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. . . . . Argentina versus China


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Argentina versus China

 

Edmilson Vieira

 

Observe o bairro de Belgrano em Buenos Aires e faça uma caminhada por ele. Na verdade não é só isso. É preciso parar para tomar um sorvete, ir até o supermercado chinês, onde decidiram que iam colocar lá dentro, tudo o que fosse capturado na China. Disseram que os produtos chineses baratos são feitos pelos presidiários? É história escabrosa, então os trabalhadores dos países pobres são presidiários universais?

 

Problema!

 

Mas o panorama é o bairro de Belgrano e não, o conflito capitalista. Ainda falta contar histórias, personagens; falar de heróis, celebridades... E não, articular greve na China por melhores salários, como você está querendo.

 

O retrato do bairro é também uma praça, Barrancas de Belgrano, integrada com a população através de um casal, Melba e Santos. Faz cinco anos que eles desconfiaram que na comunidade poderia ter bailarinos de tango. Chegaram no coreto da praça, examinaram piso, teto, deram uma coletiva à imprensa, e disseram que a partir daquele instante estava depositada a suavidade do tango; os passos ousados e a maneira de ir e vir para um lado e outro.

 

Beleza, mas nesta crônica fica pendente a questão dos chineses. Foi apenas um assunto eventual e não dá pra ser seduzido por essa causa. Parte do bairro, sim, tem chineses, mas não interessa saber se ganham em dólar, real, ou pesos. Nada de drama! Poderia até adaptar algumas palavras pra ver se combinam com a China, mas desviar toda a crônica e esquecer do bairro de "los hermanos", não!

 

Calaram-se as vozes na Praça Celestial em Pequim e o conflito agora está dentro deste texto. Você exige a presença de uma chinesa, vestida de dançarina de tango, que chega no coreto da praça e espera que um argentino a convide pra dançar (Maradona?).

 

Opa! Parando! A sua festa acabou! Esta comédia está virando drama. Espere, a chinesa está sendo convidada para dançar. Suspenda o que se falou antes.

Fantástico! Ele, o cavalheiro perguntou se ela aceitaria.

 

Ummmmmm...

 

Ela começou a dançar o meu passo predileto, parou um pouco e virou metade do corpo para o lado. Ei Xin Xin Chang, isso é reduto dos portenhos, saia daí.

 

É, está ótimo. Força, força...

 

Ah! Que tempos difíceis em que a pessoa se encontra... Essa chinesa propõe e você apóia. Aproveito enquanto ela dança, para dizer que os moradores vão à esse baile, todas às terças, quartas e quintas-feiras, apenas no verão, das 19 às 22 horas. A senhora Melba fica na entrada recebendo os dançarinos enquanto o marido opera o som.

 

Terminou a música, todos param ao mesmo tempo. O amigo Fabian Mulis explica que eles reconhecem o final porque escutam desde pequenos.

 

Estamos aguardando o fracasso da sua convidada chinesa. O quê? As pessoas estão chamando ela de duquesa? Isso é obra sua que está atuando nesta crônica sem açúcar e sem afeto!

 

Buaaaaaaa... Pentágono por favor, me ajude, esse(a) leitor(a) tem armas químicas. Solidariedade comigo, acerte-o(a)!

 

Já sei, a partir de agora, a escrita vai ser em "lunfardo", para que você não compreenda.

 

¿Si se pueden comprenderme?

 

Ueé, a técnica não funcionou!!! Esqueci que o lunfardo, gíria portenha, também é formado com palavras em português. Nasceu no bairro da Boca. Os moradores achavam simpáticas algumas palavras faladas pelos marinheiros estrangeiros e aí foram incorporando ao solo argentino.

 

Enquanto isso, a chinesa faz milhões de passos que refletem a ligação dos chineses com a cidade.

 

Se neste diálogo aconteceu algum conflito, vamos reconciliar. Agora você recebe habilitação oficial pra continuar participando do relato, com a riqueza do http://www.mochileiros.com é fácil. Então? Dispare na frente e escreva um final pra esta história. Mas por favor, não complique a vida do autor com a personagem chinesa criada por você.

 

Avante!

Edmilson Vieira é artista plástico e escreve crônicas. dnv01@uol.com.br

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