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Pico Parana & Caratuva... a pé! (logico!)


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CIRCUITÃO DO ESTRESSE NA CARATUVA-PEPÊ

Explorações de rotas alternativas em locais comumente notórios costumam ser interessantes por 2 razões: nao demandam prévia logística devido à sua rota principal ser conhecida; e fogem da mesmice por propiciarem novas opções de uso dessa mesma rota, conferindo-lhe assim um caráter "inédito". Dessa forma, feriado de Páscoa alcançamos o PP (nome carinhoso dado ao Pico do Paraná), não pela rota principal mas pela encosta verdejante e afilada do pico q o antecede, o Caratuva. Assim, o q poderia ser + uma pernada de cume transformou-se numa árdua epopéia de 3 dias repleta de sustos, perrengues, lições e cenários deslumbrantes. Nada mal p/ se palmilhar ao mesmo tempo os 2 ptos culminantes dos sul do pais, localizados na majestuosa Serra do Ibitiraquire.

 

O DIA DA SUBIDA DO CARATUVA

Não era um encontro e sim uma reunião de torcidas organizadas, dado o nº de pessoas dispostas a encarar a roubada da vez. Foi a impressão q tive ao reunirnos, no Posto do Tio Doca, localizado as margens da BR-116, a 50km de Curitiba. Após sair na madru de sampa eu, Felix, Paulo e Pascoal, encontramos o povo, as 8hrs, q saira em horários/locais diferentes ou apenas pernoitara ali p/ levantar + disposto: de sampa, a Lu, Célio, Emilia, Myrna, Ely e Leyla; de Curitiba, a Débora, Cachi (o Homem-Sirene), Thiago & Jonas; e a galera francesa do CEU, o Jean, Marcella, Gregoire e Claire. Um grupo pra lá de heterogêneo, mas c/ um objetivo: chegar no PP.

Após as devidas apresentações, zarpamos imediatamente p/ fazenda do Dílson, onde chegamos as 9:20hr. O local (875m de alt) não fervilhava de turistas como nos d+ feriados, provavelmente devido ao tempo encoberto desencorajando boa parte dos montanhistas paranaenses, q batem cartão no local; ainda bem, pq nossa preocupação era lugar disponível p/ pernoite nos cumes. Não deu nem tempo p/ nada q já obriguei a galera a começar a andar, as 9:30, já puxando a 1ª leva do grupo. O Ely foi "fechando a trilha", indo atrás dos retardatários, quase meia hora atrás. E dá-lhe subida por trilha enlameada atraves da floresta, p/ logo sair no aberto em meio a voçorocas de samambaias! Como a trilha é obvia, cada um foi no seu ritmo, o q fez q tds se distanciassem entre si, ate alcançar a Pda do Grito, as 9:45. Alem de aguardar os d+ e sentir a brisa soprando nossos rostos suados, pudemos ver o tempo limpar gradativamente, permitindo alto visu da verdejante serra salpicada de quaresmeiras amarelas, e do enorme espelho d'agua formado pela Represa do Capivari, reluzindo ao fundo.

Após o breve descanso, continuamos galgando a encosta forrada de samambaias, indo de cocoruto em cocoruto, agora sob o sol inclemente sob nossas cabeças. A bem-vinda sombra logo veio sob a forma de uma florestinha de bambus e, as 10:20, passamos pelo Lago Morto (à esquerda), onde algumas libélulas revoavam pelo verde capim. Mas td q é bom dura pouco e logo saímos novamente no aberto, serpenteando por vala íngreme (e erodida) as pedras do caminho, e as 10:40 alcancamos o Getúlio onde, empolierados em suas tipicas pedras, fizemos novo pit-stop c/ direito a um lanche, já c/ pleno visual da majestosa cadeia q antecede o PP: o Itapiroca, Caratuva, Taipabuçu e Ferraria.

