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Cuba 26/12 a 15/01/14


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Acabei de voltar de Cuba e como o guia sempre me ajudou muito em minhas viagens, principalmente nesta, onde é muito mais difícil conseguir informação, quero dividir com vcs meu roteiro e algumas impressões, espero que ajude quem está planejando ir.

Fiz a viagem com mais uma amiga e o legal deste roteiro foi que ele permitiu uma visão bem legal do país, uma vez que cada cidade é completamente diferente da outra e muda a idéia que vc teria se fizesse apenas o eixo turístico havana – varadero.

 

26/12- Chegamos em Havana e fomos até o hostel com um taxi fechado na hora ali (25 CUCs). Na primeira noite ficamos no hostel em Havana Vieja, dps como não havia mais disponibilidade (já havíamos combinado isso antes de ir com o proprietário), fomos para uma casa indicada pelo próprio dono do hostel em Centro Havana. Na verdade as duas coisas são muito próximas e não vejo como classificar qual seria melhor, na prática dá na mesma.

No primeiro dia andamos aleatoriamente por Havana, fomos a agência de viagens Kubanacan, dentro do hotel Inglaterra comprar passagem de avião para Cayo Largo (tentamos também na agência dentro do hotel telégrafo, que disse não haver voos disponíveis, ou seja, recomendo muito mais a Kubanacan), lanchamos no próprio hotel Inglaterra (razoável) e acabamos o dia tomando umas cervejas no El Patio na Praça da Catedral, o que foi bem bacana.

27/12- Tomamos café da manhã na Pastelaria Francesa, do lado do hotel Inglaterra (particularmente não recomendo por ser tudo muito engordurado). Pegamos o City Tour em frente por 5 cucs que facilita bastante visualizar todos os pontos turísticos da cidade e parar nos que mais lhe agradar. Andamos a pé pelo Malecon, paramos para conhecer o Hotel Nacional e tomar uma cerveja com a vista incrível do Malecon, dps partimos Floridita tomar o famoso Daiquiri, dps El Bodeguito del Medio, que gostamos muito. Saindo de lá jantamos no restaurante La Torre, que fica no prédio mais alto de Havana e tem uma vista incrível. A comida é muito boa e os pratos giram na média de 15 CuCs. Saindo de lá tentamos entrar na Casa de La Musica do Centro mas a fila não estava andando, então pegamos um taxi e fomos para a de Miramar. Em Miramar a casa é bem pra turista mesmo, foi legal, mas não é assim uma experiência imperdível.

28/12 – Visitamos as outras 3 praças famosas de Havana, o Museo da cidade, que é mais legal pelo prédio em si do que por seu acervo, em seguida o Museo de la revolution, que é interessante principiante pela forma com que a revolução é contada e por seu “Rincon de los Cretinos”.

Depois pagamos um city tour com um conversível dos anos 50 (pegamos em frente ao Capitólio) e demos uma volta de uma hora. O legal foi que ele levou a gente pra ver uma parte da cidade que está fora dos roteiros básicos, vimos bairros completamente diferente dos centrais, uma havana mais rica que parece não existir na primeira olhada. Pra mim, valeu muito a pena para ter uma idéia mais geral da cidade.

Jantamos em um dos bares da praça do mosteiro de San Francisco, fomos para o Malecon ver uma encenação que eles disseram ter todos os dias as 21h (nada mais é do que um tiro de canhão), tomamos mais algumas cervejas no Cabaña Bar.

 

29/12 a 02/01 – Cayo Largo. Ficamos todo este tempo por conta da disponibilidade de vôos e pra dar uma descansada, mas se o objetivo é apenas conhecer vc não precisa de mais de uma pernoite. O local tem duas prais coligadas incríveis, Sirena e Paraíso. Vale muito a pena conhecer e são as prais mais lindas que vi em Cuba. Como lazer a única opção que encontramos foi a Marina, que tem um bar onde vão frequentadores dos resorts e trabalhadores da ilha, em algumas noites não tinha ngm, em outras lotado, é um lugar legal para conseguir se misturar com os cubanos e conversar, pq nos resorts é qse impossível.

 

02/01- Voo de volta pra Havana, jantamos no EL Template (muito bom – prato média de 18 Cucs) dormimos para no outro dia partir para Trinidad.

