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Jul/2012: Porto de Galinhas - Recife/Olinda/Itamaracá - Pipa - Natal - Arcoverde - Vale do Catimbau


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Eu e meu namorado planejamos essa viagem com pouca antecedência porque em meados de maio apareceu uma promoção da Gol com passagem de ida e volta pra Recife por R$350, o que foi absolutamente tentador. Como eu não tinha dinheiro, não queria passar julho inteiro em São Paulo e com esse preço a viagem baratearia muito, montamos um cronograma de 20 dias para aproveitar todos os dias da promoção - partimos de São Paulo na tarde do dia 6 de julho e retornamos dia 25 de manhã.

 

Focaremos nosso relato em informações que teriam nos ajudado bastante e que não encontramos facilmente por aí. Tivemos também uma certa dificuldade com o transporte por falta de informações oficiais ou não das cidades visitadas - todo o trajeto foi feito com nossas pernas ou transporte coletivo (exceto por uma carona salvadora em Recife e outra no Catimbau), então é provável que muitos aspectos da viagem sejam mais simples se você for de carro ou conseguir caronas, e também que seja possível atingir áreas mais distantes nas imediações das cidades.

 

Porto de Galinhas:

Assim que chegamos no aeroporto pegamos um ônibus intermunicipal que sai de lá e vai direto pra Porto de Galinhas, a viagem dura em média 1h e é bem tranquila. Tem uns 3 ônibus que fazem esse trajeto e o preço varia entre R$7 a R$11. Caso esteja sem informações ao chegar, só perguntar sobre os ônibus na área de informações turísticas do aeroporto. Já havíamos feito reserva no hostel antes, mas como fomos na baixa temporada assim que chegamos um rapaz veio oferecer quartos em hoteis a preços bem abaixo daqueles que tínhamos visto pela internet. Ficamos no hostel La Rocca, de uns argentinos muito simpáticos. A cama em um quarto de 8 pessoas estava em média R$32, a cozinha era boa e tinha café da manhã incluso.

Porto de Galinhas é um lugar pequeno, mas gostosinho. Se informe antes sobre a tábua das marés, geralmente os arrecifes só podem ser visitados pela manhã, desaparecendo quando a maré sobe no início da tarde, e provavelmente na alta temporada deve ter uma fila grande para a visita, que é organizada em grupos. Cada grupo pode ficar nos arrecifes por 30 minutos, o que é suficiente :) A travessia é feita tranquilamente a pé (não esqueça de levar chinelos, por causa dos ouriços), pelo meio da mar, mas tem também uns barcos que fazem. Atravessar o mar é muito mais gostoso, tendo em vista o calor e o preço cobrado pelos barcos. Não fomos muito para os lados de Muro Alto, caminhamos até o mangue, passando por Maracaípe e por uma espécie de mata cheia de coqueiros, muito lindo. No mangue perdemos o passeio de barco que fazem pelo meio dele, nos disseram custar uns R$15 e pareceu valer bastante a pena.

Fora isso a cidade tem umas tapiocas gostosas, uns restaurantes com PF a uns R$7 (próximo ao lugar onde param os ônibus vindos de Recife tem dois), alguns supermercados e alguns botecos com música ao vivo, mas não entramos.

A cidade é bem segregada também, tem poucos moradores locais no centro turístico e nas praias, e vimos alguns meninos de lá sendo expulsos de um bar sendo que não estavam fazendo nada de errado...

De Porto de Galinhas pegamos o mesmo ônibus e fomos para Recife.

 

Recife/Olinda/Itamaracá:

Em Recife nos hospedamos pelo Airbnb, nossa primeira experiência com esse tipo de hospedagem. Ficamos na casa de Dona Moça, no bairro do Arruda, que já é do lado de Olinda, por R$40 (R$20 por pessoa) o quarto com cama de casal e café da manhã incluso. Refeições extra custavam R$10, mas tinha PF a R$7 nas imediações. Como não é um bairro turístico não foi exatamente fácil encontrar informações de como chegar lá, mas pegamos um ônibus no centro e descemos super perto da casa dela (eles são muito prestativos com tudo, te darão todas as informações necessárias, não hesite em pedi-las).

