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Do Atacama a Machu Picchu- expedição Lickan Antay- setembro 2011


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Segundo dia em Qosqo, foi dedicado ao Valle Sagrado, esse sim um passeio interessante de dia inteiro, especialmente por Olantaytambo. As feiras são dispensáveis. As ruínas de Pisaq são legais. Almoço em Urubamba, incluso, deixou muito a desejar. Acho que foi a pior alimentação da viagem. O passeio termina em Chinchero, onde vimos um pouco da cultura artesanal dos locais. O chato é que tudo parece ter um lado comercial nos passeios, e toda hora se para ou tem algo sendo oferecido pra comprar.

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Finalmente, um dos dias mais esperados da viagem, senão o mais. Início da trilha Salkantay rumo a Machupicchu. Acordamos de madrugada, sem água no hostel. Por sorte eu havia tomado banho antes de deitar naquela noite. Quando é que veria um chuveiro de novo?? Deixamos a cargueira no guarda equipaje do hostel, é tranquilo! O transfer nos buscou no hostel e nos levou para Molepata por uma rodovia pior que a rodovia da morte em La Paz. Via de mão dupla em pista única cheia de curvas e precipícios. Você só vai escutando o motorista buzinando antes das curvas, mas nada de reduzir a velocidade. Nos entregaram os bastões e os sacos de dormir. Montamos uma mochila de ataque com o básico do básico e enviamos uma bolsa com coisas de nós 3 pra serem carregadas pelas mulas. Cada um tem direito a 5 kg; na agência falaram 6kg. Normal. Os guias são terceirizados. Mais uma vez deu pra perceber que é lance de sorte. Pessoas que pagaram preços diferentes, por agências diferentes, fazem o caminho junto com você. Pessoas pagam Us$ 300,400,500, por fecharem com antecedência pela internet. Não existe isso pra fazer Salkantay, não vale a pena. Pagamos 180 dólares, não tivemos nosso guia dos sonhos, mas isso nada tem a ver com a agência ou o preço pago. A não ser que contrate agência com guia particular por uma fortuna.

 

Em Molepata tem um café da manhã, não incluído. Fraco. Reunem-se os grupos. Nosso grupo era bem pequeno comparado com os outros, apenas 5 pessoas. Nós três e mais um casal (uma inglesa e um francês). Casal bem improvável, mas eram gente boa e fomos fazendo amizade no decorrer da trilha.

 

O primeiro dia começa com uma subida não tão íngreme, mas contínua. Em alguns momentos dá uma apertada. No primeiro dia não me adaptei bem ao uso de 2 bastões, fui só com um, mas isso foi resolvido a partir do segundo e foi ótimo, pois não tive nada de lesões musculares ou articulares. Tudo ia bem até que: um dilúvio!!!!!!! as comportas do céu se abriram após o almoço e só fecharam no quinto dia!!! Quem falou que setembro é estação seca na região?? Todos falam, as chuvas só começam em novembro e tal. Nós desavisados, tranquilos, com nossas roupas impermeáveis dentro da mochila íamos inocentes. Conclusão: o primeiro dia desgraçou o resto da minha trilha. Minha calça fina de ion de prata da solo foi encharcando em poucos minutos e drenando toda água pra dentro do cano da minha bota impermeável. Foi a minha derrota. Coloquei o anorak, mas não havia como nem onde parar pra tirar a bota e vestir a calça impermeável antes de me desgraçar. Botas e meias molhadas por 4 dias!!! Você sabe o que é isso, meu amigo?? Não desejo isso nem pra um inimigo de guerra. Sempre ouvi que numa guerra o principal é manter seus pés secos. Pude comprovar essa máxima da pior maneira possível. Minha bota super impermeável que não permite que nada de água passe por ela, também não permite que nada de água saia dela, se por acaso derramarem água por cima do cano dela. Frio , vento e mais frio foram assolando no fim do percurso. O peso facilitou o início de dores musculares nas costas. E assim terminamos o primeiro dia, muito desanimados e cogitando a possibilidade de desistir. Tinha sido muito pesado e como continuar se não havia como secar as botas e outras peças. O único par de meias reserva seco iria molhar em pouco tempo no dia seguinte em contato com a bota.

 

A primeira noite é a mais fria e mais alta de todas. As barracas são montadas dentro de uma estrutura que melhora o abrigo do vento. Ficamos meio putos com o guia que disse que talvez só chovesse no dia seguinte e quando começou a chover se mandou na frente acelerando o passo. Durante as fases difíceis ele nunca nos alertava ou comunicava nos preparando para as situações adversas. Pouco falava conosco. Curiosamente no último dia ficou super comunicativo porque vai chegando a hora da propina. Essa é a única reclamação que tenho sobre toda a trilha. O problema da chuva, acontece e não é culpa de ninguém. Mas o que aprendi é que em regiões como essa sempre saia já vestido com todo equipamento impermeável, independente do clima. Do segundo ao quarto dia usei calça impermeável e mantive o anorak sempre a mão.

