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Islândia no Inverno? Dá sim!


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Olá Felipe! Sim, de boa. Quase todos os islandeses falam inglês e dinamarquês fluente. E vc encontra brasileiros pelo caminho, lá e em qualquer lugar do mundo... rs. As agências são especializadas em lidar com pessoas de diferentes países, principalmente turistas da Ásia. Eles são, com certeza, os que mais visitam a Islândia e gastam dinheiro por lá. Abç

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  • 1 ano depois...
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Em 12/08/2018 em 12:06, Denise Sicari disse:

Oi pessoal,

Fui sozinha para a Islândia no inverno de 2016 e passei para explicar como eu montei a minha viagem, e dizer que dá sim para realizar o sonho e ver as luzes do norte. 

Abaixo, tudo o que eu aprendi, e coisas que eu tive que descobrir por lá que vão ajudar muito no seu planejamento. 

 

1. Passagens , moeda e Hostel

Não existem vôos diretos para a Islândia, você vai ter que fazer ao menos uma escala. Eu uso muito o edreams e o google vôos para compor vôos baratos para a Europa. Compro na terça-feira de madrugada, normalmente, e comparo o preço direto no site da operadora. Caso tenha algum amigo/parente que possa pesquisar para você com um IP de fora do país, provavelmente conseguirá preços melhores. Para a Islândia, eu encontrei um vôo barato até Londres pela british airways, e de lá usei um vôo da Iceland Air até Reykjavik (que me custou em torno de EUR52, com a bagagem). Você pode comprar também um vôo da empresa Wow, que tem preços bons. O que eu faço é achar uma promoção até alguma capital, e vou me locomovendo por lá. Troquei euros por coroas no aeroporto, a cotação não foi das melhores, mas você não encontrará muitas casas de câmbio espalhadas pelo país. Peguei um ônibus (empresa Grey Line) do aeroporto até o centro,  com parada na Lagoa Azul inclusa no itinerário (lá existe uma sala para guardar as malas, por uma pequena taxa). Já tinha comprado meu ingresso da Lagoa Azul pela internet, com horário programado, e foi muito tranquilo, fiquei até o horário do último ônibus para o centro. Hospedei-me num hostel chamado Hlemmur Square, muito bem localizado numa das ruas principais (fui atendida inclusive por um brasileiro!). O lugar me custou uma média de U$38 por noite nos quartos coletivos (dormitório misto). Era simples e muito bem organizado, mas a higiene dos banheiros e da copa era questionável. Deu para fazer muitos amigos, ir com grupos aos pubs, e comer razoavelmente bem. Tem um supermercado bem em frente, com opções de lanches para café da manhã e um outro mais barato, descendo a rua. Como fiz passeios de múltiplos dias, intercalei os passeios da agência (com hospedagem inclusa) com noites no hostel, para não pesar no orçamento. Ao final, falarei mais sobre os passeios.   

 

