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Minha experiência fazendo a trilha de Salkantay para Machu Picchu. Agora do meu jeitinho …


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Você encontra este relato original na Viajanderia.com

http://viajanderia.com/2014/10/27/minha-experiencia-fazendo-a-trilha-de-salkantay-para-machu-picchu-agora-do-meu-jeitinho/

 

Sim, eu sobrevivi. Entre muitos percalços, dores, embates psicológicos e aprendizados, a trilha de Salkantay foi cumprida com êxito.

 

Antes de iniciar, fiquei 2 dias e meio aclimatando em Cusco. Isso não significa descansando, pois o ideal é que você caminhe pela cidade para o corpo ir se habituando a processar de forma diferente o pouco oxigênio que está disponível.

 

Fechei a trilha já em Cusco pela agência do Loki Hostel, a Loki Travel. Realmente, fica mais em conta fechar diretamente lá e não Brasil. Estava com um pouco de receio, mas correu tudo bem, se eu não fechasse pela Loki Travel era muitas as outras opções na Plaza das Armas. Na própria agência, aluguei meus Stickers ( fundamental para a trilha, na minha opinião )

 

Revendo minhas observações sobre as expectativas, vamos lá realizar as devidas atualizações:

 

 

Conforme esperado, não andei na neve, mas existem períodos do ano onde isso pode ocorrer. Pesquise adequadamente o período em que você pretende fazer a trilha.

Encontrei sim um grupo tão doido quanto eu, e os que não eram tao doidos assim eram uma simpatia só. Thanks God!

Consegui levar uma mochila sucinta e deixei outros 5 Kgs pra Mulinha amiga carregar. Usei TODOS os itens que levei, com exceção do tênis extra caso tivesse algum problema com minha bota.

Fazer xixi no início era tenso. A ordem era procurar o Inka toilet mais próximo, ou seja, o matinho ou moitinha mais escondidos. Essa regra valeu pro primeiro dia, do segundo em diante, eu já estava pedindo pra alguém tomar conta e nem precisa de moitinha hahaha. Você vai desapegando. A verdade é que até existem uns baños pelo caminho, mas bem precários, a um ou dois soles. Muitas vezes você olha a situação e desiste e volta pro Inka Toilet mesmo.

A preparação física foi importante, mas não suficiente. Passei perrengue.

 

 

1° Dia de trilha

 

Acordei as 2:45 da manhã. Tinha que estar pronta as 3:30 quando um ônibus nos pegaria no hostel. Fomos de Cusco a Mollepata em um Busu tentando dormir nas 2 horas do caminho até o primeiro café da manhã. Ao som de música Peruana e uma buzinada a cada curva, com um motorista maluco que adorava um fininho no precipício, foi meio impossível rsrsrs. Depois do café da manhã e da apresentação do grupo.

 

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Iniciamos a caminhada, acho que por volta de 6:30. Muitas subidas, algumas paradas e a altitude me PEGANDO feio. Cheirando muita Muña pelo caminho eu fui a mais atrasada de todos … O dia terminou pra mim por volta das 18:30 da tarde. Meus últimos dois Km demoraram quase 1 hora … e eu os fiz chorando copiosamente. A sensação era de desistência, eu havia perdido, eu precisava voltar, não ia dar mais pra mim, eu tinha fracassado. Sentei em uma pedra e chorei muito. Meu guia Nestor carregou minha mochila pelo 1 km final, me deu água, limpou meu rosto … foi um grande incentivador: “Não chore brasileña, vai conseguir, acredite. Tem gente que passa muito mais mal que você!” Hein?? Eu tava praticamente morta rsrsrs e ele diz isso … ;)::essa::

 

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Meu joelho esquerdo estava destruído, inchado e dolorido.

 

Fui recebida com muito carinho pelos Brasileiros e a Rosi, minha companheira de barraca, já tinha arrumado tudo pra minha chegada. Me acalmei … chorei um pouco mais, relaxei com as piadas do grupo brasileiro e com o apoio de um amigo Israelense e vamos de Lanche e Jantar.

 

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O lanche tinha sempre pipoca e algum biscoito, ás vezes pão. No nuts, por causa da alergia de uma de nossas amigas. Eles respeitaram bem isso. Leite em pó … café em grãos … Chá de coca ou de muña e muitos papos e gargalhadas.

 

O jantar era servido 30 ou 40 min depois do lanche. Sopa de entrada (saudades ) … um prato com algumas opções e sempre com alguma carne ou massa. Vegetais … batatas e as vezes bananas fritas. E ao final … mais chá … de coca ou muña.

 

Depois era descansar e esperar o segundo dia e decidir o que eu faria da minha vida. O guia me aconselhou subir as 2 primeiras horas de mula, mas eu, muito turrona e teimosa, não queria aceitar essa possibilidade. Depois dessas 2 horas teríamos apenas mais 7 horas de caminhada … tranquilo né?

