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Bolívia e Peru por um casal de cinquentões


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Somos um casal de cinqüentões, naturais de Recife, e que adora viajar. Como sempre, optamos por planejar e efetivar as viagens de forma autônoma, sem a necessidade de contratação de Agências de viagem, o que encareceria em pelo menos o dobro do custo e, depois de diversas viagens à Argentina e ao Chile, países que adoramos por suas belezas naturais, havia chegado a vez de conhecermos mais um pouco do nosso continente, e, sendo assim, planejamos esta viagem que teve como principal meta a famosa Machupichu, sem, no entanto, desconsiderarmos outros atrativos da Bolívia e do Peru.

O roteiro, saindo de São Paulo, por via aérea, em direção à La Paz, depois em bus turístico para Copacabana, à margem do Lago Titicaca, visita à Isla del Sol; em seguida, também de bus turístico, para Puno - já no Peru, visita às ilhas flutuantes de Uros, daí, usando como meio de transporte ônibus de excursão, para Cuzco. De avião, seguiremos para Lima, onde alugaremos um carro para ida ao deserto de Ica, a Paracas - para visita às Ilas Balestras. Em seguida, tomaremos a direção, pela Carreteira Panamericana, para a Cordilheira Branca, especificamente para o Parque de Huascaran, finalizando em Lima.

Fazendo cotação entre as principais Companhias aéreas que oferecem esses trechos - a TAM, a LanChile e a TACA - a melhor oferta foi verificada na TACA. O custo da parte aérea, incluindo os trechos São Paulo-LaPaz; Cusco-Lima e Lima-São Paulo, totalizou USd 574,00.

1º Dia – 22/05/2010

A primeira impressão da TACA foi excelente, com aviões novos e serviço de bordo bem melhor do que nossas Companhias. Apesar da conexão de curta duração em Lima, o vôo decorreu tranquilamente chegando à La Paz no horário previsto, por volta de 1h da manhã. O aeroporto muito pequeno, já estava praticamente fechado, todavia não há o que se preocupar com a troca de moeda, uma vez que os principais serviços, a exemplo de taxistas, já estão acostumados a receber dólar. O valor da corrida de taxi do aeroporto para qualquer lugar da cidade é tabelado em 50 Bolivianos(Bs), sendo a cotação de 1 dolar = 7 Bolivianos. O aeroporto, tido como o mais alto do mundo, se localiza à aproximadamente 4200 metros de altura, no bairro chamado de Plano Alto.

La Paz , com uma população de aproximadamente 1.800.000 habitantes, localiza-se na parte mais baixa, a uma altitude de 3800 metros.

Os efeitos da altitude foram poucos sentidos por nós. Apenas uma leve dor de cabeça que, no meu caso, foi resolvida com o velho “ dorflex”. No caso da minha esposa, apelamos para as famosas “soroche pills”, que resolveram o problema.

Nos hospedamos no Hotel Glória, no centro da cidade, muito bem localizado, próximo, e a pé, das principais atrações da cidade, como as Calle Sagárnama e LLampu , o mercado de las Brujas , a Igreja de São Francisco, a Plaza Murillo e etc. A diária, ao custo de 60 USD, nos pareceu bem razoável, relativamente ao custo/benefício, com bom atendimento, bom dejasiuno, e um bom restaurante com uma vista maravilhosa, principalmente à noite, no 12 º andar. Na rua do hotel, a cerca de 1,5 quadra, o único shopping da cidade, o Norte

 

2º Dia – 23/05/2010

A cidade oferece alguns tours clássicos, como a visita às ruínas de TIWUANACO, visita à montanha CHALCATAYA, o Dunhill de bicicleta de COROÍCO e os tours ao Lago de Titicaca.

Optamos por conhecer melhor a cidade, e como já iríamos com destino ao Peru, incluiríamos COPACABANA, à margem do Lago Titicaca, com tour à Isla Del Sol.

Neste primeiro dia, fizemos um breve reconhecimento do centro da cidade e, à tardinha, o city tour realizado no ônibus conhecido como “toque del cielo”, que disponibiliza o roteiro histórico em 7 idiomas, inclusive o português. São dois roteiros, um pela parte central da cidade e outro pela parte sul, com visita ao Vale de La Luna. O custo para cada um dos roteiros é de 50 bolivianos. No Sul, onde vive a população mais rica da cidade, nada encontramos que não se pareça com nossas cidades, faz-se uma parada de 20 minutos no Vale de La luna, que é bem interessante, com uma paisagem desértica formada pela forte erosão das rochas areníticas, deixando uma impressão de paisagem lunar. O outro roteiro, que passa pela parte central é mais interessante, visitando os principais pontos turísticos, com parada no mirador kily quily, onde se tem uma visão total cidade e do monte nevado Illimani.