2.  Luzes do norte

Para ver as luzes, você precisa ir para a Islândia de setembro a fevereiro. Parece-me que as estações estão um pouco atrasadas, porque esse ano deu para ver as luzes até no início de março. Eu escolhi novembro, e depois de várias noites tentando, consegui ver as luzes no final da minha viagem. Os islandeses têm instrumentos de medição que permitem saber mais ou menos se será possível ver a aurora, mas é tudo bem incerto. O clima lá muda muito rápido, e você precisa de um céu limpo para ver as luzes. As medições vão de 0 a 9 (com 2 ou 3 você já tem chances de ver, 0 sendo nada de visibilidade e 9 sendo o fim do universo como o conhecemos). As luzes podem durar 5min, como podem durar horas. No ano que eu fui, teve uma medição em 7 que aconteceu no final de setembro, na qual a cidade toda apagou as luzes, num evento muito bonito, justamente para que a aurora pudesse ser vista na cidade. Acredito que o nível 7 aconteceu só 3 vezes nos últimos 10 anos. Na prática, você terá que sair da cidade para um local afastado (uns 40min) sempre que houver chances, e esperar algumas horas olhando para o céu, no frio e no vento. Normalmente as luzes são visíveis das 22h às 0h e depois umas 4h ou 5h da manhã. O vento judia, falarei das roupas necessárias logo mais. No final da minha viagem, depois de até ter recitado as poesias dos elfos, quando menos esperava (e cedo, umas 9:30h), eu vi luzes lindíssimas bem próximo de Reykjavik, nível 5 (isso significa que eu tive muita sorte), e tudo durou cerca de uma hora. As minhas tentativas na costa Sul e na peninsula foram frustradas. O que eu oriento aos mochileiros é: fiquem mais noites. Economizem na hospedagem, e tentem ficar mais noites em Reykjavik ou em outro lugar. Auroras grandes acontecem duas ou três vezes no mês, em regra... às vezes em dias seguidos. É como procurar por um arco-íris... eles aparecem quando não se espera muito. Você se sente um idiota sentado no relento por horas olhando para o céu até que, quando já está perdendo as esperanças, acontece. Quem fica poucos dias corre o risco de sair de lá muito triste. Vai da sorte, é um fenômeno da natureza. E aos fotógrafos, aviso: é difícil pra caramba de fotografar com a câmera profissional. Tem que ser tudo no manual, os sensores da minha nikon não reconheceram nada, e a bateria congelava rapidinho (10-15min), tem que levar duas e ir trocando. Operar o tripé com muito vento e as funções com aquela luva grossa é muito complicado. Pratique fotografar estrelas com o foco no infinito antes de ir. Você pode acompanhar a previsão das luzes nesse site (http://en.vedur.is/weather/forecasts/aurora/), mas não se engane: o branco significa céu limpo, e o verde significa céu nublado. Por quê raios eles pintam de verde e não de cinza até hoje eu não entendi. 

 

3. Roupas.

Sobre as roupas adequadas, são dois os segredos: material impermeável e camadas. 3 camadas, precisamente: a primeira vai ser a térmica, direto na pele, a segunda vai ser a lã ou o 100% poliéster, para esquentar, e a terceira tem que ser impermeável e corta vento (plástico!). Sobre a lã, não serve a daqui, a ovelha brasileira passa calor, é diferente da ovelha de lá. Opte pelo poliéster que não tem erro, quanto maior a gramatura, mais quentinho você fica. O impermeável de fora  é indispensável em tudo, incluindo as luvas. A neve bate de lado, e gruda. E não precisa gastar uma fortuna em casaco da north face, você encontra tudo numa decatlhon qualquer. O calçado precisa ser uma bota de trekking, tipo timberland ou bull terrier, mas opte por uma com pele de carneiro na parte interna, solado de borracha bem grosso, e inteira impermeável. Se seu pé molhar amigo, você estará em apuros. A calça deve ser aquela tipo "dupla camada", quente por dentro e impermeável por fora, com opções de botões ou cordinha embaixo, para vedar sobre o sapato. Não adianta levar touca de lã, o vento passa pelos buraquinhos... Se for usar tem que colocar a touca do casaco por cima. Para quem é muito friorento, procure na internet um negócio que chama "warm patch": você coloca por dentro do sapato ou da luva e ele te esquenta por 8 a 12 horas. É descartável, mas ajuda bastante. Não pode colocar direto na pele, tem que ser entre camadas de luvas ou meias, porque você pode se queimar. Jornal dentro da bota também ajuda. No centro você pode comprar uma blusa de lã para usar por debaixo do seu casaco, próximo da igreja Hallgrímskirkja, ou Igreja de Hallgrímur, você encontra a Handknitting association of iceland, é uma loja de blusas de lã tradicionais do país. Não é muito barato, uma blusa grossa não sai por menos de U$ 250 dólares.  Mas assim... depois que a temperatura baixa de zero, você passa um pouco de frio, mesmo com a roupa adequada... não tem muito jeito.  Nós brasileiros não estamos acostumados, como eles. Eu cheguei a pegar -7C à noite, final de novembro. Faria de novo? Com absoluta certeza.   

