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O poder de fazer tudo renascer – 21 dias na Itália


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Olá a todos, muito bom-dia!

Gostaria de dar início ao relato da viagem que fiz em fevereiro de 2009 para a Itália.

Espero que gostem. Se tiverem dúvidas e sugestões é só dizer!

 

Inicialmente gostaria de explicar meu título ("O poder de fazer tudo renascer"): no primeiro semestre de 2008, fiz um curso sensacional sobre o renascimento na literatura italiana. Um dos autores estudados foi Niccolò Machiavelli (Maquiavel, como é conhecido por aqui) que, numa de suas passagens mais belas (a qual infelizmente não consigo me lembrar em qual livro está) diz que a Itália fez renascer a arte. Por isso, queria que o tema da minha viagem fosse esse: fazer renascer. E foi o que aconteceu, essa viagem me fez renascer para a vida.

 

Agora, sem mais delongas, dou início à narrativa.

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[align=]Desde o ano de 2006, havia começado a estudar italiano na faculdade, foi uma paixão que se acendeu em mim imediatamente; por isso, eu desejava ir para a Itália, precisava conhecer aquele país o quanto antes! Pacientemente fui esperando que uma oportunidade aparecesse. Mas, com o tempo, parei de pensar um pouco nisso, mas, em 2008, após ter completado um bom tempo no meu estágio, percebi que era possível investir naquele sonho porque já tinha ajuntado uma graninha razoável e estava prestes a terminar o meu curso de italiano na faculdade. Naturalmente minha quase total inexperiência nesses assuntos e meu medo de me ver tão longe de casa, sozinho e pela primeira vez na minha vida (logo eu que mal cruzara a divisa do estado) quase me impediram, mas no final prevaleceu minha vontade de viver novas experiências e uma grande aventura e acabei por tomar a decisão. Lembro que o último grão de indecisão foi removido por mim no metrô de São Paulo: voltávamos eu e uma colega do trabalho, quando comentei sobre a possibilidade de ir para a Itália no ano seguinte e ela, pobrezinha, que também estudava italiano e desejava ardentemente ir para lá, respondeu séria: “Estou muito feliz, mas morrendo de inveja”. Na semana seguinte, com mais decisão que o Super-homem, estava eu indo de uma agência de intercâmbio a outra para fazer orçamentos. Vou explicar: não queria ir apenas para passear, queria aproveitar e fazer um pequeno curso de italiano para aprender ainda mais.

No final da contas acabei fechando com a CI de Mogi das Cruzes. Inicialmente a ideia era de quatro semanas de curso semi-intensivo em Roma, mas depois vi que não conseguiria pagar tal viagem; sendo assim, graças à consultoria da agente de intercâmbio, decidi por fazer duas semanas de curso semi-intensivo (meio período) em Roma e manter uma terceira semana livre para poder fazer o que eu bem entendesse. Nas duas semanas teria hospedagem em casa de família com café da manhã. Além do curso, comprei lá também o seguro-viagem, a passagem de avião (KLM, com escala em Amsterdã) e a carteirinha do HiHostels; havia também a possibilidade de comprar as passagens de trem, mas preferi arriscar e comprar por lá mesmo (e, como se verá ao longo do relato, esse foi um dos meus erros). O curso e a passagem paguei relativamente barato pelo fato de ser antes da crise norte-americano com a cotação do dólar num valor ultra-baixo. Estava muito satisfeito! Fechei tudo em agosto e teria muito tempo para me preparar. Aos poucos fui arrumando as coisas, comprei roupas mais leves na Decathlon e na Centauro, consultei amigos, o fórum Mochileiros e os Guias da Folha e o Rough Guide, troquei meu dinheiro e preparei o cartão de crédito. No dia 31 de janeiro de 2009, às 16 horas saímos de casa em Mogi das Cruzes eu, meu pai, meu irmão, meu tio e minha prima em direção ao Aeroporto de Garulhos; a viagem foi rápida e sem problemas. Meu coração batia a mil, só de pensar no que estava por vir... O embarque transcorreu normalmente e às 21 horas e avião estava decolando (minha primeira vez num avião!) rumo à grande aventura. Arrivederci San Paolo! Deus! Como estava ansioso! Mas estava tudo consumado. No turning back now![/align]

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01/02/09 – 1º dia

 

