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  1. Olá nação mochileira! Relato a seguir uma expedição realizada no feriado de Corpus Christi (23/06 a 26/06/2011) à região da Serra do Quiriri. Está dividida em 2 partes para melhor estruturar o conteúdo, que ficaria muito extenso para um único post. O LUGAR A Serra do Quiriri, outrora conhecida como Serra do Iquererim (ou Iqueririm) e também chamada de Serra Feia (que, diga-se de passagem, de feia não tem nada), localiza-se na região nordeste de Santa Catarina, fazendo divisa com o estado do Paraná, constituindo-se no último trecho da Serra do Mar na região sul do Brasil. Trata-se de uma área circundada por montanhas rochosas, interligadas por uma grande extensão de campos de altitude entrecortados pelas nascentes de vários rios, dentre os quais se destacam o Sete Voltas, o do Cristo, o Três Barras, Palmital, Pirabeiraba, Braço, Bracinho, Garuva, o Rio Negro e o próprio Rio Quiriri. Há controvérsias sobre as origens e significados do nome quiriri. Há quem atribua a origem do nome a uma ave típica da região, o Siriri, que emite um canto que soa como qui-ri-ri. Outra origem aceita é que o nome seria uma homenagem a um antigo pajé de uma tribo da região. No entanto, o significado mais difundido vem do vocábulo tupi-guarani ”kyrirá” que também admite várias interpretações, como silêncio ou paz noturna, lugar silencioso, lugar sagrado ou ainda lugar encantado. Trata-se realmente de um lugar encantado. A região abriga algumas das mais bonitas paisagens do estado de Santa Catarina. Alterna montanhas, afloramentos rochosos, paredões, vales profundos e de vegetação espessa, campos de altitude, nascentes, riachos, cachoeiras e vistas espetaculares de cidades como Garuva, Itapoá, da Baía da Babitonga e da Ilha de São Francisco. ANTECEDENTES Há bastante tempo, observando as montanhas a partir da BR-376/101, que liga Curitiba a Garuva e Joinville, surgiu a curiosidade de conhecer a região da Serra do Quiriri, mas por um motivo ou outro ela não se materializava em uma investida concreta. Há pouco mais de um ano, retornando ao montanhismo após uma temporada de mais de 8 anos de sedentarismo, voltei a alimentar o desejo de conhecer a região da Serra do Quiriri e arredores. Relatos como os dos companheiros Divanei, Jorge Soto e Tiago Korb atiçaram ainda mais esta curiosidade, mas continuava me faltando companhia para a empreitada, já que a minha antiga trupe para estas aventuras se dispersou há mais de 10 anos. A situação tomou um novo rumo depois que me registrei aqui no Mochileiros.com e comecei a me corresponder com outros membros com interesses comuns, como os companheiros Otávio Luiz, de Curitiba (PR), que também vinha manifestando há algum tempo vontade de trilhar aqueles caminhos e Tiago Korb, de Santa Maria (RS), que já havia empreendido duas travessias na região. Em cerca de 3 meses de mensagens trocadas, idéias, estudo, planejamento, materiais como cartas e trilhas de GPS reunidas, chega a fase de realização. Nesse meio tempo o Otávio me apresentou a um grupo de montanhistas bastante especial, a AMC – Associação Montanhistas de Cristo e o projeto passava a tomar forma no âmbito da associação, com o apoio e participaçãoativa de seus membros. Definida a data, que seria o feriadão de Corpus Christi, de 23 a 26 de junho de 2011, passamos a discutir as rotas possíveis, definir o grupo e acertar os detalhes logísticos da operação. OS PLANOS O que inicialmente vinha sendo concebido para ser um grupo de 6 a 8 pessoas desdobrou-se em dois grupos, um com 8 e outro com 10 pessoas, que fariam duas rotas distintas mas convergentes. O grupo 1 (“Grupo Araçatuba”), menor e mais preparado fisicamente, partiria de Tijucas do Sul (PR), da localidade de Matulão, cruzando a Serra da Papanduva pelo Monte Araçatuba e faria a travessia completa de norte a sul, que culminaria na descida do Monte Crista. O grupo 2 (“Grupo Garuva”) subiria a trilha do Monte Garuva partindo da BR-101 na cidade de Garuva (SC) e faria a rota em direção ao Monte