 

2° Dia de trilha

 

Acordei em paz, com nosso cozinheiro gritando as 5 da manhã: Coca Te, Coca Te!

Tinha dormido bem, e tinha entendido enfim qual tinha sido o aprendizado do primeiro dia de trilha. Respeitar meus limites e deixar de ser tão teimosa.

Duas amigas de nosso grupo, passaram mal a noite toda … muito mal mesmo e precisaram retornar a Cusco. Estava triste por elas e isso me fez mais tranquila com a decisão. Eu adoro cavalos, já montei antes, seria uma aventura irada e eu estava aprendendo tanto. Aceitei a mula!!!!! Eu, Amanda e Rachel do nosso grupo e mais duas brasileiras de um outro grupo. Vamonos de mulinha. Ulaaaaa mula! ::otemo::

 

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Depois de 2 horas estávamos no pé de Salkantay. Que visual fantástico … todos comemorando. Fotos, agradecimento e lá vamos nós que em mais 2 horas de descida até o almoço e depois mais 5 até o acampamento da noite. Acho que foram 22 Km nesse dia.

 

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Usei minha joelheira e isso me ajudou bastante. Hoje a panturrilha e meu pé estavam doendo muito por conta das 7 horas descendo. Recebi muito incentivo da galera e fui bem melhor neste segundo dia. Estava acabada mas muito feliz mesmo. A chegada foi com uma recepção de cusqueña e de umas crianças muito doidas e atentadas que fizeram a festa com a gente.

 

Tinha um suposto chuveiro nesta parada. Tentei tomar banho, mas era 10 min a 10 soles. O problema era que 10 min no relógio da doida da mulher passavam em 3 min e meio. Teve gente querendo quebrar tudo kkkkk.

 

Lanche … Jantar .. Gargalhadas. Massagem no pé e hidratação com Vasilina. O terceiro dia já ia exigir MicroPore, tinha uma possível bolha dando as caras.

 

3° Dia de trilha

 

Altitude menor … um pouco mais de disposição, íamos caminhar umas 6 horas até o almoço. Mas a notícia boa era: Depois do almoço, busão para as Águas Termais!!!! AÊEEEEEEE. Caraca, eu não via a hora de tomar um banho decente e ficar boiando em uma aguinha a mais de 30 graus!

 

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Neste dia teve o desafio do futebol. Pois é minha gente … você já está andando na altitude, 5 dias, tem que ter uma paradinha pra uma pelada né! Eu brinquei um pouco e já saí, medo de contusão e a panelinha era muito forte para aguentar o brilho feminino em campo. Beijo no ombro!

 

A caminhada foi puxadinha e neste dia eu achei que tinha destruído por COMPLETO meus tendões. As duas horas finais eu cantava de nervoso, gargalhava sozinha pela trilha de nervoso e MANCAVA de tanta dor!

Encontramos uma cachoeira com uma água geladíssima, foi meu refresco. Tirei bota, meia e tudo mais e fiquei alguns minutos com o pé dentro d´água. Foi o gás que eu precisava para chegar ao final.

 

O fim de tarde nas águas termais foi relaxante e extremamente divertido com as exibições de jump livre dos nossos amigos Flor, Marco e a tentativa de jump do Paulo e Gaco.

Cair na piscina em linha, com todo o grupo de trilha, inclusive os estrangeiros, foi sensacional. Os chineses aplaudiam, fotografavam e riam demais. A gente causou e a diversão no ônibus ao som de Gustavo Lima fez a gente chegar no camping e sermos notados por todos os grupos. Eita povo feliz!

 

É no 3o dia que rolou a festa no acampamento. A princípio a festa é composta de uma fogueira , uns banquinhos ao redor … e música. Adicione a isso BRASILEIROS e pronto!!! Virou uma Brazilian Party. A galera indo de Inka Tequila a 1 sole ( teve gente que pagou 6 soles … quem? Logo quem não bebia … aff ::putz:: )

 

Dançamos muito … como estava sóbria, fui fazendo as honras de puxar as pessoas pro centro da roda ou acompanhá-las e incentivá-las na pagação de mico alheia.

 

Muitas histórias divertidas para contar … e uma lua cheia fantástica a iluminar nossos pensamentos. Terminamos a noite com o saldo de dois sóbrios cuidando dos outros brasileiros hahaha. “eu te conheço!!! Você me salvou …” ::lol4::

 

4° Dia de trilha

 

Quarto dia iniciado tarde as 6 da manha. Inacreditável acordar tarde ;)

Depois de uma negociação de grana acirrada, partimos para a tirolesa. Uma sequência de 5 cabos atravessando um Cânion lindo, com um rio de pedras lá embaixo. Visual extremamente convidativo. A gente acha que vai descansar na manhã de tirolesa e é um sobe, sobe danado, uma adrenalina muito louca. É cansativo viu.

