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Travessia Estreito-Vargem Grande (Cachoeiras de Macacu/Teresópolis-RJ) - jul/14


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Rio do Estreito

 

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaEstreitoVargemGrandeCachoeirasDeMacacuTeresopolisRJJul14.

 

A travessia Estreito-Vargem Grande começa no bairro rural do Estreito, a 29km de Cachoeiras de Macacu e sobe a Serra do Mar para chegar ao bairro da Vargem Grande, distante 19km de Teresópolis. É uma trilha difícil em mata fechada, sendo muito íngreme, confusa e pouco marcada no trecho da serra e com muitas bifurcações de caçadores/palmiteiros no alto da serra. Por ser toda em mata fechada não tem visual nenhum da serra ou da baixada e tem possibilidade de árvores e mata caídas, o que pode aumentar o seu grau de dificuldade.

 

Pode ser dividida em duas etapas, a primeira sendo um atalho por trilha na mata desde o bairro do Estreito até o pé da serra e a segunda a subida da serra propriamente dita. A primeira etapa pode ser feita por uma estradinha de terra também, mas eu prefiro sempre as trilhas.

 

Observação: coloquei alguns horários nesse relato mas alerto que foi uma exploração de uma trilha difícil e desconhecida (para mim) em que errei e corrigi o caminho diversas vezes, portanto os horários aqui não são uma boa referência. O que posso dizer é que conhecendo bem o caminho (seja com alguém que já fez ou com o tracklog) é possível completá-la em um dia começando bem cedo. Eu não conhecia o caminho e com os erros terminei a travessia somente na manhã do dia seguinte.

 

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Rio do Estreito

 

1º DIA

 

Em Cachoeiras de Macacu, peguei o ônibus para Areal às 4h30 e desci no bairro do Estreito às 6h24. Altitude de 116m. Entrei na venda do Vande em frente para confirmar algumas informações da subida da serra para Vargem Grande e me surpreendi com a quantidade e variedade de mercadorias num espaço tão pequeno, prateleiras abarrotadas e muita coisa pendurada no teto, mas tudo bem organizado e comercializado à moda antiga, atrás de um balcão. Além da simpatia do próprio Vande. Vale a pena conhecer!

 

Às 6h47 dei início à travessia continuando pela rua de terra do ponto final do ônibus. Atravessei a primeira ponte e subi a ladeira concretada. Entrei na primeira rua de terra à esquerda, onde há uma placa com os nomes dos sítios e um casebre de taipa. À minha esquerda vão aparecendo os paredões da serra que devo subir. Mais uma ponte e na terceira a rua se transforma num caminho largo gramado que começa a subir, com uma casa em construção à direita, a última casa dessa primeira etapa da caminhada.

 

A subida é cansativa e na quina de um ziguezague há um mirante para o bairro do Estreito, com exuberância de mata nativa. A subida continua por caminho largo até alcançar um casebre abandonado (direita) e as ruínas de uma casa (esquerda) e se converter numa trilha. Mais 220m e começam a aparecer algumas bifurcações. A primeira delas (7h32) é uma trilha que desce à direita e leva a um córrego, fechando em seguida. Aproveitei para fazer ali meu desjejum já que saí da cidade de madrugada.

 

Menos de 30m depois uma nova bifurcação. Descobri que tanto faz seguir para a esquerda ou subir à direita, porém recomendo ir para a esquerda pois o caminho é um pouco mais curto, não tem tanta subida e não tem outras bifurcações. E ainda passa por três pontos de água. Às 9h29 cruzei o Rio do Estreito pelas pedras e 80m depois caí na estradinha que vem do bairro, fechando assim a primeira etapa, que foi apenas um atalho, como disse. Altitude de 322m.

 

Caminhei 120m para a direita e a estradinha terminou na porteira de arame de uma casa vermelha, mas ultrapassando a tronqueira à esquerda havia uma continuação mais precária do caminho. Sabia que a trilha da subida da serra começava em algum lugar por ali, mas na dúvida perguntei a um morador, o Osiel, que me ensinou o caminho com precisão. Sem as informações dele não teria encontrado a trilha certa pois a subida da serra se dá por uma trilha muito apagada e de pouco uso que sai quase invisível da trilha principal que eu iria pegar. Mas antes fui conhecer a ruidosa cachoeira que fica escondida nos fundos da casa vermelha e para isso pedi permissão ao caseiro.