Enqto os "atrasildos" descansavam, o 1º grupo continuou a pernada no aberto, subindo s/ mto aclive ate entrar definitivamente na mata e alcançar a base do Caratuva c/ sua famosa bifurcacao, as 11:50. A 1500m de alt., tomamos à esquerda e iniciamos de fato a ascencao do Caratuva, descendo pouco pela trilha q bordeja sua encosta oeste, p/ logo em seguida subi-lo c/ gde inclinacao, sempre atentando à marcação de fitas na trilha. Mas logo obstáculos começam a surgir, como o chão forrado de mato umido (e escorregadio), troncos caídos, mas principalmente voçorocas e túneis estreitos de taquarinhas e bambus, q nos obrigam a rastejar nalguns trechos. Logo chegamos num riacho q - à diferença do ano anterior - tinha água em abundancia, o qual acompanhamos pela esquerda subindo forte, trepando em ardilosas raízes, galhos espinhentos e pedras besuntadas de limo em trechos semi verticais, onde quase td mundo distanciou-se entre si. Nisso, algumas janelas surgiam na mata fechada, possibilitando largos visu de td trajeto percorrido ate entao.

Enqto se ganha altura, a mata diminui de tamanho e o terreno nivela, mas logo bromélias e caraguatás ornam a trilha, tornando o caminhar + agradavel, porem não menos desgastante. Subitamente, emerjo da mata em meio às caratuvas (aquele matinho rabo-de-gato q batiza à montanha), subo os metros finais e alcanço o amplo cume, as 13hrs, onde as escassas clareiras dividem espaço c/ enormes antenas de Radio Amador. No topo estavam apenas os "totally crazy" T&J (Thiago & Jonas), q haviam deslanchado na dianteira, e um grupo de jovens q fazia um rápido ataque ao topo. Ninguém mais! Donos absolutos do cume, retiramos as botas e colocamos todo o equipamento para secar ao sol, enqto as barracas iam sendo acomodadas a medida q chegava o resto do povo. Qdo os últimos chegaram, as 15:30, cada um aninhou-se em seu nicho de preferência: Célio se recuperava de um mal-estar de algo q havia comido; os franceses se entocaram nas barracas p/ cochilar e os d+ limitavam-se a matar o tempo comendo ou clicando o visu privilegiado do alto dos 1850m da montanha, segundo o gps do Pascoal: a oeste, a represa do Capivari; ao norte, o Taipabuçu e o Ferraria; e na porção sul/sudeste temos o Itapiroca, seguido do Tucum e Camapuam, e ao longe o Ciririca, com suas "orelhinhas" reluzindo no topo. Ao fundo, as montanhas das serras da Graciosa, Baitaca e do Marumbi. E claro, a leste, tinhamos maciço do conjunto Ibiteruçu, c/ o imponente PP, União e Ibitirati soberanos em 1º plano, caindo vertiginosamente ou se perdendo em estreitas cristas, onde podíamos ver perfeitamente 2 barracas solitárias no A2 (acamp. 2) e gente no A1 (acamp.1), quase a nossos pés. Ao fundo, o litoral parananense, parcialmente ocluido por nuvens.

Após assinar o livro de cume e ficar à toa o resto da tarde, preparamos a janta assim q o horizonte foi tomado por uma densa camada de nuvens que dançava ao embalo das brisas. O PP mostrava toda imponência enquanto dos outros emergia da massa branca apenas os cumes, tal qual ilhas rochosas num mar alvo. Por isso, o por-do-sol limitou-se a alguns fachos acobreados reluzindo nas escassas janelas do firmamento. Dessa forma, miojos, Cup Noodles e sopas tornaram-se caviar naquele fim de dia extenuante, c/ direito delicioso ovo de chocolate como sobremesa e goles de vinho p/ rebater, cortesias da Débora e do Jean, respectivamente.

