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Carnaval 2015 - Trilhas Ilha Grande


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Eu e mais 3 pessoas (meu marido e um casal de amigos) fomos à Ilha Grande no Feriado de Carnaval de 2015. Fiz um relato sobre nossa “aventura”.

 

Foi nossa primeira experiência em trilhas extensas. Nós estudamos mapas, relatos, compramos o livro do José Bernardo – Caminhos e Trilhas para Ilha Grande (indico), perguntamos para nativos, conversamos, enfim, fomos bem preparados para qualquer imprevisto.

 

Chegamos em Angra dos Reis no dia 13/02, às 8h da manhã, aproximadamente. Nosso ônibus quebrou logo depois de passar por Paraty, ficamos quase uma hora esperando outro, o que atrasou nossa chegada. Nada demais.

 

Chegando na Rodoviária de Angra, corremos para Turisangra para pegar a autorização para Aventureiro, pois tínhamos a intenção de passar por lá também. Como não se entra sem autorização, providenciamos para o período todo do Carnaval.

Saindo da Turisangra, fomos tomar café em uma lanchonete de esquina em uma rua movimentada perto do Cais. Gastamos 22,00 por casal (dois pães na chapa, 4 pães de queijo, uma jarra de suco de laranja e dois cafés para cada casal). Compensou muito.

Partimos então para o Cais, para pegarmos o barco para Abraão. Havia duas opções: Fast Boat por R$40,00, chegando em meia hora na Ilha ou o barco comum por R$25,00, chegando em 1h30 aproximadamente. Optamos pelo segundo, no intuito de economizar, chegamos na Ilha 11h30.

Já havíamos reservado Camping (Raio de Sol, R$30,00 por pessoa), então chegamos em Abraão e já nos instalamos, pois o dia havia sido reservado para a subida ao Pico do Papagaio.

 

Dia 1 – 13/02 – Pico do Papagaio

Pegamos a estrada para Dois Rios e, após uns dois km de caminhada, chegamos ao acesso ao Pico. Estava uns 40 graus, um dia lindo de morrer. Começamos a subir por volta das 13h.

Confesso, menosprezamos a trilha. Em 20 minutos de subida já estávamos sem água. A subida é realmente extenuante e tivemos sorte de acharmos um riacho para abastecer as garrafas. Nós levamos purificador de água, então não tivemos grandes problemas. Mas acho que, dadas às circunstâncias, mesmo sem o purificador, teríamos tomado a água, pois estávamos encharcados de suor e o medo de desidratar superaria o possível piriri por água contaminada (risos).

Bom, continuamos a trilha depois de refrescados, mas não houve moleza. É subida íngreme mesmo, em degraus de raízes e pedras, mas a trilha estava bem demarcada, em quase todo o percurso. Ficamos em dúvida apenas quando chegamos a uma enorme pedra, mas logo vimos que a trilha era para direita.

Com uma hora de trilha eu já estava morta. Sério. Eu já corri meia maratona, corro longas distâncias com certa regularidade, tenho um condicionamento físico bom, mas a subida é realmente pesada. Possível de se fazer sim, mas é pesada. Continuei subindo reclamando um pouco e pedindo desculpas aos demais, pois não existe nada pior do que gente reclamona.

Encontramos algumas pessoas já descendo, perguntávamos se o pico estava perto e as respostas não ajudaram muito: um disse que faltava meia hora, o outro, encontrado depois, disse que faltava uma hora e meia. Nessa ocasião, o Eduardo (meu marido) já estava desidratado e sem forças para continuar.

O outro casal estava cansado também, mas não como ele. Mas decidimos continuar, pois já estávamos subindo há umas 2 horas e seria uma sacanagem morrer na praia.

O gás que eu havia perdido no início foi recuperado depois da ingestão de um carbogel. Ah, detalhe, fomos tão despreparados e prepotentes que levamos apenas 4 barrinhas de cereais e meia dúzia (literalmente) de castanhas do Pará. Óbvio que perderíamos o gás! Eu ainda peguei o carbogel de teimosa, e foi o que me salvou. Desembestei a subir e fui a primeira dos 4 a chegar no Pico.

