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Relato viagem Índia - 25 dias (dez/2017 e jan/2018)


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Olá viajantes,

Estou iniciando aqui minhas contribuições para o site com o relato da minha viagem para a Índia de dez 2017/jan 2018. Esses posts estão no meu blog (detantoandarblog.com), onde tem fotos tb! 

Espero que seja útil!

Obrigado

Matheus Santos - detantoandarblog

 

PLANEJAMENTO E B.O.'s

Eu ouvi de uma pessoa aleatória que não era muito fácil viajar pela Índia. Depois de alguns meses ouvi a mesma coisa de uma mexicana que havia vindo pra cá há pouco tempo. Eu duvidei, como se esperaria de um geminiano metido a independente. Depois de aventuras durante toda a viagem por causa de um caos nos transportes do país, eu tive que concordar e repetir a mesma frase colocando uma dose exagerado dos meus dramas. Resumindo a história, as estradas péssimas, ônibus sujos e em más condições e os trens que atrasam até 12 horas dificultaram a viagem um pouco.

Embora tenha enfrentado perrengues, nada disso me impediu de amar a Índia. Ainda assim, eu acho muito importante que você venha com a mente e coração abertos. Ok, traga um calmante também. 

Ao planejar, focamos em dois estados: Rajastão, onde visitamos Udaipur (2 noites), Jodhpur (2 noites) e Jaisalmer (3 noites) e Uttar Pradesh, onde visitamos Agra (1 noite) e Varanasi (2 noites). Também teve a capital, Déli (5 noites), e minha favorita, a cidade Rishkesh (10 noites), ambas relativamente próximas dos outros locais citados.

india map

 

DESLOCAMENTOS

Delhi – Rishikesh: Avião até Dehradun e (1:30 min) táxi até Rishikesh.

Rishkesh – Delhi: 7 horas de ônibus

Delhi – Varanasi: Avião (1:30)

Varanasi – Agra: ônibus (13 horas)

Agra – Udaipur: trem (13 horas)

Udaipur – Jodhpur: taxi (10 horas, parando no forte Kumbhalghar e no templo Sheth Anandji Kalyanji)

Jodhpur – Jaisalmer: taxi (5 horas)

Jaisalmer – Delhi: trem (17 horas, sendo 5 de atraso)

AGORA OS B.O.'s

Primeiro B.O. Chego no aeroporto de Déli. Fico horas na fila da imigração. Atraso para pegar um táxi que havia reservado para me levar para Rishikesh (para lá da para ir de avião, ônibus ou táxi). Pego minha mala. Não consigo me conectar a internet do aeroporto para tentar mandar mensagem no Whatsapp do motorista porque exigem um número indiano. Decido tentar achar o homem que deveria estar em outro terminal. Saio do meu terminal. Caminho até o ponto do ônibus do aeroporto. Descubro que o ônibus para o outro terminal é pago. Volto para trocar dinheiro. Descubro que não posso entrar novamente (só Deus sabe porque, mas na Índia você só entra no aeroporto se tiver passagem). Me ferro. O guarda fica com pena de mim e diz para eu deixar minhas malas lá com ele e me deixa entrar para trocar dinheiro. Desisto do taxi. Felizmente eu havia comprado uma passagem de avião para ir para Rishikesh e não cancelei. Fui de avião mesmo. 

Segundo B.O. Compro passagem de ônibus noturno Rishkesh para Delhi. Estou hospedado perto do que parece ser a rodoviária. Faço check out uma hora antes do bus. Não há táxi ou tuk tuk para me levar porque são 22 horas. Arrasto minha mala por 30 minutos até a rodoviária. Está escuro. Minha mala quebra a roda. Chego num ponto crítico onde há duas ruas para continuar. Tento a primeira. Um cão raivoso me expulsa. Tento não borrar a calça. Na outra rua também há um cachorro. Esse é bonzinho. Glória a Deus. Pego o bus. Uma menina está comendo Cheetos de queijo. Um homem vem até mim com a lanterna do cel ligada e olha se estou calçado. Ele vai de cadeira em cadeira tentando descobrir de quem é o chulé. Que dó.

Terceiro B.O. O plano era ir de Délhi para Varanasi de avião. Chego no aeroporto. Voo para Varanasi cancelado. Ninguém diz porque. A companhia não dá a mínima. Te coloca num voo no dia seguinte a noite. Não paga hotel para você. Depois de brigas e ameaças te colocam num voo de manhã. No dia seguinte seu voo atrasa três horas.

Quarto B.O. Você reservou um trem noturno de Varanasi para Agra. Alguém te diz que os trens costumam atrasar muito e te recomenda um app para monitorar o trem. O app diz que seu trem vai atrasar 10 horas. Você decide comprar um ônibus de última hora. Chego na agência de viagem. O homem diz que o ônibus que eu vi disponível online não existe. Vou para o hotel. O gerente liga para a empresa e o ônibus existe sim e tem vaga. Pego um taxi. A empresa parece não existir. Me perco. Tudo é caos. Ninguém fala inglês. Pego um tuk tuk que diz que sabe onde eles estão. Ele também se perde. Ele acha a empresa depois de muito perguntar. O ônibus tem um varal. No varal está dependurada a cueca do motorista. Silvino faz cara de quem quer ir embora do país. Exige que contratemos um motorista. Olho o preço. Dois mil e quinhento reais. Tchau motorista particular.

