Membros Mirian_rr Postado Maio 6, 2016 Membros Postado Maio 6, 2016 O que me moveu a seguir para Pernambuco nas minhas férias de abril/2016 foi o interesse pelo cenário fantástico do Parque Nacional do Vale do Catimbau. Apesar de prevalecer a minha atração por destinos pouco convencionais e comerciais, e mais aventureiros e ecológicos, aproveitei, já que desembarcaria em Recife, para conhecer a famosa Porto de Galinhas. Ok, faltaria ainda uma atração para preencher a lacuna do meio de meu período de viagem, já que tenho por costume aproveitar o máximo meus dias de férias. Pesquisando o site de turismo de Pernambuco, interessei-me pela Zona da Mata, pelos maracatus rurais e pelos engenhos de cana. Ai aparecem os problemas de quem viaja sozinho(a) e sem carro: a inacessibilidade, especialmente nos destinos pouco comerciais que tanto me interessam. Uma luz acendeu quando vi informações sobre enoturismo no Vale do São Francisco. Petrolina, mais precisamente. Ok, imaginei que ali não seria difícil realizar os roteiros, e o contexto se encaixava no que busco para minhas viagens: o cultural, o inusitado, as emoções. Passagens compradas, defini a programação, de forma a estar em Petrolina durante um final de semana, quando seria mais fácil contratar os roteiros. E tudo ficou assim: Partida de São Paulo, pela GOL, em 10 de abril (domingo), com chegada a Recife por volta de 17:30. No desembarque SUL, saída pelo portão A4, plataforma central, existe um ponto de ônibus onde passam duas opções, uma mais barata e menos confortável (linha 191, R$ 9,70), e outra com ar condicionado (195, por volta de R$ 13,00), a que eu pretendia pegar. No entanto, pelo horário que cheguei, acabei pegando o 191, bem antigo e abafado, um ônibus comum. Sai de Recife debaixo de chuva, com pancadas intermitentes, até Porto de Galinha, num trajeto de mais ou menos 2 horas. Perto do ponto final, na Rua Esperança – rua do calçadão, estava minha hospedagem, já reservada: Morada Azul. Peguei uma promoção, pagando R$ 110,00 a diária, com café da manhã. A pousada, apesar se possuir instalações simples, era basicamente limpa, sem quaisquer luxos extras, mas com ar condicionado e TV. A atenção dos atendentes foi o mais bacana: o Miguel, bastante solícito, e a Jaqueline. Na mesma noite que cheguei, o Miguel agendou meu passeio para o dia seguinte, numa agência parceira, a Maracatur, para a praia de Calhetas, em Cabo de Santo Agostinho. Um problema que encontro nas vezes que viajo, já que normalmente o faço sozinha, é a formação de grupos – o que iria sentir para fazer o passeio de buggy, que comporta 4 pessoas, e que são normalmente oferecidos para casais. Tenho visto vantagem em fechar vários passeios com uma mesma agência, pelo desconto que vai sendo possível para os passeios seguintes. Dia 11, segunda, após o café da manhã regional (com aqueles pratos costumeiros do nordeste, cuscuz, ovos mexidos, mungunzá, além de sucos e pães), a van da agência me pegou na pousada logo após as 08:00. Passamos pelo porto de Suape, passamos por uma lagoa onde tomamos banho de argila, avistamos de longe as praias de Enseada dos Corais e Gaibu. Avistamos Calhetas do alto, praia em formato de coração, onde existe uma tirolesa que desce até a praia e volta ao mesmo ponto: R$ 20,00 uma descida/subida, R$ 25,00 duas descidas. Optei, claro, pelo duplo. Muito bom; quem tem medo, deve vencê-lo e aproveitar. Após, seguimos para a parte baixa, a praia literalmente, onde existem quiosques. Fizemos um passeio de lancha bem meia-boca, onde avistamos, também de longe, as outras duas praias já citadas; mas não dava para esperar muito por R$ 10,00. Após, almoço com opções bem caras, para os viajantes solitários, no Bar em que tínhamos por base, o Bar do Artur. Optei por uma porção de queijo a milanesa e suco. Asduchas de água doce também são cobradas, a R$ 2,00. Paramos em alguns mirantes, um deles onde se via Gaibu, outro onde se vê a ruínas de um antigo forte. Muito bonito o lugar, com uma pitada mística. Depois, passamos pela Vila de Nazaré, com a igreja de estilo maneirista, e a degustação de licores num barzinho à frente. Ao retornar para Porto de Galinhas, já passei pela agência e fechei o passeio para quinta-feira, para a Praia de Carneiros, por R$ 55,00 (o valor correto é R$ 60,00, mas ganhei desconto pelo passeio anterior). Entre as inúmeras opções para jantar, escolhi o Mardioca, que, segundo a proprietária, significa “o sertão no mar”. Um estilo simpático, com boa música, atendimento hiper-agradável e boa comida. Comi uma lasanha muito boa, com suco regional. 