uma comida a quilo.

Segundo informações um garimpeiro descobriu o Poço Azul em 1920, quando procurava diamantes na região das lavras diamantinas, na Chapada Diamantina. O Poço começou a receber a visitação de turistas a partir de 1994, transformando-se num dos mais conhecidos atrativos da Chapada.

A flutuação moderada é permitida nas águas cristalinas e azuis do Poço Azul. Pode ser feita também na parte interna da caverna, onde corre o rio subterrâneo do Poço Azul que desemboca no rio Paraguaçu. Estudos paleontológicos foram feitos no Poço Azul, a partir de 2005, onde foram encontradas mais de 3.000 unidades de fósseis de animais pré-históricos, transformando o Poço Azul no maior sítio paleontológico submerso do Brasil.

O melhor momento de entrar no Poço Azul é entre 13h e 15h, quando os raios solares irradiam águas azuis, formando um espetáculo de rara beleza.

Antes de entrar no poço tomamos banho para retirar o creme do corpo e descemos uma escadaria e muito bem organizado, entramos na agua e ficamos por meia hora vendo um espetáculo de Poço, lindo, limpo. Perfeito. Vale a pena demais. Muito mesmo.

Saímos de alma lavada. Combinamos com o guia que não mais o seguiríamos e que iriamos fazer um caminho alternativo pois queríamos conhecer a cidade de Igatu. Seguimos em um caminho de terra até pegarmos o asfalto e fomos rumo a Igatu.

Antes de chegarmos a Igatu passamos pela cidade de Andaraí, que foi um dos polos mais importantes do ciclo da mineração na região. O centro histórico está preservado. Bonita cidade. Logo depois descemos e fomos para a Praias do Rio Paraguaçu: A 10 minutos de Andaraí, as praias chapadenses oferecem banhos em águas rasas e tranquilas. Estava deserta. Tiramos algumas fotos logo adiante na Cachoeira Donana e rumamos para Igatu.

Aqui tem uma história interessante. Para chegar a Igatu tem dois jeitos: por Andaraí em uma estrada de pedras de 7 km ou por Mucugê em uma estrada de terra de 7km. Escolhi ir pela estrada de terra, mas para minha surpresa, em várias parte dela tinha pedra e a estrada não é muito boa. Mas fomos.

 

A cidade de Igatu é indescritível. Vou tentar.

 

É uma pequena vila que viveu tempos áureos na época do garimpo. A cidade é tombada pelo IPHAN e tem vários atrativos especiais como as ruínas das casas de pedras que foram construídas pelos garimpeiros no século XIX e que o pessoal apelidou de Macchu Picchu da Bahia. Andando pelas ruelas conhecemos um holandês que nos recomendou ir ao museu aberto no final de uma rua indo para as ruinas. Fomos ao museu e entramos e encontramos uma exposição muito interessante e tomamos um café excelente servido pelo dono do Museu e artista plástico. Foram longas horas de conversa e papo. Depois descemos mais a rua e fomos conhecer as ruelas e as casas de pedras, ou o que sobrou delas. Após essas incursões voltamos ao centro da cidade e procuramos algum lugar para fazer um lanche e não achamos e resolvemos retornar a Mucugê.

A noite passeamos pela cidade e fomos a pé (muito perto) até a Serra de Sincorá onde tem o Cemitério Bizantino ver sua iluminação. Uma vista que vale a pena. Voltamos para a cidade e fomos jantar e curtir Mucugê.

 

7º DIA

Tomamos um bom café e despedimos da Neusa e fomos embora de Mucugê, Bel queria trocar uma blusa que comprou de lembrança mas a loja ainda estava fechada. Fomos conhecer o Museu Vivo do Garimpo que fica a uns 7 km de Mucugê na rodovia que leva a Andaraí.

