Ir para conteúdo

Pará, Amazônia, Colombia e Peru (Selva) c/ preços!


Posts Recomendados

  • Membros

E ai Galera,

 

Bom, esse Site me ajudou muito com informação de preços e roteiros. Principalmente lendo os depoimentos das viagens da galera daqui. Agora é hora de contribuir um pouco tambem...

 

Essa viagem começou a muito tempo atras, mas eu vou resumi-la as ultimas semanas e continuar atualizando até minha chegada no Peru.

 

Cehguei em Belem umas semanas atras, conheci o famoso mercado ver-o-peso, que realmente é um barato, e quem for não pode deixar de experimentar um prato regional que sai por 4 ou 5 Reais nas barraquinhas do mercado. O Famoso Açai com Peixe Frito. A Açai é espremido na hora e misturado com Farinha de Mandioca, e a galera manda pra dentro quente mesmo e com o Peixe frito. Quem quiser se aprimorar um pouco, pode ir a orla, onde existe uma especie de Shopping Center com comidas Tipicas a um preço um tanto quanto salgado. Tucunaré com Açai vai sair por cerca de 30 a 35 Reais.

Em Belem a melhor pousada pra galera que ta no estilo mochilão é o Hotel Fortaleza, que tem dormitórios onde cabem cerca de 8 pessoas a 10R$ a diária sem café, e quartos para solteiro a 15R$ sem café. E fica a 5 minutos caminhada do ver-o-peso. A Pousda é limpa, mas a Dona é um tanto quanto louca... A mulher é mó figura se vc não levar ela a sério, mas ela esculacha geral, principalmente os gringos que vem pra lá.

De Belem eu fui pra Santarém. O Barco que eu fui, foi o Cliver. Sinceramente eu procurei bem, mas não consegui achar nenhuma espécie de mutreta ou truque para pagar mais barato. Os preços para Santarem começam a partir de 140 Reais pros turistas, e a galera local consegue por até 100 R$. O Jeito é não parecer turista, e na hora de comprar a sua passagem, falar quanto que vc quer pagar e ser firme. Eu consegui a minha por 120R$, ja uma menina que tava no barco comigo, de Santarem, apesar de ser Loira e de olhos azuis, e mochila nas costas, pagou 100R$. O que eu percebi é que vale a pena ir nos barcos menores que saem no começo ou no final da semana em direção a Manaus. Os Grandes como Amazon Star, eu ouvi falar que são uma merda. Extremamente lotados, comida ruim e banheiros sujos. Todos esses preços que eu estou passando são para ir de rede, cabine eu não faço idéia de quanto seja, mas vc tem seu proprio banheiro ar-condicionado e tudo mais. Resumindo, não adianta eu passar telefones das empresas pra vcs aqui, porque eles com certeza vão te informar preços absurdos. A melhor pedida é comprar fora do porto e pessoalmente(para vender passagens dentro do porto a galera paga uma taxa, ai fica caro). No meu caso, eu fiz o cambista vir comigo para conversar pessoalmente com o capitão do navio e todos juntos negociamos o preço.

A Viagem de barco para Santarem é bacana. O Triste é ver as varias areas desmatadas na beira do rio Amazonas, o legal são os meninos que vem de canoa do lado do barco pra tentar surfar as ondas que o navio forma, ou pedir dinheiro, ou tentar vender algo como camarão, Palmito, e frutas da região como Cacau, Castanhas, Ingá e etc... Bacana tambem é ver os botos que as vezes dão um espetáculo ao pularem e brincarem perto do Barco quando ele para. As pessoas são bem interessantes, cada um com uma estória e um motivo diferente, de todas as partes do mundo. A Comida tambem foi boa, nada do que reclamar, mas lógicamente sempre tem um fresco que reclama né. Agora se vc for Vegetariano, leve sua própria comida! Hehe...

