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Mochilão: Chile, Bolívia, Peru, Argentina e Brasil - 28 dias


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  • Membros

Esta viagem surge do desejo de reforçar os laços com a América do Sul, conhecendo-a. É um subcontinente, que tem riquezas inimagináveis, desde sua cultura milenar e literatura, passando pela gastronomia e o próprio povo, em sua maioria indígena. A língua espanhola, que ora nos distancia, serve também como estímulo para preparar as malas, encadeada pela música produzida nesses cantos e desconhecida no Brasil, vizinho que pouco abre as portas para a produção regional. A cultura soma-se às paisagens deslumbrantes do deserto do Atacama, Salar do Uyuni, Lago Titicaca e de duas das Novas Sete Maravilhas do Mundo, Machu Picchu e Cristo Redentor. Motivos não faltam para 28 dias de viagem em trio amigos, Arnaud, Gilson e Raul.

 

Roteiro

CHILE

16/7, sab:

- saída Juiz de Fora (2h)/ Rio de Janeiro (5h)

- voo Rio(8h30)/ Santiago (14h30), pela Pluna, com escala em Montevidéu

- Santiago

 

17/7, dom:

- Santiago

 

18/7, seg:

- Santiago, estações de esqui

 

19/7, ter:

- voo Santiago (11h) / Calama (13h), pela PAL Airlines

- ônibus Calama/San Pedro de Atacama (deserto)

 

20/7, qua:

San Pedro de Atacama

 

21/7, qui:

San Pedro de Atacama

 

BOLÍVIA

22/7, sex:

Excursão San Pedro de Atacama/ Salar de Uyuni (Bolívia)

 

23/7, sab:

Salar de Uyuni

 

24/7, dom:

Salar de Uyuni

Ônibus Uyuni/Potosí

 

25/7, seg:

Potosí

 

26/7, ter:

Potosí/Sucre, de ônibus

 

27/7, quar:

Sucre

 

28/7, quin

Sucre/La Paz, de ônibus

 

29/7, sex

La Paz

 

30/7, sab

La Paz/ Copacabana

 

PERU

31/7, dom

Isla del Sol

Saída à noite para Cusco (Peru)

 

1º/8, seg

Cusco

 

2/8, ter

Cusco

 

3/8, quar

Cusco e Ollanta

 

4/8, quin

Trem Ollanta/Machu Picchu (7h)

 

5/8, sex

Voo Cusco(11h)/ Lima (13h), pela Taca

 

6/8, sab

Lima

 

7/8, dom

Lima

Voo Lima(23h25)/ Buenos Aires (6h50 de seg.), pela Aerolineas Argentinas

 

ARGENTINA

8/8, seg

Buenos Aires

 

9/8, ter

Buenos Aires

 

10/8, quar

Buenos Aires

 

BRASIL

11/8, quin

Voo Buenos Aires(9h)/ Rio de Janeiro (13h), pela Aerolineas Argentinas

 

12/8, sex

Rio de Janeiro

Rio de Janeiro (21h30)/Juiz de Fora (0h30 de sab.)

 

 

 

Veja fotos em http://www.tripline.net/raulmourao , onde está também o relato abaixo:

 

Aeropuerto Internacional de Galeão - (Brasil, 1º dia de viagem) (5:30 am)

Av. 20 de Janeiro, Rio de Janeiro, 21941-570, Brazil | (0xx)21 3398-5050

Chegamos por volta de 5h30 ao Aeroporto do Galeao. O voo sai às 8h05. Como a Bolivia exige vacina contra febre amarela, é preciso obter o certificado internacional de vacinação no posto da Anvisa, que fica no terminal 2, no térreo, à esquerda de uns paineis sobre o patrimônio arquitetônico do Rio. O funcionamento é das 7h às 21h, todos os dias. Fazer o pré-cadastro no site da Anvisa agiliza o atendimento. Não levamos nem dez minutos para fazermos o certificado de cada um. É preciso apresentar um documento de identidade mais o cartão de vacinação. A dose deve ter sido tomada há mais de dez dias.

 

Aeropuerto de Montevideo - escala (Uruguai, 1º dia) (11:00 am)

O aeroporto de Montevidéu já impressiona pelo formato: uma concha. Nao eh por menos que se chama Caracoles. Talvez um dos mais bonitos.

 

Serviço:

Quem está de conexão, desce do avião e fica na sala de embarque do aeroporto, onde fica o free shop. A vontade de dar uma volta pelo centro da cidade, que fica a mais de meia hora de taxi, foi grande, mas o tempo era curto - duas horas - e tínhamos que ficar nesse salão. Santiago esperáva-nos.

[

 

Seis maçãs quase fazem Gilson voltar para o Brasil - Aeropuerto Internacional Comodoro Arturo Merino Benítez (Chile, 1º dia) (2:00 pm)

Gilson, um dos viajantes, teve que desenrolar muito bem o portunhol para que seis maçãs que ele trouxe do Brasil não o fizesse voltar pra casa, lá em Dores de Guanhães, no Nordeste de Minas, prox. de Diamantina. Nenhum tipo de alimento de origem vegetal ou animal in natura pode entrar no Chile sem ser declarado em um formulário entregue durante o voo. Nenhum mesmo, nem para consumo próprio. E isso inclui também peças de artesanato que tenham, por exemplo, pena de animal. , diz um cartaz no aeroporto. Pois bem, Gilson não declarou. Quando passava pelo raio-x da alfândega, foi barrado por um inspetor. __ Las manzanas, las manzanas. E eram seis. O tempo, que já estava frio, gelou. As pernas bambearam, mas a língua rolou solta, para explicar que o formulário estava rasurado. Ele teria declarado, mas esqueceu de passar a limpo! Então, lá vai a multa: 250 dólares por cada frutinha. No total, 1.500 dólares. __ No tengo este diñero señor. Prefiero regresar a mi casa. Por favor!. O policial chileno com cara de mau, reduziu todas para 250. __ Por favor, indulto, indulto, implora Gilson. Depois de argumentar e tb chorar e pensar que teria que pagar a dinheirama, o brasileiro foi dispensado. A viagem começa com um imprevisto tenso, mas que depois vira motivo de gargalhada: Las manzanas de Gilson.

[x] [arrange photos]

 

Santiago de Chile, Región Metropolitana (2:30 pm)

Viajar de dia para Santiago vale muito a pena por conta da vista da Cordilheira dos Andes. A imagem mais linda do trajeto. Os montes parecem estar tão próximos da janela, possibilitada pela altura deles (claro), que é possível avistar o trajeto de estradas e rios que cortam a cordilheira. É simplesmente magnífica.

 

Sunday, July 17, 2011

 

Cerro San Cristobal e outros pontos de Santiago (Chile, 1º e 2º dias) (10:00 am)

Calle Cerro San Cristobal, Chile | (0)2 777 4003

Vista da cordilheira, pastel de choclo, empanada, jornal e bar The Clinic, Copa América e a luta por educação pública animam o primeiro e segundo dias de viagem.

 

Subimos no Cerro San Cristóbal, através do tradicional funicular - um plano inclinado. O parque tem zoológico, com os famosos tigres brancos, pinguins e aves, além de uma vista espetacular da cidade cercada pela cordilheira. É preciso contar com o tempo para que as nuvens ou a poluição não impeça a vista.

 

A ida ao Cerro é uma boa chance de conhecer os bairros Bellavista e Providencia, que ficam ao redor. O Bellavista está cercado de bares, ateliês e alguns museus. Dá para ir a pé da Praça Itália até lá.

 

 

Serviço:

- Existe ônibus que faz Aeroporto-estação de metrô. Paramos na estação Pajaritos. Nosso albergue, Bellavista, fica no bairro de mesmo nome. Por isso, descemos na estação Baquedano. É a da Praça Itália (na verdade, um pátio), onde o povo se encontra para grandes festas e passeatas e que fica na entrada da Alameda, a principal avenida da cidade.

 

Monday, July 18, 2011

Neve em Valle Nevado, Farellones e Colorado - Santiago (Chile, 3º dia) (10:00 am)

O Brasil podia ter neve. É um espetáculo e tanto poder ver e caminhar pelas montanhas branquinhas que mais se parecem cenários de filme, glacê de bolo ou chocolate branco em profusão.