Viajar de avião não foi tão ruim como eu imaginava. A KLM é uma excelente empresa: o sistema de entretenimento é bastante variado, os atendentes são bem atenciosos e há sempre um lanchinho dando sopa no fundo do avião. Aconselho, de verdade! O problema foi de ordem pessoal: sou um tanto ruim para dormir. Durante a noite, quando as luzes foram apagadas, consegui dormir só umas duas horas! No banheiro, fiquei olhando as minhas enormes olheiras. Passei o resto do tempo, ouvindo música e assistindo aos filmes; além disso, fui abençoado com a belíssima vista da alvorada no deserto do Saara. Inesquecível! Logo, logo, estávamos já sobrevoando a Espanha e, depois, a França. Lá pelas 11 horas da manhã pousamos no aeroporto de Amsterdã, Schiphol. Ao sair do avião, senti o maior frio da minha vida ::Cold::, mas foi apenas no túnel porque o enorme aeroporto tem aquecimento interno. Havia funcionários da imigração fiscalizando a entrada dos passageiros. Um deles me parou e me fez as perguntas corriqueiras, mas logo me deixou passar. Como tinha ainda umas três horas antes da partida do próximo voo dei uma relaxada, comprei um chocolate e vi as lojas. Schiphol é um lugar em que você realmente sente a globalização. Tem gente de todo o mundo lá. Ver o quadro de voos é uma verdadeira aula de geografia, tantos lugares, tantas possibilidades, tantas vidas entrelaçadas...

Passei pela imigração (tendo respondido, mais ou menos, às mesmas perguntas) e mais tarde embarquei no avião da Alitalia, com destino a Cidade Eterna! O avião naturalmente era bem menos que o anterior e o serviço não era tão bom assim, mas foi um voo rápido. Sobrevoamos os Alpes suíços e às 19 horas pousamos no Leonardo da Vinci – Fiumicino. Após recuperar minha mala (já um pouco destruída pelos “cuidados” ao longo do caminho) e responder mais perguntas ao funcionário da imigração (que me pediu para abrir a mala), estava livre!

No desembarque, encontrei-me com o funcionário da escola, que segurava um cartaz com o meu nome; ele me esperava para me levar até o lugar onde mora a família que iria me hospedar. No carro, minha estava a mil: Roma parecia uma cidade normal, como qualquer outra. Confesso que a imagem que tinha da cidade destoava completamente da outra que havia formado dentro de mim. Foi uma reação de rejeição (que é normal), fora o fato de o funcionário da escola não ser lá muito conversar.

Chegamos por fim no Cipro, um bairro residencial que fica logo atrás do Vaticano (atrás mesmo! Encarei isso como um sinal de que tudo daria certo), o funcionário da escola me deixou na frente ao prédio onde mora AV, uma senhora de 40 anos, e seu filho LV, de 5 anos. Ela foi realmente muito simpática comigo (seu filho não, como era de se esperar) e me fez sentir em casa. O apartamento era bom também, embora pequeno (assim como todos os apartamentos italianos). Acomodei minhas coisas no quarto, conversei com AV e fui dormir cedo, pois estava muito cansado.

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02/02/09 – 2º dia

 

Fui acordado pela AV às 7 horas da manhã, com leves batidas na porta. Ela me serviu o café da manhã: café com leite e torradas com geléia. Arrumei-me e ouvi as explicações de AV sobre como chegar no metrô. Saí de casa às 7h 30min e caminhei até a estação Cipro – Musei Vaticani. Era realmente fácil e perto. A passagem de metrô custa 1 euro, mas o metrô é bem ruim, são poucas linhas e o trem costuma demorar para chegar, até aí tudo bem: o metrô de São Paulo também é assim. Fiquei é chocado quando vi a estação Termini (central): ela é toda suja e pichada, um horror. Havia um amontoado de jornais, daqueles grátis, que as pessoas haviam jogado fora, todos espalhados pelo chão. O pior de Roma com certeza é o metrô.

Antes de chegar à escola, fiquei perdido por um tempo, mas logo me encontrei. A escola DILIT fica bem próxima à estação, excelente localização. Tive que fazer um teste, um escrito e outro oral, para saber em que nível ficaria. No final, fui encaminhado para a sala correspondente. O método da escola é excelente e os professores (que se alternam de um dia para outro) são muito motivados. A aula passou bem rápido. A maioria das pessoas da turma é muito legal. Na parte da tarde, depois de almoçar com a galera da escola, saí para fazer minha primeira exploração!

Desci a via Cavour e fui até a igreja de Santa Maria Maggiore, a maior de Roma, que fica na Piazza dell’Esquilino, bem fácil de achar. Lá dentro, fiquei tão mexido pela beleza e pela ambientação do local que comecei a chorar (e eu nem sou de chorar!). De volta à rua, continuei meu caminho pela via Cavour, passando num bar/café com internet para mandar um e-mail para a casa. Já estava digitando, quando notei que estava tocando Calypso! Inacreditável! Não é o meu tipo de música...

