Membros GIACOME Postado Maio 17, 2013 Membros Compartilhar Postado Maio 17, 2013 (Relato da Viagem Realizada em Julho de 2009) 0:01 (02 de Julho de 2009) Já é o primeiro acorde do dia da viagem, e a lembrança daquele pneu careca da moto lateja a mente; 0:25 (02 de Julho de 2009) É preciso levar um lubrificante; a terra e poeira, mais distância longa causará desgaste prematuro na corrente secundária; 0:35 (02 de Julho de 2009) 230,00 reais para gastar com gasolina, estada, comida e bebida; quem sabe comprar alguma coisa na Bolívia? 1:15 (02 de Julho de 2009) O primeiro devaneio fatal; um recorte de um tombo naquela terra vermelha; Bem, para contextualizar esta psicose noturna, é preciso explicar em algumas linhas o problema em questão. De Cacoal a Costa Marques são 388 kilômetros; aparentemente simples, mas se levarmos em conta que destes, 222 Km´s são de estrada de terra, e minha moto é totalmente on Road (Uma twister 2007), fica circunscrito um pequeno dilema; Talvez esta viagem seja a que tenha me dado mais (pre)ocupação; desde a ansiedade em conseguir uma moto alta (off Road), até a tensão de ir sem muita grana; bem, fui com a minha moto mesmo. O alvorecer úmido foi na belíssima estrada matutina que vai de Cacoal a Nova Estrela, distante 30 km de Cacoal; lá encontrei com meu companheiro de viagem, meu primo e padrinho do meu filho; ele estava em uma Bros, o que lhe facilitaria a vida. Iniciamos a viagem pela parte fácil; parada rápida em Rolim de Moura para um misto quente com pingado; e seguimos a viagem; no asfalto a Twister comanda em relação à Bros; fomos extremamente rápidos nestes 160 kilômetros que separam Cacoal de São Miguel do Guaporé; parada para abastecer em um posto e a primeira foto d diário de bordo; a moto limpinha e a jaqueta jeans ainda intacta; Daqui em diante a jornada fica difícil e incógnita. Com muita areia, secura e pedras, um tombo era inevitável; nos primeiros kilômetros os indícios da construção de pontes e da estrutura para o futuro asfalto; meia estrada e muita poeira; a poeira dava lugar a crateras endurecidas pelo sol, próximas de pontes logo abaixo nos vales; a velocidade de cruzeiro era alta; 80 kilômetros por hora na terra batida, areia surpreendente (nela você deve deixar a moto ir onde quiser); enfim a chegada para a coca-cola Ks clássica em Seringueiras; rolos de feno literalmente passavam pela cidade; Seguimos viagem nessa louca e insana busca de chegar ao destino; pedras, desvia buracos e areia, poeira e mais poeira, e a twister ia escorregando, derreapando e tracionando com seu forte motor em face daquele solo sem aderência; neste ponto, já próximo das 10:30 chegamos em um oásis de beira de estrada; o fato atípico desta parada foi a revista da polícia militar, sempre presente naqueles trechos próximos a divisa com a Bolívia; Enfim, após poeira extrema, areia e secura, banhados por uma chuva localizada, chegamos em Costa Marques; parada no posto para recolher o pó e rebater a tensão da viagem; No mesmo dia já ansiei conhecer o forte; era minha meta segunda, já que a primeira, para um motociclista, é a do processo de “ir”; saímos logo depois do almoço; o Forte Príncipe da Beira não fica dentro de Costa Marques; fica em uma área militar, bem movimentada, localizada a pelo menos 25 kilômetros da cidade; pegamos a Bros e fomos; matinhas e estradas trafegadas por caminhões do exército e lá estávamos: enfim, o Forte; Belíssimo, ela imanava do chão, em Pedra, como uma grande e majestosa construção secular; sua área de grama, externa, estava limpíssima; bem aparada, agregava valor ao local histórico e mostrava um grande cuidado; primeiro fomos ao museu que existe logo na entrada da base militar; o museu contém a história do Forte, história esta datada do século XVIII; os motivos da construção estão ligados a importância do Rio Guaporé como escoadouro e corredor de transporte natural, além da necessidade de manter a soberania sobre o solo brasileiro em relação à Bolívia, em face dos ataques espanhóis; Logo na entrada o clássico fosso, que deveria servir de barricada natural e a grande porta em madeira antiga; esta fronte estava intacta, e sua dimensão é impressionante; o formato do Forte é típico das fortificações portuguesas, mas que celebram o de mais importante acervo arquitetônico colonial temos no estado de Rondônia; não existe outra obra de tal vulto ou importância dentro do estado. Assim, é incomensurável a emoção de estar em um local de registro histórico clássico colonial do estado, pela grandeza e conservação de parte de sua estrutura; logo quando adentramos as portas pesadas do Forte já fomos visitar o famoso compartimento que serviu de prisão logo no final do século XIX; lá ainda estão inscritos na parede mensagens dos presos antigos, guardando em sua caligrafia as entranhas de sua agonia; Singular é a vista que uma das torres e guaritas armadas proporcionam do lugar: o belíssimo e místico rio Guaporé