Vale muito a pena parar em Santarem onde há o encontro das águas entre os rios Amazonas e Tapajós, muito bonito de se ver. Passar uns dois dias em Alter do Chão, é uma boa pedida, que fica a mais ou menos 40 minutos de distancia. Para chegar lá existem onibus publicos que saem de Santarem a cada hora e custam 1,80R$. Em Alter do chão que fica as margens do Rio Tapajós Se formam praias de Areia Branca e bem a frente cerca de 50 metros fica a ilha do amor, que é rodeada por praias onde é possivel fazer uma trilha sem guia para o topo de uma morro onde se tem uma vista impressionante do lugar. Eu inclusive aluguei um caiaque e fui embora sózinho até o final da ilha, onde tem um riozinho que entra até um lago que fica em meio a Floresta, lá eu estava sózinho mas acompanhado dos botos que se mostravam as vezes, e de passaros lindos, os quais eu não sei nomes.

Os Preços em Alter do Chão são um tanto quanto caros, a pousada mais em conta que eu achei foi o Albergue da Floresta onde vc pode armar a sua rede em uma area coletiva e aberta em meio a uma florestinha, usar os banheiros que são coletivos mas bem arrumados, e usar a cozinha, tudo por 13 R$. Eu achei bem caro, mas quando eu cheguei era tarde e eu não tava a fim de negociar. A Primeira pedida dele foi 15R$ mas logo foi pra Treze.

Hoje eu comprei a passagem pra Manaus. É importante dizer que nos ultimos dias eu conheçi doi argentinos e duas belgas. Na hora de comprar as passagens eu estava com eles e a galera achou que eu era gringo tambem e meteu o preço lá em cima... Primeira opção eram 100R$ para um navio bem Grande e depois 80R$ para um navio menor(vale dizer que há muito mais barcos saindo para manaus de Santarem que de Belem, assim fica mais fácil para achar um preço melhor). Conversando com o dono barco menor e um agente que vendia passagens tambem, isso dentro do barco, eu insisti em que eu só tinha 50R$ para essa viagem, e eles vendo que eu não era gringo me disseram que se eu conseguisse que os gringos(4) comprassem a passagem a 80 cada, eles me vendiam por 50R$. Eu sei que não foi justo mas eu açeitei o negócio, porque eu teria conseguido por 50R$ de qualquer jeito mas os gringos nunca, pq eles metem a faca mesmo. Eu ainda consegui abaixar pros gringos e eles fizeram 75R$ pra eles e 50R$ pra mim. Vale dizer que eu vi varias pessoas locais e bem simples pagando 80R$ na passagem.

Bom, Daqui a pouco sai o barco e eu tenho que ir nessa... continuo atualizando assim que juntar mais informações... Valeu Galera!

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • 2 semanas depois...
  • Membros

E ai Galera...

 

Bom, mais alguns dias se passaram, e agora eu me enontro em Manaus. Ultima vez que eu escrevi, estava prestes a pegar o barco de Santarem para cá. A viagem demorou um pouco mais que o planejado porque o barco quebrou duas vezes no meio do caminho. O motor parou completamente e o barco ficou sendo arrastado pelo rio, girando sem rumo e se chocando com o barranco na beira do rio, por algumas horas no total. Fora isso a viagem foi boa. Comida era comestivel, e o barco estava meio cheio. Não era raro acordar com o dedão do pé do seu vizinho dentro da sua boca... Mas como agora é fim das férias da mulecada, tava cheio de criança no barco e eu me diverti bastante passando pra eles exercicios impossiveis, tipo barra com uma mão só.

Ja fazem alguns dias que eu estou em Manaus, e bem agora é carnaval e eu resolvi passa-lo aqui. Agora, como vcs devem saber já, carnaval de rua em qualquer lugar do Brasil pode ser perigoso, e aqui em Manaus não é diferente. Sexta feira, eu fui pra rua, e bebi um pouco a mais como se faria normalmente em qualquer carnaval de rua. Pra falar a verdade não foi um pouco, eu acho que se alguem acendece um cigarro do meu lado eu exlplodia. Eu não lembro de muito, mas lembro de uma briga começando na rua e ao tentar me defender uns 10 policiais estilo choque, pularam em cima de mim. Enquanto um me segurava pelo pescoço os outros se alternavam me batendo com o cacetete. Eu imagino que ao menos eles estavam se divertindo... Bom, depois de ser solto eu voltei pro mesmo lugar e continuei dando trabalho, conheci pessoas de todos os tipos, inclusive um cara que falou que era traficante daqui e sabia o caminho até a colombia a pé, e outro que falou que era ex-menudo de 1985, e falou que agora era guia aqui. Bom resumindo, o que não falta é gente pra querer pisar no seu pescoço. Moral da história é, cachaça atrai sem vergonha, e mulher feia...