LIDANDO COM OS PERRENGUES

Para evitar tanta confusão, para distâncias de até 10 horas de viagem, é comum ver turistas que contratam um motorista/guia que fica com eles todo o tempo, levando-os nas atrações e também em outras cidades. Se você não quiser ou não puder pagar um motorista, saiba que somente o deslocamento de uma cidade para outra pode ser feito com um táxi, que deve custar algo entre 3000 e 5000 rúpias (Ex: Agra – Jaipur, Jaipur – Udaipur, Udaipur – Jodhpur, Jodhpur – Jaisalmer). Para distâncias mais longas, eu sugiro ver se há voos. Mande email para seu hotel e eles te darão mais informações. Possivelmente, eles poderão reservar o taxi para você. Quanto ao trem, não é fácil de reservar, mas não é impossível. Eu fiz todas as reservas no site oficial do governo (https://www.irctc.co.in/eticketing/loginHome.jsf). O trem, se não atrasar, é confortável e barato (escolha a passagem mais cara e faça sua reserva com meses de antecedência. Há poucas vagas nos vagões 1A ou 2A, que são mais confortáveis, embora super simples, e dá para dormir lindamente).

HOTÉIS

Quanto aos hotéis, ouvi muito drama do tipo: um 5 estrelas na Índia é como se fosse 4 em outros lugares do mundo. Um 4 estrelas, equivale à 3 e etc. Bobagem. Use o Tripadvisor para reservar lugares bem recomendados por outros viajantes e não espere algo pior só porque você vai para a Índia. 

AS PESSOAS

O povo indiano me pareceu simpático e curioso sobre os estrangeiros. Muitas vezes nos pararam na rua para conversar e eu confesso que achava que iam oferecer algum serviço. Na verdade, eles queriam praticar o inglês ou simplesmente te conhecer. É claro que há os golpes de sempre. Algo do tipo: “tem uma agência aqui perto, deixa eu te levar lá” ou “esse hotel não é bom, vou te levar para um melhor”. Enfim, acontece em muitos países asiáticos. Fique esperto.

QUANTO CUSTA?

A passagem pode ser cara, algo entre 3 e 5 mil reais. Os hotéis simples de 3 estrelas que são bem avaliados custaram em torno de 150 reais a noite. Os de 5 estrelas entre 450 e 600. Comidas em restaurantes simples, mas bons custavam algo em torno de 200 até 400 rúpias o prato principal (1 real = 18 rúpias – jan 2018). Táxis e metrôs também custam muito pouco. Gastamos menos que imaginávamos. Há algumas atrações caras (de 500 até 1000 rúpias), mas são poucas. Os templos são de graça.

DICAS

  • Compre um chip de internet, de preferência da Airtel. Custa algo em torno de 700 rúpias por 28 dias de 4g, sendo 1 giga por dia. Em geral, o chip demora 2 dias para ser ativado, mas tem umas mocadas que vendem chip que funciona imediatamente. Aparentemente, eles já estão ativados em nome de outra pessoa.

 

  • Olhe o status do seu trem no dia da partida. Você vai descobrir se ele atrasou e não vai precisar mofar horas na estação a toa. O app trainman é bom, mas recomendo checar também no site oficial do governo.

 

  • O app hipppocabs é bom para alguns deslocamentos entre cidades de táxi. Você faz a reserva e paga no cartão. Algumas horas antes eles te mandam email com os dados do motorista. Infelizmente, ele não tem muitas opções de trechos entre cidades.

 

  • Além do Uber, o app Ola é muito popular. Na verdade, o Ola é mais comum e funciona em cidades onde não há Uber. Acredite se puder. Geralmente, o motorista vai perto de onde você chamou o carro e fica parado. Daí você mesmo tem que ir procurando o carro.

 

  • Nas atrações turísticas pagas, há uma fila específica para estrangeiros, de forma que mesmo em locais muito cheios você não deve esperar muito, ou mesmo nada. Procure por essa fila. Seu ingresso será muito mais caro que o dos locais, mas não há alternativa, somente indianos pagam menos e sofrem nas filas (ou nas aglomerações que deveriam ser filas).

 

  • Eu cheguei a olhar o preço de um motorista por alguns dias. Embora não tenha contratado, indico a agência que olhei. Ela chama El Mundo Viaje a India. Ela foca no público que fala espanhol, o que pode ajudar os viajantes que não falam inglês. O contato do Chandra no whatsapp é +91 98686 04896. Ele foi uma indicação de uma conhecida, me deu dicas e foi muito solícito, mesmo eu não tenho contratado os serviços dele.

 

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YOGA, MEDITAÇÃO E AMOR EM RISHIKESH – ÍNDIA

Eu acordo pela última vez no Mahatma Yoga Ashram.Ao longe, escuto os mantras da primeira aula do dia. Eles me acompanharam durante a semana e me ajudaram a sair dos padrões de pensamento demasiadamente analíticos que não contribuem para a minha melhora. É que muitas vezes a gente passa anos estudando algo que deveria te ajudar a despertar, mas o nosso materialismo e o ego nos aprisionam em processos cuidadosamente programados para nos manter onde estamos.

