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China - 20 dias - Shanghai, Xian e Beijing - junho de 2011


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Este relato é uma cópia do que eu estou escrevendo no meu blog. As fotos eu só vou postar lá. Quem se interessar pode dar uma olhada. O link está no fim do post, na minha assinatura.

 

Primeiro dia. Sábado, 04 de junho de 2011.

 

Aqui em Shanghai agora são 05:00 horas da manhã de domingo (18:00 horas de sábado no Brasil), já está claro e estamos todos acordados. Dormi 14 horas seguidas desde ontem. A viagem até aqui é estafante.

 

Saímos de São Paulo às 17:30 de quinta-feira num voo com destino à Madrid. E que voo! Nunca tinha estado num avião que balançasse tanto. Foi a pior turbulência da minha vida. Claro que tanto sacolejo causou efeitos.

 

Estávamos eu, a Dani e o seu Chico juntos numa fileira de três poltronas lado a lado no fim do avião (Air China – Airbus A330). Para minha ”sorte”, sentei num poltrona que não reclinava tudo. Falei com a aeromoça e ela ficou de me arranjar uma poltrona que reclinasse tudo porque, afinal, seriam 10 horas até Madrid. Ela encontrou uma poltrona na fileira logo atrás de nós onde só viajava uma chinesa (que morava em Santa Catarina mas pouco falava português) com o seu bebê de colo que ia deitado na poltrona do meio. Aí peguei minha mochila, pulei para a poltrona de trás, coloquei os fones de ouvido e reclinei à vontade. Ficou melhor pra todo mundo. A Dani tinha mais espaço pois a poltrona que eu estava ficou vazia e eu fiquei ao lado de um bebê, em uma poltrona que reclinava bastante. Mal eu sabia o que me esperava…

 

Ainda sobre o território brasileiro passamos umas duas horas com muita turbulência e quedas bruscas no vazio. Justo na hora do serviço de bordo, o bebezinho começou a passar mal e deu umas três golfadas. Até aí tudo bem, a mãe dele se virou para limpar tudo e eu fingi que nem vi, apesar de ter perdido um pouco o apetite. Tinha colocado a minha mochila embaixo da poltrona do meio da frente, onde a Daniela estava sentada. Com o bebê passando mal e a mãe limpando com um lenço de papel a roupinha dele, resolvi tirar minha mochila de lá e dar para a Dani guardar na frente. Foi um momento iluminado.

 

Assim que recolheram a bandeja com a comida, abri um sachê com aqueles lenços umidecidos que tem um cheiro forte de alfazema (ainda caí na besteira de oferecer para a chinesa que estava mais amarela do que já era). Acho que foi a gota d´água para ela. A forte turbulência, o bebê passando mal e o cheiro da alfazema fizeram ela enjoar também. A pobre bem que tentou arranjar um saco de air sickness mas não deu tempo, começou a vomitar loucamente dentro do saquinho do fone de ouvido mesmo e eu desesperado procurando um saco de air sickness para ela. Quando o saco do fone de ouvido encheu ela começou a fazer tudo no chão mesmo, bem aonde minha mochila estava há dez minutos atrás! Aí não teve jeito, deixei minha solidariedade de lado, me soltei do cinto a mais de mil e fui lá atrás avisar as aeromoças. Chegando lá, disse que a moça estava passando mal e elas pensaram que era pouca coisa, mas aí eu insisti que era sério o negócio e elas foram olhar. A cara delas foi hilária. Para minha surpresa, até elas estavam enjoadas com tanta turbulência.

 

Fiquei em pé uns vinte minutos lá na área das aeromoças conversando com elas e pensando no meu azar (um avião com mais de 200 pessoas e eu, por escolha própria, sento justo do lado da chinesa que passa mal). Depois que as aeromoças limparam tudo, ainda em choque, voltei para a poltrona ao lado da Dani que, à essas alturas, apesar de não reclinar, parecia uma melhor opção. O resto do voo sobre o Oceano Atlântico até Madrid foi tranquilo, apesar de cansativo (não consegui nem cochilar).

 

Chegamos em Madrid, no início da manhã de lá. Todo mundo desembarcou para uma escala de 3 horas. Tomamos café no terminal (18 euros), olhamos as lojas e, quando vimos, já era hora de embarcar de novo. Como não tínhamos dormido nada ainda (com exceção do seu Chico), eu e a Dani resolvemos tomar um Dramin. Nunca tinha experimentado esse truque para dormir, mas agora sentia que ia precisar.

 

Esse sem dúvida seria o trecho mais exaustivo. Passamos 12 horas acompanhando no sistema de entretenimento o avião sobrevoar toda a Europa e mais todo o território russo e a Mongólia até pousar em Beijing. Nesse tempo todo dormimos umas 4 horas (graças ao bendito Dramin), o que já era alguma coisa. O serviço de bordo da Air China é muito bom (servem comida quente toda hora) e o avião é até confortável, mas depois de 25 horas já não aguentávamos mais.

 

Chegando em Beijing ficamos espantados com o aeroporto. Nunca tinha visto nada tão moderno, sofisticado e posso até dizer suntuoso. O aeroporto da capital chinesa é gigante e está novinho. Foi construído para as Olimpíadas de 2008. Faz a gente ter vergonha dos nossos aeroportos no Brasil.

 

Passamos mais umas 2 horas em Beijing. Como era a entrada no país, passamos pela imigração, recebemos o carimbo no visto que já tínhamos tirado no Brasil e, sem pergunta nenhuma, entramos. Aí fomos retirar a bagagem e fazer o reembraque para o trecho doméstico até Shanghai, nosso destino final nesse périplo.

 

Embarcamos em um Boeing 737-800 da Air China até contentes por saber que esse último voo duraria ”apenas” 2 horas. O pior já tinha passado.

 

Entre Beijing e Shanghai, como é um trecho doméstico (quase todos a bordo eram chineses), tínhamos a opção de pedir western breakfast ou chinese breakfast. A Dani e o seu Chico foram de café da manhã ocidental. A aeromoça ficou toda contente quando eu disse que queria provar o café da manhã chinês.

 

Não posso dizer que é ruim, é só diferente, bem diferente. Não tem leite nem café, tem chá. Tem um pão, iogurte, frutas e tem também conjee, um tipo de sopa de arroz bem aguada e sem sal ou qualquer tempero, que é a base do café da manhã deles. Junto vem um sachê com escabeche de pepino e outros legumes que tem um cheiro muito forte e serve para dar um gosto no conjee. Tem também um ovo cozido marrom e com ”veias” que vem num sachê em conserva com uma galinhazinha desenhada. Só provando para saber. O gosto é bem ”forte” e, pela voracidade com que o chinês do meu lado comeu o dele, eles devem gostar muito.

 

Chegamos em Shanghai às 10:00 horas da manhã de sábado (21:00 horas de sexta-feira no Brasil). Outra vez nos deparamos com um aeroporto monumental. O Shanghai Pudong é um aeroporto tão grande que chegamos a ver portão de embarque número 273! São sucessões de esteiras rolantes em corredores que não conseguíamos ver o fim. Tudo muito amplo, limpo e bem cuidado. Mas o que mais nos chamou a atenção (também no aeroporto de Beijing) foi a quantidade de lojas de todos os tipos. Muitas lojas de grifes de luxo e muitos free shops imensos! Nem nos Estados Unidos vimos tantas lojas nos aeroportos. Para um país comunista, a primeira impressão que tivemos foi que eles são mais capitalistas que nós.

 

Fomos então pegar nossa bagagem e finalmente ir para o hotel. Sabíamos que um taxi para o centro demoraria cerca de uma hora e custaria uns 300 Yuans (50 dólares). Graças ao nosso panejamento, pagamos apenas 7 Yuans cada e fomos de metrô, que tem uma estação dentro do aeroporto (por sinal o metrô é fantástico). Tínhamos também a opção de pegar o Maglev, o trem magnético que é o mais rápido do mundo atualmente (chega a 430 km/h), mas é muito mais caro. De metrô, depois de cerca de uma hora e dezessete estações, chegamos na estação mais próxima do nosso hotel, a East Nanjing Road.

 

Completamente desorientados, eu com a mochila nas costas e a Dani e o seu Chico puxando as malas, saímos por uma das 4 saídas da estação e nos vimos no meio da chuva em uma das ruas de comércio mais movimentadas da Ásia sem que ninguém conseguisse nos dar uma informação! Ninguém entendia inglês. Confesso que nessa hora ficamos com medo. Saímos andando, eu com meu guia da Lonely Planet na mão, até que achamos uma placa com o nome da rua. Constatamos que estávamos indo para o lado oposto. Aí, com a chuva engrossando, resolvemos pegar um taxi.

 

Mas a barreira da língua aqui é enorme. O taxista, apesar de muito risonho, não tinha ideia do que dizíamos (sequer a palavra ”hotel” eu acho que ele entendia) e encostou o taxi para que eu mostrasse para ele o mapa com nosso hotel marcado, mas ele não entendia as letras no alfabeto latino! Aí lembrei que rua em chinês é Lu e disse: ”Fuzhou Lu!” (Rua Fuzhou). Aí ele deu ares de que tinha entendido e foi dirigindo. A corrida até que foi longa (uns 10 minutos) mas custou só 12 Yuans (R$ 3). Ele nos deixou há uma quadra do hotel. Fomos andando até que achamos o Shanghai Baron Business Hotel. Nossa maratona estava terminando.

