Membros de Honra Jorge Soto Postado Abril 9, 2008 Membros de Honra Postado Abril 9, 2008 CIRCUITÃO DO ESTRESSE NA CARATUVA-PEPÊ Explorações de rotas alternativas em locais comumente notórios costumam ser interessantes por 2 razões: nao demandam prévia logística devido à sua rota principal ser conhecida; e fogem da mesmice por propiciarem novas opções de uso dessa mesma rota, conferindo-lhe assim um caráter "inédito". Dessa forma, feriado de Páscoa alcançamos o PP (nome carinhoso dado ao Pico do Paraná), não pela rota principal mas pela encosta verdejante e afilada do pico q o antecede, o Caratuva. Assim, o q poderia ser + uma pernada de cume transformou-se numa árdua epopéia de 3 dias repleta de sustos, perrengues, lições e cenários deslumbrantes. Nada mal p/ se palmilhar ao mesmo tempo os 2 ptos culminantes dos sul do pais, localizados na majestuosa Serra do Ibitiraquire. O DIA DA SUBIDA DO CARATUVA Não era um encontro e sim uma reunião de torcidas organizadas, dado o nº de pessoas dispostas a encarar a roubada da vez. Foi a impressão q tive ao reunirnos, no Posto do Tio Doca, localizado as margens da BR-116, a 50km de Curitiba. Após sair na madru de sampa eu, Felix, Paulo e Pascoal, encontramos o povo, as 8hrs, q saira em horários/locais diferentes ou apenas pernoitara ali p/ levantar + disposto: de sampa, a Lu, Célio, Emilia, Myrna, Ely e Leyla; de Curitiba, a Débora, Cachi (o Homem-Sirene), Thiago & Jonas; e a galera francesa do CEU, o Jean, Marcella, Gregoire e Claire. Um grupo pra lá de heterogêneo, mas c/ um objetivo: chegar no PP. Após as devidas apresentações, zarpamos imediatamente p/ fazenda do Dílson, onde chegamos as 9:20hr. O local (875m de alt) não fervilhava de turistas como nos d+ feriados, provavelmente devido ao tempo encoberto desencorajando boa parte dos montanhistas paranaenses, q batem cartão no local; ainda bem, pq nossa preocupação era lugar disponível p/ pernoite nos cumes. Não deu nem tempo p/ nada q já obriguei a galera a começar a andar, as 9:30, já puxando a 1ª leva do grupo. O Ely foi "fechando a trilha", indo atrás dos retardatários, quase meia hora atrás. E dá-lhe subida por trilha enlameada atraves da floresta, p/ logo sair no aberto em meio a voçorocas de samambaias! Como a trilha é obvia, cada um foi no seu ritmo, o q fez q tds se distanciassem entre si, ate alcançar a Pda do Grito, as 9:45. Alem de aguardar os d+ e sentir a brisa soprando nossos rostos suados, pudemos ver o tempo limpar gradativamente, permitindo alto visu da verdejante serra salpicada de quaresmeiras amarelas, e do enorme espelho d'agua formado pela Represa do Capivari, reluzindo ao fundo. Após o breve descanso, continuamos galgando a encosta forrada de samambaias, indo de cocoruto em cocoruto, agora sob o sol inclemente sob nossas cabeças. A bem-vinda sombra logo veio sob a forma de uma florestinha de bambus e, as 10:20, passamos pelo Lago Morto (à esquerda), onde algumas libélulas revoavam pelo verde capim. Mas td q é bom dura pouco e logo saímos novamente no aberto, serpenteando por vala íngreme (e erodida) as pedras do caminho, e as 10:40 alcancamos o Getúlio onde, empolierados em suas tipicas pedras, fizemos novo pit-stop c/ direito a um lanche, já c/ pleno visual da majestosa cadeia q antecede o PP: o Itapiroca, Caratuva, Taipabuçu e Ferraria. Enqto os "atrasildos" descansavam, o 1º grupo continuou a pernada no aberto, subindo s/ mto aclive ate entrar definitivamente na mata e