Chegamos no Pico às 15h20. Que sensação de vitória! Ouvimos os gritos dos Bugios ecoando por toda a Ilha, além da vista maravilhosa. Realmente compensou o esforço.

Comemos as 4 barrinhas de cereais que havíamos levado, tomamos um pouco de água e descansamos até 16h. Tiramos fotos, contemplamos e nos preparamos para descer.

A subida foi dura. A descida, também. Mas como já conhecíamos o caminho, foi mais rápida, levamos “apenas” 2h30 para descer.

Quando avistamos a estrada de dois rios pela trilha, agradecemos a todas as entidades cósmicas por termos conseguido concluir a trilha sem nenhum problema.

Chegamos no Centro de Abraão, compramos Isotônicos e Energéticos e fomos para o camping, a fim de tomarmos banho e partirmos em busca de um prato de comida, pois já era mais de 18h e estávamos com o café da manhã, as barrinhas e castanhas no organismo, apenas. Com certeza estávamos também desidratados e com hipoglicemia, pois além da sede, estávamos com tontura e “tremedeira”.

Ao chegarmos no Camping, lembrei que havia comprado um saco com 4 pães de gergelim. Abri e dei um para cada um, foi o nosso pré-banquete. Nunca em toda a história da humanidade um pão seco foi tão saboroso! Comemos, Tomamos banho e fomos em busca de um restaurante.

Achamos um lugar bacana, com preço justo, comemos um PF cada um, algumas cervejas para brindar nossa conquista e retornamos ao camping.

Fim do primeiro dia.

 

Dia 02 – Abraão – Palmas

A intenção era acordarmos 6h da manhã, mas não foi possível. Acordamos pouco depois disso, arrumamos as coisas e partimos para a Praia de Palmas. Foi a primeira trilha com a Cargueira nas costas, sem muitas dores do Pico, pois as dores vieram no terceiro dia. Mas a trilha entre Abraão e Palmas não foi assim aquela coisa fácil de se fazer não, paramos algumas vezes para descansar e tomar água, e chegamos em Palmas por volta das 12h, 13h.

Assim que chegamos, conversamos para decidir o que faríamos. A intenção era seguir em frente e ir para Caxadaço já nesse dia, mas estávamos muito receosos. Estávamos um pouco cansados do Pico e com medo de não conseguirmos dar conta do restante da trilha. Eu acho que foi uma decisão sensata, pois depois do sufoco que passamos para subir ao Pico do Papagaio, passamos a enxergar as trilhas com outros olhos.

Achamos um camping para nos instalarmos (R$20,00 por pessoa), armamos as barracas e voltamos para a praia, almoçamos e aproveitamos para descansar.

Enquanto estávamos na praia, conhecemos um rapaz que trabalhava no restaurante onde almoçamos. Falamos a ele que tínhamos intenção de ir a Caxadaço no dia seguinte e a resposta foi: “Qual o problema”? Insistimos em saber se era muito difícil e ele disse: “Que isso, 1 horinha vocês chegam, é só manter a direita”. Aham.

Fomos para a Praia Brava no final da tarde e, por volta das 19h, começou uma chuva forte e chata, que parou só no final da madrugada.

Acordamos, nos arrumamos, tomamos café no mesmo restaurante que almoçamos no dia anterior e partimos rumo a Caxadaço.

 

Dia 03 – Palmas – Pouso – Lopes Mendes – Caxadaço

Seguimos em frente na caminhada, passamos por Pouso e chegamos a Lopes Mendes. Era cedo, por volta das 11h30 da manhã, a praia estava vazia, com um visual de praia deserta de filme.