 

O hotel pareceu muito bom e só custou 5.745 Yuans por 9 noites em quato triplo, sem café da manhã. Depois do check-in, subimos e, finalmente, estávamos no nosso quarto! O seu Chico só fez desabar na cama e dormir tão pesado que não conseguimos acordá-lo. Eu e a Dani, depois de tomar banho, como sempre fazemos, saímos para ver os arredores. Mas a chuva não ajudava. Compramos uns pães numa padaria de luxo onde ninguém falava inglês também, uns refrigerantes e água na Nanjing Road, a Dani comprou um guarda-chuva de uma velhinha e voltamos para o hotel. Chegamos molhados e já era umas 15:00 horas. Aí não teve jeito, nos rendemos ao cansaço e dormimos também, ignorando o fato de que estávamos no meio da tarde. Pela primeira vez senti os efeitos de um jet lag. Estávamos completamente desorientados em relação aos horários e dormimos até agora. Acordamos renovados, mesmo que ainda fora dos horários. Aí resolvi escrever tudo isso.

 

Enquanto eu escrevia, a Dani e o seu Chico tomavam banho. Agora eu vou tomar o meu. Depois, vamos descer para tomar café da manhã. O dia será longo e, agora que estamos mais descansados, a empolgação voltou. Estamos na China!

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Segundo dia. Domingo, 05 de junho de 2011.

 

Descemos para tomar café da manhã pensando que não iríamos encontrar nada do que estamos acostumados a comer no café da manhã ocidental. Engano nosso. Encontramos uma grande variedade de comidas. Tudo que um ocidental costuma comer pela manhã e também o que é típico do café da manhã deles.

 

Sempre gosto de experimentar todo tipo de comida dos lugares que eu visito. Nesse pouco tempo que estamos aqui, já deu para perceber que a China é um excelente lugar para provar novos sabores.

 

Primeiramente fiz um prato só de comidas ocidentais. Pão, ovos mexidos, bacon, leite com café e suco de laranja. De comum também vi frutas (melão, melancia), suco de kiwi, croissants, iogurte, manteiga, geléia e torradas, mas não peguei.

 

Depois resolvi experimentar um café da manhã chinês, escolhendo apenas o que de mais diferente eu encontrasse. Enchi um prato com uma tigela de congee (arroz aguado sem tempero nem sal) que eu temperei com amendoim torrado e os escabeches (que ainda não consegui distinguir bem de quais legumes são feitos). Coloquei também uma carne de porco recheada com ovos, pepinos marinados, tomates cereja, tofu, amendoim e uma espécie de verdura, todos cozidos em um molho escuro e com gosto e cheiro forte (ainda não descobri do que é feito, mas sei que tem molho de soja no meio), fígado de ganso e cogumelos. Para acompanhar, chá preto, sem açúcar, como tomam os chineses. Tinha também uma porção de outras coisas (como, por exemplo, legumes cozidos no vapor), mas isso foi o que eu achei de mais de diferente. Depois do café da manhã reforçado, estávamos prontos para começar a explorar a cidade.

 

Por um lado o jet lag nos favoreceu nos colocando de pé bem cedo. O maior problema é que essa é a época de chuvas na região (o que faz com que o clima fique muito parecido com o amazônico, quente e úmido) e o dia amanheceu completamente nublado e com muita neblina encobrindo o topo dos arranhacéus de Shanghai. A chuva daqui é bem persistente, apesar de não ser torrencial.

 

Saímos em direção ao Bund, área da cidade que foi concessão inglesa durante parte dos séculos XIX e XX, conhecida pela arquitetura européia e que fica à beira do Rio Huangpu. Ali, a lei que vigorava era a inglesa e não a chinesa. O mesmo se passou em outras partes da cidade e também do país, que foi retalhado em áreas de dominação de potências estrangeiras por um grande período da sua história recente. A herança inglesa é evidente na arquitetura mas agora o governo chinês faz questão de mostrar que quem manda lá são os chineses hasteando um monte de bandeiras da China no alto dos imponentes edifícios neoclássicos.

 

Em frente aos edifícios históricos muito bem preservados fica uma avenida bem larga, a Zongshan Lu e um passeio público que segue a silhueta do rio e que, como tudo por essa parte da cidade, é muito bem cuidado e urbanizado, limpo, excessivamente florido e arborizado. À essa hora da manhã de domingo havia apenas poucas pessoas passeando e algumas se exercitando.

 

Na outra margem do barrento Rio Huangpu fica o moderníssimo distrito de Pudong. Lá estão muitos dos arranhacéus mais altos da cidade. Além de ser o coração financeiro da Shanghai, Pudong é talvez a imagem mais conhecida da China moderna, com seu espetacular skyline futurista. Para nosso azar, a neblina encobria metade dos altíssimos edifícios e da impressionante Oriental Pearl Tower.

 

Seguimos admirando a paisagem, caminhando pelo Bund em direção ao sul até que, quando o calçadão às margens do rio terminou, nos deparamos com uma rua de acesso à antiga Shanghai. Inicialmente ficamos em dúvida se devíamos entrar (ficamos com um pouco de receio), mas a curiosidade foi maior.

 

Nos sentimos no meio de um filme do Jackie Chan. Ruelas minúsculas, muitas casas amontoadas, feira, bicicletas, motos, carros e muita gente dividindo o mesmo espaço. Ali conhecemos um pedaço da China que dentro de pouco tempo provavelmente desaparecerá. Com o ímpeto governamental de modernização, esses bairros estão com os dias contados, ainda mais porque a Shanghai antiga está ao lado da Shanghai moderna, criando um contraste bem impactante.

 

Na cidade velha compramos umas castanhas cozidas (parecem castanhas portuguesas, só que menores) e eu e a Dani experimentamos espetinhos de tentáculos de algum tipo de molusco apimentado e frito na chapa. É gostoso, mas o seu Chico não teve coragem.

 

Fomos andando pelas ruelas e começamos a perceber algumas coisas. Apesar da evidente simplicidade e falta de organização do lugar, as pessoas não estavam mal vestidas e as ruas não eram mal-cheirosas (pelo contrário, o cheiro era bom, de almoço sendo feito no interior das casas). Éramos provavelmente os únicos não-chineses do bairro e todos nos olhavam com curiosidade, mas sem clima ameaçador. Não nos sentíamos em perigo ali. Tanto que deixamos de olhar o nome das ruas no mapa (até porque ali as placas eram só em chinês) e fomos andando sem destino, sem medo de nos perder.

 

Para nossa surpresa, demos de cara com uma praça cheia de árvores e jardins. Aí lembramos que por ali ficava o jardim Yu Yuan, um parque público todo construído em arquitetura tradicional chinesa. Fomos entrando e seguindo os caminhos da praça até que chegamos lá.

 

O jardim Yu Yuan é um ponto imperdível para quem visita Shanghai. Além de muito lindo, o lugar é interessantíssimo. Existem centenas de lojas, restaurantes, casas de chá, barracas de artesanato e comidas, além de lagos cheios de carpas.

 

Ali temos a verdadeira noção do quanto a China é populosa! O lugar estava lotado. Disseram que era porque era domingo e que em dia de semana é mais tranquilo.

 

Sem dúvida o mercado do jardim Yu Yuan é o melhor lugar para se comprar artesanato e arte chinesa. Existe também muita muamba e quinquilharia, mas quem procurar nos lugares certos consegue comprar verdadeiras obras de arte por preços até razoáveis. É claro que ninguém vai encontrar um vaso da dinastia Tang que pertenceu ao imperador, mas é possível encontrar peças de excelente qualidade e muito bonitas.

 

Ali aprendemos uma grande lição: fazer negócio na China é uma tarefa árdua e que exige muita perspicácia. O primeiro preço que eles dão é muito mais alto do que o que eles esperam vender. É preciso saber negociar e não ter vergonha de pechinchar. Consegui comprar peças por quase a metade do preço inicial. O segredo é ser cara de pau e colocar um preço bem abaixo na calculadora (a negociação é toda feita mostrando os valores em uma calculadora, porque eles falam muito pouco inglês). Lance de lá, lance de cá, se chega à um bom negócio para os dois. Se a negociação estiver dura pode-se tentar mostrar desinteresse e fazer menção de que vai embora. Provavelmente surgirá uma proposta melhor. Quando o produto não agrada mesmo é preciso ser forte e resistir à insistência do vendedor. Mas quando agrada é preciso ser razoável e saber valorizar o que se quer comprar. Nada de ser grosseiro. Buscar ser simpático e sorrir sempre ajuda.

 

Já estávamos há umas 3 horas passeando pelos intermináveis corredores do mercado do jardim Yu Yuan e então resolvemos tomar chá na casa de chá suspensa sobre o lago que fica bem no meio de tudo e de onde se tem uma vista privilegiada.

 

O chá na China é uma verdadeira instituição e é apreciado há milênios (o café apenas agora está ocupando algum espaço, mas mesmo assim muito limitado).

 

Incrivelmente eles têm uns cem tipos de chá no cardápio. Até os nomes são bonitos. Eu pedi um chá de ‘’jasmim mágico’’, o seu Chico pediu um de ‘’lotus dourada com bracelete de jade’’ e a Dani pediu ‘’história de amor entre a borboleta e a flor’’. Todos vêm dentro de um bule de vidro transparente com as folhas/flores dentro da água quente. O sabor é muito delicado e não se coloca açúcar (o perfume é mais forte que o sabor). Cada um dos chás que pedimos custou 60 Yuans, mas existem outros que chegam a 200 Yuans! Junto com o chá vêm alguns petiscos: quadradinhos de massa (acho que com queijo), doce de arroz e ovos cozidos marrons e com gosto forte.