Quando eu decidir vir à Índia, eu ainda não havia sido capaz de enxergar o propósito desse retiro de yoga e meditação. É verdade que o desejava sim, mas eu não sabia que ele conseguiria fazer com que eu saísse do intelecto e fizesse contato tão profundo com minha espiritualidade, medos, culpas, capacidade de agradecer.

Rishkesh é o destino na Índia para muitxs que buscam o que o país tem de melhor – sua tradição espiritual. Aqui não se come carne, não vemos bebidas alcoólicas nos cardápios dos restaurantes e yoga, meditação e adoração aos deuses hindus e ao rio Ganges parecem ser a prioridade absoluta.

Naturalmente, em termos energéticos, a cidade contribui imensamente para práticas de purificação e reflexão espiritual. Os ashrams são muitos e minha escolha pelo Mahatma Yoga foi influenciada pelos comentários achados na internet e por sua localização. Na beira do Ganges, cercado pelas montanhas cobertas de vegetação densa, não é possível ficar alheio à generosidade da natureza nesse mundo.

Nosso programa começava às 7, com a aula de mantras. Nela, estudamos o significado dos mantras que entoamos e tentamos tocar alguns instrumentos para acompanhar. A intenção é se perder na música, relaxar a mente. Em seguida, dia sim, dia não, havia a purificação, que é a limpeza dos sinos usando um recipiente plástico com um orifício para derramar água por uma narina até ela sair pela outra. Parece incômodo, mas é eficiente e ninguém pareceu não gostar do processo. Em seguida, tínhamos o café da manhã, que era sempre delicioso. Aliás, a comida aqui no ahsram é divina! Depois do café, a primeira aula de yoga do dia. Mais tarde o almoço, mais yoga, em seguida, meditação, jantar e boa noite.

Eu pensava que a rotina do ashram me tomaria todo o tempo, mas não foi bem assim. O ritmo é leve e sempre temos tempo para conversar, ler, descansar ou mesmo passear entre as atividades. Eles oferecem também uma massagem como parte do programa e você pode escolher entre participar de um rafting no Ganges ou um trekking para ver o amanhecer de um templo no alto dos Himalayas. Porque está muito frio, ninguém quis o rafting e devo dizer que a experiência do trekking foi perfeita para fechar esses dias de cuidado íntimo. Saímos de carro ainda de madrugada e fomos subindo a montanha. Aconteceu um deslizamento na estrada que nos forçou a largar o carro e subir um bom trecho a pé. Lá em cima, o céu coloria a criação divina com esmero, enquanto o sol subia calmo revelando as montanhas dos Himalayas. Incrível. Descemos a montanha a pé e os corajosos se aventuraram nas águas geladas da cachoeira.

Outro momento muito especial foi uma visita que fizemos a uma vila na montanha, onde estava acontecendo um ritual de adoração a uma deusa hindu que só se repete uma vez a cada doze anos. Os devotos observavam um grupo de pessoas que, para mim que sou espírita, estavam em processo de transe mediúnico embaladas pelos espíritos e pelo som frenético do tambor.

Uma vez por semana, a aula de yoga acontece na praia do rio Ganges. Ao final, o calor do sol da manhã, a água clara do rio e o som do vento me trouxeram uma onda tão forte de amor e alegria. Obrigado, meu Deus, por tanto amor nesse mundo!

Quanto ao yoga, eu tinha esperança que 3 horas de prática diárias ajudassem a me tornar mais flexível. Porém, nosso corpo tem o seu ritmo próprio, principalmente no frio que fez aqui e eu precisei de me lembrar várias vezes de que yoga é amor, carinho, auto aceitação. Em especial, uma conversa que tive com uma de minhas professoras no Brasil se repetia em minha mente: “Matheus, você não é esse corpo”. Eu aprendi sim, aprendi muito nesses dias sobre asanas e detalhes das posturas que eu não havia prestado atenção antes. Mas o amor e cuidado comigo que eu sinto na prática com minhas professoras no Brasil, Letícia e Flávia, foram os sentimentos que eu procurei trazer toda vez que eu coloquei meus pés no tapete deste lado do mundo. Eu quero me lembrar sempre de que yoga é amor, não violência, é cuidado consigo mesmo.

Dicas

 

  • Oficialmente, o ahram oferece o programa por uma ou duas semanas, mas, na prática, eles são mais flexíveis. Não deve haver problema em ficar alguns dias a mais ou a menos. Mande um email para confirmar essa possibilidade.

 

  • Dezembro e janeiro são meses de noites e manhãs geladas. No ashram não tem aquecedor. Venha preparado.

 

  • O ashram não é muito rigoroso em termos de garantir que você cumprirá a rotina. Você é livre para participar das atividades ou não. Inclusive, você pode usar celular e eles até têm wifi. Eu recomendo aproveitar esses dias para dar um tempo das redes sociais, email, seriados e etc. Isso será crucial para você conseguir se concentrar nos seus processos íntimos.

 

  • Uma das experiências mais incríveis que já tive foi participar dos aarti na beira do rio Ganges. Os aartis são cerimônias de adoração. Em Rishikesh, há duas delas dedicadas ao Ganges que é considerado o néctar da vida e é, portanto, sagrado. Compre um barquinho feito de folhas que carrega uma vela e flores na entrada (20 rúpias) para oferecer ao rio e aproveite para fazer seus pedidos de paz e libertação espiritual. A cerimônia pode ser vista em dois lugares (Parmath Niketan Ashram e Triveni Ghat) e acontece assim que o sol se põe. Se puder, vá nas duas. A do Triveni Ghat é mais vazia, menos turística, maior e costuma incluir dança. A do Parmath me tocou mais profundamente, talvez por causa da quantidade maior de devotos.