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A igreja de Santa Maria Maggiore

No fim da Cavour, fiquei um pouco desorientado (só depois acabei percebendo que, embora o Guia Visual da Folha dê poucas informações históricas e artísticas, ele tem uns mapas excelentes para se guiar na rua) e passei em frente à igreja San Pietro in Vincoli, na qual ainda não entrei, chegando em seguida ao Coliseu, que dispensa apresentações, a primeira vista do Coliseu é sempre chocante. O prédio é imponente, com muita história para contar. Tirei muitas fotos, mas o problema foi quando eu tentei tirar fotos de mim mesmo. Foi aí que um padre, que carregava um monte de livros, se aproximou e me perguntou se eu podia tirar uma foto dele e eu respondi que sim, claro que aproveitei para pedir o mesmo. Depois, quando estava descendo as escadas, fui abordado por um indiano muito simpático que tentou me vender um suporte para a câmera, ele demonstrou produto muito bem, mas eu não queria comprar. "Sorry, pal", eu disse, enquanto me afastava. "What's your price?", ele perguntou. Vendo que se começasse a negociar com ele, seria obrigado a comprar, disse que precisava mesmo ir e fui embora. Visitei o Coliseu (ignorando os gladiadores de plantão) com o bilhete combinado com o Foro/Palatino. Tudo ali é lindo, com destaque para a Arena do Coliseu (dá para imaginar as carnificinas que ocorreram ali), os arcos triunfais, o Templo de Antonino e Faustina, os outros templos, a casa de Augusto e os jardins Farnese. Como já estava meio tarde, fui meio que expulso dali pelos funcionários do sítio.

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O Coliseu, dispensa apresentações

 

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Arena do Coliseu

 

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O Arco de Constantino visto do Coliseu

 

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Templo de Antonino e Faustina

Peguei o metrô de volta para casa, mas logo notei que AV esquecera de me dar as chaves do apartamento. Decidi então dar uma volta pelo bairro. Comi um arancino siciliano e comprei um capote num outlet por 30 euros. Quando retornei, AV já havia retornado. Estava bem cansado e fui dormir cedo porque ainda me sentia cansado do voo. Buona notte!

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03/02/09 – 3º dia

 

O tempo não estava nada bom. Havia garoado durante a noite e estava bastante úmido. Como pude dormir até um pouco mais tarde, já que a aula começava às 9 horas nos outros dias, acordei bem disposto, embora o tempo não favorecesse nada disso. Na escola, tive aula com outra professora, ainda melhor que a primeira. Ela me perguntou coisas sobre o Brasil e disse que havia aprendido um pouco de português da faculdade, embora ela não se lembrasse de quase nada. Ela quis saber também coisas sobre a minha cidade e o que eu estava achando da Itália. Enfim, uma simpatia. A sala estava mais cheia e havia várias pessoas que não haviam vindo no dia anterior. No momento da “chiaccherata”, em que temos que conversar uns com os outros, fui escolhido para conversar com um venezuelano muito gente fina que havia chegado à Itália cinco meses antes sem falar um cazzo de italiano e, no entanto, já estava no mesmo nível que eu. Impressionante (ou nem tanto assim, já que, vou confessar, aquele nível foi fácil demais para mim). No intervalo, fui tomar café com o pessoal da turma e uma das meninas me perguntou se eu sabia sambar. Respondi que não e ela pareceu um pouco decepcionada. No final da aula, KK, uma moça húngara, perguntou se eu iria no passeio até Campo de’ Fiori no fim do dia. Acontece que a escola tem uma programação semanal de atividades, entre passeios, excursões e outros. Infelizmente, muita gente não aproveita essas atividades e, por isso, muitas deles são canceladas por “falta de contingente”. Disse-lhe que iria se o tempo colaborasse (o que, de fato, não aconteceu).