O taxi no centro da cidade é bastante barato, custando em média 15 bs., para qualquer local.

Neste dia , um domingo, a principal Avenida da cidade, a Av. 16 de julho, conhecida por Avenida del Prado, para nossa sorte, estava totalmente tomada por shows folclóricos,apresentação de danças locais, bandas de música boliviana, exposições de arte, espaços lúdicos, etc.

Passeamos ainda pelas Calle Sarganaga, Calle Llampu, pelo museu de La coca, e mercado de las Brujas .

À noite, optamos por jantar próximo ao hotel, num restaurante bem legal, com decoração bem rústica, bem transada, na Av. 16 de junho, a cerca de 200 metros da Igreja de São Francisco. Como entrada, sopas de aspargos, seguida de um fettuttine Alfredo e um brochete de pollo, regados a 3 cervejas, a local pacena, totalizando 140 bs.

3º dia 24/05/2010

Este dia reservamos para o restante dos passeios pela principal praça da cidade, a Plaza Murillo, onde se encontram a Catedral , a Câmara Legislativa e o Palácio Presidencial, depois demos uma rápida passagem pela rua histórica, a Calle Jean, onde se encontram diversos museus, o restante do dia dedicamos a compras de souvenirs e outras “cositas mas.”

Almoçamos num dos muitos restaurantes especializados em pollo com batatas fritas, o Pollo Copacabana, uma espécie de KFC Boliviano, pagando cerca de 45 bs para duas pessoas.

A Bolívia , talvez o país mais pobre da América do Sul,tem como sua principal cidade a capital La Paz , extremamente carente de infra-estrutura, onde não se verifica qualquer serviço de transporte público . O principal meio de transporte são as vans que dominam completamente a cena local, com suas buzinas incessantes e os ajudantes dos motoristas, com a cabeça pra fora, gritando o roteiro de cada uma, causando verdadeira balbúrdia no trânsito caótico da cidade, o que, de certa forma, chega a chamar a atenção e aguça a curiosidade dos turistas. Outra característica da cidade, que ratifica a extrema pobreza de boa parte da população, é o comércio totalmente informal por quase toda a cidade. Na sua maior parte, é formado pelas famosas cholas, devidamente caracterizadas, vendendo de tudo, desde artesanato, a chás, frutas, batidas, comidas feitas ali mesmo e muitas outras coisas. Apesar de tudo, durante nossa estada, não sentimos qualquer insegurança, nem presenciamos qualquer ato de violência, ao contrário, vimos muitos policiais em toda a parte da cidade. É um povo que adora cores fortes, marcantes, a começar pela Bandeira, por suas roupas, pelas velhas lotações que ainda circulam na cidade.

Os preços praticados, especialmente pelos serviços e alimentação estão bem atrativos como detalharemos mais abaixo.

A impressão de raiva que tinha de Evo Morales ao expulsar nossa PETROBRAS, nacionalizando a exploração de petróleo no País, se desfaz completamente quando conhecemos o país e sua urgente necessidade de recompor suas finanças para melhoria de vida da população. O acesso aos serviços básicos de saúde e de educação tem melhorado bastante no seu governo, beneficiando a população, que repetimos é muito pobre.

A corrupção, que era marca de governos anteriores, tem diminuído bastante com o seu combate.

4º dia – 25/05/2010

No próprio hotel contratamos o bus turístico que nos levaria à Copacabana ao custo de 30 bs, com a comodidade de nos apanhar no hotel e deixar na agência turística, Vicuna travel em Copacabana, e que, por felicidade, fica justamente na frente do Hotel que ficaríamos hospedados nesta noite,o Hotel Glória, que faz parte de uma rede que inclui o de La Paz.

O custo da diária saiu a 51 USD, uma vez que já estamos na alta estação, que vai de meados de maio a setembro.

Também no hotel de LA Paz, havíamos contratado o tour de barco à Isla Del Sol, ao custo de 30 bs, para o mesmo dia.

A viagem de LA Paz à Copacabana dura cerca de 4 horas, chegando por volta de 12 horas, dando-nos tempo somente para deixar as malas no hotel e fazer um pequeno lanche, já que o barco sairia às 13h30.

O tour à Isla del Sol, que teria sido habitada por Manco Kapac, o fundador de todo império Inca, não inclui guia nem a entrada na ilha, então, no próprio barco, fizemos a contratação deste guia. O passeio pode ser feito sem guia, mas não aconselhamos, uma vez que além das informações que deixarão de ser ouvidas, os horários e locais de saídas dos barcos são um pouco confusos. O custo do guia com a taxa de entrada sai a 30 bs.