 

O passeio pelas três estações começou melhor do que o esperado. Chegamos em cima da hora à agência, no dia da excursão, para poder ainda experimentar, vestir as roupas especiais e pagá-la. Não havia mais vans, todas estavam lotadas.

- Comprei Farellones, quero Farellones!

A frase, gritada, não foi dita por nós, mas por um brasileiro barraqueiro, que mal esperou o atendente resolver a situação dele. No nosso caso, o pessoal arranjou um carro exclusivo para nós quatro. Neste passeio, estamos acompanhado da Priscilla, uma amiga chilena, que conheci no Brasil e que agora nos recepciona muito bem.

 

Nosso guia e motorista é o chileno Rodrigo, que nos conta algumas datas históricas do seu país, ao mesmo tempo que ouve a rádio Ro... de Rodirgo, ou melhor, de Rock, como ele próprio compara.

 

O caminho a Valle Nevado estava mais...nevado...neste ano. Dá para perceber que a estrada, montanhas e árvores estão mais bonitas, tomadas pela camada branca. Vemos carros, casas e estrutura de pontes cobertas pela neve. Estalactites se formavam com o resto de água que saíra do escapamento de um carro.

 

A primeira estação visitada é Valle Nevado, a mais distante. Na volta, passamos pelas demais:: Farellones, Colorado e Parva. Não fomos na última, pois já estava anoitecendo e queríamos ver uma pouco mais de Santiago. Ademais, o melhor já havia acontecido: um encantador pôr-do-sol em Colorado, composto por montanhas de neve e uma casinha de madeira com o telhado coberto...

 

Mais cedo, no caminho para Valle, paramos na Plaza de los Pumas, para caminhar pela neve e, sobretudo, escorregar com um saco plástico. Foi um dos momentos mais divertidos da excursão, repetido em Farellones.

 

::::::Serviço::::::

Localização:

- As estações estão a cerca de 40 km de Santiago. É preciso ter muito cuidado para ir de carro, pois a pista é escorregadia.

- Agência Ski Total: Avenida Apoquindo, 4900, do lado esquerdo. Desça na estação de metrô Escuela Militar e siga por uns dez minutos por essa avenida.

http://www.skitotal.cl , (56-2) 246 0156 , skitotal@skitotal.cl

 

Reservamos por telefone em Santiago mesmo.A agência é bem procurada.

Custo: 65 dólares (cerca de R$ 105), incluindo visita às estações de Valle Nevado, Farellones, Colorado e Parva, corta-vento, bota, calça impermeável e luvas, emprestados pela agência. Normalmente, o grupo vai de van. A saída é às 10h; e o retorno, às 18h, com guia. Não está incluído esqui e outros equipamentos, pois o passeio é panorâmico.

 

- Leve água e alimento, caso não queira pagar caro nas estações. Carregue tb papelão, saco plástico ou algo do tipo para escorregar na neve ou compre uma prancha apropriada.

 

Tuesday, July 19, 2011

Copiapó, Atacama Region - Voo para Calama (Chile, 4º dia) (11:20 am)

Para chegar até San Pedro de Atacama (SPA), passamos por uma longa, mas boa, viagem. Foram duas escalas em Copiapó e Antofagasta, até descermos em Calama, a cidade com aeroporto mais próxima do deserto.

 

Voamos pela PAL Airlines, uma das cias mais baratas do Chile e com o melhor atendimento a bordo de toda a viagem. As aeromoças educadas e atenciosas ofereceram até travesseiro, algo que na Pluna ou Aerolíneas...

 

Estar na PAL é graças à Priscila, a amiga chilena, pois ela comprou as passagens para os três viajantes. A cia aérea não aceita cartões de crédito emitidos fora do Chile. O jeito foi pedir socorro à santiaguina, enviar o montante via Wester Union, pagando uma taxa. Mesmo com esse acréscimo ficou mais em conta que a Sky Airlines e Lan Chile, as outras duas aéreas principais do país.

 

Se o voo foi bom, com serviço de bordo e paisagens interessantes, como a costa chilena, o solo nos reservou Calama. Cidadezinha feia, de ruas sujas, mal-conservadas e com um povo esquisito. Tivemos que ir de táxi do aeroporto ao Centro à procura de empresas de transporte para nos levar ao Atacama, pois não havia mais vans com saída direto do terminal. Depois de rodar a Avenida Antofagasta encontramos uma empresa que nos vendeu os três últimos lugares. Ufa!

 

Saímos às 15h30 de lá, de dentro do pátio da empresa mesmo. O trânsito lento começou a nos desanimar. Engarrafamento em Calama? Sim, mas porque havia um carreata, voluntária e obrigatória, seguindo um carro de uma funerária. O motorista do micro-ônibus explica que é tradição, por respeito, não ultrapassá-lo.

 

 

Antofagasta, Antofagasta Region (12:15 am)

Segunda e última escala: Antofagasta. O aviao passa sobre o mar, possibilitando a vista de falésias da capital da regiao. A área, aliás, já foi da Bolívia, perdida na Guerra do Pacífico, no fim do século 19, quando se juntou com o Peru para combater o Chile. Os dois perderam territórios. Para a Bolìvia, a perda foi maior: nao tem mais saída para o mar. Nesse trajeto do voo, a PAL Airlines oferece um travesseiro. Aérea de baixo custo e de bom atendimento.

 

 

Calama, Antofagasta Region (Chile, 4º dia) (1:00 pm)

Calama é uma cidade feia, com um povo esquisito... Ou pelo menos na área central, onde tivemos que ir para comprar passagem para San Pedro, a cidade-base do deserto do Atacama. No próprio aeroporto da cidade, existem vans que levam a esse destino, mas nao estavam disponível quando chegamos, por volta de 13h. Pegamos um táxi a preço fixo (5.000 pesos - R$ 20) e fomos para o Centro. Na Calle Antofagasta, há empresas que oferecem o serviço. Pagamos Chl$ 2.500 para ir em um micro-onibus. Logo que se sai de Calama (ufa!), a paisagem começa a impressionar. Parece que estamos deixando a Terra e entrando em outra dimensao. Estamos definitivamente em um deserto, que será surpreendente a cada passeio.

 

 

San Pedro de Atacama, Antofagasta Region (5:30 pm)

Cada viajante que passa por San Pedro de Atacama (SPA) e seu entorno leva, além da poeira, imagens impressionantes para a vida inteira. A sujeira, o frio e o calor sao os preços justos para paisagens que nao parecem ser deste planeta, como insistem em dizer guias e revistas, mas que realmente sao. Estao ali, frente aos olhos e aos disparos das máquinas- As ruas de SPA sao de chao de batido, com casas de adobe, restaurantes descolados repleta de turistas de todo o mundo. Ë um oasis em meio à regiao mais árida da Terra. Nesse pedaço indescritível dela, fizemos cinco passeios: Petrogriflos, Valle del Arco Iris; Laguna Cejar e Ojos del Salar; Geiseres del Tatio e povoado de Machuca; Valle de la Muerte e Valle de la Luna; e passeio de bicicleta pela Pukara de Quitor e Cueva del Diablo.

 

Wednesday, July 20, 2011

Petrogriflos, Valle Arco Iris e Cueva (Chile, 5º dia) (9:00 am)

 

 

Deserto Atacama - Laguna Cejar, Ojos del Salar, Laguna Tebenquiche (3:00 pm)

 

 

Thursday, July 21, 2011

Geiseres del Tatio, lagoa congelada e Machuca - Deserto do Atacama (Chile, 6º dia) (5:30 am)

A ida aos Gêiseres del Tatio è o passeio que causa mais ansiedade. Náo è por menos: a temperatura pode chegar a -25C. Foi o que ocorreu no fim de junho e início de julho, quando houve acúmulo de neve no deserto mais árido do planeta, conforme relato de guias da regiáo. No dia de encarar os gêiseres, o termômetro cooperou um pouco: - 19C. Para suportar todo esse frio, haja roupa. Lá se foram uma sobrepele (tipo de tecido que expulsa o suor e de certa forma retém o calor), camisa, camisa de manga longa, dois fleeces de 200g (tecidos que mantém o aquecimento) e um corta-vento com capuz. Para as pernas, foram uma sobrepele, uma calça de la e duas calças de tectel com forro. Nos pés, foram quatro pares de meia: um que teoricamente expulsa o suor, outro de la e material sintético, outro comum (de algodao) e mais um de la. A bota nao foi uma profissional, mas que valeu a pena, da marca Macboot. Entre o pessoal técnico há uma discussao infinita sobre que bota usar. Para completar: par de luvas, gorro e um cachecol, que foi essencial para se proteger do frio. A quantidade de peças poderia ser menor, pois o frio nao foi tao aterrorizante, a nao ser nos pés e maos. Pecar pelo excesso foi preciso, pois o tempo poderia mudar e estávamos ante o desconhecido.