 

Saímos da casa de chá, tiramos mais umas fotos e, como já era umas 14:00 horas e o tempo estava mais aberto, resolvemos voltar ao Bund para ter uma vista de Pudong sem neblina. Só nessa hora reparamos o quanto tínhamos andado. Na saída do jardim Yu Yuan ainda compramos uma porção de uma fruta vermelha que uma senhora estava vendendo na rua. Não entendemos o nome, mas parece framboesa só que bem doce e nem um pouco azeda.

 

Chegando no Bund tivemos uma visão completa de Pudong. O céu ainda estava nublado, mas os prédios já não estavam escondidos na neblina. O calçadão, que de manhã estava vazio, agora estava superlotado. Um mar de gente passeando e tirando fotos da paisagem.

 

Com melhores fotos de Pudong, resolvemos ir procurar algum lugar para comer. Fomos então à Nanjing Lu, a movimentada rua do centro de Shanghai (uma parte dela é de pedestres), cheia de lojas e restaurantes. Entramos em um shopping center bem moderno e fomos direto ao sétimo andar, onde ficavam os restaurantes. Uma das maiores dificuldades é encontrar um restaurante com cardápio com fotos ou com tradução em inglês. Não podemos depender dos garçons pois a maioria não entende nada de inglês, nada mesmo!

 

A Dani pediu um suco de melancia e eu e o seu Chico pedimos cervejas chinesas que, por sinal, são muito boas. Pedimos uma Tsingtao e duas Pearl River. Para comer pedimos um monte de coisas, mas nada muito diferente do que conhecemos como comida chinesa no Brasil. Comemos bem e tudo saiu por 180 Yuans (R$ 45). Além de a comida ser barata, não se tem o costume de dar gorjeta aqui. A gente paga só o que consome.

 

Já era umas 17:00 horas quando saímos do restaurante. O seu Chico já estava nas últimas e então fomos para o hotel pois ele queria descansar.

 

No caminho, na rua do nosso hotel, entramos em uma livraria especializada em livros em línguas estrangeiras (Foreign Book Store, na Fuzhou Lu, entre Shanxi Lu e Fujian Lu). Como sempre faço em todo país que visito, eu queria comprar um livro de história da China. Apesar da missão não parecer fácil, afinal são milênios de história para contar em um livro que eu pudesse carregar, parece que estávamos no lugar certo. Fomos atendidos por uma vendedora muito simpática e, por incrível que pareça, poliglota! Em uma cidade onde é raridade encontrar alguém que fale razoavelmente inglês, encontrar uma pessoa fluente em inglês e francês e ainda tirando graça em espanhol e português (‘’obligado’’) é quase um milagre! Comprei um livro de história e civilização chinesa em inglês e mais um de cultura chinesa em francês. Mas o mais legal foi que, ao ver o meu interesse por idiomas e a dificuldade que estávamos tendo com o madarim, ela me mostrou no computador da loja um curso de mandarim (a partir do inglês) com livros, CDs e software. Achei muito interessante e pareceu um método eficiente. Como esse tipo de material é quase impossível de achar no Brasil, comprei. Eu e a Dani estamos empolgados com a ideia de aprendermos um pouco de mandarim. Eu sei que é difícil, mas não é impossível! Gastei uma grana nessa livraria, mas acho que valeu a pena.

 

Chegando ao hotel, o seu Chico se deitou e eu e a Dani saímos de novo. Fomos procurando de loja em loja por uma bandeirinha da China para costurar na minha mochila, junto com as dos outros países, mas não encontramos. Como já tinha escurecido e estávamos bem cansados, resolvemos comprar algumas coisas para comer e voltar para o hotel. Aí foi só lanchar, tomar banho e dormir.

 

No dia seguinte de manhã cedo iríamos nos encontrar com o rapaz da empresa com a qual a Dani manteve contato para tratar dos negócios do seu Chico.

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Terceiro dia. Segunda-feira, 06 de junho de 2011.

 

Pusemos o despertador para as 06:00 horas da manhã. Estava tudo acertado para encontrarmos com o rapaz da empresa de consultoria, no lobby do hotel às 08:00 horas. Descemos, tomamos café e não demorou muito ele chegou.

 

Então começamos a conversar (em inglês, claro) e mostramos para ele o produto que o seu Chico precisa, explicamos direitinho e ele se mostrou muito interessado. É um chinês novo, mas que estudou na Alemanha e agora montou a própria empresa de consultoria de negócios na China. Ficou acertado que, no dia seguinte, o nosso guia chinês que fala português, iria nos encontrar no hotel para irmos visitar as fábricas, uma em Yixing e outras três em Nantong.

 

Ficamos conversando por volta de uma hora e, ao nos despedirmos, perguntamos à ele sobre o Festival do Barco-Dragão, que conhecemos pela internet. Infelizmente ele não sabia nada sobre comemorações desse feriado em Shanghai. Disse que geralmente acontecem festejos em cidades menores, no interior do país.

 

Esse festival é um feriado patriótico nacional na China e é comemorado em memória de um poeta chinês que se suicidou se atirando em um rio ao saber que a capital de seu reino (na época a China era dividida em reinos independentes e rivais) tinha sido invadida por exércitos inimigos. Nesse dia, em vários rios do país, ocorrem corridas de barcos à remo decorados com cabeças de dragões na proa. O festival é conhecido no ocidente como The Dragon Boat Festival (O Festival do Barco-Dragão) pois os ingleses, ao verem os festejos sem saber de seu profundo significado, fixaram a atenção somente na decoração dos barcos.

 

Como no dia anterior, quando acordamos o clima estava bastante nublado. Mas agora além de nublado uma chuva fraca caía. Como o nosso planejamento de ver algo relacionado com o festival falhou e a chuva impedia que fizéssemos passeios à pé, pedimos para que a moça da recepção chamasse um taxi para nos levar ao Museu de Shanghai, que fica na Praça do Povo. Não demorou muito o taxista chegou e, por 12 Yuans (R$ 3), nos deixou em frente ao gigantesco edifício do museu (não tivemos problemas com comunicação porque a moça da recepção disse ao taxista, em chinês, para onde queríamos ir).

 

Assim que localizamos a entrada percebemos que não apenas nós havíamos pensado em aproveitar o dia de tempo ruim para visitar o museu. A fila para entrar era enorme e a chuva estava cada vez mais forte. Uma moça estava vendendo guarda-chuvas para as pessoas da fila e fomos logo negociar os nossos. Mesmo correndo o risco de ficar me molhando, me recusei a pagar os 20 Yuans que ela pediu de primeira. Quando o preço baixou para 10 Yuans (R$ 2,50), aí sim compramos. Depois de meia hora na fila, entramos.

 

O Museu de Shanghai não cobra ingresso, é totalmente gratuito. Não se trata de um museu histórico, é um museu de arte (mas que acaba sendo histórico também, uma vez que apresenta a arte do país ao longo dos últimos quatro milênios).

 

O museu possui quatro andares, divididos em galerias temáticas de acordo com o tipo de arte. Existe galerias de bronzes, cerâmicas, esculturas, caligrafia, pinturas, carimbos, numismática, jade e cultura das etnias minoritárias da China. Todas apresentam o que de melhor já foi produzido pela arte chinesa. São peças realmente muito bonitas.

 

Há também uma casa de chá, um café, várias lojinhas (uma por andar) e uma loja grande na saída que vende réplicas das obras expostas no museu, livros e outras peças de arte, artesanato e souvenirs. Os itens mais refinados não são tão baratos, mas são de excelente qualidade. Comprei um conjunto de chá em porcelana para minha mãe, além de imãs (que eu coleciono), postais, um livro de fotografias de Shangai e outros dois sobre caligrafia e pronúncia do mandarim (eu e a Dani estamos levando a sério a história de aprender o idioma!).

 

Interessante é notar que, apesar de possuir um vasto acervo, o museu não é cansativo. As exposições são bem organizadas e as obras não ficam amontoadas (os prédios públicos aqui são bem amplos em razão do tamanho descomunal da população chinesa). Outra coisa que notamos é que, diferentemente de outros museus do mundo, praticamente tudo o que está exposto no museu é fruto da arte e da cultura chinesa. Com exceção de algumas moedas antigas, todas as obras são nacionais.

 

Além de painéis explicativos em chinês e em inglês sobre cada período e cada tipo de arte, ainda existem folhetos em outros idiomas (nada em português) em cada galeria do museu. O folheto da galeria das esculturas, por exemplo, explica o significado de cada postura e cada gesto das várias estátuas de Buda.

 

O Museu de Shanghai vale muito uma visita, ainda mais para quem gosta de arte e quer mergulhar na história desta civilização milenar. Recomendo fortemente.

 

Já era umas 14:00 quando saímos do museu e a chuva ainda não tinha melhorado nem um pouco. A cidade estava calma, mais por causa do feriado do que pela chuva, com a qual os shangaineses já estão mais do que acostumados. Resolvemos pegar um taxi e ir para a Nanjing Lu, a rua de comércio de pedestres, para trocar dinheiro em uma das casas de câmbio de lá e depois escolher um restaurante para almoçar.

