Ir para conteúdo

Posts Recomendados

  • Membros
Postado (editado)

1ª Parte

O primeiro objetivo da viagem foi(saindo de Fortaleza) chegar à "borda" do Ceará(Penaforte-Ce, 507km), para entrar em Pernambuco somente de dia e com o pé atolado no acelerador, depois de ter pernoitado bem, pois muitos caminhoneiros nos fizeram medo de um lugar chamado Ibó, na ponte sobre o Rio São Francisco. Até chegar às margens da divisa levamos 2 dias e passamos um aperreio. É que fomos criados ouvindo histórias de violência, pistoleiros e pessoas que teríam orgulho de ter tirado vidas de seres humanos em uma cidade do Ceará. Como a infância é um momento muito forte na vida de qualquer um, preferimos enfrentar as dificuldades de transitar em uma estrada esburacada durante o início da primeira noite para chegarmos a Icó-Ce, seguindo uma caçamba e prestando atenção nos buracos em que ela caía... Gostamos muito do povo de Icó-Ce e, na alvorada, seguimos pra conhecer o lugar em que existem pegadas de dinossauros no meio do sertão do nordeste: Sousa-Pb. Os dinossauros estão muito presentes no cotidiano da cidade. E o lugar em que as pegadas estão, saíndo de Sousa, parece meio mágico, pois a sensação de filmes do tipo Spielberg se materializa e parece, de repente, que um bicho pode aparecer, já que ali sim, pelo que se tem diante dos olhos, podemos ter a certeza de que não há o que discutir sobre terem existido dinossauros. O lugar é especial. As sensações e vibrações do lugar são fortes.

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20100511002138.JPG 500 123.716381418 Legenda da Foto]Os dinossauros estão no cotidiano da cidade.[/picturethis]

Voltamos no mesmo dia ao território cearense e pernoitamos em uma muito boa pousada em Penaforte, a Pousada Lucena, às margens da BR-116, pois no outro dia fortes emoções nos esperavam.

 

2ª Parte

Saímos de Penaforte com o tanque cheio e aditivado. O medo tomou conta de nós e saímos por confiar em NS Jesus Cristo. De penaforte até a Divisa é só buraco. Aí, quando se pisa no Penambuco a estrada muda completamente e você começa a descer. Sair do CE e entrar no PE é descer uma serra. Da borda do CE começa uma descida. Ao final da descida se vê obras da Transnordestina e a cidade de Salgueiro-Pe. Alguns caminhoneiros já tinham me avisado que quando nós saíssemos de Salgueiro era que o bicho ia pegar. E pegou. Tome medo. Tem uma subida depois que se sai de Salgueiro. E aí? Com um Uno pesado de cacareco? Mas Deus foi maior. Aí começou uma reta que só ia er fim no temido "Trevo do Ibó". Desse sim, os caminhoneiros me fizeram medo. E muito medo. Coisa de nem a badalada Federal conseguir resolver. E o lugar é sinistro. É não, é pavoroso. Mas o bicho ainda ia pegar. Por os caminhoneiros deixaram bem claro: o problema é 5 km antes da ponte sobre o Rio São Francisco e 15 km já dentro da Bahia. Ai, meu Deus. Quando em vi a ponte me deu uma vontade irrefreável de cagar.

20100618194805.jpg

E caguei. Nas calças. E descobri que não era medo. Era pressentimento. Todo cagado, alguns quilômetros à frente, dois caras numa Falcon perseguiam um caminhoneiro. Êta terra sem lei... Os caras se descolaram do caminhoneiro e vieram atrás de mim. O manual do Uno diz que a máxima é 150km/h. Que P. de manual... eu meti os pés e voei. Mas voei e não foi brincadeira. Me descolei dos caras na moto e entreguei o caminhoneiro à Deus. E a estrada é só NADA! Ali não tem nada. É só nada. Pedra e uns punhados de areia. Quando cheguei na primeira cidade, Bendegó, a surpresa: 15 caminhoneiros haviam sido assaltados entre 05h e 06h da manhã. É o trecho da BR-116 que os populares de Bendegó chamam de "o quilômetro quinze". Ou seja, 15 km Bahia a dentro depois que se sai do PE. Ai, meu deus, obrigado.