 

A viagem até os gêiseres leva quase duas horas em uma estrada um tanto esburacada e com neve. A van tinha ar-condicionado, o que nao permitia perceber a real dimensao do que nos esperava do lado de fora. A fina camada de gelo que se formava nas janelas do veículos davam algum sinal. Ao se aproximar do parque dos gêiseres, o motorista reduziu a temperatura do ar-condicionado. Estava, sim, muito frio. A neve toma conta dos arredores.

 

A paisagem do trajeto e do parque compensa virar uma bola de roupa. No campo de Gêiseres del Tatio, estao cinco formaçoes e uma piscina de águas térmicas, onde alguns turistas arriscaram um banho. A água estava levemente morna. No verao, deve ser agradável.

 

O local impressiona pelo contraste da neve e a água em ebuliçao nos gêiseres. Quem espera jatos nas alturas pode se decepcionar, pois eles nao ultrapassam um metro ou muito menos. Porém a coluna de fumaça segue adiante.

 

Cada empresa oferece um café da manha, alguns sao mais completos. Por volta de 9h30, partimos para outro grupo de gêiseres próximos, também interessantes.

 

De lá, as próximas visitas foram uma lagoa congelada e o povoado de Machuca, onde provamos pela primeira vez o tradicional chá de folha de coca e uma delciosa empanada (pastel) de queijo.

 

Des. Atacama - Valle de la Muerte e Valle de la Luna (Chile, 6º dia) (3:00 pm)

Os dois vales comprovam que o Atacama é uma terra de outro planeta. O pôr-do-sol visto de cima de uma montanha ao lado de uma duna no Valle de la Luna é o ponto alto do passeio. As montanhas, vulcoes e a área plana do deserto mudam de cor conforme o sol vai se escondendo. É um espetáculo da natureza que deixa todos boquiabertos. Sao momentos para serem guardados para a vida toda.

 

Quem nos leva aos dois destinos é um senhor na faixa dos 60 anos, que usa boné e tem cabelo até quase o ombro. Mas o que o marca mesmo é o modo simpàtico de tratar todos por chiquitos (menininhos) e ficar no pé da moçada para que a van saia de cada parada no horário marcado. Afinal, iríamos assistir o espetáculo do sol se pondo no Atacama. O astro maior nao espera mais uma ou outra foto.

 

O passeio começa no mirador do Vale do Coiote. O animal nao existe ali, mas nomeou o lugar por ser um trocadilho com o verbo cair em espanhol. Estamos diante de um precípicio com formaçoes rochosas à vista. Uma delas lembra o formato de um anfiteatro. É a chamada Coliseu/Coliseo.

 

De lá, seguimos para o Valle de la Muerte, onde é possível perceber as diversas camadas das montanhas, cujas cores variam do creme ao avermelhado.

 

No Valle de la Luna, a primeira parada é na Quebrada de Kari. O rugido das rochas é curioso - efeito da dilataçao delas. Tudo é de sal. Dá pra ver e provar (!) os cristais desse mineral. Mais ao fundo da Quebrada, vários blocos formam um conjunto de bancos ao longo da encosta. É inexplicável e um ponto ideal para fotos, antes que se ouça o Chiquitos, vamos!!. Vamos para o Valle de La Lua. Veja as imagens.

 

 

Localizacao:

Os vale da Morte fica a 4km de SPA; e o da Lua, a 8km. Dá pra alugar bicicleta na cidade e curtir a paisagem. Opçao para uma próxima ida certeira ao Atacama.

 

Preço:

Entrada no Valle de la Lua custa 2.000 pesos chilenos (aprox. R$8). Estudante paga 1.500. Aceitaram carteirinha do Brasil.

Tem banheiro, ao lado da bilheteira.

 

Friday, July 22, 2011

Bicicleta no deserto - Cueva e Pukara de Quitor (Chile, 7º dia) (15:00 pm)

Ficamos um dia a mais que o previsto no Atacama. Ainda bem. Alugamos bicicletas e fomos conhecer o deserto por conta própria. Há várias sugestões de passeios. Uma bem recomendada é o Valle de la Muerte e La Luna, que havíamos visitado no dia anterior. Escolhemos então, Cueva del Diablo e Pukara de Quitor, localizadas a 3 km de San Pedro. Partimos com um mapinha na mão, ferramentas, bomba, cadeado e lanterna acoplada ao capacete.

 

A pedalada começa bem. Temeremos que atravessar um riacho por três vezes. A primeira por uma ponte de pedestre, de madeira e aos pedaços. Nas outras, nem isso: é com o pé na água mesmo. Passada a ponte, um carro que não aguentou o tranco começa a ser guinchado do meio do rio.

 

A segunda travessia foi fácil. O nível da água não ultrapassa o limite impermeável da bota. Mas no segundo...a escolha de uma pedra aqui e outra pedra ali pra escapar da correnteza não funcionou. O volume de água era mais intenso e lá se vai o pé e bota seco, fundamentais para aguentar o frio da noite. A solução parcial era simples: bastava tirar a bota e atravessar, como umas estrangeiras fizeram em seguida...

 

O sofrimento é logo dissipado pelas gargalhadas da situação e ainda mais pela beleza que nos espera. A Cueva del Diablo possui um arco e um rosto indígena esculpidos na rocha. Prepare-se para sair sujo de lá, pois para chegar ao clarão formado pelas duas montanhas, é preciso atravessar, engatinhando, um túnel de menos de dois metros. Nesse clarão, tem uma pequena gruta e uma parede, ideal para escalada simples.

 

A poucos metros antes da Cueva, está a entrada para o parque arqueológico Pukara de Quitor. A fortaleza, usada por atacamenhos, conserva parte de sua estrutura, dominada pelos espanhóis durante batalhas para conquista da região. De lá, avista-se San Pedro, outro povoado e parte do deserto. Um dos vulcões fica em destaque. Curtimos o pôr-do-sol nesse ambiente.

 

O preço de assistir novamente o câmbio de luzes no céu e montanhas foi enfrentar o desafio de retornar à noite pelo deserto. Molhar o pé de novo? Qual a direção certa em meio ao breu? As lanternas e a estrada ajudaram, mas um atacamenho foi quem nos mostrou o atalho para fugir do rio. Seguimos pela margem, passamos pela vegetação, por vezes, empurrando a bicicleta no chão de areia, até encontrar a ponte que havíamos cruzado. Um dia e tanto, finalizado com uma pausa para observar as estrelas do Atacama. A vista do céu na região é outro atrativo.

 

:::::::Serviço::::::

::Aluguel de bicleta: 3,500 pesos chilenos ( cerca de R$ 14 na cotação baixa de 250 pesos). Válido por seis horas. Inclui equipamentos e um mapinha simples com roteiros. Várias lojas oferecem esse serviço.

 

Saturday, July 23, 2011

Calama, Antofagasta Region (Chile, 8º dia) (8:00 am)

A ida para o Salar do Uyuni teve que ser através da estrada de Calama, pois a ligaçao direta via Atacama estava tomada pela neve. Com isso, a visita ao Uyuni nao incluíria as lagunas Colarada, Blanca e o Deserto Dali. Em compensaçao, passamos próximos a mais vulcões, como o San Pedro, Ollague e outros, além de mais salares.