Quiriri atacando do alto os cumes da região pelo caminho, como o Garuva, o Jurema, a Pedra do Lagarto, o próprio Monte Quiriri, o Bradador e a Pedra da Tartaruga, retornando depois pela trilha do Monte Crista. A idéia era que os dois grupos estabelecessem contato e se encontrassem no alto da serra, provavelmente no terceiro dia ou na terceira noite. Ambos os grupos contariam com cartas topográficas da região, navegadores GPS e rádios Motorola Talk About. A logística da expedição incluiria o transporte do Grupo Araçatuba de Kombi até o ponto de partida, no sítio aos pés da Serra da Papanduva. Esta mesma Kombi (do companheiro Guilherme - AMC) depois faria o resgate do pessoal no início da trilha do Monte Crista, ponto final da pernada, no domingo à tarde. O Grupo Garuva se deslocaria em 4 ou 5 carros até o ponto inicial da trilha de subida do Monte Garuva, próximo da BR-101, logo após o trevo de acesso da cidade de Garuva (SC) e no retorno a idéia era obter um taxi para transportar alguns integrantes do grupo de volta a seus carros, numa distância de aproximadamente 10,5 Km seguindo pela BR-101, que depois retornariam com os veículos para resgatar os demais, bem como o equipamento. Ambos os grupos partiriam juntos de Curitiba, na quinta-feira, dia 23/06, às 6:00 e seguiriam juntos até a Represa do Vossoroca, onde ocorreria a separação do comboio. O RELATO DA TRIP PRIMEIRO DIA – QUINTA-FEIRA, 21/06/2011 Com tudo planejado e acertado na semana anterior ao tão aguardado evento, restava apenas acompanhar a previsão do tempo e torcer por condições metereológicas favoráveis para o trekking no feriado. Desde o dia 18/06, as previsões eram de tempo instável na região, com possíveis chuvas previstas já para terça (21) e quarta (22) em Curitiba e na maior parte do PR e SC. Com a evolução metereológica, porém, as chuvas de terça e de quarta-feira em Curitiba não se cumpriram, mas as previsões de quarta-feira (22) continuavam indicando chuvas na região de Curitiba e Garuva para o feriado, projetando tempo bom apenas na sexta-feira (24). Essas previsões metereológicas desanimadoras aliadas a outros fatores causaram algumas “baixas” aos grupos expedicionários na véspera da incursão: uma no Grupo Araçatuba e três no Grupo Garuva. Na madrugada de quinta (23) uma fina garoa sobre o frio curitibano marcava o início do feriado. Na chegada ao portão principal do Jardim Botânico às 5:20, ponto de encontro dos grupos, apenas 4 pessoas já aguardavam. Logo vão chegando outros integrantes da expedição. Alguns minutos mais e ficamos sabendo que a “Kombrosa” com o pelotão principal do Grupo Araçatuba vai se atrasar por conta de um pneu furado. Quase 6:30, com a chegada da Kombi os grupos se completam. Foto no escuro mesmo para documentar a partida e pé na estrada! O comboio pára no último posto da rodovia antes da represa do Vossoroca para um desjejum rápido daqueles que não haviam tomado café. Pouco depois, na estrada, os grupos se separam, cada um seguindo para os pontos de partida previstos inicialmente. Nosso grupo, o Garuva, viaja praticamente 100 Km desde Curitiba até a cidade de Garuva, com a estrada relativamente tranquila. O pequeno comboio de 3 carros e 1 jipe toma uma pequena estradinha de saibro logo após o trevo de acesso que adentra menos de 1 Km em direção à vegetação fechada da encosta da serra até terminar em frente a algumas casas humildes, onde somos recebidos por alguns simpáticos moradores com os quais acertamos os detalhes para o estacionamento dos veículos. Já são quase 9:00 da manhã de quinta-feira. Pequena pausa para acertar as mochilas, calçar botas e polainas e quase temos mais duas baixas: com o tempo nublado, quase garoando, Thomas e Ingrid balançam. Por pouco não entram no carro e voltam. Por fim, depois de alguns momentos de hesitação e uma estudada no céu resolvem seguir caminho. Todos prontos, nova foto e pé na estrada com as cargueiras nas costas. São 9:10 e partimos da cota dos 30 m. A trilha para o Monte Garuva inicia no fim da estradinha onde ficaram os carros. A