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Galera:

 

Aproveitei uma viagem a trabalho para o Rio para fazer esta travessia em Petrópolis, no fds de 04 e 05 de julho. Pensei em refazer a Peterê, mas fiquei desanimado com relatos sobre o estado da trilha e os guias-flanelinha. O PNSO também aumentou recentemente para R$ 39 a travessia.

 

Tomei conhecimento desta trilha no livro “Trilhas de Petrópolis”, do Waldyr Neto.

 

A trilha segue por cristas e cumes, com os sugestivos nomes de Cobiçado, Vândalos, Pedra do Diabo, Tridente e Ventania (na seqüência da travessia).

 

Peguei o busão 6:15 no Rio, cheguei 7:30 em Petrópolis. Lá tomei o ônibus para o Centro. Este ônibus percorre o Centro Histórico de Petrópolis, que está muito bonito! Do terminal no Centro segui para Santa Isabel. Na localidade de Três Pedras saltei e comecei a jornada na Igreja N.S. da Penha. O pico do Cobiçado já se avista dali. Subida tranqüila e bonita. No começo da trilha um pequeno trecho confuso, mas o roteiro do livro deixa claro o caminho a seguir. Ao norte, o característico pico do Alcobaça.

 

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Na direção NE-E avistei a Serra dos Órgãos. A estrutura dos Castelos do Açu se destaca no extremo direito visível da Serra.

 

Perto do topo do Cobiçado a inclinação fica mais acentuada, porém é fácil subir. Logo ao chegar no cume um local com sinal de acampamento.À direita, outra montanha, a Pedra da Lagoinha (Morin) com as antenas da Embratel. À frente e a esquerda, avista-se todo o trajeto que se percorre na travessia, através das cristas, até o Morro da Ventania.

 

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Dia bonito. Dei sorte, pois a previsão era chuva para todo o fds (a previsão muda muito nestas montanhas). Levei exatas 2 horas nesta subida, com 15 kg, incluídos 4 kg de água. Um riacho logo no início da subida normalmente é o único ponto de água garantida na travessia. Carreguei muita água porque pretendia pernoitar na trilha.

 

Após um lanche, desci a crista rumo ao morro seguinte, dos Vândalos, o cume mais alto da travessia, com 1.740 m. A crista bonita mergulha numa mata e depois sobe. Saí da mata praticamente no topo. Logo antes do cume um platô com local para acampar. No cume apenas 2 urubus, que saíram voando relutantemente, quando já estava a um metro deles. No meu altímetro registrei 1.735 m., boa precisão para uma medida baseada na pressão barométrica!

 

Fotografei uma bonita orquídea neste local.

 

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Desci. Logo no começo outro ponto de acampada.Um mar de nuvens mais abaixo impedia qualquer visão da baia da Guanabara. A crista que separa os Vândalos da Pedra do Diabo tem um abismo à direita, que infelizmente estava oculto pelas nuvens “represadas”, como podemos ver na foto tomada no cimo dos Vândalos.

 

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Logo antes de entrar na mata, prendi meus bastões na mochila, pois eles só atrapalham neste ambiente. Entrei na floresta e, em seguida, cheguei no costão da Pedra do Diabo. A trilha segue beirando a rocha deste costado, a mão direita tocando-a. Contornada a Pedra encontrei à direita a bifurcação que vai para o topo. Larguei a mochila e subi. Não levei a máquina fotográfica porque as nuvens subiram e agora estava tudo envolto em névoa. Na descida vi uma micro-orquídea amarela que nunca tinha observado antes, pendurada numa rocha.

 

Recuperei a mochila e segui. A crista entre a Pedra do Diabo e o cume seguinte, Tridente, é coberta por uma mata baixa. Logo antes de chegar no sopé do Tridente a trilha dá umas viradas para a esquerda, passando bem na beiradinha de um abismo. A única adrenalina desta trilha surge nestes momentos. No sopé, uma fácil escalaminhada e chegamos no cimo do Trindade que, de fato,não tem um cume definido.

 

Avancei. Pouco depois a descida do Tridente, bem acentuada, por um caminho direto no meio da mata. Deve-se descer com cuidado, pois a trilha é de terra e escorregadia. Após uma chuva ela deve ser um sabão. Se escorregar, é um tobogã até embaixo, num rala-bunda só. Desci me segurando nos troncos e galhos.

 

Perto do final da descida um trecho bem chato, com galhos e bambus atravessados obrigando-me a agachar todo com a mochila para passar (trecho mais penoso da trilha). Por sinal, desde a Pedra do Diabo, toda hora tinha de checar se o isolante térmico, as garrafas d’água e os bastões ainda estavam presos na mochila. No contorno da Pedra do Diabo um galho arrancou uma das garrafas d’água do bolso lateral.