No meio do caminho, uma mulher que tinha uma barraca de comida e bebida em Lopes Mendes quis botar um medo na gente, já que estávamos com as cargueiras. Disse que se fôssemos pegos pela fiscalização pagaríamos multa de R$5.000,00, e que levariam nossas coisas, etc etc. Isso porque ela nem sabia que nossa intenção era fazer camping selvagem em Caxadaço. Mas ela conseguiu nos deixar preocupados.

Ficamos em Lopes Mendes até umas 15h30 e, bem antes disso, passaram dois fiscais do INEA. Olharam para nós assim como olharam para os demais, mas continuamos preocupados.

O rapaz da praia de Palmas havia dito que, se quiséssemos driblar a fiscalização, o ideal era chegarmos em Caxadaço no final da tarde, quase anoitecendo. Então quando deu 15h30, nos arrumamos e partimos rumo à trilha não oficial para lá.

Não deu tempo de passarmos em Santo Antônio, mas como não era nossa prioridade, nem esquentamos a cabeça. Agora vai começar, de fato, a aventura.

Bom, estávamos com bastante água e comida, então seguimos em frente. No começo ela é bem demarcada, mas logo após uns 10 minutos de caminhada, começa a confusão. Nos guiamos pelas fitas colocadas nas árvores.

Primeiro obstáculo foi descer um barranco muito escorregadio com as cargueiras. Esse barranco não estava descrito no livro do Bernardo, mas havia uma barreira no caminho que ele indica, então, não tivemos alternativa. Foi nesse momento que começamos a ficar apreensivos e, por sorte, havia um casal atrás de nós que também faria a trilha. A moça já conhecia o caminho, então sugerimos que ela fosse à frente.

A trilha é complicada, ora mata fechada, ora demarcada, muitas subidas e descidas íngremes. Passamos por uma pedra escorregadia que tinha uma corda para auxiliar a travessia e por uma outra pedra, também com uma corda, que descemos “rapelando”. Até aí, apesar do cansaço, ok. Quer dizer, ok entre aspas, pois só estava ok mesmo, pois confiamos o percurso à moça que conhecia. Tenho certeza que, se o casal não tivesse aparecido, a situação teria sido desesperadora. Depois de mais ou menos 1h30 de trilha, começou a chuva. Daí o bicho pegou.

A chuva começou fraca, depois virou forte, depois virou tempestade com raios e trovões. As subidas e descidas viraram cachoeiras, sério. Não sabíamos onde pisávamos, onde colocávamos as mãos. Estávamos completamente encharcados, começou o cair da noite e não chegávamos nunca! A nossa “guia” acabou seguindo também as fitas nas árvores, o que acabou aumentando a distância do percurso, pois, certamente, quem colocou aquelas fitas se perdeu.

O dia foi indo embora e a apreensão ficou ainda maior. Na verdade o sentimento não era apreensão, era medo. Medo do desconhecido, de não saber o que aconteceria no minuto seguinte, dos obstáculos mais que enfrentaríamos.

O momento crucial foi quando nos deparamos com uma parede de barro, onde escorria muita água, como uma cachoeira mesmo. Tivemos que escalar essa parede e confesso que, até agora, não sei como consegui fazer isso.

Passado mais algum tempo, chegamos em um riacho com umas pedras grandes, ou seja, fomos parar onde não devíamos. Voltamos para a trilha (sem trégua da chuva) até que finalmente chegamos em Caxadaço. Finalmente chegamos, que alívio!

A praia é bem curtinha, com muitas pedras. Assim que saímos da trilha, seguimos em frente para arrumar um lugar para nos instalarmos antes de escurecer completamente. Já era quase 20h, tinha ainda um pingo de raio de luz e a chuva não dava trégua. Foi nesse momento que eu tomei um rola transcendental, ao pisar na ponta de uma pedra escondida sob a areia da praia. Eu estava com a cargueira e caí feito um saco de areia, foi ridículo. Xinguei até a minha quinta geração pois, em nenhum momento da trilha, com todos os obstáculos que passamos, eu caí ou escorreguei. Vejam como o ser humano é, foi só ter um pinguinho a mais de confiança que eu me descuidei. Mas por sorte não me machuquei, foi só uma rasteira da pedra para eu ficar esperta.