Como q encerrando o expediente, por volta das 18:30hrs uma chuva nos obrigou a entocar em definitivo, nos recolhendo a nossos casulos de poliéster e cair no sono dos justos, mesmo c/ uma "onça" roncando na barraca ao lado, coincidentemente a dos T&J. Choveu e ventou muito pelo resto da noite, mas por volta das 2 da madru, ao sair da toca p/ "regar a moita" constatei q a chuva não só havia parado de vez como tb o ceu havia limpado, descortinando zilhoes de estrelas e uma enorme lua cheia, na forma de um gde disco prateado, iluminava td maciço em volta! Vi luzes piscando no PP, no A2, no A1 e no Itapiroca, sinalizando "Ei você aí, nós também estamos aqui!". Sem saco (nem conhecimento) p/ responder em codigo morse, voltei ao aconchego de meu saco de dormir e capotei num piscar de olhos.

 

O DIA DAS LICÕES, DO SUSTO E DO CUME DO PP

Levantei pontualmente as 5:30 c/ promessas de um lindo dia, cantando feito galo p/ resto já ir se arrumando, embora uns ignorassem meu aviso de sair cedo. Bem, de qq jeito, eu sairia as 7hrs! Não conhecia a trilha q teríamos pela manhã e nosso grupo avançava c/ lentidão; certamente teríamos q ser ágeis caso quiséssemos atingir o cume do PP e Ibitirati c/ bom tempo ainda naquele dia. Isso s/ contar eventuais perdidos. Lei básica da compensação. Dificil é as pessoas entenderem isso, afinal, é preferível empacar o grupo e td planejamento a levantar cedo por pura preguica. "Vc vai nos deixar sozinhos, Jorge?", foi a pérola q ainda tive de ouvir. Oh, dó! Como se ninguém aqui soubesse compensar seu próprio ritmo. Como? Acordando + cedo. Isso ajuda, muito. 1ª LICÃO: "OS INTEGRANTES TEM Q SE ADAPTAR AO PLANEJAMENTO, NÃO O CONTRARIO!"

As 6:30 terminava de tomar meu café e o Paulao já desmontava nossa barraca, enqto tds clicavam a alvorada se tingindo de tons alaranjados, c/ o astro-rei surgindo soberano por cima de um mar de nuvens!

Assim, as 7:10, eu, Paulão, T&J, Débora, Cachi e os franceses formamos o 1º grupo a sair, sob resmungos e mto nhenhenhém de quem ainda tomava café. Descemos suavemente sentido PP, acompanhando uma discreta picada q adentrava num mar de caratuvas ate chegar numa bifurcacao. De onde estávamos havia visibilidade perfeita da crista do Caratuva e do A1, nosso destino, portanto seguiríamos a picada q nos levasse nessa direção (no caso, a da direita), e atraves de radio instruíamos os "atrasildos" do sentido a seguir e/ou das próximas bifurcações q por ventura surgissem..

Caímos entao numa vala erodida e úmida, descendo forte entre mta caratuva fechando o caminho, ate adentrar de vez no frescor da mata fechada. A partir daqui a trilha lembra muito a do 2º dia da "Trav. Tucum-Itapiroca", onde se anda atraves de uma picada coberta de capim seco e terra úmida, serpenteando o baixo arvoredo de galhos retorcidos, cobertos de musgo, liquens e barbas-de-bode! Por sorte a trilha era obvia, mas por via das duvidas fomos deixando marcações (c/ pedaços de sacolas de plástico) pro pessoal de trás não tomar trilha errada. Vai saber..