 

A crista seguinte começa com uma mata e depois entra na etapa final da travessia, uma suave descida num capinzal até o Alto da Ventania. Ao alcançar o capinzal, deixei a mochila para voltar para a mata, pois logo antes de sair dela há uma bifurcação à direita, onde o Waldyr me passou a dica de que poderia encontrar água. Desci, mas encontrei apenas um filete muito raso, muito trabalhoso cavar um canal para a água fluir e esperar decantar a lama levantada. E ainda tinha 3 litros na mochila. Esta mata é bonita e fechada e gente já se perdeu aqui, fazendo a trilha para a Ventania (dobraram a direita ao invés da esquerda, logo antes do capinzal, saindo da crista).

 

Na hora do desespero, sem água, acho que funciona levar um canudinho e beber a água acumulada nas bromélias, pois tem muita no trajeto. Só não me perguntem qual o gosto, pois ainda não cheguei a este estágio de perrengue.

 

Voltei à crista do capinzal, que estava com uma linda cor ferrugem. A maior parte da crista era coberta por capim gordura, que nesta época tem uma inflorescência desta cor. Também havia sapé com folhas avermelhadas. Realmente é uma crista muito bonita. O visual seria melhor ainda se as nuvens não estivessem cobrindo ao fundo os contrafortes da Serra dos Órgãos.

 

 

 

Descobri que cheguei no Alto da Ventania quando avistei as torres de alta tensão no meio da névoa, que agora, novamente, cobria tudo. Para dar uma idéia, apenas a 100 metros avistei as torres. Bom que a trilha é óbvia e fácil de seguir!

 

Levei 6 horas, incluídas as paradas, desde a saída, da Igreja N.S. da Penha, até o Alto da Ventania.

 

Acampei num selado, entre torres de alta tensão, a beira de uma mata. Era um local usado para acampar, talvez por caçadores ou palmiteiros. De lá, escondida, uma trilha descia até um bonito riacho, onde pude repor água nas minhas garrafas (outra dica do Waldyr).

 

F

 

Antes de fazer o jantar subi para o cume principal, para curtir o visual. As nuvens faziam a paisagem mudar a cada momento. A foto abaixo, tomada do cume principal do Ventania mostra o cume NO da montanha.

 

F

 

Noite bonita, quase lua cheia. Do pico principal da Ventania observei as redondezas ao luar. Notei uma luz perto do cume dos Vândalos. Alguém acampado no local logo após o cimo, antes da crista para a Pedra do Diabo. Fiz sinal de luz e alguém gritou do outro lado.

 

Fez frio durante a noite, entre 10 e 11º C. Meu saco de dormir para 7º C (conforto) não agüentou.Tive de vestir todas as roupas e mesmo assim ainda não estava confortável. Chuviscou um pouco.

 

Dia seguinte explorei um pouco os cumes secundários do Ventania e procurei o início da trilha que desce para Sto. Aleixo (esta trilha vou deixar para outra ocasião). Estava tudo encoberto pelas nuvens.

 

Desci para Caxambu por volta de 9:30. A trilha principal estava ficando fechada. Parece que as pessoas têm preferido usar um atalho mais direto, porém mais íngreme e escorregadio. Uma pena, pois a trilha principal, mostrada no croqui, é muito bonita, passando pela mata e serpenteando entre as torres de alta tensão. O bastão de caminhada ajudou a bater trilha (outro uso do bastão!), derrubando aquele capim navalha que se debruçava no caminho.

 

Já no final da trilha um belo poço num riacho.Tomei um rápido banho, para embarcar mais limpo para o Rio (ou melhor, menos fedido). Olhei para cima e vi na serra um trecho logo antes do cume do Tridente, com sinais de um grande deslizamento de terra, onde a trilha beira o precipício ( a adrenalina do dia anterior). Parece que no local houve um grande desabamento, daí a trilha ter ficado tão perto da borda. Até no Google Earth visualizamos isto como uma mancha branca no costado da montanha. Pode ser que todo este trecho esteja instável, podendo a trilha também desabar.

 

F

 

Peguei a mesma linha de ônibus para voltar para o Centro de Petrópolis, desta vez no fim de linha. O motorista (o mesmo que me trouxe) falou que no dia anterior, pela tarde, havia deixado um grupo de 4 mochileiros no começo da trilha. Provavelmente eram eles que estavam acampados no pico dos Vândalos, que avistei ontem à noite.

 

Recomendo esta trilha: bonita, tranqüila e menos puxada que a Petrópolis-Teresópolis. Não tem a beleza deslumbrante e monumental da Peterê, mas é muito bonita e vale a pena. Dois bônus: não tem o excesso de gente da irmã mais famosa e não cobra entrada. Não encontrei ninguém no caminho, talvez devido à previsão ruim do tempo, que acabou não ocorrendo.

 

Boa trilha!

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  • Membros

Boa Peter !! Ótimo relato. Fica aí a dica pra galera conhecer essa linda trilha. Pretendo em breve fazer uma manutenção no trecho da descida do Alto da Ventania, que realmente é melhor que o atalho. Pra quem se interessar, mais algumas fotos e detalhes da trilha: http://trilhasdepetropolis.blogspot.com/2008/08/travessia-cobiado-ventania.html

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