Por volta de 17h40 já estávamos de volta à Copacabana.

O hotel , muito bem localizado, tem, do nosso quarto, uma visão espetacular do grandioso lago Titicaca.

À noite, jantamos no restaurante Colonial, onde consumimos duas sopas para combater o frio e dois pratos de truta pescada no lago, acompanhados com dois refrigerantes ao custo total de 100 bs.

5º dia – 26/05/2010

Copacabana é uma pequena cidade, mas em razão do grande fluxo de turistas estrangeiros dispõe de boa rede hoteleira e de bons restaurantes, além de diversas barraquinhas de artesanato.

Ainda no Hotel Glória, havíamos contratado o bus turístico para o trecho de Copacabana à Cidade de Puno.

Logo pela manhã, compramos alguns souvenirs e fomos conhecer a principal atração da cidade para os Bolivianos, o santuário de Nossa Senhora de Copacabana, a padroeira da Bolívia. O que se diz é que a praia de Copacabana, no Rio, teria o seu nome originado a partir do achado de uma imagem da Santa enterrada nas areias da praia.

Por volta de 13h30, tomamos o ônibus com destino à Puno, já no PERU. Puno, também localizada à margem do Titicaca, fica a aproximadamente 180 km de Copacabana. Já é uma cidade bem maior e com fluxo intenso de turismo. Tem como principal atração, além, é claro do lago, a visita às ilhas flutuantes de Uros, que comentaremos mais adiante.

Chegamos em Puno por volta das 16h local – não se deve esquecer que o Peru tem menos 2 horas de diferença para o Brasil, e uma hora para Bolívia.

Nos hospedamos no Hotel Conde Del Lemos In. Muito bom hotel, com localização excelente, bem no centro da cidade, por traz da Plaza de Armas, à pequena distância a pé dos inúmeros restaurantes e lojas de artesanato que dominam o centro da cidade.O custo da diária para casal, reservada pela internet, com desconto, é de 50 USD.

Fizemos breve reconhecimento da cidade e providenciamos a troca de moeda. No Peru a moeda é o ”nuevo soles”, que tem a cotação de 1 dólar = 2,85 soles.

Jantamos num restaurante muito bom , o “ El Balcón de Puno” , ou “Choza de Oscar”, que compartilham o mesmo espaço e que oferece gratuitamente show de danças e música folclórica de várias partes do Peru. Os pratos, com fina elaboração, são muito bem preparados. Embora relativamente mais caro do que os seus vizinhos, mas em função da qualidade e principalmente do show que dura exatos 1:30, vale muito a pena. Pedimos 02 sopas como entrada e dois pratos de filé, com cerveja e refrigerante, saindo tudo ao custo de 87 soles.

6º dia – 27/05/2010

Neste dia, fizemos o tour às ilhas flutuantes de Uros.

Com a expansão do império inca, habitantes do local, os Uros, que viviam às margens do Lago Titicaca basicamente da pesca, fugindo da dominação inca, passaram a viver nos próprios barcos feitos de totora, que é um tipo de junco característico do lago. Alguns anos depois, passaram a construir ilhas feitas do mesmo material, sendo que a base dessas ilhas é retirada do material que forma a raiz, e a parte superior é constituída da palha ou folha da totora. Hoje são cerca de 50 ilhas, habitadas não mais pelos Incas mas pelos Aymaras, povo de origem pré-inca, que tem dialeto próprio e que domina o sudeste do Peru e noroeste da Bolívia. Cada ilha tem hoje,convivendo, em torno de 3 a 5 famílias, que basicamente sobrevivem do turismo.

O tour, que nos apanha e deixa no hotel , se inicia no porto de Puno e dura cerca de 3 horas, ao custo de 25 soles por pessoa, consiste na visita a uma dessas ilhas, onde há a apresentação da história, do modo de vida e a venda de artesanato local. As famílias se apresentam usando os trajes característicos e nos convidam a vesti-los para foto, bem como nos fazem conhecer seus aposentos, etc.

À noite saímos para jantar procurando economizar um pouco. A maioria dos restaurantes oferece como alternativa um menu turístico, que consiste em algumas opções de entrada, pratos principais e sobremesa, variando de 15 a 28 soles, dependendo do restaurante.