 

Aqui, mais uma vez, a comunicação se mostrou um problema. O taxista não falava nada de inglês. Até entendeu quando eu disse que queria que ele nos deixasse na Nanjing Lu, mas não em que parte. A Nanjing Lu é uma rua que corta a cidade e é dividida em oeste e leste. A parte pedestralizada, onde estão muitas lojas, restaurantes e as casas de câmbio que precisávamos, fica na parte leste. Acho até que ele perguntou para qual parte queríamos ir, mas como eu também não entendi, ele acabou nos levando para a parte oeste, nos deixando ainda mais longe da Nanjing Lu leste e do nosso hotel. Para piorar mais ainda, continuamos caminhando na Nanjing Lu, só que na direção errada!

 

Perguntar na rua por uma casa de câmbio é outra dificuldade enorme. Ninguém entende inglês. Eles até se esforçam para ajudar mas logo ficam envergonhados quando veem que não estão conseguindo entender o que a gente quer.

 

Depois de caminharmos muito em baixo de chuva, finalmente encontramos um banco que, mesmo sendo feriado, estava aberto e trocava dólares por Yuans. A cotação estava boa (6.4 yuans por dólar, a melhor até agora) e não cobravam comissão por transação. Finalmente uma notícia boa! Já estávamos estressados com a chuva que não parava e com as dificuldades de comunicação e para trocar dinheiro. Agora podíamos comer.

 

Desistimos de ir para a Nanjing Lu e resolvemos comer no primeiro restaurante que parecesse bom. A área onde estávamos era de classe média (é até estranho falar em classes na China, um país comunista, mas essa é outra história…) e oferecia muitas opções de restaurantes. Na maioria dos letreiros e cardápios estava tudo escrito apenas em chinês e ninguém falava nada de inglês. Outros eram muito típicos, como os que têm um monte de aquários na frente cheios de peixes vivos para escolhermos o que queremos comer (esses eram logo vetados pelo seu Chico, que não gosta muito desse exotismo, e pela Dani, que tem pena dos bichinhos).

 

Depois de muito andarmos, agora já na direção do hotel, entramos em um fast food. Mas não um fast food tradicional americano, um fast food de comida chinesa! Nada de sanduíches, mas pelo menos era mais fácil para pedir e os pratos não eram tão ”diferentes” aos olhos do seu Chico. Pedimos dois pratos à base de frango e outro de porco. O seu Chico reclamou que o dele estava muito apimentado e só não reclamou mais porque tínhamos garfo e faca descartáveis (lá só tinha kuwe, como os chineses chamam os pauzinhos). Para acompanhar, nada de refrigerantes, só sucos e chá gelado com leite de soja.

 

Como era dia do Festival do Barco-Dragão, também estavam vendendo a comida típica da data, o zongzi, uma espécie de pamonha de arroz bastante aglutinado, que pode ter vários recheios, é cozida no vapor e enrolada em folha de cana. O que pedimos era recheado com vários tipos de carne, frango, camarão e cogumelos. Muito bom!

 

Saímos do restaurante satisfeitos (o seu Chico nem tanto) e a chuva não dava nem sinais de melhora. Era hora de ir para o hotel mesmo. No caminho passamos em uma padaria (padarias parecem ser novidade para os chineses). Aqui na China as padarias são lojas de luxo, incrivelmente arrumadas e com uma variedade absurda de pães, a grande maioria muito boa! Compramos uns 10 pães diferentes e fomos embora (50 Yuans).

 

Chegamos no hotel ainda estava claro, mas depois da maratona que tinha sido o dia e com aquela chuva que não parava, não nos animamos em sair mais. O seu Chico e a Dani dormiram e eu vim escrever o post anterior aqui do blog.

 

Não demorou e o telefone tocou. Eu atendi em inglês e me responderam em português! Achei até que eu estava ficando doido, mas logo percebi o forte sotaque chinês. Era o Paulo (nome ocidental, claro), nosso guia para as visitas às fábricas. Conversamos, pedi para ele ir comprar as passagens para o dia seguinte antecipadamente e marcamos às 07:00 horas da manhã aqui no hotel.

 

Os próximos dois dias seriam de negócios. Tínhamos que estar descansados pois seriam dias puxados.

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Quarto dia. Terça-feira, 07 de junho de 2011.

 

Acordamos cedíssimo, arrumamos nossas mochilas com umas roupas, tomamos banho e descemos para tomar café. Pontualmente às 07:00 horas, o Paulo chegou. Nos apresentamos e conversamos um pouco sobre a viagem. Depois pegamos um taxi (sem problemas de comunicação, pois ele falava tudo) e fomos para o terminal rodoviário norte de Shanghai com destino à Yixing.

 

Chegando lá, mais uma vez tivemos noção da grandiosidade chinesa. O novíssimo terminal norte de ônibus de Shanghai (inaugurado há pouco mais de um ano) é tão grande que facilmente podemos nos perder lá dentro. Aqui na China parece que tudo é feito pensando no futuro, no crescimento, em suportar multidões. E olha que esse não é o único terminal rodoviário da cidade.

 

Como ainda tínhamos tempo até a saída do ônibus, tiramos algumas fotos, compramos algumas bebidas e ficamos conversando com o Paulo, aproveitando para perguntar tudo o que queríamos sobre o funcionamento de Shanghai e como era viver na China. O Paulo morou vinte anos no Brasil, em São Paulo. Foi casado com uma brasileira e tem uma filha que vem visitá-lo aqui todos os anos. Há cerca de dois anos ele voltou para a China e, pela conversa, não quer mais ir para o Brasil. Sem dúvida ele gosta muito daqui mas, pelos comentários, o alto custo de vida e a insegurança absurda do Brasil foram os fatores decisivos para o seu retorno.

 

Conversa vai, conversa vem, como estava chegando a hora de embarcarmos e a viagem até Yixing duraria duas horas e meia, eu e a Dani resolvemos ir ao banheiro antes. Banheiro de rodoviária não é um lugar aprazível em nenhum lugar do mundo, mas aqui na China acho que ainda é pior!

 

O sanitário chinês tradicional é diferente do nosso. Basicamente, é um buraco no chão, revestido de louça branca com dois lugares para pôr os pés nas laterais. Aí é só mirar! Na rodoviária, como é um banheiro para muita gente, é ainda mais simples. Havia mictórios e um monte de divisórias, mas todas sem portas. Quando eu entrei até me assustei com um monte de chineses agachados e me olhando. A gente passava e, se quisesse, podia até dar tchauzinho para eles. Quando eu saí, pensei: se o feminino for assim, acho que a Dani não vai encarar. Para mim que sou homem tudo bem, é só usar o mictório, mas para ela, é mais complicado. Para minha surpresa ela veio rindo, fingindo naturalidade e contando a experiência deprimente de ter que ir lá para a última divisória, se agachar sobre uma valeta e ver passar tudo por baixo quando a mulher da primeira divisória deu descarga!

 

Pois bem, quando era 08:45 horas, embarcamos. A Dani e o seu Chico foram lado a lado e eu e o Paulo sentamos logo atrás. O ônibus era novo, com um janelão de vidro, ar-condicionado e poltronas reclináveis. Éramos os únicos passageiros ocidentais (acho que os únicos ocidentais da rodoviária). Eu e o Paulo fomos conversando a viagem toda. Ele até me deu um pouco de folhas de chá para pôr na minha garrafa de água (eles sempre andam com uma garrafa cheia de chá com folhas dentro).

 

A estrada é um tapete. Pista dupla (quatro para ir e quatro para voltar), muito bem sinalizada, viadutos sobre viadutos, trechos enormes elevados por cima de áreas urbanas e muitos, muitos carrões. Parecia que estávamos em uma estrada americana. Durante as mais de duas horas de viagem, não paramos de ver construções de viadutos e de conjuntos de edifícios residenciais com mais de vinte andares (não deve ser fácil oferecer moradia para toda essa população). Muitas fábricas também ficam às margens da rodovia (vimos duas usinas nucleares). Poucas casas mais simples ainda resistem e em todo pedaço de terra disponível tem uma plantação.

 

Yixing fica em outra província, Jiangsu, ao norte de Shanghai. A cidade é pequena para os padrões chineses, tem cerca de 1 milhão de habitantes, mas é uma das cidades que mais crescem na China, possuindo cinco parques industriais bem estruturados (passamos na frente da entrada de alguns). Não é uma cidade turística, mas é famosa nacionalmente pela cerâmica que produz, sem muita cor, mas muito bonita (tinha uma loja ao lado da rodoviária, com bons preços).

 

Chegando lá, o Paulo já tinha entrado em contato com a moça da fábrica que íamos visitar. Uma executiva muito educada e que falava muito bem inglês. Ela nos buscou na rodoviária. Como já era meio-dia, ela sugeriu que fôssemos logo almoçar antes de ir à fábrica pois os restaurantes fecham cedo.

 

Fomos, então, à um restaurante gigante e que parecia ser caro. Subimos ao segundo andar e entramos em um salão privado para almoço de negócios onde uma mesa redonda para 8 pessoas nos esperava toda arrumada e com umas três moças para nos servir. O ambiente parecia tão formal que ficamos até acanhados de tirar fotos. Ao mesmo tempo, pensei comigo: essa é a hora de provar tudo que eu quiser! Fomos escolhendo, a comida começou a chegar e era colocada no centro giratório da mesa, de onde todos podiam se servir. Nos deram chá bem quente e eu e o seu Chico pedimos cerveja chinesa também. O Paulo não quis pois não é acostumado a beber e fica logo tonto.