Não há muitas opções para camping lá e não aconselho a se instalar na areia, pois a maré sobe. Nós subimos para um caminho que nos levaria para as pedras e achamos espaço para nossas duas barracas. A minha ficou do lado direito para quem olha para o mar. O terreno estava um pouco acidentado e inclinado, mas nem nos preocupamos com isso. A adrenalina tinha baixado e nesse momento comecei a sentir frio.

Nota: A chuva nos foi muito útil, pois pegamos a trilha salgados do mar de Lopes Mendes e ela nos serviu de banho.

Eu e meu marido tiramos as roupas molhadas e tênis e largamos tudo do lado de fora da barraca. Entramos, nos enxugamos e vestimos roupas secas. Eu não conseguia sequer raciocinar. Estava sem sede e fome, mas tomei uns goles de água, comi umas castanhas e nos arrumamos para dormir. A adrenalina ainda estava a mil.

Durante a madrugada, a chuva ficou mais forte, com mais raios e trovões. Como levamos lona, nossa barraca não molhou muito, mas tivemos que usar a única toalha que tínhamos para enxugar as poças provocadas pelo suor da lona, no lado de dentro da barraca. Ok quanto a isso, pelo menos estávamos seguros e secos.

Foi a noite em que mais descansei. Acordei em alguns momentos em que ouvia as ondas do mar batendo nas pedras, mas não tive coragem de colocar a cabeça pra fora pois temia que o mar tivesse subido até nós. Então, logo voltava a dormir e pensava “Bom, se o mar chegar aqui a gente vai sentir”...

A adrenalina do percurso até ali não pode ser descrita em palavras, só nós sabemos o que passamos. E uma coisa eu afirmo, são nas condições adversas que o ser humano descobre o verdadeiro valor da sua vida e a força e capacidades de lidar com os problemas e desafios.

Conselho de amiga: não faça essa trilha se não for experiente e nem se chover. Você pode se perder e ter que passar a noite na mata, além de algumas regiões da Ilha Grande já ter sofrido deslizamentos cruéis.

Amanheceu! Parou de chover no fim da madrugada e ao acordarmos, fomos dar conta do que faríamos da vida. Saímos da barraca, tomamos nosso café da manhã (eu ainda estava sem um pingo de fome) – água de côco de caixinha com barrinha de cereal, castanhas e bananinhas e levantamos acampamento.

O casal que nos guiou / salvou resolveu ficar por lá. Assim que estávamos prontos para ir embora, atracaram duas ou três lanchas e dois caiaques. Turistas do Carnaval indo conhecer a praia. Uma pena que não estava sol, pois ela é realmente linda!

 

Dia 04 – Caxadaço – Dois Rios – Abraão

Pegamos a trilha de Caxadaço para Dois Rios, super tranquila por sinal e, ao chegarmos em Dois Rios, a sensação foi de vitória, pois conseguimos cumprir nosso objetivo – camping selvagem em Caxadaço em pleno Carnaval! A trilha para Dois Rios também tem subidas e descidas, mas, depois do que enfrentamos para subir ao Pico e para chegar em Caxadaço, nenhuma outra trilha superou esses dois percursos.

Assim que chegamos a Dois Rios, escrevemos o nome e horário de entrada em uma Guarita. Entramos e fomos para a Praia. Para ser sincera eu gostei muito dessa praia, mais até do que Lopes Mendes. Isso porque o tempo estava completamente fechado.

Ficamos um tempo na praia e fomos almoçar. Ah, detalhe, enquanto estávamos na praia, um carro do INEA estacionou por lá.