 

A trilha de subida da serra começa bem em frente à casa do Osiel, apenas 20m após a quina da cerca da casa vermelha. Ou, tomando como referência a tronqueira do fim da estrada, são 70m pelo caminho largo até alcançar o início da trilha à direita (e a casa do Osiel à esquerda). Altitude de 354m.

 

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Entrei na trilha às 10h, dando início à segunda etapa da travessia. Com 50m ela cruza um córrego e após 220m deve-se tomar a direita na bifurcação, descendo e cruzando um outro riacho em apenas 20m. E começa a subida aos ziguezagues! Às 10h53 a trilha nivela e tenho visão da serra por uma janela na mata. Em seguida notei à esquerda restos de um casebre já engolidos pelo mato e essa era uma das minhas referências pois ao cruzar o próximo riacho deveria sair da trilha principal e tomar de vez a subida da serra. Bem, atravessei o riacho seguinte pelas pedras (tudo indica ser o Rio do Estreito novamente) e comecei a procurar uma trilha saindo para a esquerda. O que encontrei foi apenas um rastro, nem era uma picada, com o chão levemente marcado, uns 30m depois do riacho, na cota dos 517m. Entrei nela às 11h14 e logo ficou muito íngreme, com as folhas no chão confundindo a direção a seguir. Tudo me levava a crer que não era por ali, mas insisti um pouco mais. Logo nivelou, passei por uma grande árvore oca à direita e a trilha pareceu se definir um pouco.

 

No geral, a trilha no trecho da serra é bem pouca marcada e às vezes fica oculta sob as folhas caídas. É preciso caminhar o tempo todo com muita atenção para perceber a direção que ela toma e não perdê-la. A inclinação forte, com trechos em que é preciso se agarrar à vegetação para subir, também contribui para torná-la confusa, com folhas cobrindo o chão e parecendo às vezes mais um caminho de água do que uma trilha.

 

Às 11h48 reencontrei o Rio do Estreito mais largo num local tão aprazível que foi um convite a uma pausa para descanso e um lanche. O barulho do rio e de suas pequenas quedas é a trilha sonora natural desse recanto tão isolado da serra a 646m de altitude. Às 12h37 me despedi de vez do Rio do Estreito e subi a encosta íngreme na outra margem por um caminho levemente pisado. Às 13h07 uma sequência de pedras de um leito seco de rio causou dúvida quanto à direção. Pensei que alguma árvore tivesse caído e ocultado a continuação da picada, mas depois de algum tempo de procura encontrei uma saída atrás da vegetação à direita.

 

Às 14h20 cheguei à calha de um rio seco e por causa de uma vegetação caída imediatamente antes perdi a trilha. Algum tempo de procura e percebi que após contornar a vegetação caída deveria descer à esquerda ao fundo da calha e procurar a continuação da trilha (muito discreta) subindo a encosta oposta. Em seguida uma grande árvore tombada obriga a desviar para a esquerda, passando ao lado da enorme raiz exposta do gigante. A partir daí a subida dá uma trégua e a trilha se torna mais pisada, sem tantas dúvidas. A altitude já é de 965m e segundo a carta topográfica estou transpondo a Serra da Ressaca.

 

Às 15h15 já tenho contato com um rio do alto da serra, o Rio Vargem Grande, que cruzei pelas pedras. Uns 25m depois fui na bifurcação para a esquerda e cruzei em seguida um pequeno córrego (na verdade fui para a direita na bifurcação pois a confundi com outra mais à frente onde deveria entrar à direita; perdi muito tempo com isso e só encontrei trilhas para lugar nenhum e acampamentos de caçadores e palmiteiros).