3ª Parte

Depois de Bendegó seguimos pra Euclides da Cunha, mas como todos diziam segura a estrada(passado o trauma) seguimos até Feira[de Santana]. Gente, chegar à Feira é uma surpresa. A cidade é muito grande e quem não tinha sequer noção se surpreende muito. Eu senti logo uma grande vergonha quando vi a cidade no meio do Sertão dando de pau em Fortaleza no quesito limpeza. Sabe, quando se chega a praticamente qualquer grande cidade fora do Ceará, logo o cabeça-chata se entristece em lembrar que aqui em Fortaleza vivemos na imundície. Ô cidade imunda. Se se for reclamar, logo a Prefeitura vem com aquela numerologia de toneladas, que traduzida em limpeza não é vista nas ruas. Fortaleza é podre. Tanto lá na Aldeota como aqui na periferia. E só se nota isso quando se sai daqui. Em Feira o melhor lugar pra ficar é na Pousada Itajuípe, na BR-116. Muito agradável e não te explora. Em Feira também fui bem surpreendido pela qualidade do serviço de alinhamento(caí num buraco em Milagres-Ce) e pela disponibilidade do povo.

4ª Parte

Depois de 24h em Feira de Santana fui pra Salvador dar um jeito numa bronca no carro na Concessionária Cresauto. Voltei à Feira assustado com o jeito que se dirige na BR-324. A estrada tem umas "cascas" de asfalto soltas mas a moçada não tá nem aí... taca o carro por cima e pra quem quer andar com calma e prudência a coisa fica feia. Veja as "cascas":

20100831103234.JPG

5ª Parte

Saímos de Feira para a Chapada Diamantina. A sensação de solidão nos "acompanhou" quando saímos da BR-116 pra entrarmos à direita na BR-242. Ela é uma estrada vazia, o que empresta um aspecto fúnebre e sombrio aos seus quilômetros. O silêncio apenas rompido pelas carretas de soja que vêm de Barreira-Ba, a estrada parece mal-assombrada; talvez pelos assassinatos horríveis da época das explorações por diamantes, ou por casos como o do Inácio, que dá nome ao famoso Morro do Pai Inácio. Não se vê uma vivalma. Sobre o Morro, não há quem passe por ele sem saber que ele é ele mesmo sem tê-lo visto. Ele é muito imponente, sóbrio, singular. O que me chateou muito foram os zumbis(produzidos pelo crack) que encontrei em Lençóis, principal cidade da Chapada. Claro que ele(crack) tá em todas, mas não pensei que estivesse tão forte. Tanto que, pra nós, que estávamos com um filho de 4 meses, pesou de mais e batemos em retirada logo ao amanhecer. [A pousada(vizinha a uma pizzaria na entrada da cidade) era muito boa e muito limpa.] Fomos conhecer o rio transparente que há na Pratinha, em um município vizinho. O Pái Inácio fica no meio do caminho e numa curva, veja o acidente:

20100831111652.jpg

Vimos o rio, estivemos lá, mas não entramos em suas águas, porque os mosquitos(quase urubus) nos botaram pra correr antes de chegarmos nas margens. Percebi que alguns(muitos) tinham "brocas especiais" para ignorar a ruma de repelente que eu botei em cima de mim. Voltamos em direção à BR-116, parando na agradável Iteberaba, última antes da BR.

Antes um outro acidente:

20100831112036.jpg

Dorminos num dormitório do Posto Santa Helena. Muito bom. Tranquilo.

6ª Parte

Seguimos pra Salvador. Café no posto que fica na esquina da BR242 c/ BR-116. Os caminhoneiros me disseram que querer ir "por dentro" pra Salvador não existe. O caminho é mesmo Feira de Santana. Massa foi a fila de caminhões para carimbar nota pra entrar em Feira.

20100831112212.jpg

Editado por Visitante
  • 10 meses depois...
  • Membros
Postado

Rapaz, que aventura em...

Muito bom o relato kkkkkkkkkkkkk...

Rachei de dar risada no trabalho. No “PÉ NA ESTRADA” com “PEDRO TRUCÃO”, os caminhoneiros sempre deixam recados sobre esses trechos do nosso País.

 

E a Polícia ainda diz que faz um trabalho preventivo e eficiente, a única coisa é que quando chegam por lá, não tem nenhum bandido rsrs. E diz que sabe dos roubos e não tem como investigar, porque tem poucos policiais.

Participe da conversa

Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.

Visitante
Responder

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emojis são permitidos.

×   Seu link foi automaticamente incorporado.   Mostrar como link

×   Seu conteúdo anterior foi restaurado.   Limpar o editor

×   Não é possível colar imagens diretamente. Carregar ou inserir imagens do URL.

×
×
  • Criar Novo...