Tentando me arriscar um pouco, decidi ir na região da Piazza di Spagna, mas quando cheguei lá (de metrô, estação Spagna), estava caindo uma chuva fina. Mesmo assim, peguei meu guarda-chuva e saí. De vez em quando a chuva parava, mas não aproveitei muito não. Vi a Scalinata di Spagna, a Piazza di Spagna, andei pela Via dei Condotti e Bocca di Leone, comi no Burger King, localizada na Via del Tritone (deixarei para comentar sobre esses lugares mais adiante, num dia mais afortunado). Voltei à Termini para tentar compreender o sistema de passagens e ver quais as opções que eu teria para viajar depois que o curso terminasse, passei pela livraria e, quando percebi, já estava um pouco tarde. Havia parado de chover e eu peguei o metrô, mas como “prêmio de consolação”, desci uma estação antes do lugar onde estava morando (estação Ottaviano. Peguei a Via Ottaviano para ver o quê? Isso mesmo, Piazza San Pietro! Linda, à noite, ela é maravilhosa! Impossível conter as lágrimas. É tudo o que falam, você caminha pela rua e, de repente, está lá no meio da praça. As fontes sob a luz da lua e das lanternas. A majestade catedral, guardada pelas estátuas dos santos do Catolicismo, o obelisco, tudo maravilhoso. Tirei muitas fotos, pensando na cara da minha família ao vê-las!

Voltando para casa minha cabeça girava muito. A ideia de voltar para casa parecia uma loucura, queria ter aquela beleza para todo o sempre!

Antes de chegar, passei no supermercado e comprei algumas coisas: um chocolate, iogurte, macarrão e molho. Ao chegar ao apartamento, pedi à AV que me ensinasse como fazer o macarrão, pois eu não sabia! Que vergonha... O molho de macarrão tem um gosto diferente. Sabor de Itália (risos).

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04/02/09 – 4º dia

 

O 4º dia amanheceu bastante frio! Nada que tirasse o meu ânimo, porém. O capote que havia comprado antes me serviu muito bem porque com ele estava bem agasalhado. Contudo, na parte da tarde, depois da aula, vi o sol pela primeira vez na Itália. Aleluia! Como queria que o roteiro do dia corresse atrás do prejuízo de ontem, acabou sendo bem cansativo, como se verá.

Peguei o metrô até a estação Flaminio e entrei pela Porta di Roma que dá na Piazza del Popolo. Já passando pela porta, enquanto admirava o perímetro, fui abordado por um homem que dizia trabalhar para uma instituição de combate às drogas, ele queria que eu comprasse um chaveiro, mas não falou um preço. Ofereci 1 euro e ele disse que era muito pouco, mas eu respondi que era só o que eu podia dar naquele momento e ele aceitou. Como estava na hora do almoço a igreja de Santa Maria del Popolo estava fechada, o que me deixou chateado, já que lá dentro tem uns Caravaggios que eu queria muito ver. Fazer o quê, não? De qualquer modo, a piazza é muito bonita e dá para tirar excelentes fotografias. É um local de encontro dos romanos: havia vários emos sentados ao redor da fonte no centro da piazza. Saindo da praça, há três ruas que vão em direção à parte mais central, o que os romanos chamam de Tridente, já que tem essa forma. Escolhi a rua do meio (via del Corso) e, adiante, peguei uma rua perpendicular e fui parar de novo na Condotti, de lá segui para a Scalinata di Spagna (muito diferente de ontem, cheia de gente e alegre), subi as escadas para admirar uma vista muito bela da cidade (embora não seja a mais bela de todas que vi) e entrei na pequena igrejinha, que não tem nada de muito especial, na minha modesta opinião. Depois de aproveitar bem o lugar, sentei-me nas escadas pensando no próximo destino. Decidi ir até a Fontana di Trevi. Para chegar lá, fui caminhando até a via del Tritone, desci a rua e virei à esquerda seguindo as placas e de repente se emoldura na minha frente uma das atrações mais inesquecíveis de Roma! Após olhar e jogar a moeda, aproveitei uma ótima sorveteria que tem ali, com um atendente muito simpático e sorvetes da mais alta qualidade, ai ai... Ali perto tem um mercadinho com comida barata, vale a pena.

Contente por saber que vou retornar à Roma, fui seguindo por outra rua paralela e fui parar de volta na via del Corso, no final virei à direita com a intenção de ir à igreja Gesù, mas ela estava fechada. Continuei caminhando e fiquei dando uma olhada na livraria que tem no Largo di Torre Argentina, a seguir voltei para a igreja e entrei. Que surpresa, ela é linda! O quartel-general do jesuítas em Roma é maravilhoso! Use o espelho para tentar ver as ilusões de ótica do teto. Não deixe de ver também o túmulo de Santo Inácio de Loyola à esquerda e o aposentos onde ele morou (anexo à igreja). Depois de olhar, sentei-me num dos bancos para ver o que seria a seguir. Contudo, uma mulher se aproximou e começou a conversar comigo em italiano. Ela disse que em pouco tempo eles ligariam a macchina barocca. Curioso, acabei esperando. È assim: eles apagam todas as luzes da igreja e começa a tocar uma música muito bela, uma voz vai narrando a vida de Santo Inácio enquanto as estátuas presentes no altar vão se acendendo e apagando conforme o desenvolvimento da narrativa. No final, a pintura no centro do altar se abaixa revelando uma estátua dourada de Santo Inácio. Mas espere, ainda não acabou: espere as luzes se acenderem de novo porque a igreja ganha mais luzes permitindo que você veja com clareza todas as pinturas do teto e outros detalhes que passariam despercebidos na iluminação normal. Após fazer minha oração pessoal, saí. Foi muita sorte ter entrado naquela igreja naquele momento, pois depois descobri que o evento é pouquíssimo divulgado embora ocorra com certa freqüência.