estrada dali vira uma trilha larga e limpa que vai adentrando na mata e subindo levemente. Pouco a pouco a trilha vai galgando a encosta e ficando mais íngreme, mas ainda bem larga e relativamente limpa. O peso das mochilas com as provisões para 4 dias começa a se fazer sentir e pouco mais de uma hora depois do início da caminhada fazemos a primeira parada rápida para descanso, beber e comer algo. Seguindo a trilha, pouco adiante, começamos a escutar barulho de água corrente e, ao passar por um tronco caído à direita da trilha encontramos uma trilha menor que desvia da trilha principal e desce em direção ao som de água, que fica cada vez mais forte. Largamos as cargueiras no tronco e seguimos o desvio, afinal teríamos que nos abastecer de água para a jornada, e após a curta descida pela trilhinha secundária nos deparamos com uma bela cachoeira. Pela carta trata-se do Rio da Onça. Cantis e garrafas abastecidos, pausa para se refrescar (o calor já começa a se fazer sentir) e depois de algumas fotos e alguns sustos devido aos escorregões nas pedras perto da água, estamos novamente na trilha principal com as mochilas nas costas, já ultrapassando a cota dos 400 m de altitude. A subida começa a se tornar mais puxada e o ritmo vai diminuindo. Roger e Gleici que estavam com a bagagem mais “desajeitada”, por assim dizer, começam a sofrer um pouco para carregá-la, sendo obrigados a algumas paradas extras para ajeitar a carga. Todos sentem o calor e a trilha vai ficando mais fechada. Meu fôlego, prejudicado pelos quilos extras de banha também começa a diminuir. A cerca de 2 horas do tronco caído que marca a trilha para a cascata onde havíamos nos abastecido de água nos deparamos com um tremendo buraco, com cerca de 1 m de diâmetro e uns 4 de profundidade, bem num ponto em que a trilha apresenta um pequeno degrau e ao mesmo tempo apresenta um estreitamento, na cota dos 674 m de altitude. Dado o perigo que aquele buraco representa para um caminhante menos atento, Thomas e Roger tentam limpar um pouco as laterais da trilha com a faca, cortando um pouco de capim e galhos, de forma a reduzir o risco de um acidente, já que com a trilha mais fechada a tendência seria passar naturalmente por cima do dito buraco sem percebê-lo, especialmente no escuro. Após algum esforço braçal a situação ao redor do buraco melhora um pouco, facilitando sua visualização, ainda que em pouco tempo a tendência seja ele voltar a ficar encoberto pela vegetação das laterais da trilha. A partir deste ponto a trilha vai se mostrando cada vez mais difícil. Trechos estreitos, lances de escalaminhadas para vencer barrancos com raízes de árvores e barrancos enlameados começam a se tornar freqüentes, aumentando o desgaste físico do grupo. Eu, com o sobrepeso do sedentarismo sinto mais do que os outros o cansaço e em vários momentos sou obrigado a parar por alguns minutos para recuperar o fôlego, atrasando o grupo que acaba parando também adiante para me esperar. Logo atingimos um ponto da trilha que apresenta uma sucessão de grandes pedras, ora formando pequenas grutas ora nos obrigando a realizar alguns malabarismos para ultrapassá-las e continuar na trilha. Aqui o GPS indica a cota dos 853 m e já passam das 14:00. A moral do grupo é muito boa. Apesar do desgaste físico, seguimos conversando, algumas piadinhas, risadas e continuamos firme, agora com a certeza de que não atingiremos nosso objetivo planejado para o primeiro dia, que era acampar após o cume do Monte Garuva. A trilha continua fechada, os bambuzinhos e galhos teimam em se enroscar nas mochilas e tornam a progressão bastante cansativa. Em nenhum momento até aqui tivemos visão aberta para os cumes da serra ou para o terreno abaixo de nós, pois a trilha é bem fechada e não nos deparamos ainda com nenhuma clareira. Após mais alguns trechos de barrancos e escalaminhadas, atingimos na cota 950 uma pequena elevação de onde se tem visão em direção ao alto da serra, porém com o tempo fechado pelo nevoeiro a visibilidade era limitada. Enxergávamos algumas