 

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Neste dia uma pequena emoção a mais. Um de nossos amigos, desapegou tanto que perdeu a GoPro no último cabo. Frio na barriga, todo mundo tenso e dá-lhe procurar a bichinha que tinha caído já na parte de floresta. Havia uma esperança … e ao final, nossa esperança tinha nome. JUAN!!!!!

 

Juan era uma das pessoas que nos colocavam e retiravam dos cabos, trabalha na agencia que fechamos a tirolesa. Juan foi super solícito, se embrenhou na mata, encontrou todo feliz a GoPro e a gente respirou aliviados, tinha sido apenas um grande susto!

 

Depois da Tirolesa, ponte do Rio que cai … Deus, como eu quis desistir … que negócio louco! A gente já tinha tido tanta emoção … que desconectar aqueles mosquetões e ficar pendurada parecia demais pra mim. Muita risada e apoio do Paulo para realizar a travessia. Sem ele no começo ficando ali por perto eu tinha surtado e voltado, serinho! ::ahhhh::

 

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Almoço do 4o dia de trilha. E lá vamos nós andar mais!

 

Depois da manhã de aventuras uma vã nos leva a hidroelétrica onde almoçamos e finalmente começaríamos a última parte de trilha até Águas Calientes.

 

Foi a parte mais bonita e emocionante pra mim. Já podíamos avistar as montanhas que ficam ao redor de Machu Picchu. Ao lado da linha do trem … caminhando entre chuviscos na floresta tropical. Relativamente plano. Muita zoação, muitas risadas … e carregando TODO O PESO da mochila, pois neste 4o dia, já não tínhamos as mulas para ajudar, era tudo por nossa conta e costas! ;)

 

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O peso era grande, mas a empolgação era enorme. O joelho se calou, os tornozelos deram um tempo, a dor de cabeça não existia mais. Íamos chegar na nossa última parada. Deu até para brincar de andar nos trilhos!

 

Já em Águas Calientes um hostel para nos receber e água quente #sqn , dei azar e o banho foi gelado mesmo. Azar? eu disse Azar? Tudo que eu não pensei era que tinha dado azar. Tava feliz demais e foi um banho gelado delicioso. Lavar o cabelo … usar um banheiro normal, deitar em um colchão fofinho … que sorte estar ali para vivenciar e dar valor as pequenas coisas.

 

A noite jantar em restaurante. UAU, trutcha a la plancha, muitos brindes, vinho!!! E o nosso “diploma”: A entrada para Machu Picchu com direito a palmas para cada um que tinha chegado até ali e com direito a agradecimento especial ao grupo de brasileiros. Uiaaaa, olha nós aí gente, marcando os corações! E uma trilha marcada ao som de “Viadinho, viadinho, viadinho!” …. que nos fez rir horrores.

 

Enfim, a gente continuava faminto, e os mineiros queriam queijo … o paulista flor queria Pizza e lá fomos nós comer pizza depois do jantar!!

 

 

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A noite foi ótima!!! Dormir então para estar prontos e vestidos no hall do hostel as 4:20 da manhã. Subir a Machu Picchu!

 

Assim fechamos a nossa trilha.

 

5° Dia de Festaaaa Chegamossssss.

 

Esse foi o dia de subir ao nosso destino. Você pensa que vai descansar e o trem tem escadas que não acabam mais. Definitivamente uma maravilha do mundo. Um patrimônio cultural. Aconselho um guia para enriquecer o passeio e aconselho chegar cedo! Passeamos o dia todo por lá. Subimos no busu a 10 dólares e descemos de busu também. Emocionante alcançar seu objetivo, ainda mais quando você precisa se superar no caminho. Os detalhes das aventuras de Machu Picchu ficam pro próximo post!

 

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A volta foi no trem da Peru Rail. Nossos tickets não haviam sido impressos e tivemos que buscar isso na estação de trem. Mas correu tudo bem. 2 horas até Ollantaytambo, procurar a moça com 300 nomes e um dos nomes é o seu rsrs, é o caos dando certo minha gente! … e mais 2 horas até Cusco. Exaustão define!

 

Se você está gostando de acompanhar esta aventura ou encontrou informações relevantes, não deixe de compartilhar com seus amigos ;) Minhas impressões sobre Peru e Bolívia foram muito ricas e eu contei um resuminho básico neste outro post.

 

E se você quiser ver mais sobre a preparação e os resultados desta saga, você encontra tudinho no http://www.Viajanderia.com

 

Tati Batista

@Viajanderia

 

Você encontra este relato original na http://www.Viajanderia.com

http://viajanderia.com/2014/10/27/minha-experiencia-fazendo-a-trilha-de-salkantay-para-machu-picchu-agora-do-meu-jeitinho/

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