 

  • Um passeio que vale a pena na cidade é a visita ao Beatles Ahsram. Ele é um ashram em ruínas onde os Beatles ficaram. O lugar é cheio de obras de arte lindíssimas!
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DELI

Em geral, cidades grandes não me empolgam tanto quanto o interior. No caso da Índia, não foi diferente. Deli é uma cidade monstruosa, com transito caótico e metrô que ajuda, mas não te leva para todos os lugares que você quer ir. A quantidade de pessoas, barulho, animais e lixo pode te deixar confuso em algumas partes. Eu aprendi isso logo quando cheguei.

Bem no meu primeiro dia, resolvi sair a andar meio sem rumo pra sentir a vibração da cidade. Obviamente, eu decidi fazer isso no centro. O cenário pós apocalíptico que eu encontrei pode ser descrito como a rua 25 de março na véspera de natal com todas aquelas pessoas, mais carros, motos, vacas e um barulho ensurdecedor de buzinas. A impressão que tinha era que uma buzina havia soado indicando um ataque nuclear iminente e todos saíram em fuga. Eu fiquei zonzo e cheguei a andar em círculos, mesmo tendo consciência de que eu estava voltando para o mesmo lugar. Felizmente, o Gurudwara Bangla Sahib (de graça) estava no meio desse pandemônio.

Eu não sabia, mas gurudwara é o nome dado aos templos do Siquismo, uma religião do século XV que é uma das quatro maiores da Índia. Os seguidores dessa religião cobrem seus cabelos e é provável que você já tenha visto na TV ou pelo mundo afora um homem indiano de turbante. A entrada é de graça, mas você tem que deixar o seu sapato no guarda volumes e fazer o possível para ignorar o cheiro de chulé do lugar que faria um gambá se sentir cheiroso. Felizmente, o aroma só está mesmo no guarda volumes e se você estiver tão encantado como eu estava com as belezas do lugar, essa será a última coisa na sua mente. Você pode assistir à cerimônia celebrada dentro do templo. Ela é bem curta e eles colocam uma corda na porta para que ninguém entre até que ela acabe. O templo é enorme e tem várias instalações, inclusive um refeitório gigante. É essencial se atentar par ao fato de que o melhor dele está do lado de fora – um lindo espelho d’água e uma calma que contrasta fortemente com o caos do lado de fora.

Do Gurudwara você pode ir a pé para a principal mesquita do país, a Jama Masjid. Eu, muito esperto, fui na hora do almoço e ela estava fechada. Acabei não tendo coragem de voltar para essa parte da cidade, então não pude visita-la.

Também bem pertinho, você poderá caminhar até o Red Fort (Forte Vermelho). Acabei não visitando, porque na Índia há vários fortes e eu sabia que os outros que eu veria seriam mais interessantes.

Com uma fome descomunal, tentei achar algum lugar onde eu pudesse, pelo menos, entender o que eu estaria comendo. Sem sucesso, recorri ao famigerado Mc Donald’s que, pasmem, estava com uma placa que dizia “fechado porque não conseguimos comprar os ingredientes para fazer a comida”.  Diante das circunstâncias, caminhei até a estação de metrô mais próxima e escapei.

Os outros dias foram mais calmos, já que eu decidi planejar melhor onde ir e comer. Vi atrações lindíssimas. O Qutb Minar (Rs 500) é um complexo de edificações em ruínas que já foram templos hindus, jainistas e uma grande mesquita. Lá, conversamos com vários jovens que estavam fazendo uma excursão com sua escola de inglês para praticar a língua. A propósito, embora o inglês seja uma das línguas oficiais do país, o nível de proficiência é baixo e, em geral, aqueles que podem pagar por uma educação melhor aprendem o suficiente para se comunicar bem – parece muito com o Brasil, não é?

Outro lugar muito interessante, talvez até mesmo o meu favorito, foi o Templo de Akshardam. O lugar é simplesmente o maior templo hindu desse nosso planeta e é bonito de doer. A construção é recente e foi inaugurada em 2005 e contou com 3000 voluntários participando de sua construção. Como os outros templos, a entrada é grátis. O único problema aqui é que ele fica um pouco fora do circuito das outras atrações e tem que deixar celular e câmera no guarda volumes e rola uma bela de uma fila. Programe-se para umas três horas de visita ou mais.

Fomos também ao Túmulo de Humanyun – um monumento lindo, em um complexo gigante. Bem perto de lá eu encontrei minha área favorita de Délhi, ao redor da incrível mesquita de nome Hazrat Nizamuddin Aulia Dargh. Foi muito bom me perder nas ruelas locais, vendo a vida das pessoas que moram ou passam por lá.

Outro lugar que recomendo é a avenida Rajpath Marg. Em uma extremidade está o monumento India Gate, a versão indiana do Arco do Triunfo. Do outro, estão lindos prédios do governo.