7º dia – 28/05/2010

Dia da viagem de Puno para Cusco, que dista aproximadamente 400 km. Esta viagem pode ser feita de diversas maneiras, sendo uma de avião pela LAn, saindo do aeroporto de Juliaca (45 km de Puno), outra mais usual e mais econômica, de ônibus, em linha normal, que dura em torno de 6 horas e, em geral, se faz à noite. Uma terceira, a que escolhemos, é utilizando o ônibus/excursão, que oferece algumas paradas em pontos atrativos turísticos. A empresa Inka Express oferece esta opção, tanto de Puno para Cusco, como ao contrário, ao custo de 50 USD, incluindo o transporte, almoço buffet, entradas nas atrações e guia em espanhol / inglês. O tour parte do terminal terrestre de Puno às 7 horas, em um excelente ônibus da própria Empresa . O início da viagem decorre pelas belas paisagens ao largo do lago Titicaca. A primeira parada não, muito interessante, se dá no museu da cidade Pukara, região habitada por civilização pré-Incaica. A segunda parada - no mirador La Haia - num dos belos pontos onde se tem a visão espetacular da Cordilheira dos Andes, e onde pela primeira vez temos contato bem de perto com lhamas e alpacas. A terceira parada, se dá para o almoço, muito bem servido e com música peruana ao vivo. A quarta parada é no sítio arqueológico de Raqchi, que se compõe de ruínas do Império Inca, e onde começamos a vislumbrar as impressionantes construções, que serão melhor descritas adiante. A quinta e última parada – visita à Igreja de San Peter – considerada, com muita justiça, a Capela Sistina das Américas.

Chegamos em Cusco por volta das 6h30 da noite. De imediato nos hospedamos no Hotel Hatum Wasi, de categoria 3 estrelas, simples, porém muito bem localizado – 50 metros da Praça de Armas – que consideramos uma das mais bonitas, com diária de 50 USD. Em seguida, procuramos uma agência de turismo dentre as muitas existentes, a que nos pareceu mais respeitada foi a Heidi Travel, embora existam outras que oferecem serviços mais baratos. Contratamos os seguintes pacotes: Tour de dia inteiro ao Vale Sagrado – com guia espanhol/inglês – ao custo de 25 soles; Guia em espanhol para visita à Machupiccho, que nos esperaria na estação de Águas Calientes, para um tour de 2h30 a um custo de 20 soles; City Tour de meio dia, com guia espanhol/inglês, para o terceiro dia, ao custo de 20 soles.

8º dia – 29/05/2010

Inicialmente, devemos fazer um breve resumo da história do povo inca – Temos, na realidade duas versões: na mítica tudo teria se iniciado com a existência de Manco Kapac e Mama Occla, que a partir da Isla Del Sol – no Lago Titicaca, lado Boliviano – teriam emigrado para a região de Cusco, onde fundariam o império Inca. A outra versão – histórica – diz que Patcha Kutec defendendo a região de outras tribos, teria fundado a partir de Cusco todo o império. Antes da era inca no Peru teria havido diversas civilizações pré-colombianas, como por exemplo a Chavin, no norte do Peru, a de Caral – a mais antiga das Américas e contemporânea à civilização egípcia, a de Tiwanaku-Aimara, que habitava a Bolívia e o sudeste do Peru. Então, basicamente o povo Inca teria sido influenciado por esses povos. O seu nascimento teria ocorrido a partir de 1200 DC e o seu apogeu se deu entre 1400 e 1550 DC, findando com a invasão espanhola. Cabe registrar que a palavra INCA deve se referir apenas à pessoa do REI, portanto não se deve usá-la no plural. A sociedade era formada pelo INCA (rei), a nobreza, os artesãos e pensadores, e por último a classe do povo. No apogeu, expandiram-se por todo o Peru, Bolívia, Norte da Argentina e Chile, Equador, Colômbia e Venezuela. Há relatos da de agricultura, arquitetura, astronomia, odontologia (implante de dentes usando como material ouro para os nobres e pedra para os demais), etc. O seu fim ocorreu com a chegada dos espanhóis, que , com menos de 200 soldados, e aproveitando-se da divisão política existente entre as diversas tribos conseguiram derrotar um grupo formado com mais de 10 milhões de pessoas.

Nosso primeiro contato com a civilização INCA se deu a partir da excursão ao Vale Sagrado, onde na primeira parada, em Pisac, vislumbramos os terraços andinos (característica principal da agricultura e forma de proteção contra a erosão, uma vez que eles utilizavam as encostas das enormes montanhas, em forma de andaimes para o cultivo, para ornamentação, e, também, para criação de llamas e alpacas). Dizem que o nome das Cordilheiras Andinas também teria sido originado dessa forma de exploração das montanhas ( andaimes= andinos ?). o segundo encontro se deu em Urubamba para o almoço, quando seguimos para Ollantaytambo, que se constitui por impressionantes ruínas nos topos das montanhas. É desafiador acreditar como eles conseguiam movimentar e erguer palácios, templos, residências e etc, com blocos de rochas que chegam a pesar 10 ton. em alturas inimagináveis. Finalizamos na cidade de Chincheiro com a visita à Catedral, onde se pode constatar a dualidade da convivência entre a religião católica e as crenças Inca. O vale realmente deve ser considerado sagrado, pois no alto da cordilheira andina se pode vislumbrar paisagens deslumbrantes.