 

Vamos em um van com brasileiros, americanos, chilenos e um casal de franceses. O motorista restringe-se a dirigir. Ele não é guia, diz logo a um passageiro que queria saber curiosidade do caminho. Vou na frente, ao lado dele, que logo vai soltando algumas informações cavadas com o humor dos chilenos insistentes. É boliviano, mudou-se para o país vizinho para tentar uma vida melhor. Diz o nomes dos vulcões, enquanto desvia de pedras, buracos e neve na estrada, quando ela existe. Um pouco depois de Chiu Chiu, o chão muda de asfalto para terra batida e neve. O frio neste ano deixou inexistente trecho dela. Durante o trajeto, um trator abria caminho ao lado, e minas de borax estavam paradas, pois a neve impedia todo o trabalho.

 

Chiu Chiu - vila ao Norte do Chile (10:00 am)

Tomamos café no vilarejo de Chiu Chiu, nome agradável para o local que tem igreja mais antiga do que a de SPA. A madeira usada na construçao é de cactus. A estrutura é simples, e o entorno também, onde uma mulher caminha com a criança em direção a uma ponte sobre um rio quase seco, como é comum na região. O exótico é bonito, mas deve ter lá suas consequências negativas para a população local. Na praça ao lado da igreja, uma senhora com o filho vende objetos usados, como uma bota de couro, e algum artesanato que não nos interessou. Parece que o domingo é movimentado ali com uma feira.

 

Ollagüe, Antofagasta Region (Chile e Bolívia, 8º dia) (2:00 pm)

A última cidade chilena até a esperada Bolívia. Na verdade, vimos pouco do que parecia ser um centro urbano, pois as poucas ruas de terra seca, pedras e casas sem pintura, dao a impressao de um vilarejo abondonado. A aduana, a natureza e uma igreja sao as atraçoes.

 

:::::::::Serviço:::::::

Para sair do Chile e entrar na Bolívia:

Quem sai do país deve somente apresentar o passaporte ou identidade mais o formulário de entrada em terra chilena. Ele é entregue pela empresa de transporte durante a viagem. Ou caso vá de automóvel, deve solicitá-lo na aduana ao ingressar no Chile. Em Ollague, o carimbo do passaporte, e a entrega do formulário foi rápida. Nao pediram para que ninguém abrisse as malas ou declarasse qualquer produto. A restriçao é na entrada. Um quilômetro à frente, está a aduana boliviana, onde se deve preencher o formulàrio de entrada no país. O documento mais o passaporte será carimbado. A carteira de indentidade também serve. O oficial da aduana solicitou o certificado internacional de vacinacao, que devia incluir a vacina contra febre amarela.

 

Logo na aduana, dá pra perceber a diferença entre um país e outro. O escritório boliviano estava escondido por um trem, por onde tivemos que atravessar, em meio a uma estaçao com vagoes abandonados. As duas pequenas salas sao mal iluminadas e com piso irregular. Havia um cartaz que celebrava o ano-novo aimará, uma das etnias índigenas. Nada nos foi interrogado ou revistado. Este é o prenúncio de um país que foi superexplorado, derrotado em diversas guerras, porém rico em cultura, natureza e minerais.

 

Ah, antes de ir à aduana boliviana, mudamos da van para um jipe 4x4, com motorista/guia boliviano, Abraao, da etnia quéchua. Simpático, prestativo, foi uma boa cia durante os próximos três dias. Foi quase que inevitável perguntá-lo sobre Evo Morales. Disse que gosta do governo dele, pois a economia está mais estável, é um índigena no poder, e aponta aspectos negativos, como a necessidade de industrializar o país e tb favorecer os camponeses.

 

Atrás de latões próximo ao trilho de trem, temos a primeira refeição em solo boliviano e com um prato bem típico: carne de lhama e quínua, um cereal rico em proteínas, leve e saboroso, mais legumes. A lhama não estava com cara boa, parecia uma costela, meio dura. Mas valeu pela experiência do cereal. A Bolívia começa a surpreender positivamente.

 

Uyuni - Chiguana - Laguna e rochas vulcânicas (Bolívia, 8º dia) (16:00 pm)

A primeira parada na região do Uyuni (o deserto mesmo fica a 250 km dali) foi no conjunto de rochas vulcânicas derivadas da lava do Ollagüe. Os formatos são interessantes, e é possível avistar a montanha em atividade, com fumaça saindo do interior da Terra.

 

No jipe, vamos com três chilenas universitárias, simpáticas e divertidas, Rosário, Josefina e uma outra de que esqueci o nome. Elas já visitaram o Rio e Salvador, lembram algumas palavras em português, como muito barato e dois reais, e a música sertaneja Chora, me liga. A versão é em espanhol, cantada com o português que recordavam: Custou a sair da cabeça! Gostam também de axé, e acham os brasileiros calientes.

 

Em seguida, paramos em uma lagoa próximo a Chiguana, já na Bolívia. O cenário impressiona tanto pela lagoa semicongelada quanto pelas rochas esculpidas pelo vento. Uma delas tinha o formato de um rosto gigante, outras pareciam tartaruga, boca de dinossauro, banco. Uma delas parecia ter cada pedra colocada uma a uma. As aves no lago são semelhantes ou as mesmas das encontradas no Atacama. É um sinal de que o Uyuni, o Atacama e o Norte da Argentina compõem uma só região, unidas pela natureza e cultura indígena, e separada pelas fronteiras políticas.

 

Outro destaque da área são as várias rochas verdes, cobertas por musgos.

 

Dormimos em Villa Allota, localizada em algum ponto dessa região, em uma hospedaria simples (Hospedaje Real). Ela estava incluída no pacote, inclusive o jantar. Novamente a gastronomia boliviana impressiona pela qualidade da sopa de legumes. O quarto e o banheiro são simples, pequenos, em camas de mola, sem calefação, mas com cobertas pesadas. Nessas horas, vale entrar no espírito de viajante, mochileiro, sair da rotina e esquecer temporariamente certos confortos.

 

- Dicas:

- Levar um galão de água de cinco litros por pessoa para o Uyuni. Muito raramente haverá uma venda que ofereça o líquido e que seja de qualidade de confiança.

- Óculos de sol para aguentar o reflexo da luz através do chão de sal. Brilha mais que neve.

- Medicamentos básicos, como para dor de cabeça e náusea.

- Toalha. Nenhum hotel a ofereceu.

- Papel higiênico e sabonete. São raridades em quase todo banheiro.

- Bota. Tênis com solado baixo não deixarão você caminhar sobre a camada de água no salar sem que os pés se molhem, além de possivelmente sentir mais frio.

 

Sunday, July 24, 2011

San Augustin (região Uyuni, Bolívia) - cânion, llhamas, corais, múmias e gruta (9º dia) (11:00 am)

Levantamos por volta de 7h para tomar café e leite com Toddy fabricado no Brasil. O leite era em pó (leche en polvo), como na maioria dos lugares na Bolívia e Peru. Estava lá presente a Nestlé com seu Nido (Ninho).

 

O roteiro do dia inclui a descida e caminhada em um cânion, banho em uma cascatinha, almoço, corais petrificados, visita às múmias Chullpas e à gruta das Galáxias. A noite é em um dos hotéis de Sal.

 

O Cañon de la Cascada foi uma das melhores atividades no Uyuni. Você entra em contato mais forte com a natureza, arrisca-se na descida entre areia e algumas pedras soltas até chegar ao vale do cânion, caminha às margens de um riacho que serpenteia todo o cânion e, para finalizar, pode correr atrás das lhamas que pastam ali. A cascatinha não empolga, a não ser às chilenas, que puseram seus biquínis e se banharam. A soma de todas as atrações torna o cânion paradisíaco.

 

Caminhamos quase uma hora até retornarmos ao jipe. O almoço foi em lugar tão quanto o cânion: à beira de um lago típico da região desértica, água azul, rodeado de rochas. O cardápio seguiu o estilo dos anteriores: arroz, salada e carne.

 

Até chegar à Villa San Augustin, o caminho inclui riachos, precipícios, deserto com mais presença de areia do que rochas ou vegetação esparsa. Não paramos no vilarejo, que tem casas com pedras no telhado para proteção contra ventania. Seguimos direto para o conjunto milenar de corais petrificados. A vista se perde ao olhar a quantidade de corais. Não é raro encontrar fósseis nessa área. Ou mesmo múmias. Foi o que vimos em San Juan, outra vila próxima.