passando ao largo, a torre / guarita que já fora utilizada, e os canhões originais; belíssimo quadro; Por meio de uma panorâmica é possível ver os fósseis das antigas edificações, agora ruínas que constituem um místico cenário, deflagrando uma parte importante de nossa história; O nosso Guia soldado do exército explicava alguns detalhes interessantes do local, mas principalmente queríamos ouvir sobre o famoso túnel, que como dizem e as lendas oficializam, liga uma margem a outra do Rio Guaporé, como, talvez, uma rota de fuga; (continua) Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros GIACOME Postado Maio 18, 2013 Autor Membros Compartilhar Postado Maio 18, 2013 Bem, dando sequência ao relato; o fosso e a o buraco do fosso é mitológico; muitos afirmam que já fora uma sala secreta, hoje soterrada e alagada; relatos incidentais fala de reuniões de cúpula dos militares da colônia; mas o que vi foi apenas um buraco, que remete à uma câmara maior subterrânea; deixemos a lenda sobreviver; Os canhões que estão expostos no forte são mesclados entre armas cenográficas e armas de verdade; nao sei ao certo se já ocorreu alguma batalha memorável no forte; o guia disse que sim; Recentemente, em um evento que estava uma personalidade histórica (não sei ao certo) foram atirar com um dos canhões e o mesmo explodiu, lançando estilhaços em vários pessoas, que se feriram; Terminamos a visita com uma panorâmica contemplativa de todo o largo do forte, deixando uma sensação fortíssima de história impregnada em nossas retinas; espero poder voltar a este que considero nosso maior santuário colonial de Rondônia, já bem explorado mas pouco comentado; Retornamos à casa da família que nos gentilmente acolhera, e comemos um delicioso tambaqui de rio, enorme, colhido no grandioso rio Guaporé; No outro dia nossa meta era conhecer este rio e atravessar para a Bolívia; realmente o Rio Guaporé é um rio que exala vida; de águas verdes / escuras, ele reproduz uma fauna e flora exuberante, mesmo que amplamente utilizado na pesca e eventos, como o famoso festival de praia de Costa Marques; Para atravessar para o lado Boliviano é preciso pegar uma voadeira; paga-se 5 reais e você atravessa em uma média de 10 a 15 minutos, dependendo do motor; já do lado Boliviano nao existe cidade; são apenas palafitas construídas na beira do rio Guaporé; elas ficam entre a mata da terra firme e o rio; os produtos e os vendedores vem rio acima para vender seus produtos; Por falar em produtos, são na maioria bebidas e ferramentas de trabalho; não é possível fazer boas compras; é um comércio fraco e pobre; mas na verdade tem mais valor sociológico do que financeiro aos meus olhos humanistas; Quem gosta de bastante festa, aconselho vir no festival de praia, que acontece entre agosto e setembro; meses que o rio seca e deixa aparecer bancos de areia, que muitas vezes são apliados pelos organizadores, o que determinou a criação de uma TAC ambiental entre o MP e os organizadores do evento; Tambem é aconselhável alugar uma chalana e descer o rio pescando, o que é uma prática comum entre moradores do estado de Rondônia; em suma, Costa Marques merece ser visitada; Termino este relato re-afirmando meu interesse em retornar; seja para passear pelo Rio, seja para visitar novamente o forte, e ainda para visitar o projeto de preservaçao das tartarugas, patrocinado pela Petrobrás, que eu não pude ir; No mais, termino com a última foto, contrastanto o aterro enorme do forte Príncipe da Beira e seus muros exuberantes, com os canhões apontados ao fundo para o belíssimo rio Guaporé; Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros GIACOME Postado Maio 18, 2013 Autor Membros Compartilhar Postado Maio 18, 2013 Acrescento algumas informações adicionais ao tópico para os interessados na iconoclastia e fundamentos do Forte Príncipe da Beira: Fonte: Wikipedia - A cor avermelhada da fortificação deve-se ao emprego, na sua construção, de pedra de canga laterítica, abundante na região. - A pedra calcária, utilizada nos arremates por exemplo, foi transportada de Vila Maria e de Belém do Pará. - Embora a cifra de trabalhadores seja de duzentos homens, estima-se que pelo menos mil outros trabalhadores estiveram envolvidos na sua edificação, entre indígenas e escravos africanos. - Os recursos para a edificação vieram, em grande parte, das receitas geradas pela Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão. - Das inscrições nas paredes das antigas masmorras, podem-se inferir alguns detalhes da vida cotidiana na fortificação: - No dia 18 de setembro de 1852, pelas duas horas da tarde, a terra tremeu; - Alguns prisioneiros usavam grossa e comprida corrente ao pescoço; - Os presos eventualmente recebiam auxílio, na forma de esmolas, da população local. Segue uma belíssima foto aérea para situarmos a beleza do forte: Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
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