Deixa-se o carro no estacionamento e anda uns 600 metros numa trilha e encontra um museu dentro de uma caverna, preservado pela prefeitura de Mucugê. La paga-se 10 reais para manutenção e pode-se conhecer as peças e lembranças d garimpo. Fomos recebido por um guia muito atencioso que nos mostrou tudo e contou várias histórias engraçadas que foram contadas a ele por sua mãe e avó.

O Objetivo do Museu é preservar e difundir a cultura das atividades diamantíferas na Chapada Diamantina, através do Museu Vivo do Garimpo. Em particular tentar resgatar parte da história dos garimpeiros mostrando como tudo iniciou no local, o apogeu deste importante ciclo econômico do país, onde a Bahia, em especial a Chapada Diamantina, vivenciou um curto período de transformação e riqueza e cuja fase de declínio repercutiu na economia mundial.

Saímos de do Museu e voltamos a Mucugê pois Bel insistia em trocar a blusa. Sucesso. Trocamos a blusa e fomos ruma a cidade de Andaraí. No caminho tem uma outra atração que é o Projeto Sempre Viva. Vale a pena parar para dar uma olhada na proposta do projeto, pois a preservação da nossa mata está ameaçada e eles fazem um trabalho fantástico de preservação e reprodução de uma variedade de sempre viva ameaçada de extinção. Depois de uma excelente explicação da monitora, ela nos convida a conhecer a as trilhas que percorriam os garimpeiros que levam as Cachoeiras de Tiburtino e Piabinha. Um dos locais mais lindos que conheci na Chapada Diamantina. Passamos a manha andando entre as pedras e cachoeiras e tomando banho. Sem pressa. Muito tranquilo.

No começo da tarde saímos do complexo do Projeto Sempre Viva e rumamos para Andaraí. Andamos pelas ruelas de casas coloniais do século XIX e fomos almoçar.

Depois do almoço fomos para Lençóis. Chegamos a Pousada Grisante em Lençóis onde fomos recebidos pelo dono o Glauco, um personagem simpático e que nos deu todas as dicas sobre passeios em Lençóis e arredores.

Instalados, fomos rever Lençóis. Cidade bem preservada e com uma infraestrutura turística mais arrojada que as cidades anteriores que passamos, mas por outro lado, mais cara. Seus casarões também remetem ao ciclo do ouro e diamante do século XIX. Andamos bastante e já no final da tarde resolvemos ver o pôr do sol no famoso morro do Pai Inácio que fica na BR 242 voltando no sentido de Seabra a uns 30 km de Lençóis. Segue a BR e após esses 30km entra a direita e contorna parte do morro. Estaciona e começa uma subida muito íngreme de uns 300 metros até o cume do morro. A vista vale a pena, pois tem-se uma visão panorâmica da Chapada em 360 graus e o pôr do sol é de tirar o folego. Deitamos naquelas pedras e ficamos esperando o sol se pôr e fechar aquele espetáculo da natureza. Dezenas de pessoas admirando em silencio aquele visual do sol se encobrir atrás das formações rochosas. Lindo.

Voltamos a cidade e resolvemos jantar. Lugar é que não falta. Várias escolhas e cozinhas de várias parte do mundo. Algumas de gosto duvidoso, mas na maioria o pessoal se esforça para dar um ar de praças europeias. Jantamos e voltamos ao hotel.

 

8º DIA

Logo cedo o Glauco, dono da Pousada nos disse que tinha um passeio que poderia ser feito aos arredores da cidade, praticamente não precisando de carro. Topamos. Esse dia estava livre para esses passeios que entrariam em nossa agenda de surpresa.

Seguindo o carro do Glauco até uma das saídas da cidade. Deixamos o carro e com uma mochila com muita agua e algum lance fomos visitar o Ribeirão do Meio em uma trilha muito agradável de uns 45 minutos. Lugar muito bonito com formações rochosas que formam lagoas de fácil acesso para tomar banho e um tobogã de pedra onde o pessoal costuma descer de bunda. Na trilha tem duas biroscas onde vc pode comprar água e coco gelado. Passamos a manha nesse agradável lugar.