Mais adiante, a trilha cruza um pequeno rio 2 vezes, p/ depois aparentar acompanha-lo pela sua margem esquerda. Errado. A trilha cruza e acompanha o rio, porem derivando p/ esquerda, em terreno bem + firme do q estávamos. Foi ai q aconteceu o susto do dia. Ao parar p/ pegar água, o resto seguiu pelo inclinado e pouco consistente barranco (q não era trilha), e a Débora pisou numa superfície q se desmanchou c/ seu peso. Resultado: desequilibrou-se, rolou pela encosta do barranco e caiu sobre as pedras do rio, q por sorte não era muito alto. O Cachi foi o 1º a socorrê-la e eu fui atrás, já q os d+ distavam ou na frente ou bem atras. Por sorte não havia quebrado nada, mas machucara bem o rosto, c/ um corte na cabeça e outro no nariz (q revelou-se depois quebrado) sendo enfaixados com gaze de forma a estancar o machucado q já havia tingido de vermelho boa parte da blusa. Decidida e resoluta a ir ate o final, ela nos garantiu q poderia continuar a pernada porem em ritmo + lento, s/ maior esforço. Q fosse. O Paulo pegou a mochila dela e eu carreguei a barraca. Foi ai q descobri a trilha q deveríamos ter pego, saímos do barranco e passamos a andar por ela c/ + seguranca. 2ª LICÃO: "ANDE SEMPRE NA TRILHA!"

Dando continuidade à pernada, a descida prosseguiu s/ nenhuma intercedencia ate q, nos afastando cada vez + do rio, interceptamos a trilha oficial q leva ao A1. Tomando à esquerda, passamos por poças de lama, atravessamos um riozinho de pedra em pedra e galgamos o ultimo trecho escalaminhando pedras e raízes ate o terreno nivelar. Entao a encosta do se abre e emergimos no aberto ate chegar nas clareiras do A1, as 9hrs, acompanhado apenas dos franceses. Foi ai q lembrei da Débora ter mencionado da possibilidade de permanecer ali, mas como confirmar disso se não dispúnhamos de radio p/ contatá-la, já q o T&J (q tinham radio) desembestaram p/ A2? Esperamos um tanto e nada do pessoal chegar, aí fui ficando impaciente, ainda + c/ taxímetro rodando. Decidi entao continuar, levando a barraca dela junto, lembrando q o Ely (q dividia teto c/ a Leyla) sempre fechava a trilha e poderia perfeitamente passar a dele, p/ depois dormir numa das 2 q eu carregava. Simples. 3ª LICÃO: "SE O GRUPO SE SEPARAR, Q SEJA EM NÚCLEOS COMPACTOS E NÃO DISPERSOS. ISSO EVITA FALHAS DE COMUNICAÇÃO, MESMO C/ RADIO"

A pernada prossegue no aberto, descendo suavemente pela estreita crista q separa o Caratuva do PP, por vala enlameada e escorregadia. Aqui temos uma breve pausa p/ Claire bater fotos dos verdejantes vales caindo de ambos lados. Foi ai q percebi um rasgo da alça da minha mochila, provavelmente em virtude do peso extra q levava. O jeito foi não fazer movimentos bruscos, senão ficaria s/ uma alça e, conseqüentemente, mochila. Paciência. Chegando no fundo do selado, é hora de subir um paredão quase vertical atraves de 2 lances consecutivos de escadas fincadas na rocha molhada e escorregadia, q exige um certo destemor de vertigem, sangue frio, cautela e mta atencao! Não bastasse, um forte odor de bosta nos faz amaldiçoar o lazarento q provavelmente deve ter se borrado, literalmente, ao passar por ali. Após este trecho critico o terreno nivela, a trilha avança em meio caratuvas no aberto e, galgando cocorutos sucessivos, as 11hrs atingimos as clareiras do A2. Antes, porem, pausa p/ fotos numa enorme rocha a beira do precipício à esquerda, q serve tb de mirante. O A2 é bem exposto, mas conseguimos acomodar as barracas atrás dos poucos arbustos q forram esta crista pré-cume, coberta predominatemente de capim, rocha e terra. Perto de nossa clareira (à direita), uma discreta picada avança por uma crista menor ate os Camelos, programa p/ uma proxima trip. Já à esquerda da trilha oficial, temos as ruínas de um antigo refugio (s/ telhado), por onde sai uma picada q beira a encosta e nos leva à última bica daqui, repleta de água cristalina. Foi qdo vi o Ely chegar se arrastando feito camelo, carregando 7L de água s/ necessidade, alegando q alguém lhe disse q ali a água tava barrenta. 4ª LICÃO: "DE Q ADIANTA UM RADIO SE SÃO PASSADAS INFOS ERRADAS?"