 

Foi uma verdadeira experiência gastronômica, muito útil aos negócios, por sinal. Durante o almoço íamos conversando e sentimos que as distâncias se encurtavam e que ganhávamos a simpatia da moça e até do Paulo, ambos claramente com medo de não gostarmos da comida e querendo evitar oferecer o que era muito chinês. O seu Chico, que tem algumas restrições, não experimentou muita coisa, mas eu e a Dani comemos de tudo. E olha que eram uns 15 pratos diferentes, de todos os tipos (peixes, mariscos, legumes, pratos no vapor, carnes, frango...). Para o espanto da moça, até pé de porco cozido eu pedi, o que a fez exclamar: ''Oh! You are brave!'' (Oh! Você é corajoso!). Ela ficou lisonjeada ao ver que comíamos tudo com gosto e principalmente porque eu pedia para experimentar as comidas típicas. Disse que estava feliz que tínhamos gostado e, em tom de crítica, contou que muitas vezes ela recebeu empresários estrangeiros que pediram para ir ao McDonald's. Nada contra, até gosto, mas acho que vir à China e desperdiçar a oportunidade de provar a comida local é, no mínimo, um grande erro. Concordamos que esse é um dos principais objetivos de uma viagem, conhecer o que é novo, diferente. Acho que não tem melhor maneira de se agradar um chinês do que elogiar a sua comida tradicional.

 

Ao fim de mais de uma hora, quando já estávamos satisfeitos e conversando com bastante liberdade, íamos pedir a conta, mas ela se recusou a deixar que pagássemos! Assim, fomos à fábrica e, depois de umas duas horas de reunião e visita às instalações, ela nos deixou de novo na rodoviária, onde compramos as passagens para Nantong. Nos despedimos da moça, sempre muito simpática e polida, e dissemos que estávamos devendo um jantar à ela no Brasil.

 

Em Yixing percebemos que estávamos em um lugar bem chinês mesmo. Os letreiros, que em Shanghai muitas vezes tinham versão em inglês, aqui só estavam escritos em chinês. Éramos uma atração local. Todos ficavam nos olhando como se fôssemos ETs. Percebíamos que comentavam e discretamente apontavam. Despertamos a curiosidade de todos, mas não de forma agressiva, era até engraçado. A impressão que tínhamos era que muitos viam um ocidental pela primeira vez. Tudo fruto de anos de isolamento imposto pelo governo. O Paulo nos disse que durante muito tempo era necessário autorização do governo até para viajar dentro do próprio país. Para o exterior era proibido. Casar com estrangeiro também. Assim, eles casavam só com as pessoas locais. Daí o estranhamento com a nossa aparência. Durante todo o dia que passamos em Yixing não vimos um ocidental sequer!

 

Pegamos o ônibus e, em mais três horas de viagem, chegamos à Nantong. Na estrada entre Yixing e Nantong, que também era muito boa, já víamos mais paisagens rurais e plantações, apesar de vermos construções de edifícios residenciais ao longo de todo o trajeto também. É impressionante a quantidade de rios que cruzamos (inclusive o Yangtse, o maior rio da Ásia), muitos deles canalizados e pelo menos a metade deles navegáveis e com capacidade para grandes barcaças lotadas de carga.

 

Nantong também fica da província de Jiangsu, mas é bem maior que Yixing, tendo uma população de quase 8 milhões de habitantes. Assim como Yixing, não é uma cidade turística, apesar de termos visto alguns parques bem cuidados à beira de vários canais que cortam a cidade.

 

A impressão que tivemos foi de que a cidade está em construção, ruas inteiras estão sendo refeitas e muitos edifícios sendo levantados. A cidade é muitíssimo movimentada e a quantidade de motos e bicicletas é enorme. O trânsito é bem caótico mas os motoristas não parecem estressados e dirigem bem devagar (eles são muito pacientes e até para buzinar, o que não é nem um pouco raro, o fazem sem agresividade).

 

Em Nantong também fomos apanhados pelo gerente de uma das fábricas que íamos visitar, mas este só falava chinês. Ficou todo alegre quando o cumprimentamos com ni hao (olá, em mandarim) e quando agradecemos com xie xie (obrigado, em mandarim). Mostrar interesse pela cultura, a gastronomia e o idioma deles os deixa muito orgulhosos. Talvez porque se sintam valorizados depois de tanto terem sofrido a exploração e o desprezo dos ocidentais, que sempre impuseram sua cultura e valores como superiores aos chineses.

 

Ele nos deixou em um hotel no centro da cidade que era bem simples, mas bastante confortável. Pagamos 400 Yuans (R$ 100) por dois quartos duplos com banheiro! A Dani ficou com o pai dela e eu com o Paulo. Combinamos de tomar banho e sair para procurar um lugar para jantar.

 

Já escuro, saímos e começamos a passear pelas ruas em volta do hotel e chegamos a entrar em dois restaurantes. Mas o seu Chico não topou nenhum deles (um era dos aquários onde podíamos escolher os peixes vivos). Então ele resolveu comprar um refrigerante e ir comer os pães e biscoitos que trouxemos na mochila. Mal ele sabia o que ia perder.

 

Ao lado do hotel, no segundo andar, havia um restaurante que só descobrimos porque estávamos com o Paulo, que sabe ler chinês. Ele disse que conhecia o tipo de comida e que era muito bom. Como eu e a Dani queríamos experimentar comidas diferentes mesmo, topamos.

 

O restaurante estava lotado e quando entramos, passamos a ser a atração do lugar. Mesmo a cidade sendo tão grande, eles não estão acostumados a ver ocidentais e sempre nos olham com curiosidade. O restaurante era uma espécie de self-sevice, só que chinês. O preço era fixo (29 Yuans) e dava direito a comer o que quiséssemos e se servir ilimitadamente de refrigerante ou suco.

 

No meio de cada mesa tinha um buraco onde se encaixava um tacho dividido em dois, metade com molho picante com várias pimentas (mas nada insuportável) e outra metade com caldo de carne, legumes e peixe. Em baixo, uma boca de fogão acesa fazia o tacho borbulhar.

 

Tínhamos à escolha uma infinidade de ingredientes crus que devíamos pôr em uma bandeja e levar à mesa para cozinhar no tacho. Todo o tipo de carnes (todo mesmo), mariscos, legumes, verduras, bolinhos, massas e molhos. Eu e a Dani concordamos que aquela era a melhor comida chinesa da nossa vida!

 

Esse tipo de comida é muito comum no norte do país onde, no inverno, faz muito frio. Reunir-se em volta da uma panela borbulhando ajuda a esquentar. O Paulo ficou todo animado ao ver que estávamos gostando da comida. Toda hora ele ia buscar mais ingredientes e nos dava para experimentar dizendo com sotaque: ''Esse muito bom!'' Comemos até não poder mais. Tudo delicioso, até o que era mais diferente. No final, apesar de estar a serviço, ele foi muito gentil e não deixou que pagássemos a conta! Já estávamos amigos.

 

Voltamos para o hotel satisfeitíssimos e fomos logo dormir. No outro dia, iríamos visitar três fábricas e, depois, voltar para Shanghai.

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Quinto dia. Quarta-feira, 08 de junho de 2011.

 

Tínhamos marcado bem cedo com o gerente da fábrica que nos buscou na véspera na rodoviária. A vantagem de ter o Paulo com a gente, além da comunicação, é claro (pois na rua não encontramos ninguém que fale inglês e pedir informação é quase impossível), é que ele ligava com antecedência para as empresas e pedia para eles nos buscarem na rodoviária, assim, economizávamos tempo e dinheiro com taxi.

 

O hotel não tinha café da manhã, mas era rodeado de opções. Do outro lado da rua tinha um KFC, que servia café da manhã. Então fomos lá. O seu Chico não fica nem 12 horas sem tomar café. O problema é que aqui na China não é tão fácil achar café. Eles preferem tomar chá e praticamente só encontramos café em redes internacionais.

 

Aqui as redes de fast food adaptaram o cardápio ao gosto chinês. Além da comida ocidental (às vezes orientalizada), vendem também comidas locais. Uma coisa interessante que notamos é que o paladar doce para eles é muito mais suave. Açúcar aqui é uma raridade. As bebidas vêm sem açúcar e se a gente pede eles dão um sachêzinho só. Acho que nem é por economia e sim porque eles não comem nada muito doce mesmo. Até os refrigerantes têm menos açúcar.

 

Assim que acabamos o café da manhã, o gerente da fábrica chegou e nos levou à empresa, que fica bem afastada do centro, em um local que dificilmente encontraríamos se não estivéssemos com ele. Depois da reunião, ele nos deixou na rodoviária, pegamos um taxi e fomos até a outra empresa. Outra reunião de mais uma hora. Então eles nos deixaram na rodoviária de novo, onde uma funcionária de outra fábrica nos buscou para outra reunião. O dia foi bem corrido, mas proveitoso para os negócios.

 

Numa dessas idas à rodoviária, o Paulo viu que lá perto tinha outro restaurante daqueles com o tacho no meio da mesa (esse tipo de comida tem um nome, mas o Paulo não soube traduzir). Estava decidido, era lá que iríamos almoçar! O seu Chico ficou meio desconfiado mas não teve jeito a dar e aceitou ir experimentar. Terminada a visita à esta terceira fábrica, eles nos deixaram outra vez no terminal e então fomos almoçar.

 

Sorte que ainda não tínhamos comprado a passagem de volta para Shanghai (saem ônibus de Nantong para Shanghai a cada 15 minutos), assim podíamos ficar à vontade, sem preocupação com a hora.