 

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Sala de Dona Moça

 

A casa da Dona Moça é uma atração à parte. A filha dela, Jandira, é uma das coordenadoras do Darue Malungo, um projeto incrível que a família mantém há anos na comunidade Chão de Estrelas, que fica do lado (ficamos sabendo depois que foi lá onde Chico Science convocou os integrantes de maracatu que viriam a formar o Nação Zumbi). Apesar de estar longe do roteiro turístico o bairro tem uma variedade grande de ônibus para o centro e para Olinda, então é muito fácil se locomover. O centro de Recife é grande e muito legal, principalmente andando a pé e passando pelas pontes. O centro tem muitas igrejas, alguns museus e centros culturais, dentro os quais o MAMAM foi o que mais valeu a pena, com uma exposição ótima quando fomos. Uma coisa boa em Recife para viajantes lisos são os “clones”, compra um e leva outro. Clone de pizza, de tapioca, de suco, de caldinho... Ainda hospedados na Dona Moça conhecemos Olinda, que fica a 15 minutos de ônibus de lá - mas os ateliês fecham às segundas. Se quiserem passar a noite por lá ou por Recife descobrimos depois que tem ônibus que passa de madrugada! Erro de paulistano não desconfiar que essas maravilhas existem.

Como reservamos muitos dias em Recife decidimos ir para o norte e conhecer a Ilha de Itamaracá, onde fica o Projeto Peixe-boi e o Forte Orange. Se você quiser economizar tempo, alugue um carro, mas se quiser economizar dinheiro vá de ônibus. Nós não tínhamos dinheiro, então nos aventuramos nas 3 baldeações de ônibus necessárias para chegar até lá (contando com a sorte, porque ninguém sabia direito que ônibus pegar em cada baldeação). Na segunda baldeação a sorte sorriu pra gente e conhecemos dois moços incríveis que nos deram carona até a ilha e nos fizeram companhia o resto do dia, com direito a parada em Igarassu (uma cidadezinha fofa de casas coloridas onde se encontra uma das mais antigas igrejas do Brasil, dá pra parar de ônibus) e explicações turísticas sobre as cidades no caminho.

Em Itamaracá, o Projeto Peixe-Boi definitivamente não vale os R$10 de entrada, mas caso você queira ocupar o tempo, ajudar a causa e ver de perto esses animais, é uma parada. Não entramos no Forte Orange pois estava fechado para restauração, mas aproveitamos para fazer um passeio de barco pelo Canal de Santa Cruz, conhecendo a Coroa do Avião e uma família que conserva um forno colonial em um lugar escondido na ilha (com direito a visitas de saguis comilões). A Ilha é linda, mas sem o forte aberto e sem esse passeio de barco (que era caro e não faríamos se não tivéssemos ganhado de presente) talvez não valha muito a pena ir até lá tendo em vista todo o trabalho que teríamos sem nossa carona... Talvez Jaboatão seja um destino mais acessível, mas não chegamos a ir para saber.

De volta a Recife, pegamos um ônibus até o metrô e de lá fomos até a rodoviária, que fica bem longe do centro da cidade.

 

Tibau do Sul/Praia de Pipa:

O ônibus que leva a Pipa na verdade é um ônibus pra Natal e no meio do caminho você pede pra parar em Goianinha, onde você pega uma van que leva até Pipa. As vans que saem de Goianinha ficam atrás da igreja matriz, dá pra ver logo que você entra na cidade (não se iluda com os taxistas, a van é rápida e bem mais barata, pagamos R$3 cada no percurso). Em Pipa alugamos um chalé pelo Airbnb também, o Stay Cool Bungalow, por R$70 a noite, com cozinha, banheiro limpo e ar-condicionado - aproveitamos para cozinhar e economizar com alimentação. Pipa é pequena e dá pra conhecer quase todas as praias a pé com tranquilidade, mas se informe sempre sobre o horário das marés, já que há regiões com pedras entre uma e outra praia que ficam intransitáveis com a maré alta. Conhecemos a Baía dos Golfinhos, a Praia do Amor e a Ponta do Madeiro - todas valem a pena, as falésias são estonteantes e os golfinhos pulando são uma grata surpresa.

Ah, leve dinheiro sobrando para Pipa. Alguns supermercados só aceitavam dinheiro e, se for voltar de ônibus de viagem, eles não aceitam cartão e tem poucos caixas eletrônicos por lá (não achamos nenhum 24h). Os ônibus saem com destino a Natal frequentemente e pagamos em torno de R$11 a passagem.