Compramos um PF para cada um e, depois de conversarmos, chegamos à conclusão de que merecíamos uma noite de conforto, depois dos perrengues até então. Nossas roupas estavam molhadas, mas daria para continuar, mas entramos em um acordo e resolvemos voltar. Pegamos a estrada sentido Abraão, com a mochila pesando o dobro devido às roupas molhadas, mas seguimos sem grandes dificuldades. E agora o Gran finale de Caxadaço: Um pouco acima eu comentei que vimos um carro do INEA estacionar na praia de Dois Rios, lembram? Pois bem, enquanto caminhávamos na estrada para Abraão, eis que o carro passou por nós. Quem estava dentro dele??? O casal que havia ficado em Caxadaço. O rapaz me viu na estrada, nos entreolhamos e dentro de dois segundos o carro parou e perguntou ao meu marido: vocês estão vindo de Parnaioca? Ele não tinha se ligado que eram os fiscais, nem que o casal estava dentro do carro e disse que não. Disse que viemos de Palmas, passando por Lopes Mendes, Caxadaço e Dois Rios. A resposta colou e eles foram embora.

Ou seja, os fiscais pegam mesmo e te levam embora. Não que isso seja ruim, pois eles economizaram uma boa caminhada de Dois Rios até Abraão, mas estraga qualquer plano...

Chegamos em Abraão depois de umas 2horas e nos hospedamos em um Hostel. Deu para colocar as roupas para secar, tomar um banho decente e, depois de jantar, dormir profundamente sem a preocupação com a chuva.

 

Dia 05 – Abraão – Araçatiba

Acabamos pagando um barco para Araçatiba e nos arrependemos profundamente, pois nossas experiências ali não foram lá muito agradáveis, com exceção da melhor porção de mandioca frita do mundo servida no Restaurante Mar de Araçatiba. Os únicos conselhos que eu posso dar são: coma essa porção de mandioca e não se hospede na Pousada do Popeye. Você poderá sofrer um atentado contra sua vida, vai por mim.

Passamos a noite em Araçatiba e, no dia seguinte, visitamos a Lagoa Verde – linda por sinal, acesso por uma trilha leve de 30 minutos. Depois, voltamos, almoçamos e pegamos um barco para Angra, pois já estávamos com viagem comprada para SP.

Os dois últimos dias não estavam previstos, A intenção era sair dali e ir para Aventureiro, mas não foi dessa vez. Não vou entrar em detalhes do motivo pelo qual desistimos, pois foi uma decisão que nos frustrou bastante. Ficamos com gostinho de quero mais e vamos nos programar para dar a volta completa na Ilha, em uma época de baixa temporada, para que possamos aproveitar melhor e contemplar com mais tranquilidade.

 

Observações

Como foi nossa primeira experiência com trilha e depois de ter pesquisado muito sobre equipamentos e dicas, acho que posso contribuir também com algumas impressões.

 

Trilhas

Não menospreze o conselho dos mais experientes e a força da natureza. Respeite quem conhece, siga o conselho dos nativos com cautela, pois eles fazem as trilhas com muita facilidade, respeite os limites do seu corpo e esteja preparado para experiências novas (boas ou ruins). Seja cauteloso, por mais que lhe custe caminhar por mais tempo. Nosso amigo quase caiu barranco abaixo quando estávamos na trilha para Caxadaço, pois “achou” que daria para descer um trecho perigoso em pé. Ele caiu, se machucou e ficamos ainda mais apreensivos, sem necessidade. Esse tipo de ocorrência só serve para nos deixar em situação de mais estresse.

 

Equipamentos

Quando estávamos montando nosso roteiro, pesquisamos sobre itens de extrema importância para levarmos. Tudo o que levamos foi usado, com exceção de uma lâmpada e fita isolante. Os demais itens – lanterna, capa de chuva, lona, silvertape, varal, repelente, protetor solar, esparadrapo, medicamentos etc. nos foram muito úteis. A capa de chuva, no meu caso, serviu para proteger a mochila, pois eu não comprei a capa impermeável. Na Trilha para Caxadaço, protegi a mochila e fiquei na chuva, o que minimizou o estrago no que havia dentro dela.

