Final de semana no interior da Paraíba.

Bom dia Galera,

Bom, resolvi fazer o relato da viagem que eu e minha namorada fizemos pro interior da Paraíba. Pra quem gosta de muito Sol e uma paisagem sertaneja, é uma viagem imperdível. Meu relato é para aqueles que preferem ficar na natureza e trocar experiências e cultura com os habitantes de cada cidadezinha visitada, e gastando o mínimo possível!!

1° Dia: Saímos de João Pessoa no sábado de manhã bem cedo de carro e fomos direto pra cidade de Ingá que fica a 105 km de João Pessoa, saindo pela Br-230 sentido Campina Grande. A estrada é ótima, muito bem asfaltada, em uma reta só você chega até Ingá sem muito desgaste. Chegando fomos até a fazenda onde fica as Itacoatiaras do Ingá que fica aproximadamente 5 km do centro da cidade.A área é protegida por Lei Federal que guarda o mais famoso sitio arqueológico do Brasil, a itacoatiara tem intrigantes inscrições rupestres muito bem polidas ao longo de um paredão de 46 metros de extensão e 4 metros de altura, não se sabe ao certo o que significa essas inscrições mas com certeza o lugar é um tanto místico por seus segredos e pela quantidade de pedras espalhadas ao longo do rio. Nessa mesma fazenda tem o museu de artefatos arqueológicos como ossos de criaturas pré-históricas e pinturas dos artistas locais. No local o guia marquinhos nos recebeu com muita disposição e conhecimento pra explicar tudo sobre as inscrições nas pedras e a região. Ele não cobra nada, fica de cada um a contribuição. Como fui de carro não tive a oportunidade de explorar as trilhas da região, mas tem muita coisa pra se conhecer além da pedra. Se tiverem interesse basta mandar um e-mail pro arqueólogo responsável pelo lugar, Dennis, e marcar as expedições. Uma dica imperdível para quem gosta de trilha é a Serra Velha, que é um pico de 600 metros com paisagem deslumbrante! Pra fazer a trilha reserve um dia todo, pois demora pra chegar no topo e é um pouco pesadinha. Dá pra acampar no topo da Serra, mas tem que marca com o Dennis antes, ele é gente boa D+ não hesitará de marcar a trilha.

BR-230

Itacoatiaras do Ingá

Vista geral das pedras. O Rio quando cheio cobre as pedras por inteiro, por uma extensão de mais ou menos 4 km.

Museu da Fazenda.

Serra Velha.

E-mail Dennis: dennysmota@hotmail.com.

Depois de Ingá, seguimos viagem pra Cabaceiras. A cidade fica a 98 km de Ingá e aprox. 200 km de João Pessoa. Existe 2 caminhos pra chegar em Cabaceiras:

1° - Atravessar a cidade de Campina Grande pela Br-230, até chegar na Pb-412, e seguir sentido Boa Vista. Esse caminho é bem legal pois passamos por várias comunidades e o clima é SECA TOTAL, o que se vê é muitos Cactos e Bodes. A estrada depois de Boa Vista é de terra, mas é terra batida e com poucos buracos, então dá pra render legal a viagem.

2° - Chegando em Campina Grande, entre na Pb-104 sentido Queimadas. A estrada é bem melhor, toda asfaltada e passa ao lado do açude do boqueirão, Que dizem que é lindo, mas infelizmente eu não conheci pois por consequência do destino fui pelo caminho n° 1.

Cabaceiras é conhecida como "Roliúdi Nordestina" pelas várias produções de filmes por lá, mais ou menos 20 longas e curtas foram gravados na região pelo clima que favorece as filmagens, isso porque não tem muita nuvem e a iluminação é constante, além de ser muito propícia pra filmes com a temática da seca. O longa mais famoso filmado na cidade é o Auto da Compadecida. A cidade não tem muita coisa pra se fazer, a não ser na época de São João, que ai é bem conhecida pela festa do Bode Rei, aliás, todas as cidades do nordeste em época de São João ficam lotadas, até as mais pacatas. Chegando nós fomos conhecer o museu do cinema e o museu da história local, além de ver os lugares das filmagens. Nosso guia foi uma mulher muito gentil ( que não me lembro o nome) responsável pelos museus, ela fez questão de nos mostrar todos os lugares "turísticos" da cidade e contar sobre os costumes da região. Vale a pena conhecer!

Seguindo pra Cabaceiras. A vegetação da caatinga, característica do sertão, é a paisagem da rota.

Cabaceiras.

Letreiro "Roliúde Nordestina"

Museu do cinema.

Igreja onde foi gravado o Auto da Compadecida.