 

Os restos mortais dos primeiros habitantes da região, os Chullpas, estão no interior dos grandes corais, em formato ovalóide. Vale a pena visitar esse cemitério.

 

O vilarejo também abriga um pequeno museu arqueológico, que conta um pouco a história dos ancestrais locais, ensina como o funeral era realizado e traz artefatos típicos. Além disso, foi bom ver Juiz de Fora no mapa da América do Sul na sala da recepção. O destaque do museu fica também com sua fachada lateral, guardada por três cactos com mais de quatro metros de altura.

 

Próximo ao museu, funciona um bar. Os preços altos dele devem ter permitido à dona, que atende mal, ter colocado dentes de ouro. Na Bolívia e um pouco menos no Peru, é frequente ver alguém com o metal no sorriso e até mesmo sem um dos dentes. A boca expõe a cultura e a condição social.

 

A última atração, a Gruta de las Galáxias, foi descoberta há poucos anos por moradores locais. São formadas por corais que em contato com águas subterrâneas foram perfuradas, tomando a forma de um grande queijo, como os guias também a chamam. O ingresso é caro, 20 bolivianos (R$ 5,88 na cotação de 3,40).

 

San Juan - e Hotel de Sal (16:00 pm)

A noite reserva mais surpresas. À beira do tão esperado Salar de Uyuni, fica um dos três hotéis de sal da região. A estrutura é simples, mas a composição não. A cama, bancos, paredes, mesa e inclusive o chão são de sal. Quer ter certeza de que são feitos desse mineral? Prove-os.

 

Em toda a viagem pelos dois desertos, Atacama e Uyuni, este foi o primeiro dia sem banho. Não valia a pena pagar por um banheiro com lâmpada em curto-circuito e provavelmente sujo. A energia elétrica tinha hora aproximada para acabar: 22h30-23h. Não há água ou outro produto à venda. O café, jantar e hospedagem estão incluídos no pacote da excursão. Este é um dos três ou mais hotéis de sal instalados na região. O mais famoso, localizado dentro do salar, com esculturas do mineral e um conjunto de bandeiras em sua frente, tornou-se museu-loja. Ainda com essas restrições, a experiência de se hospedar em um local assim compensa as faltas.

 

A entrada do jantar foi outra sopa deliciosa seguida de frango e batata-frita como pratos principais. Tivemos a companhia do Abraão, das três chilenas e de um vinho boliviano. O mesmo grupo de americanos, franceses, brasileiros e chilenos manteve-se desde a saída do Atacama.

 

Fora do hotel, a surpresa ficou por conta do céu. Se o sabiá de Portugal não gorjeia como os daqui. As estrelas do Uyuni brilham mais do que as de Juiz de Fora ou outra cidade.

 

:::::Serviço::::::

- Hotel: hotel de sal, incluído no pacote

- Há outro que parece ser melhor, pelo menos pelas fotos em http://www.hosteldesal.com/

 

Monday, July 25, 2011

Salar de Uyuni (Bolívia, 10º dia de viagem) (6:00 am)

O deserto de sal, um dos pontos altos deste mochilão. Exótico, grandioso, fenomenal... Há uma gama de adjetivos que não são suficientes para sustentar a beleza do salar.

 

Começamos bem cedo o dia, despertando às 5h30, iluminados somente pela Lua e estrelas, pois a energia elétrica ainda não tinha voltado. A telinha do celular nos guia até o banheiro, cujo lavabo só sai um filete de água gelada. O desayuno (café) é bem preparado, inclui iogurte.

 

Enquanto a paisagem não se descortina, o céu vai mudando de cor, do negro, ao rosa, até o azul característico. A diferença de iluminação repete o espetáculo que ocorreu no Atacama: as montanhas acompanham com a mudança de cor. Vemos o sol nascer do chão, no horizonte plano do deserto, como se fosse no mar, porém, estamos no chão de onde um dia foi uma lagoa com água salgada em abundância, que evaporou, ao longo de milhares de anos. Há algumas fontes que afirmam que a região foi um mar.

 

É com o nascer do sol que vem a primeira sessão de fotos lúdicas. A perda de perspectiva na amplidão do salar faz com que objetos, à medida que se distanciam do observador, fiquem pequenos mais rapidamente. Montanhas parecem montes de areia, jipes distantes se confundem com formigas. Da mesma forma, a pessoa ou o objeto que está mais próximo parece maior, às vezes, gigante, como é o caso de uma caneta ou garrafa d água. As fotos produzidas no Uyuni são famosas por brincarem com a profundidade. Basta usar a criatividade e ter paciência para tentar várias vezes até que as poses iludam. Para variar, tem gente que leva carrinhos de brinquedo, bonecos e outros objetos.

 

O Salar de Uyuni é o maior deserto de sal do mundo, com mais de 12 mil km². Está a 3.600 m de altitude, o que exige um pouco mais do condicionamento físico, mas nada impeditivo. A crosta de sal é dura, pode sujar a roupa (só usar Omo...), reflete bem a luz do sol e forma hexágonos. Alguns dizem que há buracos nessa camada capazes de engolir um carro. O Abraão, nosso guia e motorista, que faz o trajeto, pelo menos, uma vez por semana, há mais de 15 anos, diverge. Somente ouviu falar que um carro agarrou a roda em um hueco (buraco). Próximo às minas de sal, logo ao sair do salar, havia sim alguns pequenos buracos.

 

O interessante também é a orientação que o Abraão disse usar na imensidão do salar. Nada de GPS, mapa ou coisa do gênero. As montanhas é que são os pontos de referência. Uma delas é a Isla del Pescado ou Incahuausi, famosa pelos cactos gigantes e até milenares.

 

O Museu de Sal, onde funcionou um hotel, conserva esculturas e salas. Não é permitido entrar nos antigos quartos. A entrada é paga comprando algo da loja instalada na recepção. O chocolate Sublime, da Nestlé, é uma das recordações da Bolívia e Peru. Entre as opções de sabor, há o chocolate ao leite e o branco, ambos com pedaços de amendoim. Custa no museu 4 bolivianos (R1,14 na cotação ruim de 3,50)

 

 

Isla Incahuasi (Bolívia, 10º dia) (8:30 am)

Ilha de cactos gigantes em meio ao salar. Parece realmente uma ilha. A diferença é que ela está rodeada por um mar de sal. A água se foi há muito tempo.

 

Siga até o mirante e se deslumbre com o branco salar, o azul celeste e as espécies gigantes. Alguns chegam a dez metros e outros tem mais de 900 anos.

 

No topo, fica uma praça minúscula com uma tábua onde é feito ritual para Pachamama, a Mãe Terra da cultura andina. Visitantes depositam moedas ali. Preferimos não ajudá-la, pois no Cerro Santa Lucía, em Santiago, dois caras estavam descaradamente recolhendo as moedas jogadas.

 

O caminho de volta passa perto de uma pequena gruta, de onde dá para fazer fotos, tendo as pedras como moldura.

 

A visita à ilha é imprescindível e normalmente está incluída no roteiro pelo Uyuni.

Depois dela, tiramos mais fotos no deserto, que podem ser vistas no post anterior, visitamos o Museo del Sal, pararmos na vila Colchani para almoçar e seguimos para o cemitério de trens em Uyuni, a cidade-base do deserto, a 40 quilômetros, até encerrar o roteiro.

 

Em Colchani, tem uma feirinha de artesanato com senhoras simpáticas que embrulham os produtos em papel higiênico. Cada um se vira da forma, criativa, que pode. Encontre lá lhamas feitas de sal e pacotes de sal produzidos na região (R$ 2).

 

Aproveite para visitar um museu-loja que fica próximo às barracas de artesanato. Com certeza, uma senhora vai convidá-lo para entrar uma ou mais vezes.

 

- Pase, pase, señor!

 

As atrações são as esculturas em tamanho natural de animais, como a lhama, claro.

 

Almoçamos em uma das casinhas da área. Novamente, foi a refeição que mais se assemelhou à brasileira, com salada, arroz e carne (de frango... e sem feijão).

 

:::::::::Serviço:::::::::

Entrada: 15 bolivianos (R$ 4,2)

Possui banheiro com sabonete e toalha de papel, raridades.