cristas próximas mas sem visão dos cumes. Neste ponto fizemos uma pausa mais longa para descanso, alimentação e deliberações, já que passava das 15:00 e ainda estávamos muito longe do cume do Monte Garuva, o que fatalmente nos levaria a acampar no platô localizado logo acima de nós, na cota 980 m, pois não teríamos muito tempo de claridade. Como agravante, consumimos bastante água durante o trajeto e precisaríamos ainda procurar água nas proximidades do referido platô. Subimos um pequeno trecho descampado e atingimos o tal platô onde começamos a montar as barracas. Eu, Otávio e Mageta pegamos as garrafas da turma e descemos por uma trilha bem batida em sentido noroeste do ponto de acampamento, em direção a um vale, de onde provinha um forte barulho de água corrente, o que indicava um ponto de captação. Ledo engano. No final da dita trilha nos deparamos com um riacho correndo quase que subterrâneo em meio a muitas pedras altas, sem condições de alcançar a água. Voltamos e tentamos seguir pela trilha principal em direção ao Monte Garuva para ver se encontrávamos algum ponto de água mais adiante, já que havia um pequeno vale entre o platô e a crista que sobre em direção ao cume, sem sucesso. Decidimos voltar e descer a trilha em sentido contrário, pois logo abaixo do platô, onde descansamos pouco antes, tínhamos avistado uma trilha secundária em direção a um vale onde imaginávamos encontrar água. Após ingressarmos nesta trilha e descer por uns 10 minutos começamos a escutar um som leve de água corrente. Bingo! Logo atingimos uma pequena cascata onde o precioso líquido escorria pelas pedras formando um pequeno riacho. Bebemos, nos lavamos e abastecemos todas as garrafas. Ao voltar ao acampamento, as barracas do Thomas, Roger e Gleici já estavam praticamente montadas e nos juntamos à faina de armar acampamento. Logo escureceria e começou a cair uma fina garoa, suficiente para molhar a roupa e as barracas. Em pouco tempo estávamos confortavelmente instalados nas barracas e agasalhados, pois o frio já castigava. Pouco mais tarde, já escuro, a garoa cessara e começamos os preparativos para o jantar. Comida quente na montanha é indispensável para repor as energias e manter o moral elevado, além que nos esquentar. Cada um havia levado diferentes opções de cardápio e por cerca de 1 hora utilizamos a providencial cozinha natural existente próxima às pedras que guarneciam o local. Logo de cara percebemos que não éramos os únicos habitantes do platô: uma cuíca, pequeno animal marsupial com cerca de 20 cm de comprimento rondava nossas panelas em busca de comida sem se incomodar com a nossa presença, provavelmente acostumado com os freqüentes acampamentos naquele local, pois se tratava, infelizmente, pela quantidade de lixo, de um ponto bastante freqüentado por farofeiros. Após alguns incidentes e objetos lançados para assustar o animal todos jantam e ficamos ainda conversando e brincando com uma lanterna de luz laser que o Roger tinha com ele, não sem antes deixar alguns restos de comida para a cuíca saciar sua fome e não nos perturbar nas barracas. O Thomas consegue, depois de algumas tentativas frustradas dos outros, capturar uma imagem do bichinho. Como havia sinal de celular fazemos as devidas ligações para dar sinal de vida às famílias em Curitiba e tentamos um primeiro contato com o pessoal do Grupo Araçatuba, por celular e por rádio, sem sucesso. Logo, todos cansados e de pança cheia se entregam a morfeu. O dia seguinte seria longo e desejávamos começá-lo cedo. SEGUNDO DIA – SEXTA-FEIRA, 22/06/2011 Após uma ótima noite de sono, um pouco fria mas tranqüila, somos brindados com a espetacular cena do amanhecer sobre o mar de nuvens que se descortina no horizonte à frente de nossas barracas. As fotos dizem tudo! Também o alto da serra fica visível e avistamos pela primeira vez os cumes dos Montes Jurema e Garuva, respectivamente, como se vê nas fotos abaixo: Após apreciar e fotografar a vista especial, tomamos nosso desjejum e iniciamos os preparativos para continuar a subida, que