 

Aproveitei para experimentar algumas coisas que ainda não tinha provado. Por mais diferente que possa parecer, tudo fica muito gostoso preparado dessa forma. Comi até pé de frango (só eu, ninguém mais quis) e é muito bom! Aqui pé de frango é muito popular e encontramos eles defumados e prontos para comer em pacotes industrializados no supermercado.

 

Já era mais de meio-dia mas o restaurante ainda estava bem vazio. Tínhamos à disposição todos os ingredientes que vimos na véspera e mais alguns. O restaurante era do mesmo dono do outro que conhecemos, mas era mais arrumado e as mesas eram maiores. O preço também era fixo (28 Yuans, um Yuan mais barato) e também podíamos comer à vontade, com refrigerantes e sucos já incluídos. Comemos até não aguentar mais e até o seu Chico gostou!

 

Depois foi só caminhar até a rodoviária, comprar a passagem e logo em seguida embarcar (68 Yuans cada, pouco menos de 3 horas). A viagem foi tranquila e confortável. Dormimos de barriga cheia e, quando vimos, estávamos de volta à Shanghai. Chegamos por volta das 17:00 horas.

 

O Paulo nos acompanhou até o hotel, onde nos despedimos. Para o seu Chico o dia já havia terminado. Ele estava cansado e quis ficar por lá mesmo. Eu e a Dani, viajantes que não perdem tempo, resolvemos sair para passear e ver Pudong e o Jardim Yu Yuan iluminados.

 

Ainda estava claro quando pegamos o caminho do Bund, que fica há uma quadra e meia do nosso hotel. Ali Shanghai se mostra ao mundo. Deste lado do rio Huangpu, The Bund, com sua história de colonização. Do outro, Pudong, um retrato moderno e futurista de uma cidade ainda em construção.

 

Esta parte de Shanghai é privilegiada. Recomendo à todos que se hospedem por aqui. Além de vistas de tirar o fôlego, há de tudo no entorno. Restaurantes, bancos, casas de câmbio, lojas e hotéis de luxo, lojas de conveniência, muito comércio e metrô (East Nanjing Lu), tudo está há 10 minutos de caminhada. É uma região muito estruturada, limpa, segura e bonita.

 

Fomos margeando o rio até chegarmos ao Jardim Yu Yuan. Entramos e reparamos logo de cara que o mercado estava muitíssimo mais calmo que da outra vez que estivemos lá, no fim de semana.

 

Nós ficamos encantados com esse pedaço do passado encravado no centro de Shanghai. Incrivelmente todo este lugar pertenceu à um único homem, um comissário da adminsitração imperial da província de Sichuan, que o construiu no ano de 1559! Felizmente, hoje o jardim Yu Yuan é um espaço público e todos podem apreciar a sua beleza.

 

Tínhamos visto no Museu de Shanghai uma galeria inteira sobre os carimbos feitos em pedra e que serviam para autenticar importantes documentos (aqueles quadradinhos vermelhos que vemos em todo pergaminho antigo em escrita chinesa, assim como nas obras de arte).

 

Aqui no mercado do jardim Yu Yuan algumas lojas fazem um carimbo personalizado com o seu nome escrito no nosso alfabeto e também em chinês, traduzido de acordo com a fonética. O preço depende do tamanho do carimbo. Mas, como tudo por aqui, sempre pode-se regatear. Depois de uma negociação dura, conseguimos um desconto de quase 50% do preço inicial.

 

A placa indicava que ele gravava a pedra na hora, em 3 minutos. Inicialmente não demos muita importância pois pensávamos que era feito com algum tipo de máquina. Fomos surpreendidos com o rapaz fazendo todo o trabalho à mão livre, apenas com um estilete super afiado! Ficamos até com vergonha de ter pechinchado tanto.

 

Funciona assim: primeiro a gente escolhe o carimbo (a maioria é com animais do horóscopo chinês). Aí o rapaz pede para escrever o nome em um papel e depois ele traduz o nome para o chinês. Por fim, ele começa a entalhar as letras de traz para frente com uma agilidade absurda em um espaço minúsculo.

 

Achamos que este era um presente cheio de personalidade, afinal, além de bonito, é realmente uma peça de arte que vimos ser feita na nossa frente. Compramos para nós, para o meu irmão, para o seu Chico e para nossas mães. O rapaz que fez os nossos faz esse trabalho há 9 anos.

 

Depois de fazer os carimbos, resolvemos comprar uns bolinhos cozidos no vapor. Toda vez que passávamos por perto, víamos uma fila enorme esperando a próxima leva. Se tem fila é porque é bom!

 

Entramos na fila e esperamos por uns 20 minutos. Uma porção com 16 custa 20 Yuans (R$ 5). Quando as mulheres lá dentro começaram a trazer os recipientes feitos de madeira onde os bolinhos cozinham eu e a Dani começamos a ficar preocupados. A fila andava e a pilha diminuía. Quando chegou a nossa vez, a mulher nos serviu a última porção! Outra leva, só daí a meia hora. A menina atrás da gente e todo o resto da fila ficou lá esperando.

 

E ficaram esperando com razão pois vale a pena! Dentro do bolinho feito de uma massa bem macia tem um recheio suculento de carne de porco com verduras. É muito bom. Recomendo à todos! (Não posso afirmar com certeza pois aqui só havia placas em chinês e em inglês, mas acho que este é um tipo de guioza, vendido em restaurantes japoneses no Brasil, mas aqui não chamam assim).

 

Já estava tarde e resolvemos voltar para o hotel. Na volta, pegamos o mesmo caminho, o calçadão que margeia o Huangpu, e pudemos apreciar a melhor vista de Shanghai.

 

Os edifícios históricos do Bund dourados pela iluminação que realça seus traços e os arranha-céus de Pudong dando um show de tecnologia e cores em telões gigantes que refletiam nas águas do rio.

 

No calçadão, uma multidão admirava as luzes e tirava fotos. Como também ficamos um tempão por lá, quando chegamos no hotel, por volta das 22:00 horas, o seu Chico estava lá em baixo, no saguão, nos esperando, preocupado com a demora (e pior, preso fora do quarto, pois o cartão que abre a porta estava com a gente!).

 

Fomos dormir torcendo por um dia de sol, sem tanta cerração e sem chuva (tem feito calor, mas com muita chuva). Os planos eram atravessar o rio em direção à Pudong, subir a Oriental Pearl Tower e visitar o Aquário de Shanghai.

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Sexto dia. Quinta-feita, 09 de junho de 2011.

 

Para quem chega à Shanghai, a primeira coisa que chama a atenção é a quantidade de obras em andamento. Essa talvez seja a principal característica da cidade: Shanghai está em construção! Metrô, aeroporto, complexos viários, centenas (se não milhares) de conjuntos residenciais estão sendo construídos ou em expansão. Na parte nova de Shanghai essa característica é ainda mais marcante.

 

Pudong é um distrito eminentemente empresarial, com muitos arranha-céus e muitas construções. É para lá que a cidade se expande e, cada vez mais, para o alto. Apesar da grande quantidade de prédios, quem admira Pudong à partir do Bund, na outra margem do rio Huangpu, se encanta mesmo é com a Oriental Pearl Tower. A arquitetura da torre, que nem é a mais alta estrutura do skyline de Pudong, rouba a cena. Ela é verdadeiramente um ícone da cidade e representa a modernidade chinesa como nenhum outro edifício.

 

Aproveitando que a chuva tinha dado uma trégua, apesar da cerração que sempre encobre a cidade ainda ser forte, fomos conhecer Pudong. Há três formas de se chegar lá: por um túnel para veículos que passa por baixo do rio, por uma das várias linhas de metrô (que também passam por baixo do rio) e por um túnel para um trenzinho turístico, que foi a opção escolhida por nós.

 

O The Bund Sightseeing Tunnel, é mais uma forma de se ganhar dinheiro com o turismo aproveitando o apelo futurista de Pudong. É um trenzinho de um vagão só, todo revestido de vidro, que atravessa o rio em um túnel todo escuro com trilha sonora e muitos efeitos de luz. A viagem dura uns cinco minutos. Não é nada de outro mundo, mas vale a pena ir. A passagem de ida e volta custa 55 Yuans (menos de R$ 15). A estação na margem do Bund fica na altura da Beijing Lu e a de Pudong é bem perto da base da Oriental Pearl Tower.

 

Era umas 09:30 horas quando chegamos ao pé da torre. Ainda estava vazio e não pegamos filas. Tiramos muitas fotos lá de baixo pois é inevitável não se abismar com aquele gigantismo todo. A Oriental Pearl Tower é a terceira maior torre de rádio e TV do mundo e a maior da Ásia, com 468 metros de altura.

 

Existem vários tipos de ingresso. Pedimos o mais completo de todos, que dá acesso à três esferas. O preço não é nenhum absurdo: 150 Yuans (menos de 40 reais) e, sem dúvida nenhuma, a vista lá de cima vale cada centavo!

 

O interior da torre é todo cheio de divisórias de filas (Deus me livre ver tudo aquilo lotado de gente). Como chegamos cedo, estava tudo vazio e, depois das revistas e detectores de costume, pegamos o elevador que sobe à primeira esfera. Esse elevador, que fica lotado (umas 30 pessoas ou mais), sobe a uma velocidade de 7 metros por segundo, enquanto a moça dá uma breve introdução sobre a torre em chinês e depois em inglês.

