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  1. Um dia você acorda e decide fazer uma trilha em um vulcão ativo, o que você não sabe é que essa vai ser a aventura mais longa, mais exaustiva, mais difícil e mais perigosa da sua vida. Se você tem problemas nos joelhos, nos tornozelos ou não quer sujar sua roupa é melhor não continuar lendo... Dados gerais da trilha *Localização: Vulcão Concepcion (sul da Nicarágua) *Percurso total: 13km [ida e volta] *Duração subida: 5h00 *Duração descida: 5h00 *Ponto mais baixo: 150m *Ponto mais alto: 1500m *Nível de esforço físico: Máximo *Nível de dificuldade de orientação: Alto *Nível de beleza da paisagem: Mínimo Entendendo a aventura: Ometepe é uma pequena ilha no sul da Nicarágua que abriga dois vulcões (um ativo), florestas tropicais e muita natureza... enfim um prato cheio para quem gosta de aventura. Desde o momento que eu entrei naquele barco e avistei o vulcão longe no horizonte eu sabia: “Não posso sair dessa ilha sem subir lá”, durante toda a viagem eu só pensava o quanto o dia estava lindo e como a o vulcão tornava aquela paisagem perfeita, era com certeza o vulcão mais lindo que eu já tinha visto na minha vida. Tão logo me acomodei no povoado comecei a buscar as informações necessárias para a trilha (tanto localmente quanto pela internet). As informações não eram muito agradáveis, todos eram muito enfáticos sobre a necessidade de um guia, as agências e guias autônomos não ofereciam nenhum benefício adicional (água, comida ou transporte) e cobravam a partir de 25 dólares pelo serviço. Gostaria de abrir um parêntese neste relato para deixar claro que eu respeito muito o trabalho dos guias, seja em turismo de aventura ou em passeios mais tranquilos. E as minhas decisões a seguir não tem nada a ver com a experiência ou a qualidade do trabalho destes profissionais. Mesmo para grupos maiores o valor não melhorava, todos os guias da ilha cobravam este valor por pessoa inviabilizando qualquer tipo de barganha. Pode parecer pouco, mas para a realidade da Nicarágua 25 dólares é bastante dinheiro. Para fazer uma comparação eu gasto aqui por dia: 5 dólares hospedagem, 2 dólares uma refeição (arroz, feijão, frango, batata frita, salada e suco) e mais 1 dólar para água e um lanche... total 10 dólares por dia. “Não é possível que todo mundo pague isso! Vou procurar uma galera e ir por conta própria!” Eis que eu me deparo com um conflito cultural desagradável: A maior parte dos turistas na américa do sul são europeus (vocês não têm ideia de como eu fico indignado de nossa gente preferir ir a Europa do que explorar as maravilhas que temos aqui, mas isso é um desabafo para outro texto). E se alguém diz a um europeu que ele PRECISA pagar algo, ele não questiona nem pechincha, paga e segue a vida. Sendo assim eu não achei ninguém disposto a seguir a aventura comigo, pois o argumento dos guias era bem objetivo: “Você não pode escalar o vulcão sem guia, é ilegal” Pão duro convicto e determinado a não pagar por uma “companhia de caminhada” mais do que eu pago por todo o resto, comprei comida e água e me preparei para partir sozinho no dia seguinte. A companhia inesperada O primeiro ônibus público em direção ao vulcão saí as 5h da manhã e o segundo apenas as 8h, sendo assim dormir um pouco mais não é uma opção, considerando que a trilha tem previsão de duração de 10 horas e começar às 8h poderia resultar em ainda estar no vulcão após escurecer, incorrendo em mais perigo desnecessariamente. As 4h30 me sentei naquela parada de ônibus e junto comigo vieram todos os cachorros da ilha. Eu ainda não entendi o que aconteceu, eu não fiz barulho nem brinquei com eles, mas enquanto caminhava na rua todos os cachorros resolveram acordar e me seguir, alguns brincando entre si e outros brincando comigo. Quando o ônibus chegou, sem pedir licença ou sequer pagar a passagem um dos cachorros decidiu entrar comigo. Apesar do meu espanto o motorista reagiu normalmente, falou que este cachorro está acostumado a subir a montanha e podia até ser meu guia. A trilha O ônibus me deixou bem na entrada da trilha e apesar de ainda estar escuro não foi difícil encontrá-la. A trilha começa em uma fazenda e mesmo com pouquíssima sinalização o primeiro km é bem tranquilo, praticamente plano e sem nenhum desafio. Depois desse aquecimento a trilha entra em área de floresta, o dia já está clareando, macacos gritam de todos os lados e de vez em quando meu cachorro guia corre atrás deles, mas