não contaria mais com a companhia do Roger e da Gleici, que nos deixariam logo mais e desceriam por conta de compromissos em Curitiba. O grupo fica agora reduzido a 5 pessoas. Atrasamos um pouco para guardar a tralha e nos despedirmos do casal que descerá. Começamos a subir em direção ao Monte Garuva apenas depois das 9:30. Este trecho de trilha entre o platô e o alto da serra encontrava-se bastante fechado e exigiu bastante paciência para sua transposição, já que a quiçaça de galhos e bambuzinhos insistia em se enroscar nas nossas mochilas, braços, pernas e pescoços. Na verdade esta porção da trilha após o platô encontrava-se bem mais fechada que o trecho percorrido no dia anterior. Começamos a ter uma trégua em relação ao mato apenas na cota dos 1050 m, após 1:30 de caminhada e uma ascensão de mais de 280 m pelo mato, já que a trilha após o platô do acampamento desce até a cota 763 para depois voltar a subir. De uma pequena clareira na cota 1062 avistamos o platô onde havíamos acampado na noite anterior. Deste ponto em diante a situação da trilha começa a melhorar. O mato fechado vai sumindo e dá lugar, paulatinamente a uma macega baixa e depois a campos de altitude, que agora seguem as curvas de nível e contornam o cume do Monte Garuva pela sua esquerda (para quem se aproxima subindo). Cerca de 13:15 atingimos o cume aos 1292 m de altitude, praticamente sem vista pois a neblina que se assentava pela manhã sobre acidade de Garuva começa a subir em direção ao alto da serra, juntando-se logo mais com outra massa de nuvens que avançava sobre os campos vindo do norte. Pausa para alimentação e descanso aproveitando os últimos raios de sol (cheguei a dar um rápido cochilo deitado no campo) e uma hora depois já estamos descendo a rampa em direção aos campos do alto da serra que nos levariam até as imediações da Pedra do Lagarto. Apesar de próximos, desistimos de ir até o cume do Monte Jurema em razão de nosso atraso na subida, ademais a direção que pretendíamos seguir era a oposta. A caminhada nos campos, com trechos de descida rende bem mais que a subida pelo mato da manhã e rapidamente avançamos vários km, ultrapassando por duas vezes afluentes do Rio do Cristo, onde fizemos pequenas pausas para descanso e reabastecimento de água. Neste trecho, em meio ao silêncio do alto da serra, nossas conversas na beira do riacho atraíram a atenção de uma dupla de trekkers perdidos: pai e filho, acampados nas imediações do Monte Crista (bem longe dali) saíram em direção ao Monte Quiriri e se perderam no retorno por causa da cerração e apareceram para pedir informações. Após um rápido papo com a dupla Otávio, nosso líder e primeiro navegador, orientou a dupla usando a carta topográfica da região e o GPS. Este exemplo prático ressalta o fato de que o alto da Serra do Quiriri com nevoeiro (sem as referências visuais), que pode baixar (ou subir) de uma hora para outra, é um lugar de difícil navegação já que é cortada por inúmeras trilhas que desafiam o senso de orientação mesmo dos caminhantes mais experientes. Depois de quase uma hora de caminhada pelos campos serra acima com o nevoeiro ficando mais denso a cada minuto, já por volta das 17:00, subindo pela trilha em direção ao Monte Quiriri, por uma pequena crista ao lado de um riacho coberto de vegetação num pequeno vale, ouvimos vozes de um grupo de se aproximava pelo lado oposto do rio. Como se distinguiam também vozes femininas no grupo, que parecia rumar em nosso encontro, pensamos que poderia se tratar do Grupo Araçatuba, liderado pelo Zeca, que estaria descendo da Pedra da Tartaruga ou do próprio Monte Quiriri. Em meio ao denso nevoeiro chamamos pelo nome do Zeca, sem resposta, apesar de escutar os rumores do grupo, cada vez mais próximo. Depois de mais alguns gritos em meio à neblina, separados por algo em torno de 50 m pelo pequeno vale e sem conseguir contato visual por causa da forte cerração, estabelecemos diálogo com o pessoal e descobrimos que se tratava do grupo guiado pelo Jopz que havia subido no dia anterior pela trilha