12 de abril, terça feira. Resolvi, após consulta à tábua das marés, que deveria fazer o passeio de jangada. Tenha sempre uma referência dessas, para achar o horário das marés mais baixas possíveis; é nesse momento que vale mais a pena ir para as piscinas naturais. E, neste dia, o horário seria por volta de 13:00. Aproveitei para conhecer o Hippocampus, o projeto de preservação do Cavalo Marinho, bem perto da pousada onde estava. R$ 12,00 a entrada, vários aquários, também com outros bichinhos do mar. No horário da maré baixa, estava eu lá, a postos. Neste caso, foi bem fácil arrumar grupos, com jangadas saindo a todo instante, por R$ 20,00. Emocionante nadar com peixinhos; se puder ter uma câmera a prova d´água, melhor ainda. Seu Betinho, o jangadeiro que me apadrinhou, nos levou para outra piscina ainda melhor, mais isolada, com menos pessoas e mais peixes, e água ainda mais clara. Perfeito, me senti realizada. Após almoçar em um self-service da rua principal, por R$ 15,00 para comer a vontade, fui à praia de Maracaípe e ao pontal. Um casal da pousada quis ir junto comigo, e fomos de carro. Pena que a chuva deixou a paisagem cinzenta, mas deu para apreciar a tranquilidade, especialmente do pontal do Maracaípe, onde desagua o rio, e, em dias mais claros, torna-se um point para apreciar o por do sol. Não foi dessa vez. Depois de descansar na pousada, fui fazer comprinhas no centro, onde jantei uma sopa de abóbora com camarão, por R$ 20,00, na Soparia. 13 de abril, quarta feira. Amanheceu com chuvarada, que, por sorte, não se estendeu pelo dia. Afinal, iria para a famosa Carneiros. Seguimos de van até o embarque no catamarã, que seria nossa base, com música ao vivo e opções para almoço, além de um fotógrafo que poderia nos fornecer um CD com os registros, por R$ 50,00. Paramos, novamente, num ponto onde as pessoas se banham com argila. Meio estranho aqueles baldes na beira da praia, com diferentes cores de argila, mas as pessoas se divertem, enquanto tentam vender sabonetes e congêneres. Segunda parada, na famosa igrejinha de Carneiros, singela, à frente de um mar com jeitão de piscina de água maravilhosa. Terceira parada, nos bancos de areia, no meio do marzão. Lindo, uma imensidão, onde podemos caminhar e mergulhar. Quarta parada, nas piscinas naturais de Carneiros. Aluguei uma máscara (R$ 10,00) e me joguei, cuidando para não me machucar nos arrecifes, que dão o toque especial ao lugar. Ao voltar para o catamarã, o almoço que racharia com uma das participantes estava pronto: dividimos um peixe inteiro, muito farto, tal como a conta: R$ 77,00. Ao voltar para Porto de Galinhas, depois de um dia especial, de céu aberto e sem aquela chuva da manhã, optei por jantar uma porção de frango frito, muito saborosa e barata, acompanhada de um chopp de vinho, em uma das galerias da rua principal. 14 de abril, quinta feira. Fui à praia antes do passeio de buggy que, a muito custo, consegui agendar no dia anterior (na última hora, apareceu um senhor e duas filhas, procurando uma quarta pessoa para baratear o passeio – R$ 50,00 por pessoa, também pela Maracatur). Era o passeio tradicional, de “ponta a ponta”. Conhecemos Muro Alto, uma linda praia com um verdadeiro muro de arrecifes em sua extensão, formando uma deliciosa piscina. Depois, passamos algum tempo em Cupe, que achei menos bonita que a anterior. Almocei nesta praia: um escondidinho de frutos do mar bem gostoso, junto com suco regional, em um bar de beira de praia com boa estrutura – ducha sem