 

Cabe aqui um relato sobre meu anorak. Adquiri um novo anorak pra essa viagem. Comprei um salomon com "gore tex" na equinox por salgados R$ 600 com promessa de plena impermeabilidade. Gore tex é o cacete!! O anorak não passava por nenhuma chuva mediana sem ficar úmido por dentro e as vezes molhado mesmo. Uma merda essa Salomon. Não recomendo! Já havia lido aqui sobre as péssimas botas que eles tem fabricado nos últimos tempos, mas não imaginava que a qualidade havia caído pra outros produtos. Salomon nunca mais. E agora vou ter que morrer numa grana pra comprar outro anorak.

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Acordamos cedo no segundo dia e como temia nada havia secado nem um pouco. Calcei minha bota com um saco plástico sobre as meias, o que não adiantou nada, pois em pouco tempo o saco rasgou e molhou meu segundo e último par de meias. Sempre costumo usar uma meia de liner junto com uma grossa de tecido sintético pra evitar bolhas e melhorar o conforto. Nada disso adiantou nessa situação. As bolhas inevitavelmente vieram no quarto dia, mas isso é assunto pra depois.

A moral tinha sido abalada no primeiro dia de todos nós, mas é assim mesmo. Sempre tem esse tipo de coisa em aventuras desse porte. O fato é que vamos nos acostumando com as dificuldades e aprendendo a superar. Isso faz parte da experiência e geralmente até enriquece ela. E assim foi. Com o tempo não sentia mais tanto incômodo do calçado molhado. Claro que é bem mais difícil, mas nada impossível.

 

O segundo dia prometia ser o pior de todos porque é a parte mais pesada de toda Salkantay. è uma subida sem pena até os 4600m do paso Salkantay. O monte Salkantay fica a todo tempo nos encarando com cara de poucos amigos. Aquele pico nevado é lindo e ao mesmo tempo aterrorizante. Infelizmente o mal tempo continuou e choveu em boa parte da trilha, inclusive granizo! A subida dura a manhã quase toda e é a hora onde muitos sucumbem e pedem uma mula. Não é vergonha nenhuma, pois há muito pouco oxigênio. Precisa estar bem de corpo e principalmente de mente. Apesar do dia anterior, decidimos subir tudo a pé, por nós mesmos. Era nosso desafio e fomos pra isso. Foi pesado mesmo e devagar íamos prosseguindo. Por um momento um nevoeiro cubriu completamente a visão, um espetáculo terrivelmente magnífico.

 

Finalmente chegamos no paso, local mais alto de toda trilha, rodeando o Salkantay. Ficamos todos bem emocionados por ter vencido o pior. Bem ou mal agora seria quase tudo descida. O esforço seria menor apesar da dificuldade continuar grande. As descidas são bem fortes pra qualquer joelho e a musculatura sofre com pouco O2. Mais chuva forte e chegamos no local de almoço. Passamos uma meia hora do lado de fora, no frio e chuva esperando um local pra almoçar. Mais uma mancada de nosso guia que sumia nessas horas. Tinha um pequeno local abrigado pra almoçar e tivemos que esperar outro grupo desocupar. Finalmente, uma boa pausa pra se secar e tentar se esquentar. As sopas são muito bem vindas.

 

Descemos e chegamos no local do segundo acampamento, bem menos frio e mais baixo que o primeiro. Ao chegar mais um stress, pois nossos isolantes estavam molhados. Impossível colocar o saco de dormir em cima. Discutimos com nosso guia e ele levou o saco pra secar na cozinha sabe lá como. Funcionou e ele pôs a culpa no arriero. falando: El arriero es un campesino, no son como nosostros... (cara de pau, só rindo).

 

Não preciso dizer que até aqui não existe tomar banho e que os locais pra necessidades fisiológicas são precários, né? Tudo é adaptável. De qualquer maneira estávamos mais animados agora. E lógico, o caminho mesmo nublado é lindíssimo.

A barraca era muito boa e não tenho o que reclamar da comida. Praticamente não usei lanche que trouxe, até porque eles davam snacks em alguns dias pra caminhada. Tem vários pontos onde se pode comprar água e outras coisas de comer.

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Dia mais tranquilo, com um pouco menos chuva. Altitude mais baixa e trilha entra em florestas em vários pontos. Muito bonito. A tarde chovia e parava toda hora. A situação da bota molhada ficava mais tolerável e também começou a diminuir as dores nas costas. O guia quis que fizéssemos um trecho de carro, mas não rolou e fomos a pé até santa tereza almoçar (excelente almoço já no povoado). Fizemos câmbio de dinheiro aqui e nem foi tão ruim, mas porque usamos o guia pra isso. Acho que foi o dia em que andamos menos e o mais fácil.

 

De lá fomos até o acampamento em playa, onde deixamos as coisas e partimos para as termais. Água!!! Depois de 3 dias. Vale a pena, é bem gostoso e relaxante o banho nas águas termais. s./ 10 entrada + s./ 15 da van ida e volta.