alcançar a base do Caratuva c/ sua famosa bifurcacao, as 11:50. A 1500m de alt., tomamos à esquerda e iniciamos de fato a ascencao do Caratuva, descendo pouco pela trilha q bordeja sua encosta oeste, p/ logo em seguida subi-lo c/ gde inclinacao, sempre atentando à marcação de fitas na trilha. Mas logo obstáculos começam a surgir, como o chão forrado de mato umido (e escorregadio), troncos caídos, mas principalmente voçorocas e túneis estreitos de taquarinhas e bambus, q nos obrigam a rastejar nalguns trechos. Logo chegamos num riacho q - à diferença do ano anterior - tinha água em abundancia, o qual acompanhamos pela esquerda subindo forte, trepando em ardilosas raízes, galhos espinhentos e pedras besuntadas de limo em trechos semi verticais, onde quase td mundo distanciou-se entre si. Nisso, algumas janelas surgiam na mata fechada, possibilitando largos visu de td trajeto percorrido ate entao. Enqto se ganha altura, a mata diminui de tamanho e o terreno nivela, mas logo bromélias e caraguatás ornam a trilha, tornando o caminhar + agradavel, porem não menos desgastante. Subitamente, emerjo da mata em meio às caratuvas (aquele matinho rabo-de-gato q batiza à montanha), subo os metros finais e alcanço o amplo cume, as 13hrs, onde as escassas clareiras dividem espaço c/ enormes antenas de Radio Amador. No topo estavam apenas os "totally crazy" T&J (Thiago & Jonas), q haviam deslanchado na dianteira, e um grupo de jovens q fazia um rápido ataque ao topo. Ninguém mais! Donos absolutos do cume, retiramos as botas e colocamos todo o equipamento para secar ao sol, enqto as barracas iam sendo acomodadas a medida q chegava o resto do povo. Qdo os últimos chegaram, as 15:30, cada um aninhou-se em seu nicho de preferência: Célio se recuperava de um mal-estar de algo q havia comido; os franceses se entocaram nas barracas p/ cochilar e os d+ limitavam-se a matar o tempo comendo ou clicando o visu privilegiado do alto dos 1850m da montanha, segundo o gps do Pascoal: a oeste, a represa do Capivari; ao norte, o Taipabuçu e o Ferraria; e na porção sul/sudeste temos o Itapiroca, seguido do Tucum e Camapuam, e ao longe o Ciririca, com suas "orelhinhas" reluzindo no topo. Ao fundo, as montanhas das serras da Graciosa, Baitaca e do Marumbi. E claro, a leste, tinhamos maciço do conjunto Ibiteruçu, c/ o imponente PP, União e Ibitirati soberanos em 1º plano, caindo vertiginosamente ou se perdendo em estreitas cristas, onde podíamos ver perfeitamente 2 barracas solitárias no A2 (acamp. 2) e gente no A1 (acamp.1), quase a nossos pés. Ao fundo, o litoral parananense, parcialmente ocluido por nuvens. Após assinar o livro de cume e ficar à toa o resto da tarde, preparamos a janta assim q o horizonte foi tomado por uma densa camada de nuvens que dançava ao embalo das brisas. O PP mostrava toda imponência enquanto dos outros emergia da massa branca apenas os cumes, tal qual ilhas rochosas num mar alvo. Por isso, o por-do-sol limitou-se a alguns fachos acobreados reluzindo nas escassas janelas do firmamento. Dessa forma, miojos, Cup Noodles e sopas tornaram-se caviar naquele fim de dia extenuante, c/ direito delicioso ovo de chocolate como sobremesa e goles de vinho p/ rebater, cortesias da Débora e do Jean, respectivamente. Como q encerrando o expediente, por volta das 18:30hrs uma chuva nos obrigou a entocar em definitivo, nos recolhendo a nossos casulos de poliéster e cair no sono dos justos, mesmo c/ uma "onça" roncando