 

Uns 20m depois desse pequeno córrego (ou 90m após o Rio Vargem Grande) encontro a clareira onde devo quebrar para a direita (altitude de 924m). A partir da clareira a trilha em que eu vinha continua em frente mas disseram que ela chega ao bairro da Vargem Grande pelos fundos de um sítio onde pode haver cachorros bravos. Também saem da clareira duas trilhas à direita, sendo que a mais à direita das duas desaparece logo. Tomei a outra à direita portanto.

 

Às 17h23 topei com uma bifurcação em que ambos os lados eram bem marcados. A esquerda terminou em dois minutos no Rio Vargem Grande num ponto em que ele é largo e raso. A continuação seria o ramo da direita portanto. Porém a escuridão dentro da mata chegava rapidamente e retornei alguns metros além da bifurcação para montar acampamento numa clareira ao lado da trilha. Altitude de 898m.

 

Nesse dia caminhei 7,6km (descontados os erros).

Desnível de 765m do ponto de ônibus do Estreito até o Rio Vargem Grande no alto da serra.

 

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Poção no Rio Vargem Grande

 

2º DIA

 

Desmontei acampamento e comecei a caminhar às 7h32. Na bifurcação já conhecida ontem tomei a direita. Porém muitas outras viriam pela frente, ou seja, o problema do dia hoje seria outro: em vez da falta de trilha definida do dia anterior passei a ter uma fartura de trilhas e bifurcações que causaram confusão também.

 

Cruzei um riacho pelas pedras e 13 minutos depois, após uma pinguela feita de um tronco corroído, a vegetação fechada obriga a tomar um desvio à esquerda. Às 8h07 fui para a direita numa bifurcação em que ambos os lados eram bem marcados, com a direita um pouco mais aberta. Cruzei o riacho seguinte pelas pedras e na bifurcação fui para a esquerda, subindo. Nas próximas tomei a direita e a esquerda, sempre subindo. Notei a grande quantidade de palmito nessa parte da mata, daí talvez a abertura de tantas trilhas em várias direções.

 

Na próxima bifurcação tomei a direita, subi mais um pouco e o terreno nivelou, chegando aos 1045m de altitude, o ponto mais alto da travessia. Em seguida a ramificação da direita pareceu mais aberta e às 9h03 alcancei a cerca que delimita uma propriedade, saindo definitivamente da mata e já avistando as montanhas do bairro Vargem Grande. Era praticamente o final da travessia, na altitude de 1028m.

 

Continuei na trilha e cruzei o campo até uma outra cerca com araucárias, onde desci à esquerda. Acompanhei a cerca e já podia ver a entrada do sítio à direita. Fiz o possível para não invadir a propriedade mas o fundo do pequeno vale parecia difícil de transpor, com mato alto ocultando o ribeirão. Dali só conseguia avistar duas crianças e um cachorro e nem tive como pedir licença para passar. Aproveitei então uma folga da cerca e passei por cima, caminhei alguns metros até a porteira e saí, caindo numa estradinha de terra. Fui para a esquerda na bifurcação e desci até a estrada principal da Vargem Grande, aonde cheguei às 9h48. Fui para a esquerda e em mais 10min cheguei ao ponto final do ônibus Vargem Grande, que me levou para Teresópolis. Altitude de 844m.

 

Nesse dia caminhei 4,7km (descontados os erros).

 

Distância total percorrida: 12,3km

Desnível total da travessia: de 116m a 1045m (diferença de 929m) e depois a 844m (diferença de 201m).

 

Informações adicionais:

 

Horários do ônibus Cachoeiras de Macacu-Areal passando pelo bairro do Estreito:

seg a sáb - 4h30, 12h30 e 17h

dom e feriado - 9h, 17h

 

Horários do ônibus Vargem Grande-Teresópolis: http://www.dedodedeus.com.br/utilidade.php?cod=1

 

Carta topográfica de Teresópolis: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SF-23-Z-B-II-3.jpg

 

Rafael Santiago

julho/2014

http://trekkingnamontanha.blogspot.com.br

 

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Percurso da travessia na imagem do Google Earth

 

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Percurso da travessia na carta topográfica

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