sempre regressa ao seu posto de trabalho. A partir deste ponto a trilha vai se tornando mais difícil, o caminho enlameado e escorregadio em alguns momentos preciso me apoiar nas árvores para não cair. O ganho de altitude é cada vez mais intenso e as pausas para descansar mais frequentes. Duas horas depois de começada a trilha chegamos a um abrigo improvisado, ali estamos a 900m de altitude, aproveito o local para fazer um lanche e recuperar as energias... divido minha água com Gabriel, o agora batizado guia canino, e seguimos para a segunda metade da trilha. A escalada 20 minutos após a cabana a floresta acaba, estamos em um campo totalmente aberto composto por rochas vulcânicas, areia e vegetação rasteira. Na cidade os guias falam que 50% das pessoas chegam até aqui e decidem voltar; e não é difícil entender o porquê: o vento é frio, forte e as rajadas súbitas quase me derrubam algumas vezes, a trilha se torna inexistente é preciso caminhar sobre as rochas com muito cuidado para não escorregar ou causar uma avalanche. Esse é o ponto que separa os meninos dos homens, ou melhor os homens dos malucos. Gabriel não se mostra intimidado, e num sentimento de: “se ele consegue eu também consigo”, decido seguir em frente. Deste ponto em diante o mapa que tenho comigo, um bom senso de orientação e Gabriel foram fundamentais para seguir o caminho. Não existe qualquer indicação da trilha a cada passo é preciso analisar qual o passo seguinte. E por falar em passos neste momento estou andando semelhante a um gorila, utilizando os pés e as mão para consegui um pouco de apoio e não escorregar. Não resta dúvida do porquê todos são tão incisivos ao dizer que esta é uma trilha perigosa. Seguimos devagar, eu sempre preocupado com ele e com como seria o caminho de volta, e ele com aquela cara inocente de quem diz “vamos lerdo, você consegue!”. Não tenho mais noção nenhuma de a que altura estamos ou quão pior pode ficar, mas pelo meu mapa pareço estar mais perto que longe e me agarro neste pensamento para conseguir seguir em frente. Por duas vezes me perco da trilha original e sou forçado a voltar um pouco para reencontra-la, na segunda vez eu estive prestes a desistir, mas a falha de comunicação entre mim e meu guia fez com que ele seguisse em frente e eu tive que ir atrás para não abandona-lo. Duas horas e meia depois de iniciada esta fase da trilha, percebo que o chão está ficando quente (como uso as mãos para me apoiar é fácil perceber a diferença), o cheiro de enxofre fica mais forte e tudo indica que estamos chegando ao final. Neste ponto cansaço, dor, frio, medo e ansiedade se transformam em determinação e ganho um impulso final para conseguir terminar. Quando finalmente chegamos ao topo do vulcão começa a chover, o vento é frio e o enxofre sufocante, precisamos descansar rápido porque é perigoso passar muito tempo ali. A volta A primeira parte do retorno é a mais difícil e eu estou o tempo todo agachado deslizando devagar. Neste ponto encontro dois outros grupos subindo, todos ficam muito surpresos em eu estar caminhando sem guia e mais ainda de ter um cachorro comigo, mas um dos guias o reconhece e conversamos um pouco. Levei cerca de 3 horas para chegar até o abrigo no final da floresta, mas mesmo sabendo que ainda teria mais 2 horas de caminhada até o ponto de ônibus me senti aliviado porque o caminho final era menos perigoso e sem riscos de me perder. Fotos Esta é a parte mais irônica da aventura. Em geral após caminhar horas ou fazer travessias difíceis somos recompensados com paisagens de tirar o folego, onde os mochileiros se orgulham de tirar fotos e mostrar para os amigos. O vulcão Concepcion não te permite isso. Não importa em que época do ano você vai, ou quão ensolarado está o dia. Existe algum fenômeno climático que eu desconheço (se alguém souber por favor me explique) que torna o topo do vulcão sempre encoberto por nuvens. Estive durante uma semana na ilha e houve dias que as únicas nuvens no céu estavam ao redor do vulcão parecia que havia um imã ali. Como consequência direta disto nenhuma das minhas fotos ficou boa. Esta é definitivamente uma aventura pela satisfação pessoal de superar meus limites e saber que sou capaz do que propriamente para admirar a natureza. [as fotos e videos originais do dia voce pode ver no post oficial da aventura http://www.tomatechines.com.br/2018/01/a-aventura-mais-cansativa-longa-e-perigosa-da-minha-vida/]
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