Bom, agora voltando ao ponto. Existem dois dias na semana aonde saem barcos de Manaus pra Tabatinga. No Sabado só tem um, e só é possivel comprar passagem com um cara na frente do porto chamado Azevedo, ou nos guichês do porto mesmo. O Preço nos guichês é 268,00R$, e o mão de vaca do azevedo não abaixa mais que 250R$. Agora tem um truque que eu li aqui que realmente funciona. Atrás do mercado Velho, onde estão as escadarias do trapiche, tem uma galera vendendo passagem tambem. Agora se vc comprar com eles, vc não tem direito a acessar o barco através do porto, o que vc vai ter que fazer é pegar uma lanchinha lá mesmo no trapiche até o barco e eles cobram 5R$, mas da pra abaixar pra 3R$. Lá eu comprei a passagem pro barco Fenix que sai na quarta feira, note que existem dois barcos que saem na quarta e assim se torna mais fácil para negociar. Depois de muita falação eu consegui minha passagem a 180R$. Nada mal... E a principal vantagem pra mim, foi que hoje(domingo) eu já fui pro barco e deixei minhas coisas lá e armei a rede. Em outras palavras, eu não vou mais ter que gastar com hotel de agora até quarta quando o barco sai. Notem, que toda vez que eu quiser entrar pro barco, eu tenho que pegar a lanchinha, mas pra sair eu posso sair pelo porto mesmo(ê burrocracia). O Unico problema é que eu vou ter que sobreviver até o fim do carnaval!!

 

Ah, e o Hotel que eu estava ficando é o rio branco, bem no centro. Tava pagando 25 para um quarto pra mim. Mas de 5 dias a mulher só me cobrou 3. Acho que ela se confundiu, e eu não ia corrigi-la né!!! Ela me chamou de Luis Correa... Acho que o Sr Luis Correa vai ter que se explicar na hora de sair!!!

 

Aquele abraço galera...

47293_ATgAAACvKvOPvZGa8OXByhm_JuglVXWzJcAKhDY5FNaAxnlU0mYQ0E6o_zS4avFrgbrpU0wcTSGB_1lHghsqhdNdI5VAJtU9VBicPHvzNFuSO2p3kn2UxzP1ZSSUg_1.jpg

 

47293_ATgAAAA3EnQsHzFM2omx2Qc7RLVtGAih_NW8F5GJAp6VyS9qpPSqNOcFrVwhPWvqTRBYzoxAH8F7d0OnPAZ1j2FAJtU9VAYlJCW_LczW3liqOxT91KyYmTcg_1.jpg

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • 2 semanas depois...
  • Membros

Faaaaaaaaaaala Galera dumau....

 