Na volta resolvemos visitar o Rio Mucugezinho que fica na BR 242 voltando para Seabra. Tem que ficar atento senão passa direto. É um restaurante na beira da estrada.

Para-se o carro e passa por dentro do restaurante e desce uma escada e pega uma trilha para o Rio Mucugezinho.

 

Lugar lindo demais. Tem dois restaurantes entre as pedras. Vale a pena ficar uma tarde por lá e foi o que fizemos. Conversando com o pessoal do restaurante, eles nos disseram que mais abaixo, indo pelos lajedos e trilhas iriamos encontrar o Poço do Diabo, nem pensamos duas vezes e fomos explorando as trilhas até que chegamos ao Poço pelo lado de cima. Lindo demais. Nesse poço o pessoal pratica a tirolesa e o rapel.

 

Ficamos por ali por muito tempo tomando sol e banho nas aguas cristalinas do rio mucugezinho. Tarde prazerosa. Voltamos já quase no final da tarde pegamos o carro e vimos uma placa de um Orquidário a uns 10km indo na direção de SEABRA, no “pé” do Morro do Pai Inácio, tanto que chama-se Orquidário Pai Inácio.

La fomos nos. Entramos em uma ruela de chão e paramos num portão onde estava escrito para buzinarmos. Assim o fizemos e veio um senhor e nos convidou a entrar para conhecer o local (paga-se uma taxa de 10 reais por pessoa para manutenção). Evangivaldo é o nome do caseiro que nos mostrou todas as variedades de orquídeas e conversamos ate ao anoitecer. Bom papo. Voltamos a Lençóis e fomos para a praça tomar sorvete e andar atoa. A noite jantamos numa casa de massas onde conhecemos a Alessandra que nos contou histórias engraçadas da vida dela. Valeu a noite.

 

 

 

9º DIA

 

Reservamos esse dia para visitarmos as cavernas na cidade de Iraquara. São muitos os passeios nessas redondezas e não tem como fazer todos em um dia. Aliás precisaria de muitos dias para fazer tudo. São muitos rios, grutas, cavernas, lagos e quedas d’água.

 

Brinca-se que a cidade está sob uma grande caverna e que a qualquer momento pode afundar. Iraquara significa Gruta de Mel. Claro que a cidade também foi importante no ciclo do garimpo e tem ainda muito desse tempo.

 

Resolvemos fazer a Gruta da Torrinha e da Pratinha. Voltaremos para fazer o resto em outro momento.

 

Para chegar as Grutas, tem que voltar na BR 242 até a entrada de Iraquara e depois mais alguns km e estará na entrada de terra para a gruta que fica muito perto do asfalto. Ao todo são 67 km de Lençóis a Gruta de Torrinha.

 

Ao chegar tem um local que é uma propriedade particular, onde os guias ficam sentados esperando que o dono da gruta acerte com a gente o valor da entrada. Tive a impressão que acerta pela cara do cliente pois naquele dia o Globo Repórter da Rede Globo iria passar um programa sobre essa gruta. De qualquer forma, me disse que como estava somente eu e minha esposa, o guia poderia levar-nos até a sala dos cristais, salão esse que não é comumente visitado. Somente por poucas pessoas e mesmo assim somente de dois em dois, mas isso ia custar mais caro. Pois são três os percursos e varia a pena fazer os três. Enfim: disse a ele que queria ver tudo já que estava ali e esse “tudo” me custou 120 reais (casal). Fomos com a guia e com lanternas entramos na caverna. Foram três horas de belezas dentro daquele pedaço de paraíso.

 

É considerada uma das mais completas do Brasil e do mundo em espelotemas raros e os helictites crescem a partir do teto e se voltam para cima desafiando a gravidade. São 17 km e tem de tudo que pensar: canudos de cristais, flores de aragonita – única no mundo – formações de agulhas de gipsita longas que “nascem” do chão. Muito impressionante. Tiramos muitas fotos, suamos muito e andamos abaixados muito tempo.