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05/02/09 – 5º dia

 

Como sempre, saí na parte da tarde para os meus passeios. Minha intenção era começar com a igreja S. Pietro in Vincoli (estação Colosseo do metrô), mas ela estava fechada para o almoço. Resolvi então ir até o Vittoriano. Chegando lá, entrei no monumento e dei uma olhadinha no museu, subi ao terraço e dei uma olhadinha na paisagem. A seguir, dei a volta e fui até o Campidoglio, muito bonito! A praça foi projetada por Michelangelo, numa época que Roma começava a florescer novamente. Entrei no Palazzo dei Conservatori dos Musei Capitolini. Um conselho: se você tiver pouco tempo em Roma e não puder visitar muitos museus, vá pelo menos ao Museu do Vaticano e Capitolini, ambos imperdíveis. Para mim, só pelos Caravaggios ali presentes já valia a visita, mas o museu todo é interessante.

Saindo do museu, voltei até a igreja San Pietro in Vincoli para ver o famoso túmulo do papa Júlio II, projetado e esculpido por Michelangelo, e as correntes que teriam prendido São Pedro quando ele esteve preso na Cidade Eterna.

Antes de voltar para casa, fui dar uma espiada na Piazza Navona, que é muito bela, especialmente a Fontana dei Quattro Fiummi e a igreja Sant’Agnese in Agone, onde está o crânio de Santa Inês, não era permitido fotografar dentro da igreja, mas eu “dei um jeito” e, claro, não deixei de fotografar a relíquia. Foi até engraçado: fiquei esperando que não estivesse ninguém na sala e aproveitei o momento certo.

De volta a piazza, veio um homem muito ágil e começou a fazer uma pulseira com fios das cores da Itália em torno do braço. Foi tão rápido que eu não tive tempo de reagir. Depois que a pulseira já estava pronta, ele quis me cobrar 10 euro pela pulseira. Eu não tinha nenhum dinheiro comigo e fiquei dizendo isso para o cara, que ficou insistindo que ele aceitava qualquer coisa. Fiquei com dó, mas não podia fazer nada, não tinha mesmo nada comigo naquele momento (inclusive iria voltar para casa a pé). No final, o moço acabou deixando a pulseira como um regalo (presente) pelo fato de eu falar italiano. Então, amigos, tomem cuidado: Piazza Navona, se o homem se aproximar, saia correndo!

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  • 2 semanas depois...
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07/02/09 – 7º dia

 

Como era sábado, quis dormir até um pouco mais tarde. Levantei-me às 9 horas, tomei meu cafezinho sem pressa e saí às 9 h 45 min. Estava caindo uma chuva fina, mas nada que me incomodasse realmente. Havia marcado de me encontrar com E., uma espanhola muito gente fina que conheci no curso, às 10 h na Piazza del Risorgimento. Iríamos aos Musei Vaticani juntos. Como o lugar era realmente muito perto de onde eu morava, fui a pé mesmo. Cheguei ao local de encontro e fiquei esperando por ela debaixo do guarda-chuva. Logo logo ela desceu de um ônibus e fomos até a entrada do grande museu. Para a nossa surpresa, não havia fila nenhuma para entrar! Entramos direto! E. ficou ainda mais surpresa que eu, pois o patrão dela disse que o tempo médio de espera para entrar era de 3 horas! Sendo assim, pudemos aproveitar bem. Lá, é preciso deixar suas coisas num guarda-volumes, mas não se esqueça de pegar sua câmera (infelizmente eu deixei minha câmera na mochila e não pude fotografar nada). Bem, não vou descrever todas as coisas que vimos ali, apenas digo que o museu é realmente essencial numa visita a Roma. Ver as salas de Rafael e a Capela Sixtina foi realmente emocionante. Por fim, descemos a famosa escada de caracol para sair do museu.