9º dia – 30 de maio

Hoje chegamos ao grande momento de nossa viagem - a visita à cidade perdida dos Inca – Machupicchu. Devido ao imenso afluxo turístico, e aqui vale comentar que é impressionante como num país, com o potencial turístico do Brasil, não se registre, nem de longe, uma movimentação de turistas estrangeiros, principalmente europeus e americanos, de todas as idades – em maioria jovens mochileiros, como a que vimos em Cusco, deve-se reservar com antecedência de, pelo menos, 40 dias, as passagens de trem diretamente no site da Perurail.

O trecho de ida fizemos no vagão vistadome, ao custo de 75 USD, e que foi escolhido por ser o primeiro a sair de Cusco e chegar à Águas Calientes por volta das 9h30, o que permitiria um maior tempo nas ruínas. O trecho de volta foi realizado no trem backpaper, ao custo de 45 USD.

Devido às chuvas ocorridas no início do ano, o trajeto entre Cusco e Águas Calientes está sendo feito em inúmeras Vans ofertadas pela própria Perurail até a estação de Piscacucho ( em 2h de trajeto), que fica logo depois de Ollantaitambo, estação onde se toma o trem para Àguas Calientes, cujo percurso dura em torno de 1h30.

Chegamos à Àguas Calientes, onde o guia contratado já nos esperava, para nos juntarmos a um pequeno grupo. A entrada ao Parque tem custo de 45 USD e deve ser pago unicamente em soles e em cash. Neste momento também se adquire o ticket de ida e volta para uso nos ônibus que nos levam ao topo da montanha, ao custo de 14 USD (pagos em cash).

Machupicchu, em pleno topo das montanhas andinas, é tudo e muito mais do que se possa imaginar, ou que já tivéssemos visto em reportagens, é simplesmente linnndooo!!!

No tour de 2 horas e meia somos levados a conhecer a história minuciosamente contada sobre a origem, construção e descoberta deste paraíso arqueológico. Durante o trajeto já se tem idéia das opções de caminhada que se pode fazer no restante do tempo livre. Uma delas é a subida ao Monte Wanapichu, com percurso aproximado de 4h de caminhada, em trajeto bastante íngreme. Outra opção menos exigente, a que fizemos,já separados do guia e do grupo, com percurso de 3 horas, por um dos caminhos Inca, foi à Porta do Sol. De lá, no alto, pode-se apreciar o esplendor de Machupicchu.

Em torno de 16h30 descemos para o povoado de Àguas Calientes, local totalmente turístico, com dezenas de bares, restaurantes e pousadas bem transadas, que traduz um clima de alto astral, com turistas, embora cansados, totalmente extasiados com o que acabaram de ver, sentam-se para um gole de cerveja, uma pizza ou mesmo “um helado”...

Nosso trem partiu às 19h e chegou em Cusco às 23hs.

10º dias – 31 de maio

Iniciamos o dia pelas ruelas de Cusco, visitando o Museo Inca (entrada 10 soles, não incluso no boleto turístico). Deve-se registrar que o boleto turístico tem um custo de 130 soles – pago somente em cash – que dá direito a entrada em 16 sítios arqueológicos e museos, que serão visitados durante o tour ao Vale Sagrado e o city tours - e o Museo Regional de História, este sim incluso no boleto. Em seguida, visitamos o Mercado Municipal onde pudemos provar e sentir os sabores e cheiros andinos.

À tarde realizamos o city tour, que diferente dos usuais, tem um única parada na cidade, que se dá no sítio de Qoricancha, onde se tem a perfeita visualização da diferença entre a forma de construção inca – com blocos em granito, juntados milimetricamente sem o uso de qualquer argamassa e totalmente resistentes aos tremores sísmicos, em contraposição à frágil construção do novo mundo (espanhola). O restante do tour é todo realizado em sítios nos arredores da cidade, com destaque para o Saqsayhuman, com suas impressionantes muralhas formada por imensos blocos de granito, em forma de zigue-zague. Lugar onde se realiza anualmente a festa do intirimi (aclamação do solistício – 21 de junho).

Reservamos a noite para jantar em um dos inúmeros restaurantes da cidade que possui balcões espanhóis, com vista privilegiada para a Praça de Armas. O pedido não poderia ser outro que não o famoso “Cuy al horno” ( porquinho da índia), infelizmente, não muito apreciado por nós., em contraponto à deliciosa “cerveza” cusquenha.