da fábrica de queijo (SantPar), ascendido à Pedra da Tartaruga e dali pretendia descer pela trilha do Monte Garuva. Eita mundo pequeno!! Trocadas algumas breves palavras sobre as condições das trilhas percorridas por ambos os grupos, em que o Jopz descreveu a subida pela trilha do queijo como “inferno verde”, nos despedimos e seguimos viagem. Pouco acima, dada a distância que ainda faltava para atingir o Monte Quiriri e o avançado da hora, decidimos abortar a subida até lá e derivamos por uma trilha menos batida que descia levemente seguindo as curvas de nível pouco abaixo da Pedra do Lagarto (isso tudo verificado no GPS, já que praticamente não enxergávamos nada). Para piorar um pouco a situação começava a cair uma fina garoa. Algumas centenas de metros adiante, seguindo esta mesma trilha, depois de um morrote encontramos um novo curso d’água correndo sobre um trecho de lajes de pedra que tinha ao lado um conveniente platô na cota dos 1294 m, aparentemente protegido, onde decidimos montar acampamento já praticamente na escuridão, às 17:50. Armado acampamento sob a garoa, o povo cansado, com sede e com fome se recolhe e começam os preparativos para a janta nas 3 barracas. Tentamos novo contato por rádio e celular com o Grupo do Zeca, novamente sem sucesso. Em nossa barraca, eu e o Mageta preparamos a “área de serviço” (avanço da barraca TR Esquilo 2 – com a porta aberta escorada pelos bastões de caminhada) para poder cozinhar. Com a panela no fogareiro descobrimos novamente que não éramos os únicos habitantes da área: um camundongo quase entrou na barraca para ver o que cozinhávamos e começamos a imaginar o que fazer para evitar que ele e eventualmente outros membros da sua família não invadissem nossa barraca e roessem nossas mochilas em busca de comida. Decidimos, sensatamente, empanturrar o ratinho com alguma comida a fim de fazê-lo desistir de qualquer incursão em nossas coisas: deixamos uma lata de patê de atum aberta a alguns metros longe da barraca e ainda jogamos algumas pequenas porções de comida espalhadas longe das barracas para atrair a atenção dos roedores. A tática funcionou e não tivemos nenhum sinal do(s) bicho(s) durante a noite. As porções de comida sumiram e descobrimos que ele não gostava de patê de atum, pois a lata do refinado alimento restou intacta. ... continua...
  2. O Quiriri, ah! O Quiriri... Após várias trilhas pela nossa serra do mar, eu estava com saudades do Quiriri. Já estava cansado de trilha fechada, sobe e desce por escadinha, corrente, bambu enroscando... queria os campos livres e desimpedidos, a ausência de sombra, caminhar por lugares sem trilha. Minha última aventura por lá foi em 2014, no Marco da Divisa, com tempo fechado durante todo o final de semana. Acampamos na nuvem e em momento algum o tempo abriu. O mês de julho foi de intensas chuvas no Paraná e Santa Catarina, e somente no início de agosto o tempo firmou por uma semana, e melhor, durante o final de semana. Como uma parte da galera da AMC ia fazer uma remada no Rio Iguaçu (e por isso não daria pra fazer o 5 Cumes) aproveitamos para nos pirulitar pro Quiriri. O caminho seria o mesmo que o Getúlio, Matias e Thomas fizeram ano passado, a Pedra da Divisa saindo do Alto Quiriri, próximo à fazenda da Ciser. Para a empreitada aceitaram o convite Márcio e Cláudia, Matias, Serginho, André e Alex , além é claro da minha pessoa. Depois de um pequeno atraso para deixar o carro do Alex no estacionamento da Rodoferroviária partimos em dois jipes para o alto Quiriri. Como a estrada estava seca, vários carros normais estavam lá em cima, mas a estradinha está bem ruinzinha e a subida é puxada, se chover só 4x4... Chegamos até o local do início da caminhada, uma mangueira (cercado para confinamento de gado) um pouco antes da mina de talco. Deixamos as viaturas numa casa uns 50 metros estrada abaixo, mas tanto na ida como na volta não vimos ninguém, tudo fechado. A trilha começa pela estrada da propriedade ao lado da mangueira, sentido leste, e o tempo bom anima o pessoal. Vistas