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Canion Palanquinhos - Criuva


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Descobri que bem pertinho da minha cidade, Caxias do Sul, existe um distrito com várias opções de eco turismo e turismo de aventura meio que por acaso. Estava pesquisando opções nas redondezas quando me deparei com uma matéria falando sobre Criúva e seu potencial turístico que começou a ser explorado recentemente. Entrei em contato por e-mail na agencia Casa Verde e quem me atendeu foi a Guadalupe. Pedi pra ela assim que formasse um grupo me encaixar pois eu iria sozinha. No dia seguinte ela me manda um e-mail dizendo que teria um grupo no sábado. Confirmei, mas um imprevisto com o carro me obrigou a cancelar no dia seguinte pois eu não teria mais como me deslocar até lá, já que os horários de ônibus não batiam. Porem na sexta feira a Guadalupe me manda um e-mail me dizendo que tinha conseguido carona para eu ir, voltar e ainda um lugar pra ficar lá! Isso já era umas 3 da tarde e minha carona ia me pegar as 6, caso eu aceitasse. Pensei 5 segundos e resolvi ir. Cheguei em casa do trabalho 20 pras seis e 20 minutos depois já estava dentro do carro com o marido da Guadalupe, que seria um dos guias da trilha no dia seguinte.

 

Assim que chegamos em Criuva, a Guadalupe e seu Átila, que é pai dela me convidaram para jantar com eles. Larguei minhas coisas na pousada da Lourdes, que fica ao lado da Casa Verde e quando cheguei a Claudia, que é mãe da Guadalupe me convidou para ir até o “sítio” deles para conhecer, que é um lugar onde eles fazem caminhada noturna seguido de jantar campeiro. O lugar é simplesmente lindo, uma pena que não levei minha câmera. Eles tem um mini percurso de arvorismo, um galpão onde fazem as jantas e mais uma estrutura muito legal pra receber turistas e grupos. Lindo o lugar e muito bem cuidado.

 

Nessas alturas já deu pra perceber o quanto especial é essa família, pois até uns 4 dias atrás eu nem sabia da existência deles, mesmo assim fizeram tudo isso que falei acima e muito mais por mim! Foi muito especial conhecer eles, ainda existe gente boa no mundo! Ah, e a janta, sem palavras, que delicia de janta! Fiquei lá conversando até umas dez e pouco e decidi ir dormir, afinal o dia seguinte era da trilha e eles também tinham coisas para fazer e organizar tudo para o dia seguinte.

 

No sábado as 07:30 depois de um café da manha simples mas gostoso na pousada da Lourdes fui pra agencia preencher a papelada e aguardar o resto do pessoal. Estávamos em umas 10 pessoas, o que me surpreendeu pois eu não esperava tanta gente. Antes de sair, a Claudia e a Guadalupe reuniram todos e fizeram um circulo e uma dinâmica de grupo para todos se apresentarem. Não sou fã dessas coisas mas confesso que achei legal. O objetivo delas era que nos conhecêssemos antes de ir e frisar que lá dentro seriamos um único grupo, que todos teriam que seguir juntos e que sempre que alguém precisasse de ajuda teríamos que estender a mão e ajudar. Lá na caminhada que fui entender o porque disso. Partimos com os carros até o início da trilha, que fica +/- 45 minutos da vila. Antes de começar a decida, novamente a Claudia reúne o grupo e reforça sobre segurança lá dentro, cuidados que deveríamos ter, etc. também depois que fui entender o porque de tudo isso.

 

Essa trilha tem umas partes que são bem perigosas mesmo, a gente passava por lugares estreitos onde tínhamos que nos agarrar em raízes, pedras, cipós... o que estivesse disponível. E pra baixo era o precipício. Apesar disso, a Claudia e o Seco prezam tanto, mas tanto pela segurança de todos que em 17 anos nunca tiveram acidentes, mesmo com todos os perigos que essa travessia oferece e olha que não são poucos e que eu já fiz algumas caminhadas por esse mundo afora. Nota 10 pra eles que 100% do tempo estão preocupados e muito com a segurança e o bem estar de todos do grupo!

 

A travessia começa com uma decida, de aproximadamente 01:30. O percurso é bem íngreme, muitos trechos tem que descer se agarrando nas raízes, pedras, algumas partes eles tem cordas fixas para auxiliar. E outras vai de bunda mesmo! Fora os tombos, praticamente todos caíram nessa decida mas nada grave, tombos normais de trilha. Chegando lá embaixo, caminhamos mais um pouco pelo leito do rio que naquele dia estava seco. Paramos na sombra de uma arvore maravilhosa e fizemos nosso almoço naquele santuário onde poucas pessoas passaram. O almoço é um lanche de trilha fornecido por eles, um sanduiche com pão caseiro, queijo colonial, salame e cenoura ralada. Um mega sanduiche. No pacote ainda tinha um chocolate e um doce de amendoim tipo pé de moleque. Descansamos um pouco para curtir o lugar e seguimos caminho. Mais um pedaço por dentro do canion no “plano” e logo começamos a subir. A subida vai acompanhando o leito do rio, onde passamos por pedras gigantes, algumas quedas d’agua pequenas e algumas cachoeiras. Tudo é feito de maneira calma, sem correria e com tranquilidade pois realmente alguns pontos são perigosos e precisa tomar esses cuidados. Além disso obstáculos como passagens estreitas, onde tivemos que tirar as mochilas e jogar pra cima para depois passar, subidas que só foi possível fazer com o apoio das cordas fixas e da Claudia e do Seco, muitas partes de escalaminhada, o que faz a gente forçar o corpo inteiro, travessia de rio...