 

Esta primeira esfera fica a 90 metros de altura, mas já oferece uma vista fantástica da cidade: o intenso tráfego de embarcações no rio, a linha neoclássica dos edifícios do Bund, o calçadão e os enormes prédios com desenho arrojado que enfeitam Pudong. Aqui o difícil é tirar fotos em que nós apareçamos na frente da paisagem pois a estrutura por fora do vidro atrapalha um pouco.

 

Subimos à segunda esfera, que fica a 263 metros de altura, e a vista é ainda mais deslumbrante. Ficamos cara a cara com edifícios que tem mais de 100 andares e podemos ver toda a cidade dali.

 

Depois de uma meia hora, subimos à terceira esfera. Esta terceira esfera, também conhecida por space module, fica a absurdos 350 metros de altura e é bem pequena. Em compensação, como nem todos os ingressos dão direito a subir até ali, o ambiente fica bem tranquilo. Depois de um tempo e muitas fotos da paisagem, descemos para a parte com piso de vidro, que fica na segunda esfera.

 

Só esse pedaço já vale todo o ingresso. Eu e a Dani já tínhamos visitado mirantes altíssimos com piso de vidro em Toronto e em Chicago, mas nem por isso deixamos de sentir um frio na barriga. O seu Chico ficou meio ressabiado no início mas logo criou coragem e pisou no vidro.

 

A sensação é de estar pisando no vazio. Por mais que saibamos que é seguro, nosso cérebro manda a mensagem de que é melhor ficar na parte de cimento. Todos os visitantes parecem sentir a mesma coisa e vão caminhando, ou melhor, arrastando os pés bem devagarzinho até o meio do vidro. Com o tempo parece que criamos mais coragem, mas não vi ninguém pulando por lá... Nessa parte as fotos ficam fantásticas. Sem dúvida Shanghai é um belíssimo cenário!

 

Além dos mirantes, que são a melhor parte, existem outras atrações dentro das esferas da torre (cada esfera tem mais de um andar). Exposições, um museu, um parquinho para crianças com muitos fliperamas e brinquedos, que me pareceram meio ultrapassados para estarem ali, e um restaurante. O restaurante giratório serve comida internacional e fica na segunda esfera da torre. Achamos que talvez não valesse a pena ficar preso à essa opção sem saber se valia a pena. Para o almoço, o preço do buffet é de 200 Yuans por pessoa (no jantar é de 280 Yuans), o que pareceu um pouco caro para os padrões shangaineses (aqui a comida é muito barata).

 

Descemos da torre justo na hora em que enormes grupos de chineses em excursões guiadas na base do berro começavam a lotar o lugar. Recomendo a todos que visitem a torre cedo, assim se aprecia a vista com mais calma e se evita as fotos com desconhecidos atrás.

 

Já estava na hora do almoço, então fomos procurar algum restaurante. Não sei se estávamos procurando na parte errada de Pudong, mas não havia muitas opções. Até havia alguns restaurantes fast food internacionais, mas estávamos buscando comida chinesa mesmo. O maior problema é que temos que procurar um restaurante que tenha cardápio com fotos e, se possível, com o nome do prato em inglês ou escolher se torna quase impossível. A imensa maioria dos garçons, apesar de simpáticos e esforçados, não fala uma palavra em inglês e o simples pedido para não colocarem pimenta (o seu Chico não consegue comer comida apimentada) já se torna um desafio. Eles não entendem palavras simples como chicken, pork ou pepper e geralmente temos que apontar no cardápio o que queremos. Até os gestos para números é diferente aqui (para eles um hang loose é seis!).

 

Escolhemos um restaurante que parecia bom na mesma rua da Oriental Pearl Tower. Comemos bem, mas nada fenomenal. Pelos frequentadores, parecia ser um restaurante executivo onde quem trabalha nos prédios da região vai almoçar. Ao sair, nos encaminhamos direto para o Aquário de Shanghai, que ficava bem ao lado do restaurante. Com o calor que estava fazendo, tudo que queríamos era aproveitar o ar-condicionado do lugar! Cada ingresso custa 130 Yuans, mas vale a pena.

 

O Aquário de Shanghai é muito bonito, bem cuidado e conta com uma grande variedade de espécies. Recomendo fortemente, principalmente para quem gosta de animais. O prédio, que por fora parece pequeno, se desdobra em vários andares e é dividido em seções que apresentam espécies marinhas e fluviais de várias partes do mundo. Nós nos surpreendemos com o Aquário de Shanghai. A parte em que podemos caminhar por baixo da água, em corredores de vidro, é enorme, tão grande que há até uma esteira rolante passando.

 

Nem vimos o tempo passar lá dentro. O Aquário de Shanghai só tem um defeito: a loja. Depois de visitarmos tudo e adorarmos, queríamos comprar alguma lembrança daquela tarde mas a loja, apesar de enorme, só vendia tranqueiras. Não encontramos um souvenir bonito nem com a logomarca deles. Aliás, esse é um erro dos locais turísticos daqui (na Oriental Pearl Tower percebemos a mesma coisa). Apesar da China fabricar e vender todo tipo de souvenir para a maioria das atrações turísticas do mundo, eles não fazem nada de qualidade para as próprias atrações!

 

Tomamos sorvete na lanchonete do Aquário, que era grande o suficiente para acomodar um batalhão de turistas, mas que agora estava vazia. Depois, fomos de volta ao hotel pois o seu Chico queria descansar. Pudong oferece outras opções de programas (como o Museu de Ciência e Tecnologia), mas acho que quem for à torre e ao aquário, passeando em meio aos enormes edifícios, já aproveitou bastante! Pegamos outra vez o trenzinho do The Bund Sightseeing Tunnel e fomos caminhando até nosso hotel, já no final da tarde.

 

O seu Chico ficou por lá e eu e a Dani saímos para dar mais uma volta. Acabamos indo para os lados do Jardim Yu Yuan. Sentamos em um quiosque em uma pracinha lá perto e ficamos observando as famílias com as crianças soltas brincando despreocupadas pela praça, coisa que quase já não vemos no Brasil.

 

A Dani pediu chá gelado e eu tomei duas cervejas, uma Tsingtao, que é daqui mesmo, e uma Tiger, que é de Cingapura. Ambas são boas, mas bem fraquinhas pois os chineses não são acostumados a beber muito. Quando já estava começando a escurecer, por volta das 19:00 horas, resolvemos voltar para o hotel. No caminho, ainda compramos algumas coisas para comer e beber em uma loja de conveniência. Chegando no hotel o seu Chico estava vendo TV em chinês e ainda dizia que tinha entendido tudo!

 

O dia tinha sido cansativo, mas sentíamos que tínhamos aproveitado ao máximo.

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Sétimo dia. Sexta-feira, 10 de junho de 2011.

 

O tempo aqui em Shanghai tem variado entre o nublado, o chuvoso e o muito chuvoso (com exceção do calor da véspera). Apesar de Belém ser uma cidade bastante chuvosa também, como eu ando muito de carro, nem lá eu uso tanto guarda-chuva quanto tenho usado aqui.

 

Acordamos bem cedo, tomamos café da manhã e rumamos para o Templo do Buda de Jade, nosso primeiro passeio do dia. Um taxi do Bund até o Templo do Buda de Jade, que fica perto do terminal norte de ônibus, custa em torno de 25 Yuans (pouco mais de R$ 6).

 

O metrô de Shanghai é excepcional. É novo, limpo, rápido, não muito lotado e cobre muito bem a cidade. Além disso, é muito barato (uma passagem custa à partir de 3 Yuans, ou seja, R$ 0,75, aumentando de acordo com a distância). Porém, com o preço do taxi (a bandeirada inicial custa 12 Yuans), às vezes é mais negócio pegar um, ainda mais se forem 3 pessoas ou mais, como é o nosso caso.

 

A única dificuldade dos taxis é a comunicação. Os taxistas não entendem nada de inglês, nem as palavras mais comuns e os pontos mais conhecidos (só entendem se falar em chinês e pronunciando direitinho). O mais conveniente é sempre ter o endereço escrito em chinês em um papel. É só pedir no hotel que eles escrevem (isso quando entendem para onde você quer ir, pois a maioria dos funcionários também não entende inglês muito bem).

 

Pois bem, chegamos no Templo do Buda de Jade por volta das 09:00 horas e ele já estava bastante movimentado. Considerando-se os mais de quatro mil anos de civilização chinesa, o templo nem é tão antigo. A construção, toda em arquitetura tradicional, data de 1882 e é muito bonita e bem cuidada. O templo está em pleno funcionamento (não é apenas um museu) e abriga 70 monges.

 

Para nós, brasileiros, em geral pouco familiarizados com outras religiões não-cristãs, uma visita ao Templo do Buda de Jade, o templo budista mais importante de Shanghai, serve como uma boa introdução à esta complexa religião.

 

Ainda na porta, antes de entrarmos, um rapaz, em inglês fluente, nos convidou para ir conhecer o Museu da Seda de Shanghai quando terminássemos a visita ao templo. Em seguida, nos indicou a bilheteria onde compramos os ingressos (20 Yuans cada).

 

Logo que entramos, ficamos admirados com o lugar. Uma moça muito educada, chamada Dream (nome ocidental que ela adotou, claro), começou a nos explicar detalhes sobre o templo em um inglês bem pausado e baixinho. Antes que ela continuasse, desconfiado como todo viajante deve ser, perguntei logo quanto ela cobraria para nos contar tudo aquilo. Para minha surpresa, ela respondeu que aceitaria o que quiséssemos dar.