na barraca ao lado, coincidentemente a dos T&J. Choveu e ventou muito pelo resto da noite, mas por volta das 2 da madru, ao sair da toca p/ "regar a moita" constatei q a chuva não só havia parado de vez como tb o ceu havia limpado, descortinando zilhoes de estrelas e uma enorme lua cheia, na forma de um gde disco prateado, iluminava td maciço em volta! Vi luzes piscando no PP, no A2, no A1 e no Itapiroca, sinalizando "Ei você aí, nós também estamos aqui!". Sem saco (nem conhecimento) p/ responder em codigo morse, voltei ao aconchego de meu saco de dormir e capotei num piscar de olhos. O DIA DAS LICÕES, DO SUSTO E DO CUME DO PP Levantei pontualmente as 5:30 c/ promessas de um lindo dia, cantando feito galo p/ resto já ir se arrumando, embora uns ignorassem meu aviso de sair cedo. Bem, de qq jeito, eu sairia as 7hrs! Não conhecia a trilha q teríamos pela manhã e nosso grupo avançava c/ lentidão; certamente teríamos q ser ágeis caso quiséssemos atingir o cume do PP e Ibitirati c/ bom tempo ainda naquele dia. Isso s/ contar eventuais perdidos. Lei básica da compensação. Dificil é as pessoas entenderem isso, afinal, é preferível empacar o grupo e td planejamento a levantar cedo por pura preguica. "Vc vai nos deixar sozinhos, Jorge?", foi a pérola q ainda tive de ouvir. Oh, dó! Como se ninguém aqui soubesse compensar seu próprio ritmo. Como? Acordando + cedo. Isso ajuda, muito. 1ª LICÃO: "OS INTEGRANTES TEM Q SE ADAPTAR AO PLANEJAMENTO, NÃO O CONTRARIO!" As 6:30 terminava de tomar meu café e o Paulao já desmontava nossa barraca, enqto tds clicavam a alvorada se tingindo de tons alaranjados, c/ o astro-rei surgindo soberano por cima de um mar de nuvens! Assim, as 7:10, eu, Paulão, T&J, Débora, Cachi e os franceses formamos o 1º grupo a sair, sob resmungos e mto nhenhenhém de quem ainda tomava café. Descemos suavemente sentido PP, acompanhando uma discreta picada q adentrava num mar de caratuvas ate chegar numa bifurcacao. De onde estávamos havia visibilidade perfeita da crista do Caratuva e do A1, nosso destino, portanto seguiríamos a picada q nos levasse nessa direção (no caso, a da direita), e atraves de radio instruíamos os "atrasildos" do sentido a seguir e/ou das próximas bifurcações q por ventura surgissem.. Caímos entao numa vala erodida e úmida, descendo forte entre mta caratuva fechando o caminho, ate adentrar de vez no frescor da mata fechada. A partir daqui a trilha lembra muito a do 2º dia da "Trav. Tucum-Itapiroca", onde se anda atraves de uma picada coberta de capim seco e terra úmida, serpenteando o baixo arvoredo de galhos retorcidos, cobertos de musgo, liquens e barbas-de-bode! Por sorte a trilha era obvia, mas por via das duvidas fomos deixando marcações (c/ pedaços de sacolas de plástico) pro pessoal de trás não tomar trilha errada. Vai saber.. Mais adiante, a trilha cruza um pequeno rio 2 vezes, p/ depois aparentar acompanha-lo pela sua margem esquerda. Errado. A trilha cruza e acompanha o rio, porem derivando p/ esquerda, em terreno bem + firme do q estávamos. Foi ai q aconteceu o susto do dia. Ao parar p/ pegar água, o resto seguiu pelo inclinado e pouco consistente barranco (q não era trilha), e a Débora pisou numa superfície q se desmanchou c/ seu peso. Resultado: desequilibrou-se, rolou pela encosta do barranco e caiu sobre as pedras do rio, q por sorte não era muito alto. O Cachi foi o 1º a socorrê-la e eu fui atrás, já q os d+ distavam ou na frente ou bem atras. Por sorte