 

Deixamos a bagagem na Lazcar Expediciones, a empresa boliviana também responsável pela excursão no Uyuni. Não cobram nada.

 

Câmbio: em Uyuni cada R$ 1 comprou 3,50 bolivianos, melhor do que no Atacama, Chile ( 3,15) e pior do que em La Paz (4,02).

 

Uyuni (Bolívia, 10º dia) (15:00 pm)

A entrada de Uyuni é desanimadora, com sacolas e mais sacolas de lixo por metro quadrado nos terrenos ao lado da estrada! As ruas dos bairros são empoeiradas, e as casas não receberam pintura externa. Esta é uma das faces da Bolívia e de sua condição econômica.

 

As outras facetas estão na sua cultura e história, percebidas nas atrações turísticas. As principais são o cemitério de trens e o museu arqueológico. O depósito de vagões enferrujados, agrupados próximos uns aos outros e muitos fora do trilho, não desperta interesse. O museu, de uma única sala, traz crânios deformados, conforme costume da cultura ancestral, múmias e outras coleções. Vale a pena visitá-lo, ainda que o acervo não esteja bem acondicionado e em expografia antiga: cristaleiras, armários de madeira. O museu fica no calçadão da Av. Arce, no Centro, entrada a 2,50 bolivianos (R$ 0,70).

 

A Rua Potosi forma com a Arce os principais endereços da cidade. Dá para fazer umas comprinhas no mercado próximo à Arce. Se quiser arriscar, coma um megapastel frito na hora por uma chola. É quase o dobro do tamanho do que é vendido na Pastelaria Mexicana, em Juiz de Fora. O tipo boliviano tem toque agridoce e com recheio de queijo. A 3 bolivianos (R$ 0,85).

 

O pastel gigante é exemplo de preços mais em conta na Bolíva. Aqui o Real vale quatro vezes mais que o Boliviano. Por isso, a saída para o deserto de sal pela cidade de Uyuni sai mais barata. Até surgiu vontade de refazer parte do trajeto quando o dono de uma agência informou que o acesso à Laguna Colorada havia sido liberado um dia antes de nossa chegada. Fica para a próxima, que haverá com certeza.

 

O destino certo mesmo do dia é Potosí. Partimos para a cidade de prata às 18h. É a primeira viagem em um ônibus boliviano, carregada pela expectativa quanto à qualidade da estrada, do veículo e da segurança da bagagem. A começar pela rodovia, que está sendo asfaltada por uma empresa brasileira, não houve tantos problemas. O balançar do chão irregular foi até massageador. E a segurança não faltou, a não ser para o sono, pois Fred Krugger embarcou no mesmo trajeto, assim que o motorista inseriu o DVD de terror em volume alto e ainda misturado com o do radinho dele. Por mais que a touca, capuz e fone de ouvido tentassem abafar o barulho, Fred invadia as mentes brasileiras.

 

A situação só deve ter sido pior para a senhora com os trajes de chola (tranças, várias saias e chapéu), que foi sentada no chão do corredor até uma cidade no meio do trajeto. Ao que parece, algumas obtêm gratuidade, mas não o direito de assento. Nesse momento, percebe-se a diferença de costume e de leis entre países.

 

::::::: Serviço::::::

:: Deixamos a bagagem na Lazcar Expediciones, a empresa boliviana também responsável pela excursão no Uyuni. Não cobram nada.

 

:: Câmbio: em Uyuni cada R$ 1 comprou 3,50 bolivianos, melhor do que no Atacama, Chile ( 3,15) e pior do que em La Paz (4,02).

 

Tuesday, July 26, 2011

Potosí, o eldorado de prata (Bolivia, 11º dia) - parte 1 (0:30 am)

 

Potosi é a Ouro Preto boliviana. Daqui foram extraídas toneladas de prata, que poderiam formar uma ponte do mineral até a Espanha, dizem. Depois de ser explorada, a cidade ficou abandonada, pobre. O casario e as igrejas, patrocinadas pela classe rica, sobreviveram, e Potosí ainda vive da mineração do seu famoso e onipresente Cerro Rico e do turismo. Ela ostenta ainda o título de cidade mais alta do mundo, a 4.100 metros de altitude, condição ideal para o soroche, ou mal de altitude, que não nos afetou aqui.

 

Histórias e mais histórias interessantes sobre a abundância da prata são contadas na cidade, Até a ferradura dos cavalos reluziam a cor acinzentada na época em que o lugar era mais populoso que Nova York e outras cidades importantes. Existe a expressão - Vale um Potosí.

 

O primeiro contato com Potosi não foi lá animador. Chegamos depois de meia-noite à rua de desembarque de passageiros, pois não há terminal rodoviário. O táxi de preço fixo nos leva ao hotel reservado, o Companía de Jesus, instalado em um casarão histórico, onde funcionou um seminário. Ah, Elisabete... Esse nome vai ficar guardado. É o da funcionária, uma senhora, que nos atende, descalça. Estranha a presença dos três na madruga e pergunta pela reserva. - Fizemos por telefone, com a senhora mesma, que disse que isso já bastava. - Mas saí de férias, não deixei recado p/ quem me substituiu, e agora o hotel está lotado. Não tem mais jeito. O protesto, em seguida, não foi suficiente p/ ela nos deixar em um canto do Cia. Ao relento, fomos pelas ruas do centro histórico, com as malas, batendo de porta em porta. Não estávamos sozinho: chilenos e brasileiros que vieram desde o deserto do Uyuni conosco também estavam sem lugar. Após mais dois hotéis cheios, sobrou uma espelunca, o Hotel Felcar, tb no centro, a R$ 8,57 a diária.

 

A situação engraçada da Elisabete ficou para trás logo com o encanto de Potosí. Começamos a visita pela praça 11 de Noviembre e seus arcos. Em frente, está a catedral Santiago, em reforma, porém, aberta à visitação. O guia, um senhor, volta e meia cantarolava um samba. A restauração da igreja está trazendo de volta o dourado, o vermelho e azul escondidos pela pintura branca, que tomou conta dela a partir do século XIX para afastar uma epidemia. Nesta catedral, podemos subir até o campanário e avistar a cidade, algo que o Brasil poderia copiar. A vista vale muitas fotos.

 

Os cliques são também para as cholas, com suas tranças, traje e chapéus. A presença feminina impressiona nesta viagem. O que não empolga é o trânsito caótico e a quantidade de fios de energia na rua. Em algumas, eles são colados no casario.

 

 

Potosí (Bolívia, 11º dia) - parte 2 (15:30 pm)

Enquanto as atrações culturais não reabriam, pois elas fecham as portas entre 12h e 15h para o longo almoço, fomos dar uma volta pelas ruas potosinas, que chamam a atenção pela variedade, beleza e quantidade de varandas que se sobressaem das fachadas das casas, no segundo andar. São em madeira trabalhada, fechadas e algumas com colunas. Integram a típica construção colonial espanhola. As casas costumam ter ainda pátio interno, também interessante.

 

No caminho, passamos em frente às igrejas de N. Sra. de Copacabana, de San Juan de Dios (de onde fugimos de um cachorro) e de Santa Teresa. A que mais despertou a atenção foi outra, a de São Francisco de Assis, pela sua imponência e permissão para caminhar no telhado, ir atrás da sacristia e à catacumba. O trabalho da guia melhorou a experiência, com sua atenção. O serviço está incluído no ingresso (15 bolivianos, R$4,30).

 

Entramos na inacabada igreja da Cia de Jesus, também com acesso ao campanário. Fomos, em seguida, para a Casa de La Moneda, o maior museu local, que mostra como era o processamento da prata até que se tornasse moeda ou medalha. Destacam-se os fornos e a imensa máquina que ocupa dois andares. Personagens e mulas de fibra de vibro recompõem o cenário. Se quiser fotografar, tem que pagar. Uma policial fica na cola.

 

A ida à cidade termina com a passagem pelo mercado municipal. Aliás, eles são mais interessantes e diversos que shoppings. Encontramos lá a carcaça de uma lhama à venda, exposta sem refrigeração. Encararia?!

 

Ficamos apenas um dia em Potosí. Valeria mais. Seguimos para Sucre, de táxi, com uma francesa. Custou 40 bolivianos (R$ 11,45), 5 a mais que van, mas que sairia mais cedo.