 

4. Agência ou carro?

Viajar sozinha na Islândia é muito seguro, mas devido às condições climáticas, eu recomendo contratar uma agência de turismo local para atravessar o país. Você pode alugar um carro com facilidade, mas a gasolina é muito cara, e o clima muda muiiiito rápido (é assustador). Para quem está sozinho não vale a pena. Fora que não é um país muito habitado, então você anda muito sem ver ninguém pelo caminho. As estradas são ótimas, não tem radares, mas o problema é o vento,  isto é, as tempestades de vento. Num dos meus dias eu fiquei presa no hotel na costa leste por conta de uma tempestade de vento, a estrada não estava em condições para voltarmos. Se eu estivesse de carro, certamente não saberia disso, e poderia facilmente sofrer uma acidente grave. O vento chega a tirar o carro da estrada, e a neve cobre rapidamente o veículo, numa situação de clima intenso. Não é a neve gente, o problema é o vento. Os islandeses tem aplicativos nos seus celulares e acompanham o clima o tempo todo. E não se engane: na Islândia existem muitos vulcões ativos, e você passa pertinho de vários deles. Os islandeses sabem onde estão pisando, você não. Existem condições especiais de seguro que você precisará contratar por conta de risco das cinzas dos vulcões. Eu pretendo voltar, e certamente contratarei a mesma agência de turismo que utilizei da outra  vez, por questão de segurança. Alerto, aliás, que não é qualquer carro que te leva para qualquer lugar... pelas montanhas você tem que ter um jeep modificado e um sistema de GPS próprio/independente. Turistas que se perdem correm um sério risco de morte por conta da sua própria arrogância. Não, não dá para sair e explorar “de boa” no inverno. No golden circle e na busca das luzes à noite você roda sem maiores problemas, mas é importante acompanhar o clima e tomar muito cuidado com acidentes, porque os turistas (como eu) param no meio da estrada para fotografar. Em resumo: se for ficar perto da capital, é tranquilo alugar um carro, mas não se aventure demais: fique na estrada e siga a sinalização. E cuidado para não dirigir com sono porque ficou à noite toda acordado caçando luzes no céu. Por outro lado, se quiser atravessar o país no inverno (e visitar lugares incríveis) é melhor ir com um grupo e com um guia experiente. 

 

5. Passeios 

Eu contratei a agência Extreme Iceland para fazer os passeios abaixo listados. Foi certamente a parte mais cara da minha viagem, mas valeu cada centavo. Você encontra os preços e as opções no site da empresa, de acordo com a estação do ano, e as descrições das atividades incluídas em inglês. Eu contratei e paguei tudo com antecedência, e consegui um pequeno desconto com um sujeito chamado Carlos. A empresa Grey Line também oferece passeios com um preço muito bom, principalmente na região do golden circle.

- Blue Lagoon - 1 dia ou 2 dias. Absolutamente imperdível. Você pode colocar na ida e na volta do aeroporto usando a Grey Line, e deixar as malas no depósito. Basta acompanhar os horários do ônibus. 

- South Coast (Costa Sul) - 2 dias mas eu faria novamente em 3, passando por Skógafoss, Seljalandsfoss e a Jokulsarlon Glacier Lagoon. Você chega às cavernas de gelo no segundo dia, e depois volta para a capital. Para ir até o avião abandonado, você precisa fazer uma boa caminhada de umas 4 horas (ida e volta), e depende da agência e das condições climáticas. Eu parei também na Black Beach na ida e na volta.   

- Landmannalaugar - 3 dias, inclui alimentação e hospedagem. Poucas pessoas fazem, eu adorei. Você explora as montanhas, lagoas e cachoeiras num 4x4 modificado e dorme numa cabana de madeira ao lado de um vulcão. O islandês fez até churrasco de carneiro para gente, embaixo de neve forte. Tomei banho numa lagoa de água quente ao lado da cabana, em temperaturas negativas. A região é a do vulcão Hecka, é uma aventura para conhecer a cultura local, vc ouvirá falar sobre as “pessoas escondidas” que vivem nas montanhas. 

- Golden Circle - 1 ou 2 dias, dependendo do pacote. Você passa por Gullfoss Falls, The Great Geysir, Thingvellir (para quem gosta de game of thrones). Dá para fazer compras e parar em piscinas locais também. O Eyjafjallajökull eu vi bem de longe.

- Snaefellsnes Peninsula - 2 dias, mas faria novamente em 3 dias - costa leste, lindíssimo, imperdível. Hvalfjordur, Skorradalur, Deildartunguhver, Raudfeldsgja. 