 

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Vista da Baía dos Golfinhos

 

Natal/Jenipabu/Pirangi:

Depois de chegar na rodoviária de Natal, pegamos um ônibus até o bairro do Ribeira, onde nos hospedamos no hotel Cidade do Sol por R$70 por dia (suíte de casal com ar-condicionado, café da manhã incluso). O hotel é bem simples, mas bem localizado, perto da Praia dos Artistas, numa região tranquila com vários ônibus que permitem fácil acesso aos outros lados da cidade e com lojas e supermercado - quem pode te ajudar (principalmente com os ônibus) é o Ethevaldo, corinthiano roxo que cuida do hotel e manja bastante de como ser turista sem dinheiro em Natal.

Em nosso primeiro dia decidimos conhecer as dunas de Jenipabu, ao norte de Natal. A ideia foi boa, mas a execução nem tanto: como era relativamente próximo do hotel, fomos a pé até Redinha, uma cidadezinha que fica depois da chamada “ponte nova” e de lá pegamos um ônibus até as dunas. O calor era imenso, o sol muito forte, a travessia da ponte era interminável e Redinha não era tão legal quanto pareceu ser, o que fez com que caminhássemos uns 5 km torrando no sol à toa. Valeria muito mais a pena pegar um ônibus direto pras dunas, que passava perto do hotel e evitaria todo o calor e o cansaço (mas como toda experiência errada em viagem é válida porque vira história depois, visitem Redinha, comam a ginga com tapioca por lá e apreciem o visual de cima da ponte, dá pra ver parte de Natal, das dunas, Redinha inteira, o porto e o forte).

 

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Vista de Redinha de cima da ponte nova

 

As dunas são legais e tem uma praia calminha, mas nada de muito especial, e como todas as praias de Natal são limpas, bonitas e próprias para o banho não vale a pena ir para nenhum lugar muito longe em busca delas - e as praias são bonitas mesmo.

No segundo dia decidimos conhecer Ponta Negra. Foi muito bom passar o dia na areia, principalmente porque a praia não estava tão cheia e o clima lá é bem agradável :) Se for em baixa temporada tem promoção de caipirinha ainda por cima (tava R$3,50 um copo grande num quiosque lá), então é super recomendado de qualquer forma!

Nas imediações de Natal (para o litoral sul) tem ainda o famoso cajueiro gigante. Pra ir de ônibus tem que ser um intermunicipal que vai para Pirangi (tem dois, informe-se com o motorista), a linha passa ali pelo meio do Ribeira e por Ponta Negra também. Nada de extraordinário, o cajueiro é realmente enorme, mas isso toma só uns 20 minutos do seu dia. De lá dá pra ir caminhando até a praia de Pirangi, que não possui nada que se destaque (bem feia perto das outras de Natal, aliás), mas caminhamos seguindo a orla para o norte até chegar na praia do Cotovelo. É divertido e interessante, apesar de parecer um local por onde as pessoas não costumam passar (quando fomos só tinha a gente). Tem umas áreas com pedras um pouco complicadas, principalmente se a maré estiver mais alta, mas dando sorte de achar a trilha no meio das pedras é só sucesso. Nota para um fato péssimo que constatamos: nessa região construíram um condomínio fechado que restringe o acesso de quem não é morador por meio de um segurança, ou seja, você está largado no meio da areia e das pedras, sem ninguém por perto, e tem que se embrenhar no meio da mata porque tem um monte de gente rica que comprou a borda da praia e ninguém pode passar por lá. A recompensa é sair da trilha em cima de uma falésia que dá visão panorâmica para a praia do Cotovelo :)

De Natal seguimos de volta para Pernambuco, com uma passagem comprada para Caruaru.

 

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Chegada em cima das falésias!

 

Arcoverde/Vale do Catimbau:

Pegamos cedo o ônibus para Caruaru, pois a viagem demoraria cerca de 8 horas. Não sabíamos exatamente o que fazer para atingir de ônibus o Catimbau, mas sabíamos que a cidade de Arcoverde era próxima do Vale, então foi pra lá que seguimos. Chegamos lá já de noite, sem hotel previamente reservado e nenhuma informação, com medo de que estivéssemos no meio do nada no agreste pernambucano, mas para nossa surpresa Arcoverde se revelou uma ótima cidade, acolhedora e tranquila. Encontramos um hotel no centro por R$70 o quarto de casal, com um farto café da manhã incluso. Aproveitamos o resto da noite para jantar num restaurante a quilo caseiro lá pelo centro e descansar da viagem.