desimpedidas para os quatro cantos, os campos do Quiriri a perder de vista... Depois de aproximadamente 45 minutos de caminhada chegamos noutra mangueira, esta na encosta do Monte Quiriri, montanha de maior altitude de toda serra com 1538 m. Resolvemos contornar o mesmo pelo leste, e deixar a sua subida para a volta. Continuamos pela estradinha até um local de alimentação do gado, com algumas manilhas de cimento usadas como cochos. Mudamos o rumo para nordeste e prosseguimos nossa caminhada debaixo de muito sol. Próximo às 11:00 hs paramos para um rápido lanche e decidimos tocar pelo vale ao lado da Pedra da Divisa, o famoso Vale Encantado. Aqui deixo um parêntese: sempre surge a dúvida de qual é o Vale Encantado que sempre ouvimos falar. Eu afirmo que é este que pegamos, o mesmo que Jorge Soto seguiu alguns anos atrás e descreveu em seu relato neste mesmo fórum. Já outras pessoas falam que é o vale logo ao lado da Pedra da Tartaruga. Na verdade todos os vales de lá são encantados, de beleza ímpar. São pelo menos 4 vales paralelos que percorrem o Quiriri sentido oeste-leste, mas este que percorremos (o número 4, sentido sul-norte) tem a maior cachoeira de todos e fica bem ao lado da Pedra da Divisa. Depois de banho de cachoeira, almoço numa pequena sombra a beira do rio e muitos cliques, começamos a subir para o local de nosso acampamento, numa pequena elevação ao lado de um afluente do rio do vale encantado, aos pés da Pedra da Divisa. O local é estratégico, o cume da Pedra da Divisa está a 2km do acampamento, e o Monte Quiriri a aproximadamente 7 km, seguindo praticamente em uma linha reta. Armamos as barracas e vamos subir um morrote ao lado para ver o por do sol, que foi prejudicado por nuvens insistentes que surgiram ao final de tarde. O ponto triste da caminhada ocorre no final de tarde. Do alto do morro escutamos barulho de motocicletas, e logo depois avistamos dois motoqueiros andando pelas encostas do Padre Raulino e vale encantado 3. Logo após vimos um foco de fogo, e depois mais um... os motoqueiros estavam colocando fogo no Quiriri!!! Contei 6 focos de incêndio iniciados por eles na encosta do Pe. Raulino e nos vales 3 e 4. Ficamos apreensivos com nosso lugar de acampamento, mas o vento levou o fogo pro outro lado. No dia seguinte ele seguia queimando, indo em direção da Pedra da Tartaruga, tendo queimado todo Pe. Raulino e suas encostas. À noite tiramos algumas fotos, jantamos, batemos papo e logo fomos dormir, para acordar no dia seguinte cedo e apreciar o nascer do sol... Depois do café da manhã seguimos para a Pedra da Divisa, que é uma das mais altas montanhas da região, e também uma das maiores, pois sua “proa” está bem distante do cume, aproximadamente 500 m. Muitos cliques e voltamos para o acampamento para desarmar as barracas e iniciar a volta. Saímos sentido sul, em direção do Morro do Quiriri, passando por vales e montes, a paisagem característica do Quiriri. Perto da hora do almoço paramos num rio para nosso lanche, e em seguida partimos para a subida do Quiriri. O Monte Quiriri também é uma montanha “esparramada”, com vários cumes. A visão de lá de cima é linda, de 360° e podemos ver todos os vales e morros ao redor. Subimos o Quiriri pela encosta norte e vamos descer a encosta sul, saindo exatamente na segunda mangueira. Estamos perto do final, agora é só seguir a estrada por 45 minutos até o carro. Na volta encontramos bastante gente passeando no alto Quiriri; alguns retornando da fazenda da Ciser, outros apenas curtindo a estradinha ruim em motos, jipes e carros “normais”. O Quiriri está ficando popular... Seguimos até a BR 376 para encarar um congestionamento básico de final de semana com tempo bom na principal ligação entre Curitiba e o litoral catarinense. E foi assim, mais um final de semana abençoado por Deus, aonde pudemos desfrutar de toda a beleza da Sua criação. Pena que alguns ainda não entendem isso e achem que o Quiriri é apenas pasto para gado, e continuem fazendo queimadas.
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