não havia quebrado nada, mas machucara bem o rosto, c/ um corte na cabeça e outro no nariz (q revelou-se depois quebrado) sendo enfaixados com gaze de forma a estancar o machucado q já havia tingido de vermelho boa parte da blusa. Decidida e resoluta a ir ate o final, ela nos garantiu q poderia continuar a pernada porem em ritmo + lento, s/ maior esforço. Q fosse. O Paulo pegou a mochila dela e eu carreguei a barraca. Foi ai q descobri a trilha q deveríamos ter pego, saímos do barranco e passamos a andar por ela c/ + seguranca. 2ª LICÃO: "ANDE SEMPRE NA TRILHA!" Dando continuidade à pernada, a descida prosseguiu s/ nenhuma intercedencia ate q, nos afastando cada vez + do rio, interceptamos a trilha oficial q leva ao A1. Tomando à esquerda, passamos por poças de lama, atravessamos um riozinho de pedra em pedra e galgamos o ultimo trecho escalaminhando pedras e raízes ate o terreno nivelar. Entao a encosta do se abre e emergimos no aberto ate chegar nas clareiras do A1, as 9hrs, acompanhado apenas dos franceses. Foi ai q lembrei da Débora ter mencionado da possibilidade de permanecer ali, mas como confirmar disso se não dispúnhamos de radio p/ contatá-la, já q o T&J (q tinham radio) desembestaram p/ A2? Esperamos um tanto e nada do pessoal chegar, aí fui ficando impaciente, ainda + c/ taxímetro rodando. Decidi entao continuar, levando a barraca dela junto, lembrando q o Ely (q dividia teto c/ a Leyla) sempre fechava a trilha e poderia perfeitamente passar a dele, p/ depois dormir numa das 2 q eu carregava. Simples. 3ª LICÃO: "SE O GRUPO SE SEPARAR, Q SEJA EM NÚCLEOS COMPACTOS E NÃO DISPERSOS. ISSO EVITA FALHAS DE COMUNICAÇÃO, MESMO C/ RADIO" A pernada prossegue no aberto, descendo suavemente pela estreita crista q separa o Caratuva do PP, por vala enlameada e escorregadia. Aqui temos uma breve pausa p/ Claire bater fotos dos verdejantes vales caindo de ambos lados. Foi ai q percebi um rasgo da alça da minha mochila, provavelmente em virtude do peso extra q levava. O jeito foi não fazer movimentos bruscos, senão ficaria s/ uma alça e, conseqüentemente, mochila. Paciência. Chegando no fundo do selado, é hora de subir um paredão quase vertical atraves de 2 lances consecutivos de escadas fincadas na rocha molhada e escorregadia, q exige um certo destemor de vertigem, sangue frio, cautela e mta atencao! Não bastasse, um forte odor de bosta nos faz amaldiçoar o lazarento q provavelmente deve ter se borrado, literalmente, ao passar por ali. Após este trecho critico o terreno nivela, a trilha avança em meio caratuvas no aberto e, galgando cocorutos sucessivos, as 11hrs atingimos as clareiras do A2. Antes, porem, pausa p/ fotos numa enorme rocha a beira do precipício à esquerda, q serve tb de mirante. O A2 é bem exposto, mas conseguimos acomodar as barracas atrás dos poucos arbustos q forram esta crista pré-cume, coberta predominatemente de capim, rocha e terra. Perto de nossa clareira (à direita), uma discreta picada avança por uma crista menor ate os Camelos, programa p/ uma proxima trip. Já à esquerda da trilha oficial, temos as ruínas de um antigo refugio (s/ telhado), por onde sai uma picada q beira a encosta e nos leva à última bica daqui, repleta de água cristalina. Foi qdo vi o Ely chegar se arrastando feito camelo, carregando 7L de água s/ necessidade, alegando q alguém lhe disse q ali a água tava barrenta. 