Bode Rei, diz a lenda que se você segurar os testículos do bode e fazer um pedido ele se realizará. hahahah

Em seguida fomos pro Lajedo de Pai Mateus, que fica a mais ou menos 10 km de Cabaceiras, isso já era umas 15h. O Lajedo fica no perímetro do Hotel Fazendo Pai Mateus, e também é uma área protegida por Lei Federal, O lugar é SENSACIONAL!! Considerado a maravilha n° 1 da Paraíba e conhecido mundialmente, a história diz que o curandeiro chamado Mateus residia debaixo de uma pedra e realizava milagres. Colocarei as fotos pra detalhar melhor. Chegando no Hotel Fazenda fomos obter as informações de como conhecer a região. O hotel cobra R$ 25,00 por pessoa pra fazer as trilhas que levam ao Lajedo e algumas pedras que também são incríveis. O guia nós acompanhou por todo o trajeto e explicou tudo que se precisa saber sobre o lugar, então o valor vale a pena. Dica: Vá em tempo de ver o por-do-sol do Lajedo, e torça para um tempo aberto, (que não foi o meu caso )

O plano da nossa viagem era acampar nessa região, mas a gerência do Hotel Fazenda Pai Mateus não deixa ninguém acampar por lá, e a diária é absurdamente cara. Cabaceiras também não tem nenhuma área de Camping, aliás nessa região, pro interior do nordeste, não é muito fácil conseguir lugar pra acampar, até tentamos acampar em um hotel fazenda na cidade de Boa Vista, mas o senhor proprietário foi extremamente grosso e disse que " Essas coisas aí eu não dexo fazer na minha fazenda não". Acho que é uma questão cultural, e pra eles, acampar parece um tanto anormal oO. O que se pode fazer é achar qualquer canto e acampar mato adentro, ou ir pra Cabaceiras e ficar em hotel, tem alguns que são bem baratinhos. mas preferimos seguir até Campina Grande, onde achamos uma pousadinha por R$25,00 a diária por pessoa ( Nessas horas que um Smartphone mostra sua melhor utilidade: Internet e GPS) . Quebrou nosso galho!!!

Pedras que ficam antes de chegar no Lajedo.

Vista do Lajedo por baixo.

O morro é bem inclinado, parece que as pedrão vão acabar rolando abaixo.

Pedra do Capacete

Pôr-do-sol nublado

2° Dia: Deixamos a pousada em Campina Grande bem cedo e seguimos pra Araruna, pra conhecer o Parque Nacional da Pedra da Boca indo pela Pb-104. De Campina Grande até Araruna são uns 90 Km. A estrada também é muito boa e a paisagem já começa a mudar um pouco. Perto de Araruna a paisagem se caracteriza pelo Planalto, parecido com as chapadas do Goiás, porem com a vegetação da Caatinga, o caminho é muito bonito e vale a pena conhecer. Chegando em Araruna descobrimos que o melhor acesso ao Parque é por Passa e Fica no Rio Grande do Norte. O Parque Estadual da Pedra da Boca é situado no município de Araruna e até tem uma entrada por lá, mas é de terra e de difícil acesso. O melhor é ir por Passa e Fica que tem o Portal da Pedra da Boca e tem placas indicando o caminho da entrada. Pra quem vem de Campina Grande é melhor ir sentido Bananeiras e subir pela Pb-103, passando por Dona Inês, Campo de Santana, até a entrada do parque.

O Parque possui um conjunto de grandes pedras que atraem turistas do mundo inteiro. É um lugar muito propício pro ecoturismo, onde tem atividades como escalas, rapel, trilhas ecológicas, etc... O nome Pedra da Boca se dá pela imensa formação rochosa de aproximadamente 336 metros de altura que lembra o formato de uma boca aberta, é possível subir até o topo dessa pedra que é a mais alta do parque por uma trilha com o guia local, a trilha é um tanto pesadinha e tem que agendar. O lugar é uma dessas áreas de proteção ambiental e é mantido pela SUDENE ( Superentendência do desenvolvimento do Nordeste).

Chegando no parque eu e minha namorada fomos recebidos por seu Humberto, o responsável pelo parque e contratado do governo para dar assistência aos turistas. Mal chegamos e ele já se dispôs a nos apresentar algumas trilhas que não exigiam muito tempo e agendamento. Seu Humberto é um senhor muito gente boa, conhece tudo da região e ama de paixão o que faz ali. Sabe todas as trilhas e as lendas do parque. Ele te contará as histórias da Bruxa, da Princesa e dos Cavaleiros com o maior entusiasmo e empolgação. Conversando um pouco melhor com ele, descobri que a SUDENE e o estado da Paraíba não dão muita assistência ao parque, e que é o povoado da região e principalmente ele que cuida de tudo aquilo por conta própria. Ele me contou do descaso do governo com a população regional e a falta de água de algumas regiões. Tem lugar que a aguá só chega de 18 em 18 dias e que a maioria das casas não tem sistema de armazenamento, fazendo com que as pessoas passam sede, infelizmente esse é o país em que vivemos. Seria bom mais pessoas como Seu Humberto, que ama e cuida da natureza e não pede nada em troca.

Bem do lado do Parque tem o acampamento do seu tico, é lá que as pessoas se reúnem para fazer as atividades. Seu tico também é um senhor muito humilde e fará de tudo pra te ajudar no que for preciso. Ele cobra 5 reais pra acampar, com direito a chuveiro quente, energia pra carregar qualquer coisa e também almoço cobrado a parte, um PF é 8 reais e a comida é excelente. PECHINCHA!!! ir pra Pedra da Boca é ficar no Camping do seu Tico, não vale a pena ficar na cidade. (Na minha opinião) e também é lá que se obtém todas as informações das atividades radicais.