 

A noite no acampamento rola um clima de festa com música.

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O guia quis oferecer irmos até a hidrelétrica de van. Claro, mais uma vez negamos. Ele ficou meio puto, vê se pode! Mas teve que andar com a gente. Finalmente o clima melhorou e durante o dia nada de chuva. Chuviscou um pouco na parte da tarde. Nesse dia surgiram as primeiras bolhas pra substituir a bota que finalmente secou na marra. Fazer o que?! Nunca tinha tido bolha em trekking e não é nada agradável.

 

Chegando na hidrelétrica a trilha passa a beirar a linha do trem. É um vale muito bonito entre montanhas e começamos a ver a montanhas MP e HP por trás. Fiquei animado ao perceber que a cidade perdida estava logo ali atrás. Essa trilha é muito bonita e parece cenário de filme. De vez em quando passa o trem. No fim da tarde chegamos em Águas Calientes. Mais uma subidinha na rua principal da cidade até chegar no albergue. Nesse momento qualquer albergue vira hotel 5 estrelas. Um chuveiro quente e uma cama pra dormir são artigos de luxo. Que alegria! Missão quase cumprida e demos uma volta no povoado que é absolutamente turístico. De noite o guia nos entregou os tickets do trem de retorno pra Olanta. Foi um alívio, pois já li que alguns tiveram problemas com isso. Nos despedimos do guia e demos propina, a contragosto. Nos entregou também o que seria nosso café da manhã do dia seguinte, mais pra um snack e nos apresentou o guia que faria o guiado em MP. Nesse momento já havíamos questionado uma dezena de vezes porque nosso guiado seria logo cedo de manhã se nossa subida pra WP estava marcada pra 7h e estava escrito no boleto que só seria permitido o acesso até as 8h. Eles insistiam que não teria problema entrar até 9h- 9:30h.

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Chegou o dia, acordamos antes do nascer do sol, pois queríamos subir a pé e chegar com calma pra ver a questão de WP. Nada de ônibus, viemos tudo a pé e queríamos ir até o fim assim. A subida de 1h é bem pesada. As escadarias são muito íngremes e cheguei completamente molhado de suor lá em cima. Se você não possui uma camiseta técnica, leve uma reserva pra trocar, pois de manhã é bem frio lá em cima. Após a subida, finalmente chegamos e ainda pegamos uma fila pra entrar na cidade, pois a galera que vem de bus chega antes. Viemos só com a mochila de ataque com água, comida, e roupa pra frio.

 

Entramos e fomos dar um rolé e tirar as primeiras fotos com o local ainda meio vazio. Foi uma emoção de conquista depois de tudo que passamos.

 

Voltamos na entrada e fomos questionar sobre o horário do WP. Nos disseram que só podíamos subir até as 8h. Encontramos nosso guia e discutimos com ele. Ele ainda insistia que daria ou que poderíamos fazer parte do guiado. Aí foi a gota dágua. Discutimos e exigimos um guiado mais tarde depois de WP e conseguimos. Mas Peru é assim, se você não brigar pelo que quer, se ferra. Fomos pra entrada de WP e começamos a subida penosa de mais uma hora até o topo. Mais uma conquista!! Pena que nublou muito e lá de cima não dava pra ver nada. O tempo instável durou o dia todo com alguma chuva e nublado ocasionais. Descemos e fomos procurar o guia na porta. Acabamos fazendo com outro nada a ver. São duas horas de guiado bem interessante por quase toda a cidade. A tarde estava muito cansado e com dores nas bolhas, mas ainda subimos de novo até a ponte inca que é interessante. Lá de cima a vista da cidade é bem bonita. No fim da tarde descemos pra almoçar em Águas Calientes com a sensação de missão cumprida e bem estar por tudo o que vimos.

 

Depois do almoço, fomos pegar nas coisas no albergue e esperar a hora do trem, 18:45h. Escolhemos esse horário quando contratamos Salkantay na Chaski, em Cusco.

O trem é bem legal e a viagem de 2h até Olanta é tranquila. De lá tem vans esperando com nossos nomes e mais 1:30h até Cusco.

 

Chegamos, fomos jantar e de volta ao Pirwa pra dormir depois de um belo banho.

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ültimo dia em Cusco mais tranquilo. Dormimos bem até mais tarde...tarde tipo 9h. Pra quem acostumou a acordar cedão todos os dias...

Tiramos o dia pra compras, comer com calma na cidade e visitar o museu inca que é legalzinho.

Não tava disposto a andar muito por causa das bolhas. Já tava andando torto.

 

No dia seguinte, acordamos cedo pra ir pro aeroporto e começar a maratona de retorno.

Cusco-Lima-SP- Rio

Pelo menos dessa vez não houve problema com os voos, apesar de cansativo, o que é normal. As 23:30h estava chegando em minha casa, feliz e saudoso, com a sensação de ter feito uma viagem sensacional e intensa.

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  • 2 semanas depois...

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