4ª LICÃO: "DE Q ADIANTA UM RADIO SE SÃO PASSADAS INFOS ERRADAS?" Enqto aguardava o resto, ouvi o T&J gritarem la do alto, avisando q pernoitariam no topo. Beleza! A vista daqui impressiona pq vemos td a crista percorrida a partir do A1, da mesma forma q podemos apreciar a galera percorrendo a trilha feito formigas coloridas, vindo em nossa direção. A medida q o povo foi chegando, o tempo ameaçou nublar e nuvens carregadas passavam vertiginosamente pelo acampamento. Qdo o ultimo chegou (Pascoal) as 13hrs, me disse q deixara sua barraca c/ a Débora e q pernoitaria na dela, assim como nos confirmou q a Lu, Célio e a sempre prestativa (e médica oficial do grupo) Mirna permaneceriam no A1 afim de dar assistência à Débora, q já tava + do q assistida pelo inseparável Cachi. Enfim, td correu conforme o previsto. Ainda assim, esta decisão deixou uns de cara amarrada. 5ª LICÃO: "DIANTE PROBLEMAS, BUSQUE SEMPRE SOLUCÕES E NUNCA CULPADOS. SEJA PRÓ-ATIVO" Após breve descanso, um lanche e uma súbita chuva nos refrescar do calor da tarde, iniciamos o ataque pro cume do PP, as 13:45hrs. Estávamos atrasados de acordo meu cronograma, mas q assim seja, vejamos no q dá. Assim, fomos subindo os 250m restantes q nos separavam do cume, subindo ate o primeiro ombro rochoso em meio às onipresentes caratuvas, e dali seguir de ombro em ombro, percorrendo a crista afilada ate o ultimo, escalaminhando na raça ou atraves de escadinhas ou correntes à disposição! Nossa alegria aumentava enqto ganhávamos altitude, pois estavamos bem confiantes em realizar os objetivos q nos havíamos proposto. Ou parte deles. Após um pequeno platô (40m abaixo do cume) e um ultimo lance de escalada q contorna uma gigantesca rocha pela direita, eis q finalmente chegamos no alto dos 1879m do PP, as 15hrs! La encontramos os T&J acampados junto de outra dupla de parananenses, armando uma enorme lona sobre as 2 barracas (p/ captação de água) ocupando td espaco util da unica clareira disponivel, escondida nas caratuvas. De resto, o largo topo é predominantemente rochoso e lá nos esparramamos afim de descansar e apreciar a paisagem, qdo as nuvens assim o permitia. O visu é amplo e panorâmico: alem de outra perspectiva da paisagem de cima do Caratuva, aqui temos um plus da baia de Paranaguá em td sua extensão, alem das obvias cristas agudas e verdes encostas precipitando-se em vales profundos, ao sul e norte! À nordeste, o selado do União une o PP ao imponente Ibitirati, q era tb um dos objetivos da trip. Eu e o Felix ate iniciamos um rápido ataque pela discreta picada q sai do acampamento à leste (um "bosteiro" q leva ao Tupipiá), mas desistimos ao constatar q o "rápido" ataque nos consumiria no minimo 2:30hrs, tempo q não dispúnhamos, ainda + sabendo q ali tendia a fechar a partir das 17hrs, segundo o pessoal! E voltar no escuro tava fora de cogitação. Paciência, taí + um motivo p/ retornar. 6ª LICÃO: "EVITE GRUPOS GRANDES, É ATRASO NA CERTA! Após mtos cliques e tds assinarem o livro de cume, iniciamos o retorno ao A2 as 15:45hrs, c/ o forte sol tostando nosso semblante. Porem, ao chegar no acampamento o tempo tinha virado completamente escondendo td ao redor; uma grossa coluna de nuvens marotas era represada entre as montanhas, anunciando suas intencoes c/ estrondos ensurdecedores e flashes crepitando no horizonte. Entretanto, td não passou de alarme falso, pq assim q escureceu o ceu limpou totalmente e coalhou-se de estrelas. Do outro lado, o sol mergulhava nas brumas do ocidente por detrás do Itapiroca. Como boa parte já havia