Ah, a lanterna foi meio inútil, pois levamos também head lamp;

 

Mochila

Eu e meu marido compramos duas mochilas FIT Náutica, sendo que uma estava zero bala e a outra foi de segunda mão. Essa usada tinha até cheiro de nova, mas a barrigueira rasgou quando chegamos em Abraão, no primeiro dia. Rolou um micro ataque do coração, mas a fita de reforço segurou as pontas. No final da viagem, rasgou tb a parte do tecido e espuma que fica na região da Lombar.

Ou seja, invista em uma mochila de boa qualidade, mesmo que pague mais caro. A mochila saiu por R$100,00 e o conserto, R$80,00. Não mandei arrumar, pois tenho fé que vou achar um preço inferior, caso contrário vou encostá-la para viagens de carro.

Confie quando ler relatos onde dizem – leve o mínimo de peso possível. E tenha uma pochete para virar sua alma gêmea na viagem, assim você não corre o risco de perder os itens mais importantes – dinheiro, celular, documentos.

Outra coisa que deve ser manjada, mas vou falar mesmo assim. Leve tudo dentro de saco plástico (roupas, equipamentos, alimentos) e leve saco de lixo. Papel higiênico também.

 

Barraca

Minha barraca tem mais de 13 anos e tinha sido usada duas vezes antes dessa viagem. A marca é Coleman, preciso confirmar o modelo, mas tem 2,10 por 1,85. Meu marido tem 1,93 e eu 1,61, não tivemos problemas nem em relação ao espaço nem em relação à chuva. Tudo bem que usamos lona por cima, para garantir hehehe.

Já o casal que foi conosco levou uma barraca bem pequena. Mal cabiam os dois e as mochilas dentro, além de terem tido problemas com a chuva – mesmo com a lona.

 

Levei um saco de dormir para mim e um EVA para ele. Ele não se queixou, mas eu fiquei toda doída pelo chão duro, além de ter passado frio quando dormimos com a barraca sobre o chão molhado. Então, meu próximo investimento (além da mochila) será colchão inflável e isolante térmico.

 

Gastos

Se não tivéssemos pernoitado em Hostel e Pousada, teríamos economizado mais. Acredito que, em linhas gerais, ficou em torno de uns R$1000,00 por pessoa, incluindo passagens, investimento com equipamentos, alimentação, bebidas, campings, pernoites.

 

Aventureiro

Não conseguimos nenhum barco da Ilha que nos levasse para lá. O máximo que os barqueiros faziam era oferecer o passeio em volta da Ilha por uns R$180,00, mas passaríamos por várias praias durante o dia todo até chegar lá. Existe barco direto de Angra para Aventureiro e, se por ventura você quiser ir de Abraão para Aventureiro, não hesite em voltar para Angra e pegar outro barco. Com certeza vai sair mais barato que o passeio em volta da ilha, além de economizar um tempão. Invista em Fast Boat, em 1h estará em Aventureiro, por R$100,00.

Fast Boat Abraão para Angra – R$40,00

Barco Angra para Aventureiro – R$50,00

 

Estou baixando as fotos no flickr aos poucos, estou super sem tempo. Mas quem quiser dar uma olhada no que já tem lá, segue link: https://www.flickr.com/photos/131415402@N08/

 

Dúvidas estou à disposição!!!

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Fala, Patricia!

 

Primeiramente, parabéns pela aventura e pelo relato!

 