 

Paramos novamente em uma cachoeira que tinha um poço legal pra tomar banho, e eu e mais 3 entramos na agua, que estava fria, mas imagina uma agua fria, daquelas que dá choques de tao gelada. Mas também pensa num banho de rio bom e mega relaxante, renovou as forças para continuar a subida. A Claudia sempre ia na frente, mas sempre mesmo. O cuidado dela para ver se não tinha serpentes, em buscar o melhor caminho, pois estávamos no leito do rio, que naquele dia estava seco, entao não existe uma trilha marcada, cada vez que se passa por aí tem que buscar a melhor alternativa. E eles sabem fazer isso e muito bem. Pode confiar.

 

Depois de um banho delicioso continuamos a subida, e não tem moleza em nenhum momento, é um obstáculo depois do outro. Atenção e concentração durante todo o tempo. Achei que essa subida não foi tão cansativa como outras que já fiz, talvez porque íamos devagar, e muitas vezes o grupo tinha que parar porque só passava uma pessoa por vez naquele determinado lugar. Mas confesso que no final já estava ficando cansada, não fisicamente, mas queria que chegasse uma parte que fosse mais fácil pois é o tempo todo ultrapassando barreiras e obstáculos naturais. Um desafio mesmo! E chegou enfim esse momento! Na ultima parte da caminhada, quando falta uma hora para o final o caminho fica um pouco mais plano e a gente segue caminhando pelo leito do rio. Por dentro do rio mesmo. Quem for fazer essa travessia tem que ir consciente de que vai se molhar, e não é apenas nessa parte do final. Do meio em diante existem vários pontos onde tem que cruzar o rio, então vai molhar o pé e não adianta bota impermeável pois algumas vezes a agua ficava acima do joelho.

 

Tenho certeza que o que motivou todos a terminarem a trilha foi o café campeiro que nos aguardava no final. Sim, a travessia termina exatamente no ponto onde deixamos os carros, então não precisa caminhar mais nem esperar por resgate, pois já caminhamos antes de descer e viemos de encontro ao lugar que estavam os carros! Todos se trocaram e voltamos para a Casa Verde onde um café campeiro delicioso nos esperava. Pensa numa coisa boa, não sei se era a fome, mas aquilo estava simplesmente uma delicia. Feijão tropeiro, polenta mole com bacon, queijo serrano, linguiça assada, ovo com cenoura, bolo, paes, biscoitos, grostolis, chimias... tudo feito com o maior carinho por eles para nos recepcionar! E não acabou por aí. No final eles se reúnem todos, os que foram fazer a trilha os que ficaram na Casa Verde no apoio, os que fizeram a comida, e todos os turistas e rola uma conversa bacana com um feedback tanto da parte deles como dos turistas. Ninguém é obrigado a ficar nessa parte, mas todos eles lá da Casa Verde são tão legais que não dá mais vontade de ir embora!

 

Bom, pra concluir, eu achei uma travessia difícil, não recomendo para quem nunca fez uma trilha a não ser que saiba que tem capacidade para isso, mas o ideal seria fazer outra trilha antes dessa. Teve pessoas no meu grupo que nunca fizeram trilha antes e terminaram a travessia. Todos terminam, mas acredito que as dificuldades sejam maiores. É uma caminhada diferente, cheia de obstáculos e desafios, mas que vale muito a pena. O lugar é lindo, praticamente intocado, não vi nada de lixo em lugar nenhum dessa travessia. Natureza maravilhosa, no verão banho de rio, a Claudia e o Seco são guias maravilhosos, sempre preocupados com todos e com segurança em 1º lugar. Quem vier pra essa região faça essa travessia!

 

Algumas dicas para essa travessia:

>>O uso do capacete é realmente necessario, vai bater a cabeça em vários momentos durante a travessia. É bem desconfortável, mas importante usar. Eles fornecem o capacete.

>>Usar calças compridas, e isso eles recomendam no e-mail. Teve gente que não leu ou não deu boa e se deu mal. Tem que ir de calça comprida senao as pernas ficam muito arranhadas.

>>Recomendo o uso de luvas pois a maior parte do tempo temos que usar as maos como apoio, e a luva ajuda a proteger.

>>Nem adianta ir de oculos escuro e bone, mesmoq eu tenha sol, como no dia que eu fui. A travessia é feita 90% do tempo na sombra e oculos só atrapalha.

>>Apesar da sombra, sempre uso protetor solar.

>>Repelente para os mais sensiveis. Eu não senti, mas alguns reclamaram de mosquito

>> roupa extra para trocar no final, pois vai sair molhado com certeza. As roupas podem ficar no carro. Um chinelo tambem é legal.

>> muito bom humor e espírito de aventura e companherismo

 

Contato Casa Verde:

http://www.criuvacasaverde.tur.br/

receptivo@criuvacasaverde.tur.br

fone: (54) 3267 8255 – celular: (54) 9178 5622 c/ Guadalupe

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