 

03 e 04/01 – Trinidad: A cidade é bem pequeninha e em pouco tempo vc consegue cobrir os principais pontos. Chegamos por volta de 15h nos hospedamos, demos uma volta geral. A noite fomos a Casa de La Musica, na escadaria, é bacana, lota e não precisa pagar entrada. De lá fomos para a Disco Ayla, que é imperdível. A balada é dentro de uma gruta, até quem não gosta de night tem que ir só pra ver como é. A festa é como as outras, mas pelo local vale muito a pena. No outro fomos cedo para Playa Anchon que é muito bonita, tem uma estrutura legal pra curtir a praia (cadeiras, sombra) sem precisar ficar em resort. Ficamos até a hora do almoço, almoçamos no restaurante amarelo que fica logo no pé da escadaria (muito bom) e pegamos o ônibus para Cienfuegos.

 

04 e 05/01 – Cienfuegos: Chegamos no fim da tarde, andamos pelos pontos turísticos , jantamos no hotel La Union (muito bom – pratos entre 15 e 25 Cucs). A noite fomos para a festa Artex (El Cubanismo) que começa com um show estilo Cabaré e dps tocou muito reggaeton. O legal de Cienfuegos foi que tinha muito pouco turista, esta festa por exemplo era dos Cubanos no dia-a-dia deles. A cidade é completamente diferente das outras, mais moderna. No outro dia fomos conhecer a praia Rancho Luna. Não sei se foi pq o tempo não estava muito bom, mas não vi nada demais nessa praia, talvez o problema seja a comparação com as anteriores. Almoços novamente no La Union e pegamos ônibus para Santa Clara.

 

05/01 e 06/01 – Santa Clara: A cidade vive de Che Guevara e tirando os pontos turísticos ligados a ele não há muito mais o que ver nessa cidade. Chegamos no fim do dia, jantamos numa pizzaria Dino (bem barata e pizza boa) dps fomos para uma festa na mesma rua chamada El Mejunje, fica numa casa em ruinas com uma árvore no centro. Vale a visita pela construção diferentona, mas na noite que fomos era uma balada gay com apresentação de drags com umas musicas muuuito lenta/romântica o que foi dando sono e acabamos indo embora logo. No dia seguinte visitamos os pontos turísticos e pegamos um taxi para remédios (daí pra frente não tem mais ônibus).

 

06/01 – Remédios: A cidade é super pequena e antiga. Não há muito o que ver, passamos a tarde bebendo no Louvre (bar mais antigo do país) e jantamos na casa onde estávamos hospedadas.

 

07/01 – Partimos cedo para Cayo Santa Maria, praia ótima e curtir resort.

 

08/01 – Fomos para Cayo Las Brujas, praia bem similar a anterior e bom para dar uma descansada (mais de uma noite eu morria de tédio!)

 

09/01 a 15/01- Varadero: Super turística, e assim como em todos os outros cayos que estivemos dá uma visão completamente alienada de Cuba, mas tem ótima estrutura de hotéis e praia. Fora do hotel fomos duas noites em uma balada no hotel continental, que só tinha canadense e musica americana e duas noites em um bar, Calle 62, que tem um show cubana e dps bandas pra dançar, foi bem legal.

 

Infos Gerais:

Vôo –

Fomos e voltamos pelo vôo direto Guarulhos-Havana da Cubana. O vôo não é o mais confortável do mundo, na volta inventaram uma escala na Venezuela e nos deixaram uma hora parados tracados dentro do avião, mas enfim, pela facilidade de ser direto e pelo preço mais baixo eu achei que valeu a pena.

 

Hospedagem –

Havana/ Trinidad/ Cienfuegos/ Santa Clara/ Remédios - O Hostal Peregrino salvou a nossa vida (http://www.hostalperegrino.com/?lang=en)! Entrei em contato com eles estando no Brasil pedindo reserva pra Havana, eles disseram que só teriam a primeira noite mas que para as outras poderiam nos levar para uma casa associada. Fechamos assim e a viagem foi super tranquila. Primeira noite no hostel, no outro dia o Julio nos pegou levou para uma casa no mesmo padrão, falamos para ele o dia que íamos para Trinidad e ele ligou para uma casa lá que nos recebeu e assim por diante, sempre falamos para a casa que estamos avisar a próxima cidade que estávamos indo e assim foi. Pedimos todas as casas com quarto duplo e banheiro interno e tivemos uma ótima experiência. Pagamos sempre 25 Cucs por noite por quarto, tomamos café da manhã em todas as casas, 5 cucs, e foi muito bom. Na casa de remédios tivemos um super jantar por 10 Cucs cada uma.