Bom, ca estou eu outra vez, depois de uma longa viagem de barco, que de fato foi muito mais bonita que a viagem de Belem-Santarem, ou Santarem-Manaus, devido ao estado de conservaçao que se encontra muito melhor em comparaçao aos trechos anteriores. A viagem foi interessante em todos os sentidos. Desde as pessoas que se encontravam no barco, que tinham todos os tipos de estórias para contar, como madeireiros, seringueiros, e até alguns indios das tribos Maioruna e Marubo que tinham sido mandados a Manaus a quatro meses atras pela funasa para tratamento de uma malaria grave que eles tiveram. Os caras mal falavam portugues direito, mas com certeza essa estada em Manaus os mudou muito. Todos eles ja se pareciam civis, vestindo roupas normais, e inclusive um deles se vestia igualzinho a um mafioso colombiano. Figura pra caramba. Eu acabei ficando amigo deles, e eles me pediram para tirar algumas fotos deles comendo no barco ou descançando num canto qualquer, e assim que eu expliquei a eles que a maquina era digital, e eu precisava imprimir as fotos em uma loja(acredite, isso demorou tempo), eles me convidaram para que assim que eu tivesse as fotos em maos, ir la na aldeia deles para entrega-las. Acontece que o unico problema é que os Marubos vivem na reserva do Vale do Javari. A Aldeia deles é descendo o rio Itui. Sao 8 dias descendo o rio Itui, passando pelas terras dos korubos, os famosos indios caceteiros que mataram dois caras agora em Janeiro(pescadores que estavam nas terras deles) e inumeras outras pessoas no passado. O que com certeza noi foi nada comparado ao numero de indios da aldeia deles que foram dizimados ao longo da história, por madeireiros, caçadores e seringueiros. Como me disse um outro cara, um senhor de 70 anos que ja foi de tudo no amazonas. Veio no começo do século durante a febre da borracha para trabalhar tirando Seringa. Ele me contou como era a vida naquela época quando os seringueiros eram forçados a entrar cada vez mais fundo na floresta a procura de mais arvores devido a demanda, e sempre corriam o risco de encontrar com indios. Ele se lembrou de uma vez em que eles estavam em uma area ainda inexplorada, eram cerca de 5 pessoas trabalhando. Um deles era o guia, um cara que sabia tudo da floresta, capaz de andar por dias para dentro do mato e marcar o caminho de volta somente por quebrar um pedaço de mato. Nada de GPS ou mapa e bussola. Enquanto todos os outros trabalhavam esse guia saia para o mato para vijiar o perimetro contra indios e tambem caçar. foi quando no primeiro dia de parada no local enquanto todos trabalhavam, o guia veio correndo do meio do mato gritando para que todos largassem o que tivessem para tras e corressem pois havia indios na regiao e eles estavam vindo na direçao deles. Todos sairam em disparada sentido ao rio onde eles haviam deixado as canoas deles. Com sorte e medo eles chegaram as canoas e conseguiram atravessar o rio e nesse exato momento, usando as palavras do Sr Carlos que me contou a estória, foi como se o lado de la do rio tivesse sido pintado de vermelho, haviam centenas de indios, mas eles ficaram do lado de la do rio e o Seu Carlos foi embora junto com o resto do grupo. Época do velho matar ou morrer.

O fato da mata estar muito mais preservada nessa viagem, fez com que a gente avistasse inumeros macacos, preguiças, papagaios e araras. E eu ainda tenho que ouvir gringo dizendo que fez a mesma viagem e nao viu nada. Nao viu porque nao olhou. Tinham dois israelenses no barco, e quando eu contei a eles a quantidade de animais que eu havia visto eles nao acreditaram, se queixando por nao terem visto nada ate entao. Eu chamei eles para virem comigo e que juntos olhassemos pro mato por dez minutos. Nesse tempo nos vimos umas 5 preguiças, e um grupo de macacos Guaris(Grande e vermelho), e um grupo de micos. Ai eles ficaram felizes!

Agora eu estou em Leticia, que é colada em Tabatinga. Leticia pertence a Colombia, e Tabatinga ao Brasil. do outro lado do rio fica Sta Rosa, que pertence ao Peru. O Famoso trapézio amazonico. As melhores palavras para retratar a regiao seriam: Cocaina, poucas Leis, guerrilha inativa(isso veio como novidade, mas de fontes seguras do exercito), muitas motos, muita floresta, muita agua, e um povo miscigenado lindo, guerreiro e humilde e o mais importante, feliz! Todos tem o direito de ir e vir, atravessando fronteiras sem nenhum tipo de fiscalizaçao, mas mesmo assim é engraçado como as regras mudam assim que a fronteira é cruzada. Por exemplo, no Brasil, todos andam em motos sem capacete, e enfiam até 4 ou 5 pessoas numa moto, já em leticia, somente 2 pessoas por moto e todos de capacete! É um lugar impressionante.