Como em qualquer outra grande cidade do mundo, tome cuidado para que sua experiência em Delhi, não seja uma coleção de atrações. Elas são incríveis, é verdade. Não se esqueça, entretanto, que Deli  é muito mais que isso. Aventure-se pelas ruelas, converse com as pessoas, “perca” tempo em parques como o Lodi Gardens, vá aos templos menores, observe os rituais com cuidado…

DICAS

  • O bairro chamado Paharganj é o distrito dos mochileiros. Lá tem lojinhas boas para comprar artesanato, trocar dinheiro e comer bem pagando pouco. Lá comi uma comida coreana divina no restaurante Shimtur. Peça ajuda aos locais, porque ele é super escondido.

 

  • Se for visitar a mesquita Jama Masjid, não vá entre 12 e 13:30, já que ela estará fechada.

 

  • O metrô de Delhi, embora limitado, é muito eficiente e limpo. Sempre que possível faça o trajeto ou parte dele usando-o. O trânsito é infernal.

 

  • O Khan Market é um mercado excelente com lojinhas legais, meio carinhas e bons restaurantes.
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VARANASI

Varanasi é considerada a capital espiritual para os indianos. Por lá, passa o Rio Ganges e você vai encontrar vários acessos ao rio que são chamados de Ghats. Eles são 88 escadarias que levam os devotos para as águas sagradas do rio, onde eles se banham e realizam cerimônias. Em alguns deles há, inclusive, cremação de corpos. Esses foram os que mais me chamaram a atenção. Se na nossa cultura os funerais são, em geral, cerimônias mais privadas, em que participam parentes e amigos da pessoa que morreu e da família, as cerimônias que você vai presenciar em Varanasi acontecem a céu aberto e qualquer um pode ver e ficar bem próximo. Veja com cuidado. Repare os gestos que acontecem iguais todas as vezes, como se fosse uma coreografia. Tente não questionar muito, se puder.

Além das cerimônias de cremação, aqui acontecem vários Ganga Aartis. Elas são cerimônias de devoção ao rio que usam fogo e outros elementos, como arroz e flores, para serem ofertados. A maior celebração pode ser vista logo depois do pôr do sol, no Assi Ghat. Ela também é a mais cheia. Eu já havia participado de Aartis em Rishikesh e devo confessar que lá a cerimônia me tocou muito mais profundamente, provavelmente porque eu havia feito um retiro espiritual e estava mais sensível.

Quando eu planejei essa viagem, fiz questão de colocar Varanasi no roteiro. Porém, vir até aqui provou ser algo um pouco complicado. Fiz várias simulações para ver qual ordem de cidades seria mais lógica e Varanasi acabou complicando as coisas um pouco, porque ficava um pouco mais distante das outras cidades que visitaríamos. O problema é que transporte na Índia é uma aventura gigante!

Acabamos reservando um voo de DelI para cá e depois um trem daqui até Agra. O nosso voo foi cancelado e a empresa Indigo não deu a mínima. Eles queriam colocar a gente no mesmo voo no dia seguinte, mas o problema é que já ficaríamos pouco na cidade e isso simplesmente mataria nossos planos. Com alguma habilidade de negociação e um pequeno show no aeroporto, consegui colocar a gente no primeiro voo do dia seguinte. O nosso voo ainda atrasou 3 horas por causa de uma neblina tensa que não deixava ver um palmo na frente. O legal disso tudo foi que o gerente do nosso hotel (Shree Ganesh Palace) reservado para Varanasi foi fofo, ficou com dó da gente e deu o táxi do aeroporto até lá (foi um trajeto de uma hora).

Na hora do B.O. no aeroporto, eu simplesmente entrei no tripadvisor no celular e reservei um hotel perto de lá. Não me toquei, mas deveria ter guardado o comprovante da passagem cancelada, da nova e do hotel, já que eu teria sido ressarcido pelo seguro viagem. Prazer, sou eu, uma ANTA.

Voltando ao que interessa, Varanasi é realmente uma experiência tão necessária quanto memorável. Aqui nós temos um demonstração da grandiosidade da Índia e da devoção que as pessoas podem ser capazes de expressar. Embora não seja minha memória mais afetiva da Índia, Varanasi será a mais intensa e genuína delas.

DICAS

  • Se seu voo for cancelado, não deixe a companhia simplesmente arrumar a melhor solução para eles. Informe-se sobre outros voos, inclusive de outras companhias, e exija tanto quanto possível que eles deem um jeito.

 

  • Você pode fazer um passeio de barco para ver alguns dos ghats e depois ver o Ganga Aarti (que é realizado na margem) de dentro do rio. A experiência é interessante, especialmente para ver as cerimônias de cremação e possivelmente contar com as explicações do condutor do barco. Entretanto, eu acho que ver o Aarti do lado dos devotos é muito mais emocionante. Você pode ver uma noite do barco e na seguinte junto das pessoas.

 

  • A cidade estava abarrotada de pessoas, quase todas indianas. Por todo lado, um aparente caos de gente, buzinas e animais. Tudo faz parte da experiência. Tente ir com calma e saiba que aqui não é nem deveria ser da forma que você gostaria.
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AGRA

Agra é, geralmente, uma parada rápida no circuito mais turístico da Índia – o Golden Triangle (triângulo dourado). Esse roteiro clássico costuma dedicar um dia ou somente algumas horas a Agra, deixando mais tempo disponível para Deli e Jaipur. Muita gente também opta por fazer um bate e volta de trem ou de carro com motorista de Deli. A verdade é que a cidade é muito barulhenta e não tem muito charme, por assim dizer. Obviamente, o fato de o Taj Mahal estar localizado em Agra, faz da cidade parada quase obrigatório no país.