- Íshestar Horses: Passeios a cavalo. Eu fiz a lava tour (para iniciantes, a passo e trote) e Viking Tour (mais avançado, a galope). Como já tenho experiência, faria novamente só o viking, que é uma cavalgada de um dia inteiro pelas regiões vulcânicas próximas ao centro hípico. Tem um “Viking express” que é a mesma coisa, só que metade de um dia. Cavalguei um cavalo islandês com uma guia alemã, que falava inglês. Os cavalos islandeses são pequenos mas extremamente fortes, e com uma personalidade muito doce. Você não poderá usar as suas roupas e capacete que usou para montar outros cavalos de outros países, porque os cavalos de lá não tem resistência a doenças de outros lugares do mundo. Eles irão te fornecer um macacão e um capacete adequado. A empresa só contrata jovens mulheres para adestrar e cuidar dos cavalos, acompanhar os visitantes e fazer os passeios. Eles têm 180 cavalos, e fazem revezamento daqueles que participam das caminhadas com turistas, metade trabalha enquanto a outra metade descansa. De toda forma, você verá muitos pastos e cavalos pelo caminho. 

- Whale watching - passeio de metade de um dia para ver as baleias. Não é garantido, é um passeio de barco em que você tem que ir até o porto no horário agendado e pode ou não ver as baleias. Vale a pena se você tiver tempo. 

- Aurora bônus: o legal desses passeios da Extreme Iceland é que a agência oferece incluso o passeio à noite para ver as luzes. Um ônibus te pega no hotel e te leva para um local onde possivelmente você verá as luzes e fará bonitas fotos. Se as luzes não estiverem visíveis, a agência repete o passeio gratuitamente no dia seguinte, até que você consiga ver as almejadas luzes do norte. O motorista fica dirigindo “entre os continentes” procurando as luzes. Na América está ruim? Tudo bem, é só ir até a Europa e tentar por lá. Não se esqueça de recitar as poesias e cantar os cânticos em islandês para os elfos e gnomos locais, só eles podem “autorizar” o visitante a ver as luzes do Norte. 

Deixe alguns dias livres no seu roteiro para refazer algum passeio ou outro. Às vezes você não consegue apreciar um local por conta do clima, e poderá voltar no dia seguinte e tentar novamente. Os cenários não são estáticos, a natureza é extrema e tudo muda o tempo todo. As cores e a paisagem serão outras no dia seguinte. A agência se esforça para garantir uma experiência agradável aos viajantes, mas como tudo depende da natureza, nenhuma promessa é feita e algumas coisas precisarão ser adaptadas na última hora.

 

6. Preço

Quanto eu gastei? Meu orçamento era de R$10 mil reais em 2016, e nem preciso dizer que eu estourei, um pouco. Gastei pouco mais de R$ 12, mas fiquei 18 dias, boa parte no hostel. Com o euro mais caro, eu estimo que uma viagem dessa hoje custe em torno de R$ 15mil. Tudo depende, é claro, do número de pessoas e do nível de conforto que você escolhe. 

 

Minhas impressões 

A Islândia é um lugar mágico, com uma cultura incrível. É, certamente, uma viagem difícil, mas muito especial. O inverno é duro, mas o sacrifício tende a ser recompensado.

Espero ter ajudado

Denise

 

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Muito obrigada pelo retlato!!  Pretendo ir com minha irma e entao posso considerar teoriacamente que gastaria um pouco mais da metade do que voce gastou indo com ela (tendo em vista que ingressos sao inidividuais), E compensa comprar ou alugar calca de neve impermeavel la?  Voce chegou a ver isso? Se nao onde vc comprou essa calca?  Obrigada!

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Sim, consegui na época um voo barato, deu uns U$700 ida e volta, combinando companhias. Hoje acho difícil conseguir esse preço... isso sem considerar a cotação, bem mais alta... talvez se fechar com muita antecedência e negociar... As cavernas de gelo mais interessantes estão na Costa Sul, mas existem muitas, eu visitei apenas uma. Vulcão eu fiz a trilha a cavalo, mas novamente, existem muitas opções. Sobre as roupas, não vi lugares que alugavam por lá, mas como mencionei, vc encontra opções aqui, por preços melhores nas lojas decathlon. Lá tudo vai ser mais caro, porém com melhor qualidade. 

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