De volta à rua, decidimos almoçar no Trastevere, pois tem comida boa a barata. Caminhamos até o Largo di Torre Argentina e pegamos a tram para o outro lado do rio Tibre. E. me convenceu a pegar a tram sem pagar. Ela, pelo visto, era já especialista nisso porque estava muito segura... Isso meio que faz parte do cotidiano de muitos romanos. Já no Trastevere, caminhamos bastante até achar uma Trattoria que não fosse cara. O restaurante era bem aconchegante e servia o chamado Menu Turístico, uma série de pratos com preço fixo e acessível. Comemos bruschetta, Spaghetti alla Matruciana e Saltimbocca, delicioso! Só de pensar, já me dá água na boca. Para acompanhar, pedimos um vino di tavolo muito bom... De sobremesa, comemos Macedonia (salada de frutas). Com a barriga e cheia e já muito feliz, saímos do restaurante e demos uma boa volta pelo Trastevere, comemos canolli siciliani, um doce muito bom e visitamos a igreja de Santa Maria in Trastevere.

De volta à parte central de Roma, E. me convidou para ir a um pub irlandês, perto do Largo di Torre Argentina. Tomamos uma cerveja, conversamos e ficamos vendo o jogo de rúgbi Itália X Inglaterra (a Itália levou a maior surra, nada que destruísse a animação dos torcedores, porém). A seguir descemos a via del Corso, passamos pela Fontana di Trevi (linda, à noite), continuamos pela Corso, passando no meio de uma manifestação (contra a eutanásia de Eluana Englaro) e nos despedimos na Piazza del Popolo. Fim do sensacional dia!

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08/02/09 – 8º dia

 

O dia não estava convidativo para um passeio: chovia um pouco, mas eu resolvi arriscar. Peguei meu guarda-chuva e fui até a Basílica de São Pedro. Dei uma bela olhada nessa sensacional igreja, assisti a uma missa e já na metade do dia, saí para ver o papa na janelinha da biblioteca. Ao sair da Basílica, vi que o dia havia se transformado, o céu chuvoso dera lugar a um céu azul maravilhoso! Uau! Ao meio-dia em ponto, a multidão gritou ao ver o papa na janela. Foi muito legal, há muito tempo sonhava com isso... E no final, estava ali! O papa falou em português saudando os peregrinos também. Pena que foi bem curto. No final, a multidão foi se dispersando e eu fiquei pensando o que faria em seguida.

Decidi ir ao Castel Sant’Angelo para aproveitar o belíssimo tempo que fazia. Aconselho a visita ao castelo, é incrível! Lá em cima, no terraço superior, têm-se as mais belas vistas de Roma que eu tive a oportunidade de ver. Certeza de excelentes fotos.

Depois de comer alguma coisa, voltei ao outro lado do rio e decidi ir ao Gianicolo. Tomei um belo sorvete, e fui caminhando por essa região arborizada. Vi o monumento a Giuseppe Garibaldi e o túmulo de Anita Garibaldi (com inscrições em português), o carvalho debaixo do qual escrevia o poeta Torquato Tasso e o pequeno convento de Sant’Onofre, onde esse poeta morreu. O Gianicolo é um lugar que tem belas vistas de Roma (embora não tão belas quanto às do castelo), vale uma visita se sua viagem estiver mais folgada ou se você se interessa pela história de Torquato Tasso.

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  • 8 meses depois...
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09/02/09 – 9º dia

Hoje estava almoçando na escola e não fazia ideia do que faria na parte da tarde. KK sugeriu que fôssemos à Appia Antica. Pegamos o metrô (o pior de tudo é que não me lembro em que estação descemos) e depois um ônibus, que nos deixou na estrada. Inicialmente Appia Antica parece uma daqueles estradinhas que você encontra no interior que liga os sítios. A única diferença é que a estrada foi construída por romanos há muitos e muitos anos atrás! Depois de ir de um lugar para outro, resolvemos entrar nas catacaumbas de São Sebastião. É só ir até a igreja de São Sebastião e entrar por um portinha lateral. Compramos o ingresso e aguardamos a visita (obrigatoriamente guiada). Alguns minutos entramos pelos túneis escuros e sombrios das catacumbas. A visita é muito boa. É muito emocionante ver que aqueles túneis eram morada dos primeiros cristãos em Roma. Há muitos desenhos na parede, indicando os caminhos, pois ali é um verdadeiro labirinto. Mas vale a pena. O guia era bom (KK jurou que ele estava bêbado). Quando saímos da igreja já estava anoitecendo. Voltamos para casa.