 

Tem dentro da caverna algumas formações que lembram o Morro do Pai Inácio. Para chegar a essas ultimas salas é necessário passar por uma estreita passagem e é na terceira galeria que tem a flor de aragonita, a atração mais esperada. Afinal é a única no mundo. Muito interessante. Saímos de lá maravilhados e cansados.

 

Pegamos o carro e rumamos para a Gruta da Pratinha. São muitas as opções. Na verdade virou um complexo onde oferece várias atrações e cobra por elas. Para entrar no complexo vc paga 20 reais e recebe uma pulseira que lhe dá o direito de visitar o Poço Azul e tomar banho em suas aguas azuis no outro lado da gruta.

 

Entramos e fomos almoçar. Dentro tem um restaurante a quilo e diversos lugares para comprar lembranças. Como estava ficando no horário de ver o reflexo do sol na Gruta Azul rumamos para lá. Caminhada leve de uns 200 metros e escada tranquila e ficamos ali admirando aquelas águas límpidas.

 

Saímos dali e fomos ver o mergulho de flutuação. Resolvemos não fazer pois já tínhamos feito na outra lagoa e voltamos para tomar banho em suas aguas cristalinas. Ficamos ali a tarde toda curtindo aquela agua limpa e um sol maravilhoso.

 

Ao sair do complexo resolvemos voltar por uma estrada de chão de 30km que já nos deixa perto do Morro do Pai Inácio, economizando uns 35 km. Estrada tranquila e voltamos para a cidade sem antes procurar um posto onde nos informaram que venderiam adesivos para colocar no carro, pois procurei dentro de lençóis e não achei nada. Também não encontrei no Posto. Voltamos para Lençóis e fomos conhecer o rio que contorna a cidade. Belas fotos. A noite fomos jantar uma comida italiana; Bel gostou muito.

 

10 DIA

 

Tomamos café cedo, despedimos do Glauco e fomos embora de Lençóis. Nosso destino era o Vale do Capão, voltando na BR 242 vai até a cidade de Palmeiras e depois numa estrada de chão de aproximadamente 30 km chega-se ao povoado.

 

Rodeada de montanhas e como nos disse um morador, em janeiro quando chove essas montanhas derramam em suas encostas cachoeiras lindas e o local fica impagável. O conceito dessa cidade é diferente das outras da Chapada, aqui não se desenvolveu ligado a mineração, embora tenha sido sua atividade principal no século XIX. Mas nos anos 70, embalados pelos ideias de paz e amor, muitos jovens, principalmente, procuraram alternativas a cidades barulhentas vieram para o vilarejo para somar e não para tirar.

 

A história é interessante de como se desenvolveu essa ideia. Um grupo de oito pessoas resolveu fundar uma comunidade, chamada de Lothlorien que quer dizer em celta, “sonho dourado”. Nesse projeto destacou-se o médico naturalista Áureo Augusto que procurava tratar das pessoas através do naturalismo e criou uma clínica voltada para técnicas alternativas e com isso o povoado foi criando fama de alternativo e hoje é considerado um ponto de encontro dos jovens de todo o mundo em seus festivais.

 

Muitos estrangeiros montaram pequenas pousadas no local e também barzinhos super transados.

 

Milhares de pessoas procuram o Vale para trilhas, cachoeiras, trekking como o Vale do Paty. Um lugar que vale a visita. Ficamos ali proseando com o dono de uma doceria e resolvemos ir embora. Na saída ainda demos carona para uma garota que se dizia música e que veio procurar a irmã, mas ela não se encontrava e iria ver se achava ela em Lençóis. Deixamo-la em Palmeiras e empreendemos nossa viagem de volta para Brasília. Minha doce Izabel e eu voltamos maravilhados com esse Brasil lindo. Prontos para a próxima.

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