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Os custos de um mochilão de quatro meses pela Patagônia


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Essa foi a viagem das nossas vidas (até agora, pelo menos).

No final do ano passado eu e meu namorado Diego decidimos fazer uma viagem que fosse um rompimento do nosso modo de vida até então. Iríamos sair dos lugares onde morávamos, deixar os empregos, desprender de contas e qualquer compromisso para viajar pela Patagônia sem preocupação com a volta.

Tem muita coisa mesmo para falar sobre esses 110 dias intensos e nós relatamos cada um deles no nosso blog, mas em tempos onde a tensão está grande por conta da alta do dólar, queria deixar registrado aqui o quanto gastamos e mostrar que ainda é possível viajar gastando pouco. Afinal, falta de dinheiro costuma ser uma das desculpas mais utilizadas para adiar um sonho.

 

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Uma coisa que foi determinante para nossa economia foi o controle financeiro. Anotar tudinho numa planilha bem organizada faz com que você veja onde e como está gastando. Observamos que os itens se dividiam em categorias e anotávamos os gastos de cada dia no seu respectivo grupo.

 

As categorias:

 

Hospedagem: Inclui qualquer gasto com estadia, seja em hostel ou em camping pago. A hospedagem na Patagônia não é muito barata, mas como fizemos muito Couchsurfing, camping selvagem e/ou gratuito e também nos hospedamos algumas vezes nas casas de pessoas que conhecemos pelo caminho, economizamos bastante nessa parte. 75% da nossa hospedagem foi de forma gratuita.

 

Transporte: Pegamos muitas caronas mesmo, mas vez ou outra era necessário apelar para um ônibus, trem, metrô ou mesmo os táxis coletivos dentro da cidade. Nos primeiros dias ainda estávamos um pouco descrentes da facilidade em pegar carona por lá e acabamos gastando um pouco mais com transportes pagos. Também precisamos pagar transporte intermunicipal na Carretera Austral porque fomos para lá numa época de pouquíssimo movimento e nem foi por falta de tentativa, não passava ninguém mesmo!

 

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Alimentação: Obviamente é o item onde mais gastamos. Quase sempre comprávamos em supermercados e cozinhávamos. Pouquíssimas vezes comemos em restaurantes e quando fazíamos era para provar algum prato típico. A comida é o que mais pesa num orçamento e é onde é mais fácil economizar muito ou gastar muito. Tínhamos um fogareiro e muitas vezes banco de praça virava cozinha.

 

Carretera-Austral-Noite-em-Cochrane-Polenta-e-Vinho.jpg

 

Passeios: Nesse item estão inclusas todas as entradas em parques. Também estão aqui o passeio na pinguineira, a navegação pelo Canal de Beagle e a visita à Capilla de Marmol, que eram os passeios que queríamos muito fazer e não tinha outra forma a não ser buscando o melhor preço e pagando. Tem muitos outros passeios super legais que poderíamos ter pago para fazer com agências, mas fomos sozinhos e não gastamos quase nada.

 

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Comunicação: Compramos chips de celular da Argentina e do Chile e íamos colocando crédito conforme a necessidade. Foi a forma mais econômica que encontramos para nos mantermos “comunicáveis” com o pessoal aqui do Brasil. Usávamos a internet 3G, mas sempre que possível procurávamos redes de Wi-Fi para economizar. No Chile, as praças e bibliotecas quase sempre tem conexão gratuita, o que nos ajudou muito.

 

Outros: Esse item é amplo, entra tudo o que não cabe nas categorias anteriores, como gás, pilhas, coisas de farmácia, um chinelo para substituir outro que arrebentou e até gorjetas dadas a músicos de rua (quando o cara era bom, mesmo com moedinhas contadas, a gente dava um troquinho).

 

Nosso gasto total por categoria foi:

 

Hospedagem: R$ 1.934,00

Transporte: R$ 1.538,00

Alimentação: R$ 4.240,00

Passeios: R$ 1.039,00

Comunicação: R$ 135,00

Outros: R$ 343,00

 

Total: R$ 9.229,00

 

Média diária por pessoa: R$ 41,95 (cerca de 16 dólares na época)

 

Aqui não somamos a passagem de avião do Brasil até Ushuaia, que com as taxas e impostos foi de R$ 1.632,00 por pessoa. Quando estávamos acostumados com a viagem e com as caronas começamos a pensar que poderíamos ter economizado aí também e ido de carona desde o Brasil, mas ainda não tínhamos nenhuma noção do que nos esperava e nunca tínhamos feito uma viagem assim.

 

É claro, também não estão somados os equipamentos que levamos, pois são coisas que compramos aos poucos e vão durar para muitas outras viagens, consideramos um investimento e não um gasto.

 

No final das contas, nossa viagem de quase 4 meses pela Patagônia custou R$ 6.246,50 por pessoa. Dá pra fazer mais barato? Dá!!! E dá pra gastar a mesma coisa em 15 dias de férias também. Tudo depende do seu estilo de viagem e do que você está disposto a encarar, a nossa viagem, além de mochilão, foi de aventura, com muito camping em meio à natureza, o que ajudou a economizar também. Como saímos daqui com o dinheiro já contadinho, nós optamos por economizar sempre que possível para conseguir ficar viajando pelo maior tempo possível.

 

Não foi fácil guardar esses 12 pilas, mas também não foi o fim do mundo. Nos organizamos, fomos juntando cada mês um pouquinho e encaramos a fase que antecedeu a viagem com muita disciplina, focados em nossa meta. Pensamos sempre que foi mais barato que comprar um carro e nos trouxe experiências que vão durar a vida toda, coisa que um bem material como um carro não proporcionaria.

 

Espero que este relato inspire quem está planejando sua viagem e ajude a não desanimar. Destinos incríveis como a Patagônia podem ser uma saída para escapar (pelo menos um pouco) da alta do dólar. :)

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