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Atrações em Pirenópolis somam-se dois novos museus


MariaEmilia

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http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/10/09/cidades,i=147288/ATRACOES+EM+PIRENOPOLIS+SOMAM+SE+DOIS+NOVOS+MUSEUS.shtml

 

[align=justify]Pirenópolis — Você tem dois motivos a mais para visitar Pirenópolis. A cidade goiana de 282 anos e distante 140km de Brasília, famosa pelo casario colonial e pelas dezenas de cachoeiras, agora conta com um museu de arte sacra e outro dedicado à festa do Divino Espírito Santo. Ambos estão instalados em prédios antigos e restaurados recentemente. As atrações são gratuitas e estão abertas à visitação a partir de hoje, véspera de feriado prolongado, quando o município de 20 mil habitantes deve receber ao menos 6 mil turistas.

 

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O Museu de Arte Sacra integra a Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Erguido há 260 anos, o templo, que fica à margem direita do Rio das Almas, logo após a famosa ponte de madeira, passou por pequenas adaptações para receber imagens de santos, sinos e outros itens religiosos. O acervo permanente fica nas duas salas laterais do prédio. A peça mais valiosa artisticamente é uma imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, do século 18, assinada pelo escultor Veiga Valle, ícone do barroco goiano.

 

Os visitantes também poderão acompanhar o delicado trabalho de restauração da nave da capela-mor da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Sobre andaimes de madeiras, técnicos passam o dia com espátulas e pincéis na talha com uma interpretação do estilo rococó. “Inauguramos o museu com a igreja em obra para possibilitar uma visita educativa, mostrar o trabalho de preservação”, explicou o arquiteto Sílvio Cavalcante, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

 

Arquitetura rara

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Construída por escravos entre 1750 e 1754, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo tem história e características incomuns. O templo foi erguido pelo minerador Luciano Nunes Teixeira para servir de capela. Tem um bloco central no esquema tradicional de porta em arco ao térreo e duas aberturas retangulares com gradis acima, sob um frontão triangular, e dois blocos laterais que surpreendem por não constituírem os esperados campanários tradicionais, sendo repetições em ponto menor do bloco central, mas com apenas uma abertura superior.

 

Em 1868, a igreja passou por alguns melhoramentos, além de reparos gerais e a colocação de soalho na nave da capela-mor. O Iphan a restaurou em 1992. Seis anos depois, fizeram pequenas adaptações para guarda do acervo sacro do que viria a ser um museu. Passou por outra restauração em 2001. No entanto, desde então, o templo permaneceu fechado, abrindo duas vezes ao ano: para as procissões de Nosso Senhor dos Passos (sábado antes do Domingo de Ramos) e do Encontro (Domingo de Ramos).

 

A restauração de oito anos atrás custou R$ 120 mil. Mas o projeto do museu não se concretizou por falta de entendimento entre o Iphan e os representantes da Igreja Católica em Pirenópolis. Em um primeiro acordo, o custo da restauração ficaria a cargo do Iphan. Essa parte foi cumprida. Após a reforma, os religiosos alegaram não ter dinheiro para a montagem e manutenção do museu.

 

Ambas as partes firmaram novo acordo no ano passado. As novas autoridades católicas de Goiás aceitaram a proposta de transformar as três igrejas de Pirenópolis em espaço de cultos religiosos e de contemplação dos turistas(1). Até então, padres restringiam o acesso de visitantes aos templos, mesmo após restaurações realizadas pelo Iphan com dinheiro dos contribuintes.

 

As obras mais recentes na Nossa Senhora do Carmo começaram em novembro do ano passado e deveriam ser concluídas em março, mas só terminaram esta semana, ao custo de R$ 200 mil aos cofres públicos. Para o fazendeiro Manoel Inácio D’Abadia Aquino de Sá Filho, 72 anos, um dinheiro muito bem gasto: “A importância do museu é materializar a história, possibilitar a geração atual e de amanhã conhecer a história por meio da arte sacra”. Saiba mais...

 

Mouros e cristãos

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De frente para o Museu de Arte Sacra, do outro lado da ponte sobre o Rio das Almas, fica o prédio da Casa de Câmara e Cadeia, agora sede do Museu do Divino Espírito Santo. Por meio de peças, fotografias, texto e vídeo, ele conta a história e explica a simbologia da Festa do Divino em Pirenópolis, a mais significativa das festas do gênero no país. Comemorada no município goiano desde 1819, 50 dias após a Páscoa, reúne desfiles das bandas de música, congadas, bailes, entre outros eventos, durante 12 dias.

 

O ponto alto da festa são as Cavalhadas(2), a encenação da luta entre mouros e cristãos no ano 800. “A ideia do museu é dar informação ao turista sobre essa manifestação e as demais da Festa do Divino, mesmo fora da época do evento”, explica a museóloga Célia Corsino, responsável pela concepção e montagem do espaço. Ao custo de R$ 130 mil, o museu é a primeira atração de Pirenópolis com panfletos em quatro idiomas e braile, além de guia de áudio.

 

1 - Roteiro religisoso

O Museu de Arte Sacra faz parte de um circuito de visitação voltado à história e ao patrimônio cultural e religioso de Pirenópolis. O roteiro inclui ainda a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário (1728-1732) — restaurada após o incêndio de 2002 — e a Igreja do Nosso Senhor do Bonfim (1750-1754).

 

2 - Cenário armado

De origem portuguesa, as Cavalhadas de Pirenópolis foram encenadas pela primeira vez em 1826. Até pouco tempo, era apresentada no largo da Igreja Matriz. Hoje é feita no campo das cavalhadas com camarotes, palanques e arquibancadas. Elas ocorrem ao som de banda de música, por três dias.

 

O número

6 mil

Número estimado de visitantes que Pirenópolis recebe em fins de semana prolongados

 

Para saber mais

Igreja dos escravos

 

Parte do acervo exposto no Museu de Arte Sacra em Pirenópolis ornamentava a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, demolida em 1944 por ordem da Diocese de Goiás. Esse templo foi construído a poucos metros da Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, entre 1743 e 1757, por escravos da região. Sem as joias e o ouro que os portugueses empregaram na ornamentação das igrejas dos brancos, a de Nossa Senhora do Rosário de Pirenópolis recebeu trabalho primoroso de entalhes e pinturas em madeira características do barroco brasileiro. Mas acabou desfigurada por sucessivas reformas. Após a demolição da edificação feita e frequentada por escravos e descendentes, suas obras de arte foram levadas para outras igrejas ou vendidas.

 

Renato Alves[/align]

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