cobrança adicional, por exemplo, além de boa música. Conta: R$ 37,00. Pegamos uma chuvarada na saída para a outra praia, Maracaípe. Mas logo o sol forte estava de volta. Desta vez, Maracaípe estava mais bonita, mais ensolarada, mas partimos logo para o rio, onde faríamos o passeio de jangada até o pontal, e apreciaríamos o por do sol. O passeio sair a R$ 20,00, com um inusitado mergulho do jangadeiro, para capturar um cavalo marinho em seu habitat natural. O sol começava a se por. Chegamos até a beira da praia, pelo rio, e lá desembarcarmos para as lindas fotos, enquanto anoitecia e o bugueiro chegava para nos pegar. Retorno à pousada, para um descanso rápido e saída para jantar. Voltei ao Mardioca, desta vez para uma massa com brócolis e camarão, muito saborosa novamente. 15 de abril (sexta-feira). Era o dia que deveria partir. Segui o conselho do Miguel, da pousada, para pegar um city-tor “Recife/OIinda” e pedir para ficar no aeroporto. Feito. Nunca foi, desde o início da programação, meu interesse em passear por Recife. Tanto pelas informações quanto a insegurança da cidade, quando pela invasão de aedes aegypti. Então, o tour veio a calhar. Passamos pelo centro histórico, visitamos o Museu dos Bonecões, a cadeia – que hoje é um mercado, e o Marco Zero. Almoçamos na entrada de Olinda (R$ 30,00) e seguimos para o centro histórico de Olinda. Visitamos os pontos convencionais, com a vista para o mar do pátio da Igreja, apreciamos a apresentação de frevo e demais artes regionais (esculturas, pinturas, rendas etc). A última parada do city-tour foi no magnífico Instituto Brennand, que foi, recentemente, eleito um dos melhores museus do mundo. Excêntrico, rico em detalhes, o museu tem a forma de um castelo, com imensas coleções de armas brancas, além de quadros, esculturas e uma infinidade de objetos. Vale muito a pena. A entrada inteira era R$ 25,00, paguei meia. Fui deixada no aeroporto, de onde partiria, às 22:00, para a segunda parte de meu roteiro: Petrolina. Do aeroporto fiquei sabendo que o tour que faria pela vinícola no sábado, chamado “Das águas aos vinhos”, tinha sido cancelado. Pedi no hotel que tentassem alguma outra opção para mim: afinal, era para isso que estava indo a Petrolina. OK, iria fazer então o “Vapor do Vinho”. Peguei um taxi no aeroporto de Petrolina, por 47,00, e cheguei ao hotel Costa do Rio, com diária a R$ 150,00. Achei que poderia ser melhor: as portas batem demais, e o barulho é enorme, o zum zum zum das pessoas no hotel incomoda, e ainda me colocaram em um quarto de frente para a rua. 16 de abril (sábado). Tudo mudou. A Tânia, da empresa Flor de Cacto, que estava agitando meu passeio que tinha sido cancelado, resolveu aparecer no hotel e me propor que fizéssemos a visita a Fazenda Santa Maria, da vinícola Rio Sol, por conta própria, estilo passeio de índio, pulando de uma van para outra. OK, topei, transferi o “Vapor do Vinho” para o dia seguinte, e segui a Tânia, que me guiaria então por R$ 100,00, sendo que também paguei suas despesas com transporte e almoço. Fomos de van (R$ 10,00) até um distrito vizinho, Lagoa Grande, e depois pegamos um taxi até a Fazenda Santa Maria, da vinícola Rio Sol. Chegamos a tempo de acompanhar o começo de uma visita guiada, que estava nos parreirais. Impressionante e cultural, conhecer as uvas viníferas cultivadas à beira do São Francisco, e poder degusta-las no pé. Seguimos à área de processamento, onde foi explicado todo o processo, onde conhecemos os vinhos da marca, muitos deles campeões internacionais – que davam orgulho aos profissionais - e depois degustamos vários tipos. A taça era presente, para recordarmos sempre dessa linda experiência, que custou a bagatela de R$ 10,00. Pegamos carona com o ônibus que estava lá, e desembarcamos direto no Bodódromo, experiência que eu achava que ia adiar mais. OK, já que era inevitável, experimentei a carne de bode. Achei meio estranho, talvez pela rejeição psicológica, mas valeu a experiência. O almoço, que serviu a mim e à Tânia, ficou em R$ 57,00 (meio bode assado, mais bebidas). Passei pelo SESC Petrolina, para saber de alguma programação para aquela noite: iria então ver uma apresentação de violeiros. Aproveitamos depois para fazer a travessia de barquinha, para que eu conhecesse Juazeiro. Muita coisa fechada ali nas adjacências da orla. E o cansaço era muito. Retornarmos ao hotel, e Tânia me deixou. Descansei um pouco e fui para minha programação noturna no SESC, gratuita. O táxi que me levou ficou em R$ 15,00 na ida, R$ 15,00 na volta. Fiz um lanche na conveniência do posto de gasolina próximo ao hotel. Diga-se de passagem, com várias opções. 