 

11º dia – 01 de junho

 

Deixamos o hotel muito cedo em direção ao Aeroporto, para tomarmos o vôo da TACA com destino à Lima.

Em Lima chegamos por volta das 10h, imediatamente providenciamos o aluguel de um Toyota Yaris, na Hertz. Nosso destino foi a rota Panamericana Norte, cujo objetivo final é a cidade de Huaraz. Decidimos partir o percurso de 400Km, com uma parada na cidade de Barranca, à margem do Pacífico e próxima ao sítio arqueológico de Caral, que será visitado amanhã, antes de seguirmos para Huaraz.

Escolhemos o Hotel Chavin para pernoite, com excelente custo/benefício – 110 soles.

12º dia – 02 de junho

Antes de continuarmos o relato, me esqueci de comentar o susto que passamos e a tensão criada a partir do ocorrido. Ontem já quando saíamos da cidade de Lima, na rodovia Panamericana, pegamos um trânsito muito pesado e, por conseguinte, vagaroso, eis que fomos parados por uma blitz. Um patrulheiro se aproximou de forma muito simpática, já nos identificando como “irmãos brasileiros”, disse que éramos gente muito boa, e coisa e tal, e Pelé, e futebol, e amigos prá cá, amigos prá lá, quando então ele alega que havíamos ultrapassado a velocidade de 45 km, no local, fato impossível, uma vez que havia um grande engarrafamento e os policiais não tinham qualquer aparelho de medição de velocidade. De repente, apresenta a legislação informando que a infração - pretensamente cometida - nos custaria a bagatela de 400 soles (130 USD!!!!!!), mas, como éramos “amigos” reduziria pela metade , 180 soles. Depois de alguns argumentos nossos, reduziu ainda pela metade, ficando em 90 soles. Disse-lhe que não dispunha do montante, e ele pediu 50 soles. Finalmente e por sorte, tinha no cinzeiro do carro cerca 30 soles, que lhe ofereci e o “fdp” imediatamente agarrou-se nos soles, nos liberando em seguida. Depois desta situação, pensei seriamente em devolver o carro, mas resolvemos seguir viagem. No entanto, toda vez que passamos por alguma patrulha na estrada, que, aliás, são muitas, o coração velho bate rápido. A partir daí deixamos 30 soles preparados para outra eventual investida/abordagem.

Como saímos do hotel um pouco tarde optamos por ir direto para Huaraz, que fica em plena Cordilheira Andina, deixando a cidade de Caral para a volta.

Considerando a questão das patrulhas, bem como a estrada ser uma espetacular subida, com bastante sinuosidade, fomos bem devagar e com bastante prudência. Depois de cerca de 2 horas de viagem chegamos ao topo da cordilheira - cerca de 4000 m acima do nível do mar - mas especificamente ao “El Calejon de Huaylas”, que é um grande vale andino com 180 km de extensão entre as cordilheiras branca e a negra. Neste ponto, a “máquina” começa a operar incessantemente à medida que vamos avançando e descortinando as paisagens espetaculares de montanhas nevadas recortando o céu azul. Chegamos a Huaraz por volta das 3h da tarde. Principal cidade do “calejon” e base de todas as excursões, possui vários hotéis e restaurantes. A cidade em si não é bonita, em compensação sua localização é esplendorosa, cercada por enormes montanhas nevadas. Nos hospedamos no Hotel El Tumi, um dos melhores da região, ao custo de 50 USD, e somente a 2 quadras da Plaza de Armas. O turismo é, ainda, de certa forma, incipiente em relação à Cusco, é formado basicamente por estrangeiros em busca de esportes de aventura, já que a região é uma das mais ricas para trecking das Américas. Nos restringiremos a fazer os dois principais tours oferecidos, num dia faremos a visita às lagunas de llaganuco e no outro dia ao nevado Pastoruri.

13º dia – 03.06.2010

 

Contratamos os 2 tour na empresa Chavin Tours, que se localiza na Avenida principal da cidade há 2 quadras ao norte da Praça de Armas, pareceu-nos confiável e apresentou melhores preços, saindo a um custo de 25 soles por pessoa por tour.