No nosso caso, passamos um dia e meio em Agra. Queríamos ver o Taj Mahal ao amanhecer, horário em que há menos pessoas e que a luz é mais bonita. Entretanto, havia muita neblina quando estávamos lá e ela não nos teria deixado ver um palmo na nossa frente. Assim, nossos planos precisaram de um ajuste de última hora. Devo confessar, entretanto, que depois de ter viajado  uma noite inteira no ônibus mais tosco em que já arrisquei minha vida (veja este post), eu estava morto de cansaço e nem reclamei de ser obrigado a dormir até mais tarde.

A gente vê tanta foto maravilhosa do Taj Mahal que eu confesso que estava com medo de me decepcionar. Ao chegarmos, a fila foi bem rápida. Obviamente, somente a fila para os estrangeiros foi rápida. Os locais aguardam horas para comprar ingresso e depois de entrar no complexo mofam na fila para entrar de fato no mausoléu. Há literalmente milhares de pessoas na fila. Enquanto eu estava lá, li uma reportagem no jornal dizendo que o governo queria limitar o número de visitantes locais a 20 mil de manhã e mais 20 mil a tarde. Um dos motivos seria o perigo de pisoteamento no caso de uma confusão.

O Taj foi inaugurado em 1648, depois de 20 anos de construção. Ele foi uma homenagem do imperador mongol Shan Jahan a sua esposa Aryumand Banu Began, que morreu dando a luz ao seu décimo quarto filho. Dentro da construção, tanto o imperador quanto sua esposa foram sepultados. Eu fiquei simplesmente perplexo com a dimensão e beleza do lugar. O jardim, o imenso espelho d’água, e o interior do Taj são maravilhosos!

Também visitamos o Agra Fort e o mausoléu de nome Itimad au Daulah, conhecido como Baby Taj. Achei que ambos valeram a pena. O forte é bem grandioso e concorrido. Já o Baby Taj é menor, mais calmo e muito mais vazio. Foi bom para recuperar da loucura do Taj Mahal.

De Agra pegamos um trem para Jaipur, nossa cidade favorita no Rajastão, que é assunto do próximo post.

DICAS

  • A entrada do Taj custa 500 rúpias, algo como 25 reais (cotação de março de 2018) e será, provavelmente, a atração mais cara que você vai pagar na Índia.

 

  • Tenha paciência com a multidão. São literalmente milhares de pessoas lá com o mesmo objetivo e pelo menos a metade delas quer tirar a foto clássica no mesmo lugar. Para evitar o ranço, vá bem cedo.

 

  • Nos hospedamos no Courtyard Marriott, hotel bom e com um excelente restaurante. Eles tem um bom buffet de almoço, com bastante variedade. O preço é salgado, mas acaba sendo interessante, porque te dá a oportunidade de experimentar vários pratos da culinária indiana.
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RAJASTÃO

INFORMAÇÕES GERAIS E DESLOCAMENTOS

O Estado do Rajastão é simplesmente fascinante. Aqui você encontrará fortes, monumentos, mercados, sabores e cores que são procurados pela maior parte dos turistas que vêm para a Índia. Depois de Rishikesh, Delhi, Varanasi e Agra, selecionamos três cidades no Rajastão: Udaipur, Jodhpur e Jaisalmer. Muita gente vai pra Jaipur também, mas nosso tempo era curto e preferi Udaipur, depois de ler que era uma cidade mais calma e relaxante. Embora eu não tenha ido a Jaipur, não me arrependi de minha escolha – Udaipur foi incrível.

Veja o mapa que destaca o estado do Rajastão, na Índia.

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Já este aqui mostra as três cidades que visitamos na região: Udaipur, Jodhpur e Jaisalmer e também de onde viemos (Agra) e para onde fomos depois (Deli).

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Infelizmente, os deslocamentos não são fáceis. Há poucos aeroportos na região e os voos não conectam as cidades pequenas umas às outras. O jeito tradicional indiano de viajar, não somente no Rajastão, mas em todo o país, é o trem. Durante meu planejamento, eu reservei minhas passagens pelo site oficial do governo (como relatei no posto sobre planejamento e BOs) e fiquei razoavelmente confiante de que o trem seria bom o suficiente. Eu não esperava os luxuosos trens do Japão ou da Europa e a simplicidade dos vagões de primeira classe indianos não me incomodaram. Porém, não dá para confiar, em absoluto, nos horários. É perfeitamente normal os trens atrasarem horas! Então vá preparado para enfrentar esse perrengue com paciência. Também há ônibus, mas as estradas são muito perigosas e eu não recomendaria. Uma alternativa seria contratar um motorista que pode ficar com você durante todo o tempo e ainda servir como guia.

Em um certo momento, motivado pela frustração com trens e ônibus, meu marido disse que queria o tal do motorista/guia, custasse o que custasse. Eu olhei com um guia que uma conhecida havia me indicado e o preço era 45 mil  rúpias por dez dias (R$ 2500,00 na cotação do dia). Isso aconteceu ainda por causa da confusão da ida de Varanasi para Agra, em que acabamos cancelando o trem que iria atrasar mais que doze horas e nos envolvemos numa furada com o ônibus. Felizmente, depois de ele se acalmar, decidimos descartar essa ideia e tentar fazer alguns deslocamentos de táxi e outros de trem.