17 de abril (domingo). A agência que me levaria para fazer o “Vapor do Vinho” (R$ 145,00) buscou-me no hotel. Seguimos para a fazenda Terra Nova, na cidade de Casa Nova, para conhecermos as instalações da vinícola Miolo. As mesmas experiências anteriores, visita aos parreirais, com direito a experimentar das uvas, explanação sobre o processo de produção, com centenas de barris de vinho, e degustação, além de visita à loja. Partimos para o imenso lago de sobradinho, onde participaríamos da eclusagem . O almoço era incluso, no sistema self-service, com opções de um peixe chamado cairi e carne (de bode, creio eu). O catamarã tinha música ao vivo, e a galera caiu no forró em certo momento do passeio. Paramos na Ilha da Fantasia, com pequenas e bonitas dunas, dentro do Lago de Sobradinho. Retornamos para o hotel, mas antes aproveitei que o sol se punha para fazer umas fotos sobre a ponte que liga Petrolina a Juazeiro. Lanchei novamente na conveniência do posto de gasolina. 18 de abril (segunda). Madruguei para pegar o vôo das 06:00 de volta a Recife, de onde partiria para a terceira e mais esperada parte do roteiro, no Vale do Catimbau. Ao chegar ao aeroporto, levei um susto: os caixas eletrônicos estavam sem dinheiro, e o meu estava contado. Descobri algo que me seria muito importante: as agências dos Correios fazem operações bancárias com o Banco do Brasil, o que seria minha salvação. A agência do aeroporto também não tinha dinheiro, mas segui mesmo assim para a rodoviária (via metrô, a R$ 2,80, fazendo baldeação na estação Recife), onde me salvei com os Correios de lá. Comprei minhas passagens de ida e volta para Buíque (uns R$ 50,00 cada), fiz um lanche na rodoviária mesmo e parti no ônibus das 13:20. Muita atenção nesta informação: apesar de te dizerem que o ônibus para na rodoviária de Buíque, isto não acontece. E para ajudar, o motorista de má vontade não sabia me dizer o nome do lugar onde ele me deixaria – já que o destino final é bem a frente, em Paulo Afonso. E Marcio, da Associação de Guias do Catimbau estaria lá, não sei onde, a me esperar. Soube depois que o ponto de parada do ônibus, tanto na ida, quanto na volta, é no Posto São Félix, onde, no barzinho ao lado, se vendem passagens da viação Progresso (Cruzeiro), que faz o trecho. Imaginem a minha tensão, em saber que desceria na estrada mesmo, já com o dia escurecido, sem saber se era ali mesmo que Márcio me esperaria. Ok, localizei o posto São Félix, e respirei aliviada na hora que Márcio apareceu. Tinha combinado, desde antes de minha partida, como seria o trabalho do Márcio comigo. Seriam R$ 100,00 por cada dia no Vale, e mais R$ 100,00 por conta de eu não ter carro. Negociei a R$ 190,00 cada dia, e ele cobrou-me mais 45,00 pelo traslado Buíque X Vila do Catimbau. Márcio, de origem indígena, me contava sobre sua aldeia, os rituais, e sobre as crenças e experiências que vivia quando criança – fiquei com vontade de visitar o povo dele e saber mais. Cheguei à noitinha na Vila, de singeleza percebida mesmo à noite, e onde dona Zefinha, a dona da Pousada do Catimbau, me esperava (diária a R$ 80,00 em dinheiro, R$ 85,00 no cartão). Pousada simples de tudo, como não poderia deixar de ser, num local tão pobre. Mas acolhedora. Ela colocou-me num quarto com WC (depois entendi que, então, o normal é o WC ser coletivo) e ventilador. 