Enqto aguardava o resto, ouvi o T&J gritarem la do alto, avisando q pernoitariam no topo. Beleza! A vista daqui impressiona pq vemos td a crista percorrida a partir do A1, da mesma forma q podemos apreciar a galera percorrendo a trilha feito formigas coloridas, vindo em nossa direção. A medida q o povo foi chegando, o tempo ameaçou nublar e nuvens carregadas passavam vertiginosamente pelo acampamento. Qdo o ultimo chegou (Pascoal) as 13hrs, me disse q deixara sua barraca c/ a Débora e q pernoitaria na dela, assim como nos confirmou q a Lu, Célio e a sempre prestativa (e médica oficial do grupo) Mirna permaneceriam no A1 afim de dar assistência à Débora, q já tava + do q assistida pelo inseparável Cachi. Enfim, td correu conforme o previsto. Ainda assim, esta decisão deixou uns de cara amarrada. 5ª LICÃO: "DIANTE PROBLEMAS, BUSQUE SEMPRE SOLUCÕES E NUNCA CULPADOS. SEJA PRÓ-ATIVO"

Após breve descanso, um lanche e uma súbita chuva nos refrescar do calor da tarde, iniciamos o ataque pro cume do PP, as 13:45hrs. Estávamos atrasados de acordo meu cronograma, mas q assim seja, vejamos no q dá. Assim, fomos subindo os 250m restantes q nos separavam do cume, subindo ate o primeiro ombro rochoso em meio às onipresentes caratuvas, e dali seguir de ombro em ombro, percorrendo a crista afilada ate o ultimo, escalaminhando na raça ou atraves de escadinhas ou correntes à disposição! Nossa alegria aumentava enqto ganhávamos altitude, pois estavamos bem confiantes em realizar os objetivos q nos havíamos proposto. Ou parte deles.

Após um pequeno platô (40m abaixo do cume) e um ultimo lance de escalada q contorna uma gigantesca rocha pela direita, eis q finalmente chegamos no alto dos 1879m do PP, as 15hrs! La encontramos os T&J acampados junto de outra dupla de parananenses, armando uma enorme lona sobre as 2 barracas (p/ captação de água) ocupando td espaco util da unica clareira disponivel, escondida nas caratuvas. De resto, o largo topo é predominantemente rochoso e lá nos esparramamos afim de descansar e apreciar a paisagem, qdo as nuvens assim o permitia. O visu é amplo e panorâmico: alem de outra perspectiva da paisagem de cima do Caratuva, aqui temos um plus da baia de Paranaguá em td sua extensão, alem das obvias cristas agudas e verdes encostas precipitando-se em vales profundos, ao sul e norte! À nordeste, o selado do União une o PP ao imponente Ibitirati, q era tb um dos objetivos da trip. Eu e o Felix ate iniciamos um rápido ataque pela discreta picada q sai do acampamento à leste (um "bosteiro" q leva ao Tupipiá), mas desistimos ao constatar q o "rápido" ataque nos consumiria no minimo 2:30hrs, tempo q não dispúnhamos, ainda + sabendo q ali tendia a fechar a partir das 17hrs, segundo o pessoal! E voltar no escuro tava fora de cogitação. Paciência, taí + um motivo p/ retornar. 6ª LICÃO: "EVITE GRUPOS GRANDES, É ATRASO NA CERTA!

Após mtos cliques e tds assinarem o livro de cume, iniciamos o retorno ao A2 as 15:45hrs, c/ o forte sol tostando nosso semblante. Porem, ao chegar no acampamento o tempo tinha virado completamente escondendo td ao redor; uma grossa coluna de nuvens marotas era represada entre as montanhas, anunciando suas intencoes c/ estrondos ensurdecedores e flashes crepitando no horizonte. Entretanto, td não passou de alarme falso, pq assim q escureceu o ceu limpou totalmente e coalhou-se de estrelas. Do outro lado, o sol mergulhava nas brumas do ocidente por detrás do Itapiroca.

