Mochilar com crianças, pode? Pode!

Mochilar com crianças pode ser menos complicado do que parece. As trilhas pesadas, a intensa programação histórico-cultural e a balada até o sol raiar é que terão que ficar pra próxima, no mais, é diversão garantida!

Apresente tudo sob um novo prisma!

Horas intermináveis para nós, podem ser encaradas como horas ainda mais intermináveis para as crianças (ônibus, filas das atrações, filas de embarque…) e porque não explicar a ela que tudo isso faz parte da aventura? Não se trata de “enganar” a criança (risos), mas de construir uma bela história cujo personagem principal será ela, que certamente terá muito boas lembranças no futuro.

Jean Siegel e as filhas Giulia e Giovana / Arquivo pessoal
Jean Siegel e as filhas Giulia e Giovana / Arquivo pessoal

Escolher muito bem o roteiro é fundamental

Leve em conta que crianças não costumam fazer longas caminhadas (elas podem correr o dia todo, mas um “city tour” pode ser muito entediante para elas);
Se você vai viajar com ela (pode ser filho, sobrinho, afilhado, entiado…) pela primeira vez, que tal começar por lugares cujo clima não seja tão diferenciado? Sair de São Paulo para viajar pelos Andes pode pedir uma ida a um bom pediatra antes, para consultar sobre a questão da adaptação à altitude.

Tudo esquematizado

Nós até que aguentamos bem quando a fome aperta e podemos rodar e rodar para encontrar um lugar pra dormir depois de rodar e rodar até o destino. A criança não. Eles têm horários e é preciso respeitar isso, portanto, programar a chegada quando há lugares abertos para comer e ter o quarto reservado é recomendado! (Certifique-se que o local aceita crianças, claro)
Outra dica é levar em conta se o albergue ou pousada disponibiliza a cozinha para os hóspedes para no caso de você precisar preparar algo rápido (esquentar uma papinha, fazer um sanduíche) durante a madrugada por exemplo.

E acampar, dá?

Dá! E pode ser até incentivado pelo pequeno! Como aconteceu com o viajante-pai, Adriano Klein, de Florianópolis. Ele que participa do nosso fórum Mochileiros.com conta no site que a compra da barraca foi incentivada pelo filho. “O resultado foi o verão todo acampando todos os fins de semana! Experiências incríveis, novos amigos, tudo de bom! Agora a barraca é nossa segunda casa e será sempre nossa companheira de viagem!”.
Em temperaturas muito frias, os viajantes do site não recomendam o acampamento com crianças. Além da friagem que vem do chão (que deve ser amenizada com isolantes térmicos) a condensação do sobreteto pode molhar a barraca internamente. Por outro lado, se você realmente quiser enfrentar algum frio, atente para as extremidades levando luvas, gorros e meias extras. Tenha também sacos de dormir.
Também é unanimidade buscar um camping que ofereça boa infra-estrutura (com banheiros bem equipados e alguns até cozinha).

Trilhas!

Antes de se aventurar com a criança numa trilha, que tal fazer piqueniques?
Escolha um parque seguro onde haja espaço para eles correrem à vontade, convide amiguinhos e além das comidinhas básicas (e muita água) leve um kit básico de primeiros socorros; protetor solar, chapéus e ou bonés e repelente. Ah, também leve sacos de lixo e já vá dando o exemplo à criançada!
Passada a “adaptação”, você pode começar escolhendo uma trilha de 30 minutos por exemplo. Dê água à criança durante todo o trajeto, mesmo que ela não lhe peça para beber.
Se ela parecer cansada, pare para descansar, a trilha não é nenhuma competição.

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Os viajantes Jean Sigel, Tatiana e as filhas Giulia e Giovanna / Arquivo pessoal

Esteja sempre bem perto ou de mãos dadas com a criança e em trilha estreita, na subida deixe-a na sua frente, na descida é melhor a criança ficar atrás de você.
Um obstáculo pequeno pra você pode ser gigante para a criança (olhe para a sua perna e para a dela!). Se ela caiu, faz parte! Se se machucou, ajude-a – tudo no maior clima alegria!!!
Com a criança você mesmo vai se surpreender com a infinidade de tons da natureza,  explorem juntos este, que é um novo mundo pra ela e pode ser muito novo pra você também!

Adulto, o carregador! (Com ou sem equipamentos apropriados)

Pra ajudar a introduzir a criança nesse novo mundo,  você pode carregá-la (até 20kg, 22Kg por exemplo) numa cadeirinha-carregador-mochila apropriada, chamada Carrier Child. Há relatos de papais que já acham 12kg um pouco exagerado dependendo do tipo de passeio que será feito, portanto o que vale é testar. Vale também o famoso revezamento: colo, caminhada, cavalinho. Independente do equipamento que você tiver, muito provavelmente em algum momento esse revezamento acontecerá.

Para bebês existem aquelas espécies de tipóias de tecido, genericamente chamados “cangurus”.  Os Wrap (tecido e amarrações) e Mei tai (estilo chinês) que dividem o peso do bebê nos ombros;  o Ring Sling (com argolas) e o Pouchsling (só pano) que deixam o peso num ombro só e ficam no corpo como uma bolsa, sem pendurar as perninhas do bebê. Em todos os casos, no começo você invejará as cholas, depois vai tirar de letra!
No Youtube há diversos vídeos ensinando como utilizar esses carregadores.

Abaixo alguns blogs que podem dar um empurrãozinho pra você botar a criançada na estrada!

– Eu viajo com meus filhos: https://viajocomfilhos.com.br/
– Felipe, o pequeno viajante: https://www.felipeopequenoviajante.com/

Documentação – Manual relativo a viagem com menor brasileiro ao exterior elaborado pela Polícia Federal: 3_edicao_manual_menores

Foto do autor

Claudia Severo de Almeida

Jornalista, há 20 anos escreve sobre Turismo Backpacker/Mochileiro e viagens independentes. Participou do corpo de júri especializado do Prêmio 'O Melhor de Viagem e Turismo' (categoria Hospedagem - Hostel). Cocriadora do site Mochileiros.com.

7 comentários em “Mochilar com crianças, pode? Pode!”

  1. Adorei a mencao ao pequeno viajante como incentivo! Obrigada! Sobre altitude,ja fiz um post,apos consulta ao pediatra,qdo estavamos nos preparando p ir ao tibet_6000metros_saibam q os adultos terao sempre mais problemas c a altitude.as criancas tiram de letra!!!

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    • Oi Claudia!
      O ‘Pequeno Viajante’ está bem legal; trazendo ótimas dicas – parabéns!
      Quanto ao post relacionado a altitude, fique à vontade se quiser linkar aqui nos comentários (assim já fica de ajuda para outros viajantes que tenham essa dúvida).

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  2. Claudia,

    Adoramos suas dicas 🙂
    Nosso filhote curte uma trilha e, na volta, sempre voltava aninhado no sling, comigo ou com o pai.
    Agora ele está com 3 anos (15kilos) e estamos pensando se a tal mochila será útil ou vamos ter que revesar o colo da mamãe e do papai mesmo.
    A dica de consultar o pediatra para grandes altitudes veio a calhar.
    Estamos nos preparando pra sair pra uma expedição pela América do Sul neste final de ano. A ida ao pediatra já está marcada, mas o detalhe da “altitude” ainda não tínhamos lembrado de perguntar.

    Enfim… adoramos o post.
    Abs e até a próxima

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