19 de abril (terça-feira). Amanheci com um café que chamo de carinhoso, simples, mas com o gostinho do sertão: suco muito saboroso, queijo na chapa, frutas e café. Havia percebido, minutos antes, que o chuveiro de meu quarto estava frio, apesar de elétrico. Não tive coragem de questionar e afrontar uma rotina local, de tanto que se fica sensibilizado com tudo. Márcio apareceu por volta de 08:00. Dava, antes mesmo de começar os roteiros, para sentir a energia mágica deste local, que depois se constata em tantas formações e cores diferentes de tudo. Ao fundo da Vila, já se avista o Morro do Cachorro. No entanto, Márcio informa que não me guiará naquele dia, mas que ficaria sob a responsabilidade do Zé Pereira. Márcio apenas nos levou até o começo de nossa caminhada, que se mostraria espetacular. Do começo da trilha já se avista a Serra de Jerusalém. Caminhamos pelo Vale, subindo em lugares para termos uma vista panorâmica, indo em direção à Casa de Farinha, um abrigo rochoso onde, num passado recente, foi construído um forno, cuja fuligem acabou por estragar parte das pinturas rupestres. Emocionante ver as cenas pintadas nos paredões, tudo bem explicado pelo Zé, que também me explicou muita coisa sobre as plantas medicinais. Passamos também pelas Torres, chegamos bem próximo aos paredões da Serra de Jerusalém, e seguimos para a Loca das Cinzas, lindas formações multicores e lapiais, local onde também presenciei a existência de pinturas rupestres. Esse lugar me surpreendeu, era mais bonito do que havia visto na internet. Valeu a pena. Pedi para ver gravuras rupestres, e Zé me mostrou algumas. Desconfiei que fosse ação do vento, mas eram tão simétricos como o vento não poderia fazer. Fomos voltando pelo lado oposto ao que começamos, agora bem próximo às Torres. Subi num dos janelões, onde um vento maravilhoso refrescava aquele calorão. Já tínhamos andado quase 9 Km, e era somente o período da manhã. Voltamos para almoçar na pousada. Percebi que meu tênis abria em várias partes das laterais, talvez pelo constante atrito com a areia, que chegou a penetrar pelo tecido (carreguei areia até dentro das meias!). Nada que muito Super Bonder não resolvesse. Partimos então para nova caminhada, já que nos programamos para ver o por do sol. Desta vez, Márcio acompanhou também. Visitamos uma caverna até que grandinha. Depois, começamos uma subida íngreme, para alcançar o alto da serra e as lindas vistas panorâmicas. De lá se podia ver uma via agrícola, construída por uma ONG aqui de São Paulo. As poucas nuvens não impediram o espetáculo do sol que se punha, garantindo lindas fotos. Mas claro, assim que o sol se põe, a descida tem que ser rápida, antes que tudo vire breu. No entanto, sem dificuldades maiores, senti-me orgulhosa de ter percorrido mais de 15 km, somente no primeiro dia no Vale do Catimbau. A magia daquele lugar parece nos anestesiar, e evitar dores e cansaços. Felizmente, meu tênis pareceu suportar. Aproveitei os mais singelos momentos interioranos, desde tomar aquela coca-cola gelada na pequena padaria, até sentar na pracinha e comprar a pamonha que eu comeria após o jantar. Batata doce cozida, queijo grelhado, torradas, suco natural foi meu jantarzinho desta noite. 20 de abril (quarta-feira). Esse dia seria ainda mais especial. Quando me programei com Márcio, antes mesmo de viajar, havia selecionado alguns lugares, pelas fotos que vi na net, e conseguimos conciliar os pontos, por proximidade. Não me arrependi das escolhas. Uma delas, a trilha das Umburanas, foi surreal. Seres em formato de pedra, que parecem demonstrar a presença de algo muito superior a nós. Formas de jacarés, águias, cavalos-marinhos, bruxa, namorado, pedras tão estreitas e altas, que desafiam a dinâmica. Os grandes paredões abaixo de nós. Depois, a trilha da Igrejinha, com formações imponentes e alaranjadas. O dia meio nublado favoreceu a caminhada. Paramos nos ateliês de arte do caminho, Luiz Benício e o hilário, carismático e cheio de estória, Zé Bezerra, que já apareceu em programas de tv. Partimos em direção a trilha do Chapadão, com canyons por cenário. Caminhamos sobre paredões