tomado banho na bica e descansara bastante, o inicio de noite nos ocupamos de preparar uma janta coletiva, q no final pareceu um "self-service" por conta da variedade do cardápio. Era macarrão, feijão, strogonoff e ate arroz à vontade. E de lamber os beiços, diga-se de passagem. Sem contar na lingüiça do Ely e no salame do Pascoal. De repente, uma sirene rompeu o silencio da noite. Era o Cachi, direto do A1, fazendo jus à alcunha de homem-sirene. Alias, cada grupo deveria ter seu próprio relato daquela noite, o do A1 e da galera no cume (q inveja!). A medida q a lua cheia emergia atrás da silhueta do PP e iluminava aos poucos td maciço do Ibiteruçu, tivemos a digestão + indigesta q se poderia ter, c/ o Paulo e Emilia quase engasgando de tanto rir. Era uma saraivada de causos de arrepiar, palhaçadas e mta abobrinha sendo dita, q pelo menos serviu de alivio e válvula de escape p/ aquele dia cansativo e estressante. P/ relaxar, um chá de camomila básico, q nem os franceses dispensaram. Alias, estes não pararam de me recriminar ("Jorrrge, vc non tomó banho no bica?"), provavelmente c/ pleno conhecimento de causa. E assim transcorreu a noite ate q o sono bateu de vez e nos recolhemos na sequencia, as 21:30. Antes de entrar na barraca, uma rápida apreciada nas luzes de Paranaguá e Curitiba, cintilando em direções opostas! O DIA DO RETORNO PRO DILSON E DO BANHO DE CACHU O domingo amanheceu totalmente encoberto e envolto em fina garoa, nos segurando dentro das barracas alem do previsto, as 6:30. Contudo, não poderíamos esperar a manha td e, vendo q a chuva não dava trégua, nos apressamos em tomar café e arrumar as coisas assim mesmo, principalmente qdo vimos os T&J passarem pela gente rumo A1. Assim, deixamos o A2 as 8:15hrs, tomando a trilha de volta envoltos numa forte cerração q impossibilitava enxergar alem dos 20m. Mesmo trajando anorakes, as caratuvas umedecidas nos encharcaram da cintura p/ baixo durante a suave descida. Saimos em 2 grupos p/ não congestionar o trafego de quem descia no trecho critico(e demorado) de td trajeto: o duplo lance de escadas colado no penhasco! Por incrível q pareça, a "desescalaminhada" pela escadaria transcorreu s/ nenhum imprevisto, quiçá pq o abismo não estivesse visível ou pq td mundo teve cautela p/ não escorregar nos degraus besuntados de lama. Do fundo do selado caminhamos dentro das nuvens, c/ visu fechado e roupas encharcadas, ate chegar no A1, as 9:10, apenas p/ constatar q a galera havia recém-partido, pois dava p/ ouvir de longe a Débora tricotando. Olhando pra trás vejo 2 guarda-chuvas coloridos serpenteando a crista, vindo na nossa direcao. Era o Gregoire e a Claire. Do A1 prosseguimos por trilha enlameada ate adentrar de vez na floresta umida, agora contornando o Caratuva pela esquerda. Entre as frestas do arvoredo, a difusa luminosidade do amanhecer iluminava nosso caminho. Aqui td paso era calculado por conta dos inúmeros obstáculos, tornando nosso avanço lento. Eram pedras ardilosas, degraus de terra enlameada, troncos caidos e galhos besuntados de limo, q eventualmente serviam de escada nos trechos + inclinados! A medida q avançamos vagarosamente, cruzamos vários riachinhos de água cristalina e breves trechos descampados, ate q alcançamos a Débora, Mirna e Cachi. As 10:20hrs chegamos no selado de conexao do Caratuva e o Itapiroca e, conseqüentemente, na bifurcacao q nos leva (à esquerda) a este segundo. Ainda na trilha, agora descendo suavemente, as 