Eu amanha estou saindo rumo a um vilarejo chamado Tarapaca, que fica no rio Putumayo(duvido alguem achar tarapaca no mapa), um trilha que leva cerca de 6 a 8 dias. de la eu vou ter que esperar ate que um barco passe subindo o rio sentido um outro vilarejo chamado El Estrecho(duvido mais ainda que alguem ache no mapa). Curiosidade é que El estrecho fica do lado Peruano do Putumayo, e do lado Colombiano, fica um outro vilarejo chamado Marandua, que foi onde prenderam o nosso amigo Fernandinho Beira Mar em 2001. Sim toda essa area do rio putumayo tem presença dos guerrilheiros, infelizmente, mas eu acho que eles nao tem interesse em brasileiro! Bem, do Estrecho, eu desco por trilha para Pebas que é no rio Amazonas de novo. Tudo isso pode levar até 1 mes. E se eu nao escrever até entao galera... chama o exercito!! haha... Abraçao!!!

 

P.S.: Eu nao to usando o "til" nas palavras porque nao tem mesmo em teclado espanhol. E ascento eu nao ponho porque sou burro mesmo!

 

47293_ATgAAADZjOomQBv7Wp1f6SsfhoGSPwuz3NmSupuLOJqlmn_DF7ethaNyEkXgGBbDsuqCA2Q4Fb110G7bc0VlxqRXcYAJtU9VAH1NG1iiEeG0lzqFa6b1g01yOWwQ_1.jpg

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • 2 semanas depois...
  • Membros

Faaaaala Galera...

 

É dificil até colocar em Palavras com a viagem tem se desenrolado desde a ultima vez que eu escrevi. Como eu disse acima, a ideia era ir para Tarapaca, e depois seguir caminho, mas tudo que eu fiz foi ir para Tarapaca, e isso ja foi mais do que o suficiente para mim na selva Colombiana.

Bom, saindo de Leticia, eu peguei uma lancha daquelas expressas por 23R$ até uma cominidade chamada Libertad, que fica na margem do rio Amazonas na parte Colombiana. Essa comunidade é dos indios Yaguas e eles devido a sua localizaçao ja estao acostumados com turismo. A mais ou menos uma hora caminhando de lá esta uma especie de acampamento construido no meio do mato que pertence aquela agencia de turismo que eu mencionei antes. Bom, lá eu fiz um passeio de leve pela Floresta que rodeava o local com um dos indios Yaguas e seu filho(Don Dominguin, e Abelardo) como guias. Comigo estava um Italiano. esse primeiro dia foi bem Light. A gente aprendeu alguma coisa sobre plantas medicinais e plantas usadas no artesanato. Interessante. As noites eu passei dormindo na minha rede numa casinha sem paredes e teto de palha, que fazia parte desse acampamento. Mas o Italiano estava numa Ocazinha, um quartinho pequeno só pra ele, mas ele pagou mais caro. No segundo dia fomos conhecer a Selva Baixa, pescamos umas piranhas e voltamos para o acampamento, foi do dia seguinte em diante que a viagem começou de verdade.

No dia Seguinte fomos caminhando até uma cachoeira que fazia parte desse pacote de 4 dias que eu comprei com a Agencia. A caminhada para mim foi facil e durou cerca de 3 a 4 horas. Chegando nessa cachoeira nós ficamos só batendo papo e fizemos uma camihada noturna para ver alguns animais, mas o unico animal que a gente viu nos pegou de surpresa quando a gente foi se banhar na cachoeira. Um Jacaré de quase 2 metros que tava tomando uma ducha e nao estava muito disposto a dividir o seu chuveiro conosco. Bem, por lá dormimos num Tapiri(acampamento improvisado construido de pau e palha), e no dia seguinte voltamos.