Como boa parte já havia tomado banho na bica e descansara bastante, o inicio de noite nos ocupamos de preparar uma janta coletiva, q no final pareceu um "self-service" por conta da variedade do cardápio. Era macarrão, feijão, strogonoff e ate arroz à vontade. E de lamber os beiços, diga-se de passagem. Sem contar na lingüiça do Ely e no salame do Pascoal. De repente, uma sirene rompeu o silencio da noite. Era o Cachi, direto do A1, fazendo jus à alcunha de homem-sirene. Alias, cada grupo deveria ter seu próprio relato daquela noite, o do A1 e da galera no cume (q inveja!). A medida q a lua cheia emergia atrás da silhueta do PP e iluminava aos poucos td maciço do Ibiteruçu, tivemos a digestão + indigesta q se poderia ter, c/ o Paulo e Emilia quase engasgando de tanto rir. Era uma saraivada de causos de arrepiar, palhaçadas e mta abobrinha sendo dita, q pelo menos serviu de alivio e válvula de escape p/ aquele dia cansativo e estressante. P/ relaxar, um chá de camomila básico, q nem os franceses dispensaram. Alias, estes não pararam de me recriminar ("Jorrrge, vc non tomó banho no bica?"), provavelmente c/ pleno conhecimento de causa. E assim transcorreu a noite ate q o sono bateu de vez e nos recolhemos na sequencia, as 21:30. Antes de entrar na barraca, uma rápida apreciada nas luzes de Paranaguá e Curitiba, cintilando em direções opostas!

 

O DIA DO RETORNO PRO DILSON E DO BANHO DE CACHU

O domingo amanheceu totalmente encoberto e envolto em fina garoa, nos segurando dentro das barracas alem do previsto, as 6:30. Contudo, não poderíamos esperar a manha td e, vendo q a chuva não dava trégua, nos apressamos em tomar café e arrumar as coisas assim mesmo, principalmente qdo vimos os T&J passarem pela gente rumo A1. Assim, deixamos o A2 as 8:15hrs, tomando a trilha de volta envoltos numa forte cerração q impossibilitava enxergar alem dos 20m. Mesmo trajando anorakes, as caratuvas umedecidas nos encharcaram da cintura p/ baixo durante a suave descida.

Saimos em 2 grupos p/ não congestionar o trafego de quem descia no trecho critico(e demorado) de td trajeto: o duplo lance de escadas colado no penhasco! Por incrível q pareça, a "desescalaminhada" pela escadaria transcorreu s/ nenhum imprevisto, quiçá pq o abismo não estivesse visível ou pq td mundo teve cautela p/ não escorregar nos degraus besuntados de lama. Do fundo do selado caminhamos dentro das nuvens, c/ visu fechado e roupas encharcadas, ate chegar no A1, as 9:10, apenas p/ constatar q a galera havia recém-partido, pois dava p/ ouvir de longe a Débora tricotando. Olhando pra trás vejo 2 guarda-chuvas coloridos serpenteando a crista, vindo na nossa direcao. Era o Gregoire e a Claire.