 

Não nos aventuramos pelas minas ativas do Cerro Rico, devido aos riscos.

 

:::::::::: Serviço::::::::::

:: A passagem p/ Potosí é vendida em agências. Todas c/ preço em torno de 25/30 bolivianos (R$9). Os ônibus saem da porta delas, pois não há terminal. Uyuni está construindo um aeroporto internacional.

 

::Jornal El Potosí - http://www.elpotosi.net

 

::Lonely Planet sobre Potosí: http://www.lonelyplanet.com/bolivia/the-southwest/potosi

 

::Página no Mochila Brasil: http://www2.uol.com.br/mochilabrasil/bolivia07.shtml

 

Thursday, July 28, 2011

Sucre (Bolívia, 12º dia) - parte 1 (9:00 am)

 

Sucre é a cidade boliviana mais bonita do roteiro.Lugar histórico,é a capital constitucional do país,onde fica a sede do Judiciário.La Paz é a capital política,desbancada facilmente pela representante do interior na conservação do patrimônio,beleza de suas ruas limpas, monumentos e jardins.Esta é a Cidade Branca, em q a predominância de um tom a deixa mais bonita e origina a pergunta: Existem cores sob a pintura? A resposta não é clara: talvez seja por conta do hábito de afastar com a cor uma epidemia do passado.

 

A região é reduto de oposicionistas a Evo Morales.Um deles é o taxista que nos levou de Potosí à cidade.Já foi a SP e ao Rio e diz que o seu presidente é autoritário e pode não ser bom para a economia. Aqui tb se vê menos índios e mais um povo mestiço. Não faz tanto frio como em Potosí.

 

Atrações visitadas:

- Catedral (1551-1633) (15 bolivianos, R$ 4): visita guiada,tem museu de arte sacra,peças c/ pedras preciosas.A igreja não funciona mais como paróquia.As capelas conservam pinturas,relicários,anjos e esculturas de madeira.Em uma delas,fica a estátua de Virgem de Guadalupe,padroeira da América Latina,repleta de pedras preciosas.A guia explica q originalmente a peça era toda uma pintura.Mas,por não ter conseguido sustentar o peso das joias depositadas pelas famílias ricas,sobraram somente a face e parte da pintura.Dá para notar a diferença na imagem.O restante do interior não surpreende tanto qto seu exterior barroco.A exceção fica p/ a pia batismal e assentos de ministros atrás do altar principal.A igreja fica na Plaza de Mayo, a principal do Centro Histórico.

 

- Mercado Central de Sucre: dominado por mulheres. Em algumas bancas, ficam no meio, escondidas.A maioria usa uniforme azul e as longas tranças.Tem seções de frutas (prove o maracujá mais doce - granadilla), frios (queijos expostos sem refrigeração e embalagem), temperos, doces, lanches e almoço. O suco é servido em saco plástico transparente de mercado.Os sabores ficam em um panelão, a senhora usa uma concha para por no saquinho com um canudinho. O passeio pelo mercado é interessante p/ perceber o cotidiano local e a variedade de produtos. Ainda que a higiene esteja em falta em boa parte do que é oferecido, a vontade de provar é gde. Até comprei um queijo de cabra, mas não tive coragem de experimentá-lo. Fiquei c/ as uvas e castanhas-do-pará, tb chamadas de castanhas brasileiras.

 

- Ig. São Francisco de Assis: tem imagem de Deus e altar com entalhe dourado. Na pracinha ao lado e na redondeza,estão lojas de roupas,antiguidades e artesanato.Prove tb os famosos chocolates de Sucre.Alguns trazem fotos de atrações da Bolívia na embalagem.

 

- Igreja de La Merced (10 bolivianos, R$2,70): madeiras dourada e órgão.Precisa de restauração urgente.No dia,alunos de uma oficina de restauração estavam vistoriando a área.Vá ao campanário e aproveite a vista da cidade.

 

 

Sucre (Bolívia, 12º e 13º dias) - parte 2 (3:00 pm)

A melhor atração do dia ainda estava por vir: a Igreja e Convento de San Felipe de Néri, cuja visita vale a viagem a Sucre. O pátio interno é rodeado por arcos bem preservados nos dois andares que o forma. O branco marcante é interrompido apenas por vasos de flores no para-peito. O toque a mais à composição fica ao cargo de um cara com violão que dedilhava algumas notas na varanda. A vibração se amplifica na caminhada por todo o telhado da construção. Tem até uns banquinhos para apreciar a vista e sentir mais uma das experiências que compensam todo o dinheiro investido nesta viagem. Dá para subir também até o campanário. Depois do pátio e do telhado, a entrada na igreja nem faria tanta falta, mas anjos com cerca de dois metros de altura valorizam o interior dela. Os frades carmelitas que fundaram o convento em 1795 souberam deixar um excelente legado. A entrada é por um colégio, na Calle Nicolas Ortiz, no Centro. Custa 10 bolivianos, R$2,70.

 

O restante do dia e a noite foram dedicadas ao andar pelas ruas e às compras. Roupas são baratas em comparação ao Brasil. Blusas saem entre R$25 e R$40. A orientação que recebemos é para preferir o produto de alpaca ao de lhama ou lã, pois ele seria mais fino, com pontos mais unidos e esquentaria mais do que o dos outros dois animais. O desafio é confiar que a blusa comprada seja realmente de...alpaca.

 

Descobrimos ruas de comércio popular ao redor do mercado municipal. É onde fica o povo que os folhetos turísticos camuflam, vendendo suco de balde, CDs e DVDs piratas, jogos e outros produtos.

 

O segundo dia em Sucre incluiu a visita a uma das praças com o jardim mais bonito das cidades bolivianas visitadas. Um dos acessos a ele se dá pela rua Areales, onde ficam as igrejas San Miguel (fechada para restauração), de Santa Monica e o Hospital Santa Bárbara com uma capela. À frente, fica a tal praça com jardins simétricos, ciprestes bem podados e flores, sob os cuidados de mulheres jardineiras. Em outra ponta, está o teatro Gran Mistral.

 

Um pouco mais adiante, fica a sede do poder judiciário em um prédio neoclássico. Na calçada, bolivianos acampados protestavam contra os desdobramentos na Justiça da morte de mineiros em 2003.

 

A sede é guardada pelo Parque Simón Bolívar, também bem cuidado e com a réplica da torre Eiffel, com uns quatro metros de altura. Tem ainda o parque das Aguas Danzantes, um conjunto de chafarizes com efeitos, que não estava em funcionamento.

 

De lá, fomos de táxi ao terminal rodoviário comprar passagens para La Paz. Atravessamos a cidade para almoçar macarrão e omelete engordurados no restaurante do bairro Recoleta com vista para a cidade, enquanto esperávamos a abertura do convento e igreja homônimos. O pátio com arcos em frente a eles é tomado pela febre dos totós, aqueles brinquedos c/ miniaturas de jogadores de futebol. Ao mesmo tempo, a igreja celebrava o funeral de uma autoridade da região.

 

Sucre (Bolívia, 13º dia) - parte 3 (12:00 am)

Terminada a gordura do almoço, fomos ao Convento e Museo La Recoleta. A visita é orientada por uma guia. O passeio inclui a ida aos pátios, que são menos preservados do que o de San Felipe, mas ainda interessantes. Atrás do pomar, está o cedro de 1.400 anos. Reza a lenda que Simón Bolívar meditava aos pés deles e quem der três voltas ao redor da árvore para a direita, casaria. Para a esquerda, pode pedir três desejos. Ninguém do grupo de visitantes foi para a direita... O destaque da igreja fica por conta da área reservada ao coral, no segundo piso, toda em madeira trabalhada e com imagens de santos talhadas. O museu fica no bairro de mesmo nome, no alto de um morro. Entrada: 15 bolivianos (R$ 4). Fecha às 11h30 e reabre às 14h30.

