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Turistas pagam R$ 800 para viver em aldeia indígena na Bahia


MariaEmilia

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http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u630054.shtml

 

FÁBIO GRELLET

da Folha de S.Paulo, no Rio

 

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[align=justify]De dia, passeios guiados por índios pataxós, banho no rio, exercícios de arco e flecha, pintura do corpo e participação no ritual de confraternização. À noite, ao redor da fogueira, palestra sobre tradições e lendas indígenas e repouso em rede ou esteira, na oca. Nas refeições, pratos indígenas, claro.

 

Séculos atrás, essa rotina despertaria temor no homem branco. Hoje, turistas pagam R$ 800 para viver essa experiência durante cinco dias e quatro noites, em cinco aldeias na região de Porto Seguro (BA).

 

O passeio, criado pela agência Pataxó Turismo, atende no máximo a 12 pessoas por vez. As partidas ocorrem apenas nas semanas de lua cheia ou nova, sempre às terças-feiras. A empresa fica com 40% do valor e entrega aos índios os 60% restantes, conta Maria Luísa da Silva Cruz, dona da agência.

 

"Hoje, a principal fonte de renda das aldeias é o turismo", afirma Cruz, cuja agência oferece várias outras opções de passeios em áreas indígenas.

 

O mais barato dura três horas e inclui visita a uma aldeia e degustação de um prato típico -R$ 45, com transporte.

 

Embora os brasileiros sejam maioria, muitos estrangeiros também procuram esses passeios. "Tem portugueses, argentinos, gente de vários países da Europa", diz Cruz.

 

Atualmente, segundo a dona da agência de turismo, a única aldeia da região que não tem um programa pago para receber turistas é a Coroa Vermelha, em cuja área foi celebrada, em 26 de abril de 1500, a primeira missa no Brasil, e hoje é uma espécie de bairro de Porto Seguro-com comércios e a maioria das casas de alvenaria.

 

As outras aldeias, situadas em reservas indígenas mais afastadas da área urbana, oferecem visitas pagas. "Isso começou há 11 anos, quando a única aldeia visitada era Coroa Vermelha e três índias pataxós propuseram a comercialização de passeios nas aldeias", conta.

 

Os índios também lucram com a venda de artesanato. Um cocar chega a custar R$ 500, mas há peças bem mais em conta, como um apito (R$ 10, em média) ou um colar (R$ 15).

 

Da Bahia ao Rio

 

Mesmo com o turismo em alta na própria aldeia, os pataxós também viajam para vender artesanato. No calçadão da orla de Copacabana (zona sul do Rio), por exemplo, é comum encontrar índios -devidamente paramentados- vendendo objetos da tribo.

 

O pataxó Joselito Vaqueiro, 38, cujo nome indígena é Quati Pataxó, costuma passar mais tempo no Rio -onde esteve de março a agosto- que na Bahia.

 

"Divulgo a cultura do meu povo e ganho o suficiente para me manter", diz Quati, que trabalha com um cocar na cabeça e o corpo pintado. Enquanto oferece o artesanato, ele distribui panfletos das agências que promovem o turismo indígena.

 

Em SP

 

Assim como os pataxós da Bahia, os 300 índios guaranis da aldeia Krukutu, em Parelheiros (zona sul de SP), também investem no turismo. Mas o resultado é bem diferente.

 

"A situação melhorou, mas a maioria depende mesmo é do emprego no posto de saúde ou na escola estadual", conta Olívio Jekupé, responsável por recepcionar os turistas na aldeia.

 

Cada um paga R$ 5 para assistir a uma palestra sobre a história dos índios, conhecer as instalações da tribo e percorrer uma trilha. Por mais R$ 2, assistem a uma apresentação do coral das crianças da aldeia. O roteiro é divulgado no site http://www.culturaguarani.org.br.

 

"O passeio foi legal. Nem imaginava como é a verdadeira rotina dos índios", aprovou Paulo Galvão de Faria, 26, que visitou a aldeia no dia 19.

 

De diferente, os visitantes viram apenas a língua -os moradores conversam em guarani-, e o artesanato. Em vez dos trajes típicos, vários índios vestiam camisas da seleção ou de clubes de futebol e era difícil alguém se apresentar com nome indígena -uma criança disse se chamar Robert.[/align]

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