Na volta, no dia seguinte eu ja fui direto para a casa do Abelardo para assim podermos sair no outro dia. Abelardo vive com os pais numa casa bem simples na comunidade. A sua Mae nao fala espanhol, e só conversa em Yagua com Don Dominguin. Abelardo concordou em me levar até uma aldeia Ticuna(que se chama Buenos Aires) na metade do caminho para Tarapaca, e de la eu iria por peque-peque(canoa com motor de Rabeta de 5HP a 10HP). Bom saimos de manha, eu tive que alugar um peque-peque para começarmos a viagem, e com ela nos iriamos subir o rio Amakayacu, um afluente pequeno do Amazonas. O que eu nao esperava era a dificuldade que seria isso. Foi um dia inteiro para chegar somente na metade do rio... A gente sabia que da cabeceira do amakayaku saia uma trilha bem pouco usada para a comunidade de Buenos aires. Trilha de Madeireiros. O Problema foi que esse caminho ninguem faz e para conseguir chegar na metade do rio, a gente teve que cortar muita Arvore caida no caminho. O tempo todo a gente parava, saia da canoa, cortava pau, arrastava a canoa por cima e continuava até que chegou um ponto em que nao dava mais. Ai a gente dormiu a primeira noite. La a gente pescou de tudo, era fartura galera, vcs nem imaginam. E Tambem caçamos uma Pava, uma especie de galinha do mato. Esse é um detalhe importante, Abelardo levou uma espingarda, e eu nao aconselho ninguem a subir pra esses lados sem uma e uma quantidade razoavel de cartuchos.

Assim se resumiu a primeira noite, e no segundo dia nós fomos caminhando por selva virgem até a cabeceira do amakayacu onde começava a trilha... Uma Caminhada pesada, beem pesada. Abrindo trilha o dia Inteiro na base do Facao. Chegamos a nos perder e dar uma puta volta e sair no mesmo lugar que passamos antes. Coisa de filme, e um sentimento foda. Mas com muita garra conseguimos chegar a cabeceira onde começava a trilha e havia um Tapiri abandonado de madeireiros que ali passaram. Nessa noite que veio foi foda pq começou um puta Toró, e chuva na Amazonia é foda, chove até pra cima. E Nao nos perdoou, molhou tudo e todos, e essa chuva se estendeu pelo dia tambem e resolvemos ficar por ali mais um dia... nesse dia o rio cresceu pra caramba e nao tava dando peixe. Por sorte a gente achou uma tartaruga e foi ela mesmo de lanche. Ta eu sei, os ecologistas que me desculpem, mas infelizmente nesse tipo de caminhada a gente tem que caçar porque sao muitos dias e é impossivel levar comida desse tanto. Na outra manha saimos. Ai a caminhada ja foi mais amigavel pois havia um pouco de trilha que por menor que fosse era melhor do que caminhar em selva virgem. Passamos até por uma parte do rio onde os madeireiros tinham um montao de madeira amarrada dentro do rio, só esperando por papeis para poderem passar um posto de controle que fica na boca do amakayaku no encontro com o amazonas que serve justamente para impedir a acao dos madeireiros. Ou seja, eles iam falsificar documentos ou dar uma grana pra galera no posto de fiscalizaçao. Nos dias que se seguiram a gente dormia em Tapiris que a gente construia ou algum que a gente encontrava pro meio do mato que fora em outros tempos usado por madeireiros e desses tapiris somente sobrava um pouco da estrutura simples de pau amarrado com cipo, tudo que nós precisavamos fazer era cobri-los outra vez com folhas. Eu aprendi a fazer curare, aquele veneno usado nos dardos das zarabatanas para paralisar os macacos. Conheci muitas plantas medicinais e de outras utilidades diversas. Varios animais, veados queixadas, cobras etc.. Passaros de todas cores e tamanhos, araras, Tucanos etc... Uma experiencia unica com certeza. Eu ja estou bem acostumado com trilhas, ja caminhei por diversos lugares da mata atlantica brasileira, sempre só e sem guia.Trabalhei como guia na chapada diamantina, ou seja, rodei muito esse Brasil, mas a floresta amazonica tem toda uma beleza própria. E eu nao aconselho ninguem a ir sem guia, o que mais se ouve por aqui sao estorias de pessoas que desapareceram na floresta, desde pessoas locais a gringos de varias nacionalidades!