Assim, nossos deslocamentos foram:

*Agra para Udaipur: trem (Rs 2350 por pessoa). 12 horas de deslocamento a noite e mais quatro horas de atraso para partir.

 *Udaipur até Jodupur: táxi (5000 rúpias), parando em Kumbhalgarh Fort e no templo   Jain de Ranakpur. Originalmente faríamos esse trecho de trem, mas cancelamos por   causa dos perrengues. A viagem durou o dia todo e foi cansativa, mas valeu a pena,     principalmente pelos lugares visitados no caminho.

*Jodupur para Jaisalmer: táxi (5000 rúpias). Nesse trecho não exite trem, então é   necessário táxi ou ônibus.

*Jaisalmer para Délhi:  trem (Rs 2700 por pessoa). 14 horas de viagem e mais duas horas de atraso para partir.

Nós ficamos dois dias completos em cada cidade e eu acho que foram suficientes. Se fosse para escolher algum lugar para ficar mais tempo, escolheria Udaipur, ótima para descansar das loucuras das cidades maiores que havíamos visitado.

O QUE FAZER

Udaipur é linda! Tem dois lagos com construções belíssimas e é cheia de cafés e restaurantes no topo dos edifícios para apreciar e descansar. Além do imperdível palácio real, tem um show de danças do Rajastão todo noite no Dharohar Folk Dance, que é bem legal. Achei que valeu a pena. Chegue antes para pegar um lugar decente, porque, aparentemente, sempre lota. Em um dos dias em que estivemos lá, pegamos um táxi que rodou com a gente o dia todo, levando a alguns destinos na região. Visitamos o Ekling Ji Nagda Temple, que tem lindas cerimônias de manhã,  o templo Sas-Bahu, que é lindo e tem imagens do kama sutra nas paredes e o Monsoon Palace, que te dá uma vista de tirar o fôlego da região.

Jodhpur impressiona pelo imenso forte, hoje um museu, localizado no meio da cidade, no alto de uma montanha. Subimos de táxi e fiquei muito impressionado com a forma que tudo estava preservado e bem apresentado. Na saída do percurso tem um homem que lê a sua mão e outro que faz seu mapa astral (500 rúpias cada). Eu, mais que depressa, estendi minha mão para o senhor. Ele olhou com atenção e me deu ótimas notícias. Viverei mais que 80 anos, terei osteoporose, pressão alta, dinheiro não será problema, poderei ganhar uma grana com meus parcos/nulos talentos artísticos, não preciso de me divorciar do Silvino e sou fértil. Ele também me falou sobre os relacionamentos que já tive e sobre minha personalidade. Ele acertou quase tudo, fiquei satisfeito. Já comprei, lá mesmo na cidade, suplementos de cálcio para prevenir a osteoporose. Minha amiga médica me mandou a real e disse que não deveria me preocupar com isso agora. É ótima a sensação de ser trouxa!

Fora isso, havíamos lido que na cidade havia ótimos mercados. Infelizmente, achamos tudo uma zona tão grande que não deu vontade de comprar quase nada. Na verdade, até deu vontade de comprar umas estátuas lindas, mas quado vi o preço dei tchau para meus sonhos. Eu achei que os preços delas seriam tão bons quanto em outros países asiáticos, mas errei lindamente. O bom das nossas andanças por lá foi a loja de chás e temperos de nome Maharana Spices. Lá compramos quilos! Também compramos alguns temperinhos na na Mohanlal Verhomal Spices.

Jaisalmer é famosa por estar localizada no meio do deserto e ter um forte incrível. O mais interessante lá é que o forte abriga a própria cidade, diferentemente daqueles que vimos em em Jodhpur e  do Kumbhalgarh, que foram transformados em museus. A área dentro do forte tem restaurantes gostosos e ótimas lojinhas de artesanatos com os melhores produtos e preços que vimos na Índia.

A atração principal aqui é o deserto e as excursões para lá. No nosso caso, passamos uma noite no deserto com a empresa Adventure Travel Agency. O passeio começou no meio da tarde e o primeiro trecho é de carro, que nos levou até o ponto em que os camelos nos aguardavam. Depois, os animais escravizados levaram os animais ditos racionais para o acampamento. Esse trecho durou mais que uma hora e depois de 2 minutos eu já estava arrependido por ter sérias dúvidas quanto o conforto dos animais e a saúde da minha virilha. Chegando nas dunas, a paisagem era incrível e os nossos guias fizeram um jantar bem gostoso enquanto nos esquentávamos ao redor da fogueira. Depois de jantar, eles estenderam um colchonete na areia  e colocaram umas cobertas bem grossas para nós dormirmos ao relento. Olhei para aquela cena, pensei na escuridão do deserto, cobras e escorpiões que eu sei que moram por lá. O guia disse que deveríamos cobrir a cabeça por causa do frio e nós entendemos que o caso era de tentarmos proteger nossas vidas. Dormimos e sobrevivemos para ver o lindo amanhecer no deserto. Tomamos café da manhã feito por uma pessoa que afirmou ser adolescente mas tinha cara de ter dez anos. Sentindo-me péssimo por ter contribuído com a crueldade animal, colocado minha vida em risco e incentivado o trabalho infantil, subimos outra vez no camelo e fui roçando minha virilha no caminho de volta.