11hrs alcançamos a famosa bica cimentada, onde tivemos um breve pit-stop p/ descansar e beliscar alguma coisa, alem de esbarrar c/ o Célio e a Lu. Continuando a pernada, meia hora depois passamos pela bifurcacao do 1º dia ate sair da floresta, c/ o tempo ameaçando limpar, agora s/ chuva. O restante da trilha foi feito na base de total inércia e passou quase q instantaneamente. Assim, após o Getulio e a Pda do Grito, as 12:50 retornamos finalmente à Fazenda do Dílson, onde alem de sermos recebidos pelo próprio, um sol de rachar cuca nos obrigou a trajar roupas + leves. Ou ficar sem nenhuma. A medida q tds chegavam, uns comemoravam c/ refri, brejas ou simplesmente já tomavam banho no chuveiro disponível. No entanto, pra q chuveiro se havia uma cachu próxima??? Ainda c/ disposicao de sobra, eu, Paulão, Felix, Gregoire e Leyla fomos na cachu Arco-Iris, acessível por uma trilha q sai do lado esquerdo do gramado-estacionamento. Atravesamos a mata por quase 5min, cruzamos o Rio Grande duas vezes ate alcançar largas lajes do topo da quedágua. Dali descemos as mesmas pela direita ate alcançar a base da bela cachu, q despejava suas águas geladas num poção logo abaixo! Caímos na água q lavou a alma em tds os sentidos, e na sequencia fomos nos secar nos lajedos de cima, enqto ainda havia sol disponível. Como q caindo do céu, uma plantação de pé-de-caquis recheada muniu nossos estômagos c/ seu delicioso fruto. Banho tomado, retornamos aos veículos apenas p/ constatar q a galera da "Cidade Luz" já havia zarpado, e q a Lu, Emilia e Célio haviam se mandado p/ Tio Doca tomar banho, s/ saber da cachu q haviam perdido. Nos despedimos da Débora, Cachi e T&J, q a levaram de sopetão ao PS, e q hj ela se encontra perfeitamente bem. Lembrando q a trip comemorava um ano de trilhas da ilustre acidentada, comemoração inesquecível p/ ela, pelo visto. E la fomos p/ Tio Doca tb, mas não p/ tomar banho e sim p/ comer um merecido e suculento pf transbordando, as 16hrs, e pro Ely fazer pirraça no paliteiro. Satisfeitíssimos e após a nova leva de despedidas, pegamos estrada em definitivo, ate chegar em sampa pontualmente as 21hrs, s/ pegar transito algum, p/ sorte do gde Pascoal. Dessa forma apoteótica, cheia de estresses, perrengues e sustos, chegamos ao fim do q poderia ser + uma conquista obvia de cume no Ibitiraquire, mas q ganhou um "gostinho" diferente por conta da rota alternativa utilizada. E tal qual o pf q havíamos prazerosamente comido, ganhou novo sabor conforme a criatividade no uso de seu tempero usado! Videozinho e fotos da trip http://br.youtube.com/watch?v=hu-OvYyCWRs http://emiliay.multiply.com/photos/album/35 Citar
Membros de Honra ogum777 Postado Abril 21, 2008 Membros de Honra Postado Abril 21, 2008 muito legal o relato jorge! legal mesmo!daqueles de ficar de inveja, ainda mais quando se está de molho num feriadão! inté! Citar
Membros de Honra DaniloDassi Postado Abril 24, 2008 Membros de Honra Postado Abril 24, 2008 Salve salve! Muito bom o relato Jorge. Conheci a Fazenda no meio do ano passado e marcamos a viagem. Saimos de Maringá - PR dia 04/01/2008. Foi uma viagem e tanto! Subimos os 3 picos da fazenda e fizemos outros caminhos conhecidos aqui no PR, como Itupava e Marumbi. Deu uma saudade.... ooooo saudade! Mas nesse inverno eu volto lá!!! Nos encontramos em alguma montanha por ai! Abraços. Citar
Posts Recomendados
Participe da conversa
Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.