Hoje fizemos o tour à Laguna de Llaganuco, que tem a primeira parada no mirador, permitindo registrar espetaculares vistas da Cordilheira Branca, dominada pela majestosa Montanha Huascaran, com seus 6.600m de altura, que dá nome ao Parque Nacional. A segunda parada se deu na cidade de Cahuaz para saborearmos os seus característicos sorvetes artesanais, elaborados apenas com frutas locais, sem uso de aditivos. O terceiro “stop” foi feito no Campo Santo de Yungay. Esta cidade, que em 1970 contava com uma população de aproximadamente 25.000 mil pessoas, foi totalmente dizimada por um terremoto, seguido de avalanche, no dia 31 de maio de 1970, às 3h25. Com o abalo sísmico morreu a metade da população e o restante, logo em seguida, cerca de 3 minutos após, com a avalanche de neve/rocha, que soterrou completamente a cidade. Salvaram-se apenas 300 crianças que estavam assistindo a um espetáculo circense e mais 90 pessoas que visitavam seus entes queridos no cemitério da cidade, localizado em um plano superior.

Hoje, a cidade é local de visita e considerado, por lei, como Campo Santo, não sendo permitida qualquer escavação. Apenas consegue-se visualizar os restos da antiga Catedral, 4 das 16 palmeiras imperiais que existiam na Praça de Armas, e os destroços de um ônibus que fazia a linha local.

A última parada do tour se dá na belíssima Laguna de Llaganuco, formada pela água do degelo do Huascaran. De cor azul turquesa e localizada a 3.800 m, oferece-nos a oportunidade de se poder caminhar tranquilamente pelas suas margens, ou de se optar por um passeio de bote.

O tour é finalizado próximo das 17h30 na oficina da empresa de turismo.

 

14º dia – 04.06.2010

 

Como estava programado, hoje conhecemos o nevado Pastoruri, que se localiza a 74Km ao sul de Huaraz, contando com a primeira parada num vale que possuí uma espécie única de planta - PUYA -, que segundo dizem ocorre somente nesta região. Da família das bromélias, chega a medir entre 10 e 12 metros, e na época de floração presenteia a platéia com cerca de 8000 flores em cada planta.

Após esta breve parada, a Van nos leva até a base do monte, a cerca de 4.500 metros de altitude, de onde partimos para um tracking de 3Km, em subida, até o nevado. O último ponto permitido para o acesso está a uma altitude de 5.000m. Recomenda-se, pois, que para este tour o viajante já esteja bem aclimatado. Quase não conseguimos (uffa)... mas, o esforço é recompensado pelas maravilhosas paisagens que vamos descortinando durante todo o trajeto. Ao chegarmos ao ponto final nos sentimos realizados com o feito, e para coroar o dia, na chegada ao Hotel, por volta das 17h, nos entregamos a uma relaxante massagem no SPA do Hotel, ao custo de 50 soles.

À noite finalizamos com um belo jantar, no restaurante El Fogon, que se localiza na avenida principal a cerca de 1,5 quadra a sul da Plaza de Armas. A comida muito boa, com pratos bem apresentados, farta e barata, com grande freqüência principalmente da comunidade local, o que significa bom achado. Jantamos uma parrilha e um Lomo saltado(filé), com cervejas, tudo ao custo de 50 soles.

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Seguimos nosso relato:

 

15º Dia – 05/06/2010

 

Logo depois do café partimos em direção a Lima, deixando Huaraz num dia de céu azul desenhado com as lindíssimas montanhas nevadas do monte Huascaran e seus vizinhos, o que nos deixou saudosos dos dias passados ali .

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A viagem foi tranqüila, chegamos ao aeroporto para devolução do carro por volta das 3h da tarde. Em seguida, tomamos um taxi com destino ao hotel, ao custo de 45 soles, bastante caro para os padrões locais, mas sem possibilidade de discussão. À medida que avançávamos em direção ao hotel, fomos atravessando bairros muito modernos e tranqüilos, como Madalena, San Isidro até chegarmos a Miraflore. O trajeto nos proporcionou uma excelente impressão da cidade. O hotel tem uma localização excelente, quase no início de Miraflores, a 2 quadras da bifurcação entre 2 das principais avenidas do bairro, a José Larco com a Ricardo Palma, onde há diversos restaurantes e fast food’s, tipo Mac Donalds, KFC e etc., dos grandes Magazines Falabela (a mesma rede do Chile e Argentina), Ripley, de diversos cassinos, e, grandes lojas de artesanato.

As instalações do Hotel Mariel são excelentes para a sua categoria (3 estrelas), dispõe de um bom atendimento, o que faz com que a relação custo/benefício seja muito boa, pois conseguimos reserva pelo site book.com ao custo de 60USD. Nos alojamos e seguimos caminhando em direção ao Shopping La Comar, que está situado a 12 quadras. Optamos por caminhar para melhor nos localizar, além de conhecer o bairro. Tínhamos em verdade como destino primeiro, conhecer o Cassino Atlantic Cyte, onde estava sendo realizado o torneio LAPT – Latin American Poker Tour, para assistir a mesa final. Como sou apreciador/amador dos jogos de poker que são transmitidos pela ESPN, para nossa sorte e num momento de tietagem demos de cara com o grande jogador – representante brasileiro e comentarista da ESPN – André Akkari, que nos acolheu com extrema simpatia, inclusive posando para foto (essa vai para o álbum!!!).