Segue a lista de casas que o hostal nos indicou e para as cidades acima (que foram as que eu fiquei) recomendo muito.

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Cayo Largo – Ficamos uma noite no Sol Pelicano e as outras no Sol Cayo Largo. Ambos são bons hotéis a diferente que achei o Pelicano um pouco mais animado e o Cayo Largo com uma maior estrutura de bares e restaurantes.

 

Cayo Santa Maria – Melia Las Dunas – Muito bom! Gigantesco, ótima estrutura mas bem familiar

 

Cayo Las Brujas – Bom também, mas não é esquema resort all inclusive. Os pacotes são só alimentação e vc escolhe qtas refeições quer. O restaurante é bom, vale a pena fechar pensão completa.

 

Varadero – Melia las Americas – Para maior de 18, ótima estrutura, principalmente de praia e bar na praia, equipe de animação bem legal na praia, bons restaurante e a maioria dos hospedes eram bem mais velhos ou casais.

 

Impressões:

O diabo é muito menos feio do que pintam!rs

Eu fiz muita pesquisa antes de ir e fui com um certo receio sobre até que ponto eu podia conversar com as pessoas ou não (aqui pesando principalmente de ser mulher), o quanto era seguro ou não, o quanto todo mundo queria meu dinheiro, se conseguiria encontrar comida de qualidade, enfim, vários receios.

A verdade é que a viagem foi muito tranquila em todos os sentidos. É claro que todo mundo te oferece alguma coisa na rua (em havana) que vc vai ser xavecada o tempo todo, mas eu vi muito limite e muita educação nas atitudes deles. Raramente alguém insistiu dps de ouvir um não (seja pra vender, dançar, taxi, etc), os caras te xavecam mas nunca pegam em vc ou te puxam, como acontece direto aqui no brasil e nas vezes que alguém quis ser simpático para dps pedir dinheiro ou vender algo, dissemos não e foi suficiente.

Logo eu percebi que os taxis não iam dar voltas erradas ou nos levar para onde não queríamos ir, que as nossas malas nas casas de família estavam sempre intactas e que andávamos sozinhas pela rua em qq horário sem nenhum problema. É lógico que o mínimo de cuidado sempre se deve ter em qq lugar, mas no geral me senti muito segura lá.

Tendo a disponibilidade de pagar os valores de pratos que coloquei a cima vc pode comer excelentes frutos do mar, em ótimos restaurantes, que vc pode chegar suja de praia ou de qq jeito que todos vão te tratar com a maior educação. Achei os preços em Cuba justos! O máximo que paguei em uma cerveja foi 3,50 numa corona, mas na grande maioria pagávamos 1 ou 2 cucs na bucanero, que é bem boa! E lugares que aqui no Brasil seriam considerados os melhores, e por consequência extremamente caros, cobram um preço justo pela que servem, como o exemplo do La Torre que dei acima.

Nós fomos ajudadas o tempo todo por Cubanos, que se esperavam dinheiro em troca em nenhum momento deixaram transparecer. Em alguns momentos demos dinheiro, outros não, e sempre tivemos a mesma tratativa: todos sempre educados, receptivos e dizendo que amam o brasil.

Eu sei que minha visão pode parecer um pouco deslumbrada perto de muitas que já li por aqui, mas tivemos a sorte de não ter qq dificuldade nos 20 dias que passamos por lá.

 

Dicas:

- Nem todos os lugares tem papel higiênico ou guardanapo, então ter um lencinho na bolsa ajuda.

- Bom levar repelente

- Raros são os lugares que aceitam cartão, levar tudo em euro e trocar cuc lá. Andem com dinheiro trocado, pq os meios de transporte (bicitaxi, cocotaxi, charrete, alguns taxis) sempre vão falar que não troco e vc vai acabar pagando a mais.

- Não existe adoçante (sei que não afeta qse ngm, mas como só uso adoçante se tivesse pensado nisso tinha levado um vidro)

- A água dá uma impressão meio oleosa, no começo sofri com o gosto, mas no meio da viagem já tava adaptada.

- Comprem passagem de ônibus via azul com antecedência. Vi muita gnt chegar na hora e ficar na mão!

- O livro da Lonely Planet ajudou muito durante a viagem.