 

10/02/09 – 10º dia

Depois do almoço, aproveitei para dar uma olhada no e-mail e depois fui sozinho até a igreja de Santa Maria della Concezione (hoje KK não estava muito a fim de passear). Fui caminhando desde a escola até a Via Veneto, onde está localizada a igreja, que é famosa pelo seu cemitério, "decorado" com os ossos e as múmias de centenas de frades capuchinhos... Para entrar, você precisa dar uma pequena contribuição para a igreja (quanto você quiser/puder). Fotos não são permitidas. Confesso: sou um pouco medroso, qualquer coisinha me impressiona, então nem sei como criei coragem para ir aquele lugar macabro... Mas no final das contas nem achei tão horripilante assim. São quatro ou cinco salas cada um com um tema diferente. Os ossos colados às paredes formam desenhos como flores ou crucifixos. Há lustres com ossos e várias outras coisas, mas o mais interessante são as múmias: a maioria está bem conservada, especialmente a da última sala. A mensagem do museu é que devemos encarar a morte como algo natural, que compõe a nossa existência. Achei bem interessante e acho que a visita valeu a pena. Saindo do museu, voltei à escola porque queria ir a um passeio educativo. Iríamos ao Colosseo com uma das professoras da escola, que faria uma pequena palestra. O passeio foi excelente: a professora contou vários fatos que passaram despercebidos na primeira visita, como por exemplo os ludus, que são as entradas por onde passavam os gladiadores. E elas estão ali: no meio da rua e eu nem tinha notado! Incrível! Mais um dia excelente!

 

11/02/09 - 11º dia

Depois da aula, estava a fim de ver a igreja de Santa Maria Sopra Minerva, que fica próxima a Piazza della Rotonda, onde fica o Pantheon. Na igreja está o túmulo de Santa Catarina de Siena, mulher, pobre e analfabeta, mas mudou totalmente a hitória do papado e da igreja Católica. Tem um obelisco com a estátua de um elefante na frente da igreja. Uma beleza! Ao entrar, estava ocorrendo uma missa em francês para um grupo gigante de jovens. Como não dava para me aproximar do altar, resolvi voltar ali outro dia (nem tirei fotos nem nada). Continuei caminhando pelas ruas (já estava virando especialista nisso) para tentar achar o Teatro di Marcello. Demorei um pouco para achar, porque fui indo pelo Lungotevere (a avenidona que acompanha o rio Tibre), sendo que era mais fácil ir pela praça do Vittoriano, pois o teatro é ali do lado. Já estava meio cansado quando achei, por isso só deu para olhar por fora mesmo. É uma bonita visão. Parte da fachada do teatro está bem conservada.

 

12/02/09 - 12º dia

Hoje fui caminhando da escola até a igreja de San Giovanni in Laterano, que fica próxima ao metrô Manzoni. Estava uma tarde maravilhosa. O céu todo azuzinho e aquele frio que eu adoro! Sinceramente achei a igreja mais bonita por fora. Ela é grande! Um colosso! Mas por dentro a decoração é um num estilo mais simples, mas vale a pena a visita, principalmente pela importância histórica do prédio. No altar daquele templo foram coroados muitos papas. Ali nem pude tirar muitas fotos porque o cartão da minha máquina acabou. Saindo da igreja, dei uma volta pelas redondezas (vale a pena dar uma olhada na Porta Maggiore, que é uma das muralhas do centro histórico) e depois peguei o metrô. Desci perto do Largo da Torre Argentina e na livraria Feltrinelli comprei mais uma cartão para a câmera. A seguir, voltei à Santa Maria Sopra Minerva e consegui ver o tão esperado túmulo. Foi emocionante estar ali. A igreja é linda. O teto parece uma noite estrelada. Sensacional! Uma das igrejas mais belas de Roma. Não deixe de ver!

 