Pedra da Boca

Pedra do Coelho

Pedra da Bruxa. Diz a lenda que a bruxa aprisionou a princesa na pedra da Boca que esperou anos e anos pelo seu Príncipe para resgata-la.

Trilha

Gruta do Caçador.

Vegetação do Parque

Esfregão de sogra.

Paisagem da trilha, indo pra Pedra da Boca.

Eu, Guia aprendiz (Que esqueci o nome) e Seu Humberto.

A Boca.

Camping do Seu Tico visto de cima.

Vista do topo da Pedra da Boca.

Depois de passar a manha inteira no parque, fomos pra cachoeira do Roncador.

A cachoeira é vitima de uma polemica na região, ela fica situada nos municípios de Pirpirituba, Borborema e Bananeiras por isso há briga sobre qual municipio ela pertence. A verdade é que pertence a Bananeiras, pois é o Rio Bananeiras que leva até a queda que forma a cachoeira, mas o melhor acesso é por Pirpirituba e Borborema.

Saimos de Passa-e-fica e descemos pela Pb-099 até pouco antes de chegar a Pirpirituba, então entramos em uma estradinha e fomos para Borborema. Chegando lá o acesso é fácil, é só se informar com a população local que não tem erro. A cachoeira é linda, e ótima pra matar o calor que no verão é intenso!!!

Nós decidimos ir por Borborema, mas dizem que em época de chuva a estrada fica lamacenta, Não tivemos esse problema pois fomos em época de seca brava!!!!! mal tinha água na cachoeira, mas mesmo assim foi legal pois deu pra subir nas pedras e curtir as quedas d'água. Tome cuidado pois as pedras são escorregadias, no dia que agente foi teve um cara ( bebasso por sinal) que estava subindo pelas pedras e escorregou e caiu bem em cima da garrafinha de cerveja que estava segurando, ele ficou todo cortado e espalhou cacos de vidro pra todo o lado

Chegando em Borborema, um dos acessos pra Cachoeira do Roncador

Poço para tomar banho, tava seco, mas em época de chuva fica bem cheio.

Pedras escorregadias que leva às quedas.

Eu, curtindo uma quedinha (maiada)

Depois de passar um tempo no Roncador, levei minha namorada até Guarabira pra pegar um onibus pra João Pessoa, pois ela tinha que ir trabalhar. Eu ainda voltei pro Parque Nacional da Pedra da Boca e fiquei mais 2 dias explorando a região. Viagem Sensacional e Barata!!!!!!!

Gastos: eu fiquei 4 dias nessa rota e gastei mais ou menos 400 reais de carro, ida e volta para João Pessoa! Dá pra gasta menos se não compra muita bobeira.

- Gasolina: R$ 150

- Hospedagem: R$ 35

- Comida: R$ 100 ( de Supermercado)

- Outros: R$ 100

Espero ter ajudado

Valeu galera, Boas viagens!!!

Muito show, gosto por demais desse tipo de paisagem. Minha pergunta é... Se eu for de onibus, consigo passar por todos esses pontos? Inclusive o acapamento? é frio? Valeu

Lucascec, muito legal o passeio! Parabéns e obrigado por compartilhar. Espero explorar um pouco o interior da PB de forma parecida com o que vc fez -- algum dia.

Olá Lucas. Viagem massa!

Destes lugares, só não conheço a Cachoeira do Rocandor [relatos com fotos abaixo]. Dos principais lugares da Paraíba, para mim falta conhecer o Litoral Norte, com ênfase em Barra de Camaratuba, e a Região de Patos [Pico do Jabre e outros da Região]. Vc já esteve nestes lugares?

Um abraço

Marcos.

Muito show, gosto por demais desse tipo de paisagem. Minha pergunta é... Se eu for de onibus, consigo passar por todos esses pontos? Inclusive o acapamento? é frio? Valeu

Cara, eu creio que todas essas cidades tenha onibus, mas são cidades bem pequenas as vezes vc vai ter que pegar vários onibus e fazer escalas em cidades maiores ao redor. Mas se vc fizer um roteiro programando os onibus tem como fazer sim!!

Aqui no nordeste nunca é frio, então qualquer casaco fino pra aguenta vento tá massa!

Olá Lucas. Viagem massa!

Destes lugares, só não conheço a Cachoeira do Rocandor [relatos com fotos abaixo]. Dos principais lugares da Paraíba, para mim falta conhecer o Litoral Norte, com ênfase em Barra de Camaratuba, e a Região de Patos [Pico do Jabre e outros da Região]. Vc já esteve nestes lugares?

 

Um abraço

 

Marcos.

Oi Marcos,

Não, nunca estive nesses lugares mais morro de vontade de conhecer Barra de Camaratuba. Dizem que é sensacional o lugar.

Mas tem um lugar muito doido também que é Barra de Cunhau, já no Rio Grande do Norte, se vc não conhece vale a pena colocar no seu roteiro pra conhecer!!!!

abração