DICAS

  • No passeio no deserto, tem que levar papel higiênico, caso você queira ter a experiência de defecar ao ar livre. Favor levar fósforo também para queimar o papel. Favor cobrir sua bosta.

 

  • Se for passar por Jaisalmer, deixe suas comprinhas de artesanatos para lá, onde encontramos os melhores produtos e preços. Chás e temperos foram melhores em Jodhpur.

 

  • Os trechos entre as cidades do Rajastão são frequentemente feitos por táxis, que são boas alternativas ao trens e ônibus. Seu hotel pode te arrumar um, caso você não se sinta a vontade para aliciar alguém por conta própria. Sugiro entrar em contato com seu hotel antes da viagem perguntando sobre preço e se os táxis fazem o trecho específico que você irá precisar, já que deslocamentos muito longos costumas ser feitos mesmo somente por trem ou ônibus.
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AYURVEDA - a medicina tradicional indiana

 

Meu primeiro contato com a ayurveda aconteceu em 2017, durante um workshop sobre alimentação ayurvédica, no Shanti Om (núcleo de yoga que eu frequento, hoje chamado yoga.om). A ayurveda é a medicina tradicional indiana. No oriente, ela tem estatus de medicina alternativa, mas por aqui ela parece ser mesmo a norma. Você vai a uma farmácia, por exemplo, e o que está exposto são os medicamentos ayurvédicos, feitos de plantas, ervas, minerais e metais.

Durante o workshop no Brasil, fizemos um teste para descobrir nosso dosha (doshas são 3 energias que constituem uma pessoa). A partir disso, discutimos alguns hábitos saudáveis para equilibrar nosso organismo. Eu vou evitar falar mais sobre isso, porque eu sei realmente muito pouco e direi alguma bobagem. Para os interessados, é bom procurar informações mais detalhadas.

O objetivo desse post é, na verdade, contar um pouco da minha experiência com a ayurveda aqui na Índia. O primeiro lugar que fui se chama Hemadri e fica em Rishikesh. Esse local foi recomendação de uma amiga que fiz no retiro de yoga e meditação. Lá eu fiz uma consulta que demorou 40 mins com um médico que sentiu meu pulso e fez algumas perguntas sobre minha alimentação e outros hábitos. O interessante é que desde o princípio somente sentindo seu pulso, ele faz algumas perguntas para confirmar suas deduções. Ele então faz recomendações sobre alimentação, remédios naturais e tratamentos oferecidos ali mesmo. Algumas coisas que ele me disse eu já havia aprendido sobre mim por auto observação e também com o workshop que fiz no Brasil. Muitas outras foram novidade e pretendo colocar em prática para melhorar minha saúde.

Sobre os tratamentos que fiz, foram quatro sessões de massagem com óleo em abundância, seguidas de alguns minutos de sauna que era feita em uma caixa de madeira em que você senta e só fica a cabeça para fora. O grand finale ficou por conta de tratar meu cólon. Muitas enfermidades digestivas têm origem nessa região e no meu caso eles colocaram óleo lá dentro. Sim, o óleo entrava pelo tuim. Mas não se empolgem, gatas. O tubo é beeeeem fininho. O tenso é que depois disso o cara mandou eu colocar quilos de papel higiênico na cueca e já logo imaginei o óleo escorrendo pela minha perna numa situação de grande humilhação. Com esse medo, fiquei travado e andei igual uma criança cagada. Graças a Krishna deu tudo certo.

Uma das coisas que o médico havia me dito é que faltava óleo no meu corpo, ou algo do gênero. Eu espero que agora haja óleo em mim para as próximas quatro reencarnações.

A outra experiência que tive foi em uma farmácia em Varanasi indicada no Lonely Planet. Lá a consulta é de graça e os remédios são manipulados na hora. O médico era um senhor bem velhinho muito gentil. Ele sentiu meu pulso e fez algumas perguntas. Ele me passou alguns remédios e deu algumas dicas de alimentação. As dicas não foram tão completas quanto da outra vez, porque ele falava muito pouco inglês. A diferença maior das duas experiências foi que no primeiro centro eles só vendiam remédios já padronizados que podem ser encontrados em qualquer farmácia indiana. Já no segundo, eles manipularam aquilo que o médico recomendou na hora.

Eu acredito que somos muito mais que nosso corpo e tratar do conjunto todo requer mais que a nossa medicina ocidental pode proporcionar. Eu já havia colocado alguns princípios da alimentação ayurvédica em prática e os resultados foram ótimos. Agora quero me dedicar muito mais. De qualquer maneira, essas experiências fazem parte de estar na Índia e, por isso, eu recomendo mesmo para os céticos.

DICAS

  • No Hemadri existe formação em Ayurveda. Havia um grupo de brasileiras fazendo o curso e eles disseram que estava sendo fantástico.

 

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  • 1 mês depois...
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Cara, que post legal, bem realista!

 

   To planejando ir pra Índia e estou me remexendo pra organizar a questão de deslocamento. Alguns amigos meus recomendaram FORTEMENTE que eu fizesse toda a viagem por agência (Nova Deli e Rajastão). O que vc acha?

Eu queria ingenuamente me deslocar entre as cidades a noite, acho que não devo confiar nas estradas indianas, né?

 

Um abraço

 

 

 

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