 

Em geral, eu e a Dani não gostamos de guias e preferimos fazer tudo por conta própria, mas aqui na China começamos a sentir que perdemos um pouco da nossa independência. É tudo muito diferente da nossa realidade e é mais difícil passear. As placas, mesmos nos locais mais turísticos, são muito limitadas e as vezes só existe placa em chinês! Estar acompanhado da Dream tornou a visita muito mais proveitosa. Ela nos explicou bastante sobre o budismo e todo o seu simbolismo.

 

Na primeira sala onde entramos havia um altar com a figura dourada do Mensageiro olhando para o pátio central. Ali, muitos fiéis faziam reverência e pedidos endereçados à Buda. Atrás desse altar, tinha uma escultura dourada do Buda da Felicidade (aquele bem gordão e risonho). Mas, neste recinto, o que chamava a atenção mesmo eram as quatro enormes esculturas de madeira dos Guardiões Ferozes, duas de cada lado do altar, todas cobertas com ouro 24 quilates! A Dream nos explicou que cada um deles tem uma função e chamou a atenção para o que eles carregam nas mãos (uma espada, uma cobra, um guarda-sol e uma viola).

 

Saindo desse salão, cruzamos o pátio central em meio a fiéis que acendiam incensos nos enormes vasos de bronze (criando um ambiente nebuloso e perfumado) e entramos em um outro salão ainda maior e mais ricamente decorado com entalhes, pinturas e esculturas.

 

Nós, que já tínhamos nos admirado com as quatro esculturas dos Guardiões, agora nos deparávamos com pelo menos umas dez outras imagens de cada lado. A Dream nos contou que eram como deuses ajudantes de Buda, cada um com sua atribuição (zelar pela família, conceder sabedoria, mostrar o caminho para se tornar um monge, etc…). Todas as estátuas eram de madeira, tinham uns 3 metros de altura e também eram cobertas de ouro 24 quilates.

 

No centro deste salão, reservados por faixas de seda vermelha que pendiam do teto e cobriam quase tudo, três Budas sentados lado a lado meditavam. Em frente à eles, vários banquinhos acolchoados onde os fiéis se ajoelhavam para fazer reverência. Nesta sala o vermelho e o dourado eram abundantes.

 

Atrás desses três Budas sentados, há uma grande imagem de Bodisatva que tem como cenário um entalhe que vai do chão ao teto. Bodisatva é todo ser elevado, cheio de sabedoria, que promove o bem e está no caminho de se tornar Buda. Geralmente é representado por uma mulher. A Dream nos disse que ela é a protetora das mulheres e que as ajuda a casar e ter filhos (logo depois a Dani pediu para tirar uma foto!).

 

Passamos por corredores lotados de lanternas vermelhas, cada uma representando um pedido de um fiel. Percebemos também várias fitinhas vermelhas amarradas por todo o templo: nas esculturas dos jardins, nas treliças das portas, nos corrimãos. Da mesma forma, todas representavam pedidos à Buda.

 

Depois, a Dream nos levou à loja do templo que fica no segundo andar de um desses salões. Um verdadeiro ateliê de arte e artesanato chineses de muito boa qualidade. Muitas opções de tecidos, pinturas, entalhes em madeira, peças de jade, bronzes, porcelanas, esculturas, cerâmicas, enfim, muita coisa bonita. Algumas peças têm bons preços (sempre se pode pedir um desconto). Ficamos de voltar no fim da visita para olhar com mais calma.

 

Passamos umas duas horas conhecendo o lugar e agora era hora de pagar a Dream. Eu, a Dani e o seu Chico concordamos que ela foi muito atenciosa e se esforçou para responder à todas as nossas perguntas, além do fato de ela nos deixar livres para decidir quanto lhe dar. Assim, resolvemos ser generosos e lhe demos 100 Yuans. Ela ficou claramente surpresa e feliz. Acho que ela está acostumada a receber bem menos.

 

Mas e o Buda de Jade que dá nome ao templo? A Dream nos indicou onde ir para vê-lo. Ele está guardado no segundo andar de um dos prédios. Temos que pagar mais um ingresso para chegar lá (10 Yuans) e não se pode tirar fotos nesta sala. A Dream, percebendo nosso interesse pela sua religião e pelo templo, nos deu de presente um cartão postal com a foto do Buda de Jade.

 

Na verdade, são dois Budas de Jade! O templo foi construído com dinheiro de doações por um monge que trouxe as duas estátuas de jade da Birmânia (hoje, Mianmar). Um dos Budas, o deitado, está em uma sala que não estava aberta à visitações (vimos fotos apenas na internet). O outro, o que vimos, é uma impressionante imagem de um Buda sentado, esculpida em uma única peça de jade verde bem claro, com quase dois metros de altura e pesando três toneladas. Não bastasse ser de jade, a escultura é coberta de pedras preciosas. Um verdadeiro tesouro!

 

Descendo as escadas, fomos à um lago de carpas muito dóceis que são criadas pelos monges (como os peixes não fecham os olhos, os monges acreditam que eles ajudam a enxergar melhor a vida). Esses peixes podem viver mais de um século. Nesse lago, a carpa mais velha tinha simplesmente 45 anos!

 

Depois, voltamos à loja e resolvemos comprar algumas pinturas tradicionais de paisagens incrivelmente realistas feitas a dedo. Conhecemos inclusive o artista, que estava trabalhando na hora e nos explicou o significado de cada parte das pinturas, nos ajudou a escolher as que compramos e a colocá-las na ordem correta que têm que ficar, em conformidade com regras do Feng Shui. Graças à Dream, que conhecia o artista, ainda conseguimos um bom desconto.

 

Nos despedimos da Dream, que já estava nossa amiga e nos deu garrafinhas de água, incensos para acendermos no pátio central do templo e até posou para fotos com a gente (apenas no pátio pois, como ela é budista, dentro dos salões ela não pode tirar fotos) e fomos embora.

 

O Templo do Buda de Jade é um lugar sensacional. Faço questão de voltar lá quando vier outra vez à Shanghai!

 

Fora do templo, aquele rapaz que nos convidou para ir ver o Museu de Seda de Shanghai estava nos esperando. Então eu, a Dani e o seu Chico resolvemos ir conferir.

 

Estava chuviscando mais forte e então abrimos nossos guarda-chuvas e fomos, guiados pelo rapaz. Fui conversando com ele o caminho todo em inglês (que ele falava muito bem) sobre as nossas impressões da China e respondendo as perguntas que ele fazia sobre o Brasil.

 

Depois de dobrar em várias ruas, não sabia mais onde estávamos exatamente. Comecei a achar que estávamos andando muito e, como todo brasileiro acostumado com a violência, que estávamos indo para uma armadilha (a Dani me disse depois que pensou a mesma coisa). Felizmente estávamos errados!

 

Na verdade, esse Museu da Seda de Shanghai, não é apenas um museu, é uma forma de valorizar a infinita variedade de produtos de seda que eles oferecem no final, em uma imensa loja.

 

Nada mal, afinal, o museu é de graça, não somos obrigados a comprar e a explicação que o guia dá é muito interessante. Não é todo dia que podemos ver todas as etapas da vida do bicho da seda, pegar um casulo nas mãos e ver uma máquina transformando oito deles em um único fio. Realmente vale a pena, mesmo que não se queira comprar nada.

 

No fim, nos ofereceram vários edredons, lençóis e colchas de seda. As peças eram realmente muito bonitas, mas o preço (em torno de 2000 Yuans, R$ 500) era um pouco alto. Fomos então à outra seção e compramos echarpes de pura seda muito bonitas (e não tão caras). Comprei uma para a minha mãe e outra para a Dani. O seu Chico e a Dani também levaram umas.

 

Quando saímos do museu/loja, já era umas 14:00 horas. Então passamos em uma Pizza Hut que vimos no caminho, compramos umas pizzas, pegamos um taxi e fomos comer no hotel.

 

O seu Chico ficou descansando e eu e a Dani saímos de novo para ir ao Shanghai Propaganda Poster Art Centre, um museu só sobre cartazes de propaganda comunista da década de 50, 60 e 70, localizado na antiga área da concessão francesa.

 

A chuva não parava. Pegamos o metrô e, quando descemos na estação mais próxima do museu, a chuva fraca se tornou uma tempestade. Não conseguimos sequer sair da estação. Ficamos esperando a chuva melhorar até que resolvi olhar no guia o horário de funcionamento do museu. Para nosso desconsolo, já era mais de 16:00 horas e faltava pouco mais de meia hora para ele fechar! Voltamos para casa sem ver nada, planejando voltar outro dia.

 

Ficamos no hotel descansando até umas 20:00, quando tomamos banho e obrigamos o seu Chico a sair com a gente para ver Nanjing Lu, a rua de pedestres de Shanghai, com suas luzes todas acesas.

 

Nosso hotel fica há três quadras de lá e, como a chuva tinha parado, fomos à pé mesmo. A visão de tantos letreiros coloridos, a estrutura moderna do lugar e a imensa variedade de lojas e restaurantes faz de Nanjing Lu um passeio noturno imperdível.

 

Caminhamos na movimentada rua de uma ponta à outra. Por fim, sentamos em um quiosque para tomar umas cervejas e conversar sobre os negócios e nossas impressões sobre este país tão surpreendente. O dia não podia ter terminado melhor!

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