- Saber sobre novelas vai te ajudar a fazer muitos amigos cubanos, a febre da vez por lá é Avenida Brasil!

 

Espero que conheçam e gostem de Cuba tanto qto eu gostei!

Bjs

Débora

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Olá, Débora.

Legal seu relato, ajuda bastante nas minhas pesquisas.

Uma coisa que eu gostaria de saber é quanto vc gastou por dia, em média. Pode ser em CUC mesmo. To planejando gastar uns 50 CUC/dia mais ou menos quando for pra lá.

Se bem que vc foi em época de turismo intenso, então creio que seus valores são maiores, né?

Valeu

Alexandre

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Oi Alexandre!

 

Eu me planejei pra gastar 60 CuCs por dia (nos dias onde não estavamos em resorts) e foi suficiente, lembrando que em nenhum momento tentamos economizar durante a viagem, ou seja, 50 CuCs dá sim. Com relação a alta temporada, pelo que eles me falaram a única coisa que sobre são as hospedagens, que pagamos 25 CuCs no lugar de 20 CuCs. Em todas as cidades que passamos tinha opções para todos os tipos de orçamento, comemos lagosta com camarão por 20 CuCs e também comemos uma super pizza por 2 CuCs.

Abs

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  • 2 semanas depois...
  • 1 mês depois...
  • 1 mês depois...
  • Membros

Depois de muitos sonhos, conheci a ilha de Fidel. A escolha do destino sempre esteve associada à necessidade de entender e conhecer, como sobrevive o país da famosa revolução socialista de 1959 com suas sequelas sociais e políticas.O que 50 anos de embargo econômico será capaz de fazer?Também procurei obedecer a uma máxima do Dalai Lama que diz que pelo menos uma vez por ano, devemos ir a algum lugar onde nunca estivemos antes. Praticar o olhar estrangeiro, ou seja, se não vermos coisas diferentes, jamais faremos algo diferente.É preciso se "assombrar" com a paisagem do outro.

Deixei o governo castrista de lado como condição principal da visita e aguardava ansioso pela surpresa.Boa ou má, serei o mais fiel possível nesse relato de viagem.Porém, como descrever sensações tão íntimas? Quem poderá entender a paz que senti, sentado sozinho, no paredão do Malécon vendo o sol dourado desaparecer no horizonte do Caribe? Viajei, lembrando do navegador Cristóvão Colombo, que descobriu a ilha em 1492 e ficou maravilhado com as cores e o cheiro de canela que perfumava as árvores e os pássaros.Era tudo que eu queria: estar ali, vivendo o que sempre quis viver, sem os receios que um lugar exótico possa causar.Muito bom andar pelas ruas ouvindo um língua diferente, descobrindo que maria isabel e paçoca não é a melhor comida do mundo e que a nossa bossa nova, pode sim, ser substituída pelo som inconfundível dos músicos cubanos.

Foram fortes emoções entre realidades sociais e cultura, regada a muito mojito, rumba e salsa.Lá, o socialismo, é bem financiado pelo "boom" do turismo incipiente, que virou a menina dos olhos dos "irmãos" Castro, tornando-se uma importante política pública do país depois do fim da União Soviética, do colapso da Venezuela, e que gera; desigualdades sociais e raciais muito menores e diferentes das que ocorrem nos países capitalistas, e que faz, a maior parte da população, viver numa "igualdade de pobreza" resignada e consciente.A toda poderosa China, agora é a bengala da vez.

Eu nunca quis celebrar a realidade cubana como a esperança mais próxima das teorias marxistas e muito menos, elucidar preconceitos, ignorâncias e decepções dos falsos turistas que só sabem idolatrar Nova Iorque e Paris.Aliás, diga-se de passagem, o preço da viagem sairia quase o mesmo.Claro, que sempre fui curioso por Fidel, por toda sua história, e contra a mídia anticomunista que assola o mundo.Até o odor do Che foi capa da Time americana. E daí? Sou obrigado a virar cordeiro do Imperialismo?

Desembarquei no aeroporto San Martin deixando dentro do avião, o medo de comidas diferentes, as opiniões dos catimbeiros de plantão, um chuveiro e lençol que bem poderia ser parecido com o meu.Fui conhecer, ver com meus olhos inquietos o dia a dia daquele povo cheio de histórias.Os cubanos são fascinantes e quando eles descobrem que você é brasileiro, todos os maracás chincalham a seu favor.