13/02/09 - 13º dia

Último dia em Roma! Depois do almoço, KK perguntou se eu queria fazer um passeio de despedida. Antes disso, fomos ao apartamento onde ela morava com um casal de italianos. Enquanto KK fazia um café, conversei com o casal, que foi muito simpático comigo (eles até elogiaram meu italiano!). Depois do café, pegamos o metrô até Spagna, pois a húngara queria ver a Villa Borghese. Estava um frio danado! O passeio foi muito gostoso. O parque é uma delícia e tipicamente europeu, vale a pena se você tiver mais tempo em Roma. Dentro do parque, há o zoo de Roma. Compramos o ingresso e entramos. O zoo é bonito e tal, mas... o de São Paulo é bem melhor. Outro problema é que estava muito frio e os animais estavam todos preguiçosos. A maioria estava escondida na toca. Apesar disso, foi divertido estar com KK. Ela é bem serena e descobri que temos quase o mesmo gosto musical. Saímos do zoo e continuamos nosso passeio pelo parque. O sol já estava se pondo e o anoitecer ali naquele lugar foi um dos pontos altos da viagem (ai, dá uma saudade só de pensar). Acabamos por sair do outro lado do parque, na porta da Piazza del Popolo. Ali me despedi de KK e da minha vida romana. Voltei para casa mais cedo porque AV tinha me pedido. Quando cheguei lá, ela tinha preparado um legítimo jantar à italiana! Penne com molho de tomate e ricota e um deliciosíssimo polpettone! Ai ai... Comi demais! Depois do jantar agradeci muito a gentileza de AV e fui ao meu quarto arrumar minha malas para prossseguir viagem. Ciao Roma! Grazie per tutto!

 

Firenze - Florença

14/02/09 - 14º dia

Madruguei para pegar o trem, mas não adiantou de nada porque ele acabou se atrasando uma hora! Meio com raiva por causa disso, tive que me acalmar admirando os campos toscanos que passavam pela janela do trem. Isso sim é vida! O que mais que eu quero? A viagem foi tranquila de modo que cheguei à estação Santa Maria Novella só um pouco mais tarde do que eu imaginava. Estava um frio em Florença! Foi o lugar mais frio que eu visitei. Enquanto tentava me adaptar ao novo lugar, fiquei pensando no que fazer a seguir. Caminhei pela estação e entrei no escritório turístico. Ali comprei um mapa da cidade (que foi muito útil por sinal). Saí da estação e fui andando sem saber muito bem onde estava até que cheguei na igreja de Santa Maria Novella. Como já estava ali mesmo, acabei entrando. A igreja é bem bonita com seu estilo românico. Pena que ela perdeu parcialmente sua função principal: ser uma igreja! Achei isso uma pena. Saindo dali, decidi ir até o albergue. No Brasil havia reservado um, mas acabei pensando que seria melhor ir para outro, mais próximo do centro histórico. Desci a rua e tive a primeira visão do rio Arno. Lindo! Muito mais lindo que o Tibre. O rio tem uma cor esverdeada, que contrasta com o aspecto amarelado da cidade. Atravessei a ponte e fiquei imaginando se tinha sido ali que Dante Alighieri tinha encontrado sua Beatrice... Continuei a caminhada e fui até o local indicado, mas o abergue estava fechado. Decidi cuidar disso mais tarde. Desviei a minha rota e passei pela Ponte Vecchio, com suas lojas de joias. Sem dúvida é um ótimo lugar para fotografar... Continuando a caminhada, fui até o Duomo, a construção mais impressionante da cidade. Por fora a beleza é de tirar o fôlego, o Batistério também e lindo e a porta dele então... É maravilhosa. Não se paga nada para entrar no Duomo e não é por menos: lá dentro fiquei um pouco decepcionado porque não é tão bonito assim. A seguir, decidi subir o Campanário (a torre ao lado da igreja). No salão de entrada há uma placa que diz que não há elevador na torre e que se você tem algum problema de saúde, é melhor nem subir, pois a escadaria é infinita! Precisa de muito fôlego e muita disposição para subir. Mas chegando lá, a visão é recompensadora. A vista é muito bela! Dá para subir o cúpula do Duomo também, mas aconselho você a subir o campanário porque dele você consegue ver a cúpula, que é uma visão sensacional. A descida parece pior que a subida. O degraus são quase infinitos! Havia uma moça descendo na minha frente que dizia o tempo todo: "Non finiscono mai!" ("Não terminam nunca!). Depois de comer num fast food de pizza, peguei o ônibus 17 e fui até o albergue Villa Camerata, que fica um pouco distante do centro. O albergue é bom, pena que seja tão longe. Fiz o check-in e voltei para o centro. Desci na praça central e dei uma bela olhada pelas ruas. Cheguei à Piazza della Signoria e depois decidi ir até a igreja Santa Croce, cheia de túmulos por todos os lados. Chegando lá, percebi que a igreja estava sendo restaurada, então nem deu para ver muita coisa. Ainda bem que pelo menos consegui ver o túmulo de Michelangelo e de Galileu. Saindo de lá, voltei ao albergue e conheci meus companheiros de quarto: um trio de japoneses que mal falavam inglês. Eles até que foram simpáticos. O engraçado é que eles tiravam foto de tudo, de tudo mesmo! Eles quiseram até tirar fotos de mim.

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