 

Ainda que a Recoleta esteja bem classificada em guias de viagem, a melhor visita desse dia foi o Convento Santa Clara. O ambiente é simples, mas a guia foi toda atenciosa e explicou cada uma das peças da pinacoteca do lugar sem que isso fosse cansativo. Além dos quadros, mostrou esculturas, ostensório e imagens. Boa parte era de dotes recebidos pela clarissas ao receberem uma noviça. A guia mostra também como as adaptações na arquitetura impediam o contato delas com a população. Até mesmo na confissão com padre, só se ouvia as vozes das enclausuradas. Atualmente não há tanto rigor, exceto com as noviças. As mudanças incluíram há quatro meses a entrada de turistas a corredores do pátio, ondem foram descobertas pinturas sobre a camada de tinta branca. Suspeitam que todo o corredor esconde algo. Se nossa visita fosse há décadas, também não veríamos um grupo de enclausuradas ensaiando no interior da igreja com violino, teclado e outros instrumentos. O contato permite que elas também façam um rodízio para irem à rua fazer compras. Sucre se encerra com esta aula de história da arte.

 

O rumo agora é La Paz, a capital efervescente.

- La Paz, La Paz, Copacabana, gritam as vendedoras de passagem na rodoviária.

 

:::: Serviço:::

- O terminal rodoviário fica a mais de cinco quilômetro do Centro.

- A hora na lan house é barata, a 2 bolivianos, ou menos de R$ 0,60.

- A chamada de telefone em cabines, que normalmente ficam nessas lan house, custa 4 bolivianos (R$ 1) por minuto. Esqueça o celular e as ligações via hotel.

- Várias empresas de ônibus fazem Sucre-La Paz. Fomos pela TransCopacabana, em ônibus cama, confortável, a 100 bolivianos (R$25).

- As bagagens são pesadas no guiché de venda da passagem. Se ultrapassar 20kg, tem que pagar uma taxa.

- Hospedagem: Hostal Sucre, 83 bolivianos (R$ 22,50) a diária, em quarto triplo. Há mais baratos, mas vale a pena pagar mais (o que é pouco), pela arquitetura, serviços, quarto com TV a cabo, chuveiro forte com água quente, mas com carpete e duas tomadas (brasileiras antigas). Aceita cartão de crédito sem acréscimos e guardar as malas sem cobrar.

 

Friday, July 29, 2011

La Paz (Bolívia, 14º dia) (10:00 am)

 

Mais um destino nesta boa viagem. A chegada a La Paz vem com o alerta que vários guias sinalizaram: ou você gosta, ou não da cidade. A sensação é de um meio termo, com bons motivos para os dois lados. Por isso mesmo a permanência na cidade que seria de dois dias foi reduzida para um. Mas há explicações que relativizam essa percepção.

 

La Paz é sim um caldeirão, caótica, com trânsito desorganizado, buzinaço, ruas com muita fiação exposta e ambulantes. Motoristas de ônibus e vans param no meio da rua, embora faixas implorem para obedecer os pontos de parada. A cidade concentra a população do país, é um polo de atração de gente vinda de outras regiões, traduz a desigualdade do país e sua história.

 

Mas a capital tem atrações turísticas interessantes, incluindo a cultura de seu povo e o preço baixo dos produtos. Aqui a maioria dos objetos é mais em conta. Os melhores passeios, em minha opinião, ficam nos arredores, o Vale da Lua, as ruínas de Tiwanaku, a estrada mais perigosa do mundo, e o pico Chacaltaya. Só esses atrativos valeriam uma viagem, mas já vistos em Santiago, Atacama e Uyuni. Sobrou o centro da cidade, o caldeirão.

 

Começamos pela Igreja de São Francisco e mais um convento-museu. O diferencial fica com a fábrica de vinho que existia ali, para consumo próprio e de outras igrejas. Chama a atenção ainda as salas de oração e de castigo/flagelo, onde, segundo a guia, os internos podiam dias ou anos. Assim como em Potosí e Sucre, é permitido caminhar no telhado da igreja e ir ao campanário.

 

Dali até a Plaza Murillo leva cerca de dez minutos. O lugar é interessante, indispensável pelo valor histórico e político. E quantas reviravoltas esse país viveu. Muitos já passaram pelo Palácio Quemado, liderado atualmente por Evo Morales. Por estar colado à calçada, deve ser um desafio para a segurança, lembrando o Palácio do Catete, no Flamengo (Rio). À direita do Palácio, fica a sede do Legislativo (a do Judiciário está em Sucre). Espere ver equipes de TV interceptando parlamentares, de quem não temos nem noção.

 

Também na Plaza Murillo fica a Catedral, monumento de ostentação, principalmente em seu interior, com grandes e largas colunas. A tranquilidade do interior do templo contrasta com o alvoroço das centenas de pombas na parte superior da praça. Basta jogar um grãozinho sequer de milho, vendido por uma senhora, para elas se juntarem em seus pés, ou melhor, no de uma criança, acompanhada de uma mulher. Quem não gosta dessas aves vai passar voando por essa área.

 

:::Serviço::::

Ig. São Francisco. Fica prox. a Sagarnaga, a rua movimentada do comércio popular. Entrada: B$ 20 (inteira)/ B$15 (estudante). Inclui guia.

 

Melhor câmbio: R$1 = B$4,02 em pechincha no Centro

 

La Paz - (Bolívia, 14º dia) - parte 2

Da Praça Murillo, visitamos mais uma igreja...um recorde: a Iglesia de La Merced. Mas fomos conhecer outras facetas da cultura boliviana: a Calle de Las Brujas e o Museo de La Coca.

 

Antes, seguimos pela Sagarnaga, famosa por abrigar lojas baratas, de artesanato, roupas, bugigangas e tecidos. Não hesite em pedir desconto, como nos sugeriu um livreto sobre a cidade. A maioria das vendedoras concede mesmo. O interessante é que em ruas paralelas, as cholas vendedoras ficam sentadas sobre a banca, em meio às roupas, no chão ou em tablados. Pase, pase, señor, dizem.

 

Na tão falada Calle de las Brujas há sim fetos de lhamas, e aos montes, expostos em bancas fora das lojas em meio a outros apetrechos de ritual, sorte ou feitiçaria. Dizem que são objetos de oferenda a Pachamama, a deusa-mãe da terra. Vale assistir ao documentário de mesmo nome, dirigido por Eryk Rocha.

 

Por outro lado, o também citado Museo de la Coca, nas intermediações, desaponta pela falta de organização, tamanho e pouca sinalização externa. A sala prioriza fotos e textos curtos sobre o cultivo da folha de coca e sobre a cocaína. Não faz apologia, explica o histórico cultural e benefícios da folha e chá, mas não vai mais além. É pouco atraente. Um painel interativo (o mais interessante) mostra a rapidez com que a droga em pó chega ao cérebro.

 

La Paz traz outras curiosidades: ainda há profissional autônomo com máquina de escrever em plena rua para bater formulários burocráticos ou mesmo cartas. Nas inúmeras barraquinhas de doces a produtos de limpeza, a presença feminina ainda é predominante, como em Sucre.

 

Eles estão mesmo é no comando dos ônibus e busetas (micro-ônibus) bem antigos, semelhantes a laranjeiras. Foi uma experiência e tanta poder se infiltrar em meio aos nativos para ir, de buseta, até a rodoviária. No terminal, de formato circular e pequeno p/ capital, espere por mais chamadas daquelas: “Copacabanaaaa, Copacabanaaaa”.

 

Partimos na manhã seguinte, deixando a capital mais alta do mundo, a mais de 3.600 metros, rumo ao Lago Tititcaca, que tb ostenta o título de ser o lago navegável mais alto do planeta.

 

::: Serviço::

Museo de la Coca. Entrada B$ 10. Não aceita carteira de estudante.

Buseta: passagem B$ 1

Hotel Cordillera Real. Relativamente caro (o mais caro da viagem): B$ 280 (R$ 70!!!) em quarto triplo, banho quente, internet no saguão, bom atendimento. Fica a menos de dez minutos a pé do Centro.

Ônibus para Copacabana: B$ 25, saída às 8h, pegando em frente ao hotel, porque as ruas ficariam interditadas para o desfile da Entrada Folclórica, na avenida principal, com grupos de todo o país.

Táxis da rodoviária para o Centro: B$ 10 (R$ 2,50) por pessoa.

De La Paz a Copacabana: três horas e meia.

O almoço foi em um restaurante de um hotel.

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