A arquitetura espanhola tombada pela Unesco é puro encanto, assim como seus castelos, os mais antigos das Américas.Dizem que as colunas do casario espanhol cubano foram esculpidas com música.E é verdade.Fiquei louco observando cada detalhe, cada pedra, foi como andar pela velha Servilha.

O voo da Copa air decolou de Brasília e após sete horas sobre a Amazônia, descemos para uma conexão na Cidade do Panamá,conhecida pelo seu Canal e um aeroporto que mais parece um shopping.Nunca vi tantas lojas de griffes num mesmo lugar.Com mais duas horas e meia sobre o Caribe,da janela do avião eu avistei a ilha comunista cercada de todos os lados pelo mar capitalista. Pelo menos, era de um azul turquesa intenso, algo que nem os olhos de um poeta viajeiro, seriam capazes de traduzir.

Será se vão abrir minha mala, terei cara de espião da CIA, levo algum produto proibido? Claro que dá um frio na barriga e vários cachorros cheiravam as malas na esteira.Por temer, que os turistas sofram represália na imigração dos Estados Unidos, eles colocam apenas o carimbo num "visto" que chamam de tarjeta, comprada ainda no Brasil.Mas, eu fiz questão do carimbo no meu passaporte, até porque, não me interessa visitar a terra do Tio Sam.Saí lindo na foto, todo vestido numa camisa da Seleção.

Como o dólar não é bem vindo(sofre uma taxação de até 25%), troquei meus euros no aeroporto pela moeda local chamada de CUC.Os nativos usam o peso cubano que é muito desvalorizado, cerca de 25 vezes menos.

Do aeroporto segui para o hotel onde passaria alguns dias e depois me hospedaria na casa de cubanos para viver uma experiência ainda mais intensa.Eles precisam complementar suas rendas e aí, alugam quartos com café da manhã e almoço, por um preço bem econômico.Também nessas casas, existem os famosos Paladares, que são restaurantes com a comida local, muita conversa, amabilidade e simpatia que chega a transbordar.Camarão frito, arroz misturado com feijão, banana frita....

Por toda a cidade, cartazes gigantes enaltecendo o regime de um só partido.São 11 milhões e meio de cubanos e na capital Havana, moram quase 3 milhões de pessoas.Todos vestem as mesmas roupas.Ninguém é diferente pelos trajes.São roupas simples e coloridas, compradas numa só loja.Os homens altos, brancos e de olhos verdes e azuis, constratam com a negritude das mulheres de bundas enormes. Eles não perdoam a própria mãe na hora das cantadas.Elas, fingem que não gostam dos galanteios.

Não há lojas, shoppings, propagandas(graças a Deus).A internet é péssima e apenas para turistas.O celular é para poucos e foi uma maravilha não ver uma legião de jovens com a cara grudada num Sansung 5S.Eles conversam, olham dentro do olho, namoram muito, dançam, abraçam o mar todos os fins de tarde e o futuro....eu não sei.

Não existe motel no país.Alguns quartos são alugados naqueles prédios decadentes.A medida que subimos no prédio, luzes vermelhas e um som de salsa bem baixinho passam pelo desnível da porta. A cada degrau um amasso, uma beliscada, casais que descem sorrindo, gargalhadas encharcadas de run ouve-se por todo o prédio.

Não há prostituição infantil.A polícia é severa e temida.Câmeras de vigilância estão por todos os lados. Experimente ligar para o número 160 e no máximo, em cinco minutos, um carro da polícia chega aos seus pés.Não há crack, drogados pelos ruas, mendigos, prostitutas e travestis se expondo em vias públicas. Andei pelas ruas da velha Havana às três horas da madrugada e nada aconteceu.Sabe aquela sensação de segurança? Pois é. Ela existe e isso não tem preço.

Os carros são da década de 40 e 50. Cadilacs, rabos de peixe, conversíveis.....lindo, lindo.Só acreditando muito em Deus para tentar entender como aqueles carros ainda andam.Algumas vezes quebravam e em cinco minutos o motorista já achava o defeito.Fazem um fumaçê horrível e há casos em que uma fuligem gordurosa e negra, é jogada na cara e na roupa dos passageiros. Mesmo assim, eu corria o risco e rodava toda Havana num conversível com o som nas alturas.

Sim, a música anda em todo lugar. De cada janela, de cada casa, um instrumento vai sendo tocado.Tudo é ao vivo, nada de som mecânico.