A trilha Santo Antonio X Caxadaço (trilha "não-oficial") certamente não é uma trilha para principiantes. Mesmo pessoas com maior experiência encontram dificuldades de orientação (especialmente no sentido Santo Antonio - Caxadaço), devido a inúmeras bifurcações pois as pessoas que perderam o caminho, foram abrindo novas "picadas" (aí os próximos trilheiros chegam a uma aparente bifurcação e vão por ali investigar, o que só contribui para abrir mais o falso caminho que não leva a lugar nenhum). Isso sem falar quando colocam uma sinalização de segurança neste caminho (que ainda não sabem que é falso), para poderem voltar ao caminho certo, e acabam não retirando a sinalização do caminho falso. Outro detalhe é que na maior parte a trilha se dá por mata fechada, com encostas íngremes, num clima tropical. Pronto, está formada a receita perfeita para que a trilha mude bastante ao longo dos meses e anos, já que deslizamentos de terra e quedas de árvores vão bloqueando o caminho conhecido, e novos precisam ser abertos, o que gera possíveis novas bifurcações. Como você disse, há trechos íngremes em barrancos e quedas potencialmente fatais podem ocorrer (ainda mais com cargueira nas costas, que ajuda a desequilibrar). Resumindo: é uma trilha que pode custar muito caro a curiosos e despreparados. Não que seja seu caso, já que tem bom preparo físico, alguma experiência e estava com o excelente livro do José Bernardo - Caminhos e Trilhas da Ilha Grande. Mas veja que mesmo assim ficou em apuros. Eu já fiz esta trilha nos dois sentidos e, mesmo com experiência e GPS na mão, em alguns momentos é preciso parar alguns instantes para decidir qual caminho seguir. Outro problema, muito grave por sinal, é realizar este percurso no verão, especialmente na parte da tarde, onde verdadeiros temporais e até mesmo deslizamentos de terra são frequentes. A quem quiser se aventurar a fazer esta trilha, sugiro muito preparo, nem tanto físico (embora seja relativamente exigido), mas principalmente de planejamento, dados de orientação e da parte psicológica. Bons calçados antiderrapantes são fundamentais. Outra coisa é preferencialmente fazer fora do verão e, caso vá fazer nesta época, verifique a previsão do tempo antes e comece bem cedo pela manhã (para minimizar chance de temporais durante a caminhada). Lembrando que é proibido acampar por lá. Então deixe suas cargueiras escondidas pelo mato para que não caia na fiscalização e deixe para armar as barracas já no início da noite, levantando acampamento ao nascer do sol. Não há descampado e as barracas precisam ser montadas sob árvores, o que num temporal é temerário um galho ou mesmo uma árvore cair sobre o acampamento durante ventanias (mais um motivo para não preferir o verão). Não devemos nunca temer a natureza, mas respeitá-la e planejarmos bem nossas aventuras, de acordo com os desafios que ela nos oferece.

 

Abraços!

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  • Colaboradores

Só um detalhe, Patricia. Você relatou que seu marido dormiu sobre o isolante térmico e você no saco de dormir direto no chão da barraca e que quem sentiu frio foi você. O saco de dormir serve para mantermos o calor de nosso próprio corpo sem perder calor para o ar e não nos aquece e nem protege contra a perda de calor para o chão, daí porque você sentiu frio e seu marido não. Você citou que comprará um colchão inflável e um isolante de EVA. No caso, se for comprar o colchão inflável, não precisará de isolante térmico, já que o ar do colchão já te isolará da perda de calor para o chão. Outra coisa é que sua mochila ficará bem mais pesada... Basta comprar um isolante e usar o saco de dormir que já tem. Isso dependendo do tipo de saco que tem (para qual temperatura ele foi produzido para ser usado) e o clima que você encontrará na próxima aventura.

 

Abraço!

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  • Membros

Oi Claudio!

 

Assino embaixo de tudo o que escreveu sobre Caxadaço! Respeitar a natureza e a força que ela tem foi uma das principais lições que aprendi. A princípio nos sentimos muito confiantes e invencíveis, como eu disse, pura prepotência. Tivemos sorte de ter concluído a missão sem problemas, portanto, planejaremos ainda mais a próxima viagem.

 

Sobre o frio, após algum tempo, decidimos estender o EVA na horizontal, para proteger as costas. Usamos as mochilas como apoio de cabeça e usamos o saco de dormir para as pernas. Então, eu passei frio apenas nos primeiros momentos dentro da barraca.

Seguirei sua dica sobre comprar apenas o isolante e talvez outro saco de dormir para temperaturas menores.

 

Obrigada! ::hãã2::

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