Do A1 prosseguimos por trilha enlameada ate adentrar de vez na floresta umida, agora contornando o Caratuva pela esquerda. Entre as frestas do arvoredo, a difusa luminosidade do amanhecer iluminava nosso caminho. Aqui td paso era calculado por conta dos inúmeros obstáculos, tornando nosso avanço lento. Eram pedras ardilosas, degraus de terra enlameada, troncos caidos e galhos besuntados de limo, q eventualmente serviam de escada nos trechos + inclinados! A medida q avançamos vagarosamente, cruzamos vários riachinhos de água cristalina e breves trechos descampados, ate q alcançamos a Débora, Mirna e Cachi. As 10:20hrs chegamos no selado de conexao do Caratuva e o Itapiroca e, conseqüentemente, na bifurcacao q nos leva (à esquerda) a este segundo. Ainda na trilha, agora descendo suavemente, as 11hrs alcançamos a famosa bica cimentada, onde tivemos um breve pit-stop p/ descansar e beliscar alguma coisa, alem de esbarrar c/ o Célio e a Lu. Continuando a pernada, meia hora depois passamos pela bifurcacao do 1º dia ate sair da floresta, c/ o tempo ameaçando limpar, agora s/ chuva. O restante da trilha foi feito na base de total inércia e passou quase q instantaneamente. Assim, após o Getulio e a Pda do Grito, as 12:50 retornamos finalmente à Fazenda do Dílson, onde alem de sermos recebidos pelo próprio, um sol de rachar cuca nos obrigou a trajar roupas + leves. Ou ficar sem nenhuma.

A medida q tds chegavam, uns comemoravam c/ refri, brejas ou simplesmente já tomavam banho no chuveiro disponível. No entanto, pra q chuveiro se havia uma cachu próxima??? Ainda c/ disposicao de sobra, eu, Paulão, Felix, Gregoire e Leyla fomos na cachu Arco-Iris, acessível por uma trilha q sai do lado esquerdo do gramado-estacionamento. Atravesamos a mata por quase 5min, cruzamos o Rio Grande duas vezes ate alcançar largas lajes do topo da quedágua. Dali descemos as mesmas pela direita ate alcançar a base da bela cachu, q despejava suas águas geladas num poção logo abaixo! Caímos na água q lavou a alma em tds os sentidos, e na sequencia fomos nos secar nos lajedos de cima, enqto ainda havia sol disponível. Como q caindo do céu, uma plantação de pé-de-caquis recheada muniu nossos estômagos c/ seu delicioso fruto.

Banho tomado, retornamos aos veículos apenas p/ constatar q a galera da "Cidade Luz" já havia zarpado, e q a Lu, Emilia e Célio haviam se mandado p/ Tio Doca tomar banho, s/ saber da cachu q haviam perdido. Nos despedimos da Débora, Cachi e T&J, q a levaram de sopetão ao PS, e q hj ela se encontra perfeitamente bem. Lembrando q a trip comemorava um ano de trilhas da ilustre acidentada, comemoração inesquecível p/ ela, pelo visto. E la fomos p/ Tio Doca tb, mas não p/ tomar banho e sim p/ comer um merecido e suculento pf transbordando, as 16hrs, e pro Ely fazer pirraça no paliteiro. Satisfeitíssimos e após a nova leva de despedidas, pegamos estrada em definitivo, ate chegar em sampa pontualmente as 21hrs, s/ pegar transito algum, p/ sorte do gde Pascoal. Dessa forma apoteótica, cheia de estresses, perrengues e sustos, chegamos ao fim do q poderia ser + uma conquista obvia de cume no Ibitiraquire, mas q ganhou um "gostinho" diferente por conta da rota alternativa utilizada. E tal qual o pf q havíamos prazerosamente comido, ganhou novo sabor conforme a criatividade no uso de seu tempero usado!

 

Videozinho e fotos da trip

http://br.youtube.com/watch?v=hu-OvYyCWRs

http://emiliay.multiply.com/photos/album/35

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  • 2 semanas depois...
  • Membros de Honra

Salve salve!

 

Muito bom o relato Jorge.

Conheci a Fazenda no meio do ano passado e marcamos a viagem. Saimos de Maringá - PR dia 04/01/2008. Foi uma viagem e tanto!

Subimos os 3 picos da fazenda e fizemos outros caminhos conhecidos aqui no PR, como Itupava e Marumbi.

 

Deu uma saudade.... ooooo saudade! Mas nesse inverno eu volto lá!!! :lol:

 

Nos encontramos em alguma montanha por ai!

 

Abraços.

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