O barulho na cidade é enorme.Pulsa aquela multidão de pessoas tomando ônibus, indo trabalhar, o ronco dos motores dos carros e o sol é impiedoso.Nos meses de julho, agosto e setembro é a temporada de furacões e nos hotéis há avisos nas portas de como se comportar na hora da ventania.

Andei, andei e andei.Conversei com professores, policiais, taxistas, jineteiros(eles são inclementes), e tudo virava um convite para almoçar em suas casas, com seus familiares.São pessoas cultas, sabem da sua realidade, adoram o Brasil, mas quando perguntados sobre o futuro, dão o silêncio como resposta.É uma crise e se não fosse os euros do turismo a ilha entraria em colapso.O porto Mariel estava lá(lindo e maravilhoso), os hospitais tratando de vitiligo e ainda hoje, tem mil russos fazendo tratamento contra a radioatividade da usina de Chernobyl.Os famosos médicos cubanos existem ao redor do mundo desde 1960 quando houve um terremoto no Chile.Hoje, eles são 120 mil espalhados por todo o planeta.

A Universidade de Havana é linda e antiga.Existe desde 1720 e dentro de seus muros há muita sombra, jardins, alunos de todos os países.Fiquei lá horas, conversando com um professor de história e ainda conheci dois museus dentro da própria universidade.

As crianças, todas fardadas, indo para escola de manhã cedo era de encher os olhos.Há turmas para música, balé, teatro, dança e um museu de belas artes de cair o queixo.O bairro chinês é uma loucura.Lá tem muito chinês, descendentes dos trabalhadores que vieram substituir a mão de obra africana com o fim da escravidão.Depois da cana de açucar, acho que a plantação que esse povo mais trabalha é no cultivo de hortelã.Pense numa cidade que consome mojitos.São folhas e folhas de hortelã num único drinque.

Eu amei aquela gente simples e acolhedora. Não perdia eles indo para as feiras livres de manhãzinha.Tudo muito regrado, falta alguns alimentos e um sabonete capitalista vale um sorriso escancarado de um cubano com direito a 150 dentes brancos.

Almoçei num bar GLS, existe pensão apenas para esse público e à noite fui a eleição da Garota Gay Cubana edição 2014. Cada uma, media aproximadamente, 3 metros de altura. A polícia não foi chamada e ninguém ficou preso num campo de concentração, como prega a mídia anticomunista.

Não esqueçam de visitar os terreiros cubanos.São fantásticos, os mais famosos do mundo.Em toda periferia de Havana, explodem os tambores da Santeria.Culturalmente é muito forte, acho que metade da população frequenta.Detalhe: eles podem praticar qualquer religião.Existe igrejas católicas, ortodoxas, batistas e jeová. Menos os mórmons, por motivos óbvios.

A Embaixada americana é supervigiada, lotada de policiais e câmeras.Não me deixaram tirar fotos.Ainda bem!

O resto foi encher a cara de run que é fantástico.Você bebe o dia inteiro e não tem ressaca.Nunca havia bebido uma coisa tão gostosa na minha vida.Sempre ao entardecer, comprava minha garrafa de Havana Club 7 anos e descia para o El Malecon, que é a avenida beira-mar.Tem 8 km de extensão e todos os cubanos são idolatrados pelo lugar.Famílias inteiras esperam o sol se esconder nas entranhas do mar.Bebem, cantam, tocam, riem alto, fumam charutos e até esquecem que Miami fica a 130km dali.Vivem um dia de cada vez. Acompanham as ondas que lavam e relavam o paredão.Venta muito. O amanhã? Eu juro que não sei e muito menos eles.

 

sergio emiliano.

junho/2014.

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  • 11 meses depois...
  • 1 mês depois...
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Oi Julio&Fernanda. Eu passei o reveillon em cayo largo. A festa é diferente do Brasil mas teve festa. O hotel ofereceu um jantar, show e uns míseros fogos a meia noite. Nada muito grande mas tbém não passou em branco.

Quanto as outras cidades já não sei dizer....boa viagem! Abs

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  • 2 meses depois...
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Olá Débora, pretendo ir com minha namorada agora no fim do ano para Cuba. Mais ou menos na mesmo época que você ano passado. Uma dúvida: sentiste alguma dificuldade em encontrar transporte e acomodação no ano novo. Pergunto porque iremos pegar natal e ano novo lá e não sei se seria mais prudente reservarmos daqui...

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