O silêncio e o despreparo das empresas de turismo na luta contra o machismo

Por Nathalia Marques e Fabiana Araújo, do M pelo Mundo*

Na última terça-feira (12) a cantora Karol Conka postou um vídeo no seu Instagram denunciando um caso de assédio que aconteceu no Sheraton Grand Rio Hotel. A cantora relatou que um gringo, que também estava hospedado no local, xingou e passou a mão em duas mulheres na área da piscina.

De acordo com Karol, o hotel não atuou de maneira adequada para garantir a segurança das mulheres. “A medida que deveria ser tomada pelo Sheraton é a seguinte. Se o cara passou a mão nas meninas e fez gestos obscenos. Retire-o do local que está todo mundo curtindo. Só falta dar beijinho na testa do tarado”, disse a rapper.

Não precisamos dizer que esse é apenas um dos diversos casos que acontecem com mulheres que viajam e têm que enfrentar situações constrangedoras ou que colocam em risco suas vidas – sem ter respaldo dos locais onde estão hospedadas. Outra situação ocorreu também este ano. A plataforma de resenhas de viagens,  TripAdvisor, apagou comentários que denunciavam um caso de estupro que ocorreu no Iberostar Resort, na Riviera Maia, México, há alguns anos.

Ainda este ano, uma brasileira estava no Serenata Hostel, em Coimbra, e foi filmada enquanto tomava banho. Quando denunciou o que ocorreu para os funcionários dos hostel, ela foi, simplesmente, desacreditada e não recebeu a atenção adequada.

O despreparo e o silêncio das empresas de turismo

Todos estes casos nos levam a seguinte conclusão: existe um silêncio perverso e um despreparo por parte de algumas empresas de turismo na luta contra o machismo e na garantia da segurança das mulheres viajantes.

Ocorre que ao contrário do que pensam as empresas, o silêncio não vai garantir que esses casos fiquem embaixo do tapete para manter suas reputações. Afinal, a internet está aí e as mulheres já estão cansadas de ficarem caladas.

Além disso, a falta de preparo para lidar com essas situações irá, com toda certeza, acabar com a reputação das marcas. Casos como esses podem acontecer, infelizmente, e é com tristeza que afirmamos isso. Contudo, sabemos que vivemos em um mundo ainda muito machista.

Nesse sentido, uma empresa de turismo deve estar preparada para lidar com isso de forma adequada e garantindo a segurança das mulheres. É indispensável que as empresas ofereçam treinamento para os seus funcionários e que façam debates sobre igualdade de gênero.

Atualmente, o que não faltam são mulheres capacitadas para oferecer esse tipo de serviço para as empresas. Exemplo disso é a plataforma Lado M que oferece palestras sobre o assunto.

Quanto a nós, mulheres viajantes: devemos seguir os passos da Karol. Quando uma empresa não garante nossa segurança e não está preparada para lidar com casos de assédio devemos sim FAZER UM ESCÂNDALO.

Quando as empresas cumprem com as suas obrigações

Contudo, lembramos também que há algumas empresas que demonstram estar comprometidas quando o assunto é a segurança das mulheres. Recentemente, em uma viagem, uma de nossas colaboradoras realizou  um passeio com uma agência e sofreu assédio por um dos funcionários.

Isso jamais deveria ter acontecido, mas, infelizmente, aconteceu. E, quando ela retornou para sua cidade e se sentiu segura para falar, entrou em contato com a gerente e contou o que havia acontecido. A gerente em nenhum momento questionou a denúncia, disse que iria tomar uma medida e aproveitaria para falar com toda a equipe para reforçar que esse tipo de comportamento não é aceitável na agência.

* Texto publicado originalmente no site M pelo Mundo.

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