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O Shopping tem uma privilegiada localização – em cima e à beira de um penhasco à margem do Pacífico. Fizemos o reconhecimento, jantamos em um dos muitos restaurantes existentes e retornamos de Táxi (5 soles) para o hotel.

Lima nos causou excelente impressão, especialmente o bairro de Miraflores, com intensa movimentação turística, equiparando-se, inclusive, a que estamos acostumados a ver nas cidades européias. Os deslocamentos, quando necessários, devem ser feitos sempre de táxi, já que o transporte coletivo deixa a desejar. Uma boa dica é sempre antes de contratar o táxi negociar o valor do trajeto – não há taxímetro nem tabela, varia de acordo com a distância e a

A alimentação de uma forma geral é 30 a 40% mais barata do que no Brasil.

 

16º dia – 06.06.2010

 

Ontem havíamos contratado no Shopping La Comar um Cyte Tour – com duração de 3 horas – à empresa CITYSIGHTSEEING (há outra empresa que Tb faz, partindo do Parque Kennedy), são aqueles ônibus de dois andares vermelhos que existem na maioria das cidades européias, o custo foi de 50 soles/pessoa com guia em espanhol. O tour circula pelo bairro de Miraflores e pelo Centro de Lima com paradas na belíssima Plaza Mayor, no Parque das Muralhas e finaliza com a visita à Igreja e Convento de São Francisco, com suas conhecidas catacumbas, localizadas no subsolo da igreja. As catacumbas se devem ao fato de que, aquela época, por volta de 1600, não existia na cidade nenhum cemitério, e todos – ricos (mais próximo do altar – porque segundo diziam estariam mais próximos do céu) e pobres (em valas profundas localizadas nas laterais da igreja) eram ali enterrados. Tudo isso durou cerca de 200 anos, quando então, por lei, foi proibida essa prática. Hoje, tem-se “guardados” milhares de ossos que estão expostos à visitação.

Á noite, como já vimos fazendo, alternando refeições mais econômicas com bons restaurantes, escolhemos conhecer, talvez o restaurante mais famoso da cidade, o “Rosa Náutica”. Sua localização muito pitoresca – como um píer adentrando o mar – já é bastante convidativo. Os preços, embora bem mais elevados do que o padrão local, ficam esquecidos diante dos deliciosos e bem preparados pratos servidos. No nosso caso, optamos por um menu de degustação como entrada, incluindo Ceviche limeñito en aderezo de ají amarillo; Causitas de langostinos en salsa de ocopa; Chicharrones de calamar con salsa tártara y ají eConchitas a la parmesana, seguido de dois pratos principais – uma sublime Popietas de corvina a la florentin e um espetacular arroz de mariscos à rosa náutica, que estava entre uma deliciosa paella e um maravilhoso risoto, regados a 3 cervejas cusquenha, um pisco souers e um refrigerante, que gerou um “estrago” de 210 soles. O taxi da ida pode ser acertado por 10 soles, mas na volta tivemos que nos render ao valor fixo da portaria – 20 soles, já que o local não dispõe de fácil acesso.

 

17º dia – 07.06.2010

 

O nosso dia foi destinado à caminhada pelo Centro de Lima, e, à tarde, fomos conhecer o principal Shopping da cidade – o Jóquei Plaza. O gasto com o táxi até o centro foi de 10 soles.

Após algum tempo de caminhada chegamos à Plaza Mayor, que é composta pelo Palacio Arcebispal, a Catedral de Lima, diversos prédios com os belíssimos balcões de madeira, característicos da arquitetura colonial espanhola, e ainda do Palácio do Governo, onde tivemos a oportunidade de presenciarmos a curiosa e bela troca da guarda que ocorre diariamente ao meio dia. É uma verdadeira festa popular, já que é acompanhada por uma grande banda, que alterna músicas marciais com músicas clássicas do folclore peruano, incluindo “El Condor Passa”. Os turistas, tanto locais quanto estrangeiros, assistem ao espetáculo de forma bem participativa, inclusive com direito à dança.

Entre a Plaza de Armas e o Convento de São Francisco há diversas lojinhas de artesanato com preços bem convidativos.

Finalizamos o dia conhecendo o Shopping, e como não poderia deixar de ser - fazendo umas “comprinhas”.

 

 

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