Na manhã seguinte, caminhamos pela cidade (que é simplesmente uma graça, se estiverem com tempo se informem sobre apresentações de samba de coco tradicional que têm por lá) e, depois do almoço, seguimos de van para Buíque (as vans ficam no centro, é fácil de encontrar). O motorista da van nos disse que não precisaríamos descer em Buíque, a cidade mais próxima do Catimbau, pois a van nos deixaria diretamente na entrada do parque. Apostando as fichas nessa informação, fomos deixados numa estrada de terra, num lugar onde não havia absolutamente ninguém. Decidimos continuar caminhando pela estrada até atingir, cedo ou tarde, nosso destino. Depois de uns 15 minutos de caminhada um pau-de-arara com moradores locais parou e nos ofereceu carona: subimos e descobrimos que o Catimbau ainda era um pouco longe dali, e se continuássemos caminhando demoraríamos muito tempo pra chegar. Portanto, se você não está indo com seu próprio meio de transporte, desça da van em Buíque e lá no centro procure carros que possam dar carona até a vila do Catimbau, são bem comuns e geralmente saem de um posto de gasolina que fica bem pertinho.

O pau-de-arara nos deixou, enfim, na vila, e de lá tivemos que andar bem pouco para chegar finalmente no vale (todas essas pequenas distâncias parecem na hora bem maiores com o sol a pino, imagino que seja bem pior no verão). Chegamos na hospedagem do Índio Jurandir, conhecida como Paraíso Selvagem, que também oferece camping, trilha ecológica e alimentação. Os preços são salgados, tendo em vista os preços da região e a infraestrutura do lugar (R$30 por pessoa o quarto (que é tipo uma oca), R$20 por pessoa o camping, R$10 por pessoa a refeição - que por sinal é uma delícia - R$50 a trilha com o filho do Jurandir como “guia”).

 

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Só alguns detalhes práticos: o banho é no lago ou na bica e não há energia elétrica nas acomodações (só na casa do Jurandir), o que faz com que fique tudo um breu danado à noite, mas eles dão uma lanterna se você não tiver. De qualquer forma, vale muito a pena pela beleza do vale, pelo céu maravilhosamente estrelado durante a noite e pela sensação mística do lugar. É possível realizar trilhas de incursão pelo vale com os guias credenciados localizados na vila, creio que o preço é R$50 por grupo, mas nós optamos por aproveitar o tempo e a beleza da vista no topo das nossas acomodações ;)

 

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Por fim, as recomendações que ficam se você for se hospedar no vale (a opção mais viável pra quem não tem carro, pois dispensa o vai-e-vem de se hospedar numa cidade próxima ou na própria Vila) são: leve dinheiro em espécie pra pagar as despesas de acomodação, leve alimentos fáceis e prontos, como biscoitos e frutas, e saiba que estará num lugar onde o único meio de comunicação é o telefone público da vila.

Como somos de São Paulo, poderia dizer que o Catimbau foi o lugar mais especial da viagem, não só por sua beleza natural, mas também pelos moradores da vila e pela realidade tão distinta com a qual tomamos contato, agravada por uma série de problemas sociais e pela manipulação política que sabemos existir, mas sempre parece algo distante espacial e temporalmente.

Para voltarmos do Catimbau aproveitamos a carona de um caminhão que levava tonéis de água e nos deixou em Arcoverde, de onde partimos pra Recife e depois para São Paulo.

 

A simpatia e prestatividade de todo mundo que conhecemos em Pernambuco e no Rio Grande do Norte são incríveis, me apaixonei por todos os lugares que passamos. Não esqueçam repelente de mosquitos e protetor solar, mesmo no "inverno" o sol era muito forte e em alguns lugares não dava pra dormir sem o mosquiteiro.

E para os vegetarianos/veganos mochileiros, espero que tenham mais sorte ou mais dinheiro que eu. As opções veganas eram inviáveis com o que eu podia gastar e a variedade de verduras, grãos e leguminosas é bem pequena, então tive que abrir mão disso em muitos momentos. No entanto as frutas são fartas e deliciosas e tem bastante derivado de mandioca, feijão de corda e se não tiver a seca que teve esse ano tem também milho :)

 

Boa viagem!

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