surpreendentes. Um deles circular, como se fosse uma ferradura, a nos abraçar. Ao fundo, o vale e suas formações. Chegamos ao painel dos Homens sem Cabeça, conhecidas pinturas rupestres, que já ilustraram livros de geografia. Márcio explica a cena de batalha, e as diversas interpretações, e me conta também sobre sua atuação como líder de seu povo indígena. Seguimos mais um pouco de carro, até o começo da trilha do Canyon. Caminhamos um pouco pela Serra Branca. Ao retornar para a vila, quis conhecer o tal Paraíso Selvagem. Só não me arrependi porque a curiosidade de não conhecer teria sido maior. Totalmente deslocado do restante do cenário, onde a natureza impera. Aqui, o concreto foi inserido no contexto, quebrando todo o encanto da natureza que se basta. Além de tudo, temos que pagar 10,00 para entrar – muito mal pagos, para custear o cimento que foi colocado ali. Simplesmente deprimente. Mas foi muito pouco para quebrar toda a magia do vivenciado até ali. Somei, nas caminhadas deste dia, mais 9,7 km, totalizando 25,2. Maratona fantástica, que repetiria sem pestanejar. O dia terminou mais cedo; Márcio disse que percorri o que a maioria das pessoas faz em 4 dias. Cheguei para um almoço tardio, descansei bastante, mas antes aproveitei para fazer algumas fotos da pracinha da vila, com todo o esplendor do Vale do Catimbau ao fundo. Dormi, enquanto uma chuva leve caía. O jantar/lanche gostosinho para arrematar. 21 de abril (quinta-feira). Como meu ônibus partiria de Buíque às 17:30 rumo a Recife, queria porque queria arrumar algo a mais para fazer. Mas, devido a minha programação cumprida, não haveria mais o que fazer. Como Márcio estaria compromissado com uma turma escolar que viria fazer trilhas leves no Vale, e devido ao meu bom comportamento e também às milhagens acumuladas, ganhei o bônus de acompanhar a turma com Márcio, e viver a inusitada experiência de andar de pau-de-arara. Iria repetir as trilhas do Chapadão e do Canyon, mas andar de pau-de-arara ia dar o toque peculiar, e somar experiências. Aquilo que foi diversão, para as crianças do colégio particular lá de perto de Recife, é a dura realidade de muitos sertanejos daqui. Depois do roteiro “bônus”, fiquei na pousada para almoçar e arrumar as coisas para partir. Márcio reapareceu para nosso último trecho agora da vila para Buíque, onde eu pegaria o ônibus (até que novo), naquele posto de gasolina São Félix. O ônibus que passaria às 17:30 passou às 17. Tem que prestar atenção nisso, e acho o fim da picada esse desencontro de informações. O guichê da empresa Progresso (Cruzeiro) fica num boteco ao lado do posto, do lado inverso ao que o ônibus pára. Cheguei na rodoviária de Recife depois das 22:00, e fui a Boa Viagem de taxi (72,00), onde me hospedaria na Pousada da Praça (R$ 135,00 a diária), por ser mais perto do Aeroporto, para minha partida de fim de férias. Pensando bem, avalio esta pousada como a de melhores instalações. Deu tempo de correr até a feirinha da praça da igreja de Boa Viagem, para comer um acarajé, que seria meu jantar desta noite. O dono da pousada, apesar de prestativo na chegada, tem um jeitão um tanto excêntrico e mal humorado nos outros momentos de minha estadia. Dia 22 de abril (sexta-feira). Bom café da manhã, com o mal humor que parece habitual ao senhor que não sei o nome. Saí para uma volta na praia, fiz algumas fotos , apenas para cumprir tabela, pois o melhor já tinha sido realizado. Depois, senti que o local é mesmo inseguro, face aos relatos da moça do quiosque onde tomei um açaí. Hora de ir embora. Parti para o aeroporto de táxi, por volta de R$ 15,00, e cheguei a São Paulo no comecinho da noite. E assim terminou uma das minhas mais enriquecedoras viagens de férias, pela diversidade de experiências que vivi. 1 Citar
Membros jacobrazil_II Postado Setembro 11, 2018 Membros Postado Setembro 11, 2018 Realmente viajar fora do turismo convencional é muito melhor. Muito bacana teu relato, faz o leitor viajar junto com vc, parabéns. Citar
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