O Ultimo dia de caminhada foi de longe o mais exaustivo. Nessa altura a gente ja estava na cabeceira de outro rio, o Cotué. Esse devido a toda chuva estava bem crescido e nós caminhamos o dia inteiro com agua pela cintura, ate a casa de um cara que vive sozinho no meio do mato(conhecido como "el Grijo"). Ele tambem é da Comunidade Ticuna de Buenos Aires mas mora a Tres horas de la. Nesse momento Abelardo e Tomas(um outro Yagua que nos acompanhava para voltar com abelardo) ja nao aguentavam mais de cansaço. Mas tambem nao era por menos. Devido a toda aquela agua, nós caminhamos a maior parte descalços. E caminhar assim todo dia sobre Raizes, pedaços de pau e espinhos é foda mesmo. E eu nao me sentia diferente. Meu pé estava cheio de espinhos e cortes, e eu estava exausto, fora a nossa comida tinha se tornado escaça depois de todos aqueles dias, ja eram 6 dias no total, e como nao conseguimos caçar nada estavamos comendo farinha com milho e Agua. Mas da casa de Grijo faltavam sómente mais 4 horas por trilha bem mais aberta devido a movimentaçao da galera da aldeia por aquelas bandas. E mesmo muito cansado eu nao queria ter que acordar e caminhar outra vez. Tomei a frente e os conevci a irmos, sai em disparada pois faltava pouco para escurecer, Abelardo e Tomas mal me acompanhavam, e conseguimos fazer a trilha em 3 horas, chegando com o ultimo resquicio de luz.

Chegamos na Aldeia e uma senhora ofereceu sua casa para dormirmos. Cada parte de nossos corpos doiam, Abelardo e Tomas me pediram remedio para dor. Rapidamente dormimos. No Outro dia de manha abelardo e Tomas se foram me deixando só nessa comunidade.

Eu estava na casa de Doña Maria Helena e Don Florentin. Eles estavam muito desconfiados, e assim pareciam todos os membros da aldeia, até que eu descobri porque. Eles lá, acreditam que existe uma especie de luz que voa sobre os rios da regiao, essa luz eles acreditam ser uma espécie de nave e que ela é pilotada por gringos que cortam a cabeça dos locais. Eu sei que parece extremo, mas é verdade, eles acreditam fiamente nisso. E por mais que eu tenha dito que era brasileiro, eu sou Branco e Loiro, e naquela terra eles nunca haviam visto alguem como eu, e logo assumiram que eu era um corta-cabeça. Houve muitas perguntas, e eu tava morrendo de medo, nao sabendo do que eles seriam capazes. Esquecam o bom e velho indio de arco e flecha, hoje eles todos tambem tem espingardas. Agora tentem imaginar quando eles me levaram para a maloka central onde estavam varias familias, todos se comunicavam muito rapido na lingua deles e as vezes saia uma pergunta em espanhol. Crianças nuas, pintadas de negro corriam a minha volta. Enquanto eu tentava fazer eles entenderem que eu estava la somente para conhecer. Eles nao conseguiam entender essa ideia. Como que uma pessoa podia sair de tao longe somente para ve-los. Mas depois de dois dias de interrogatorio e muita tensao, nós ficamos amigos e eles carinhosamente me apelidaram de corta-cabeça, e davam muita risada quando falavam isso. E Nós conversavamos sobre os lugares que eu havia passado enquanto tomavamos Tchitcha, uma bebida que eles fazem da Macaxeira, e que deixa bebaço.

Eu tive que esperar por la por quase uma semana no total ate que alguem fosse para Tarapaca. Mesmo estando exausto e cansado da trilha, nao podia comer muito pois minha comida ja tinha acabado, e eu nao contava com essa espera. É estranho estar em um lugar onde nao importa quanto dinheiro voce tem, pois nao hà nada para comprar. A comida que eu comia era a pesca ou caça de Don Florentin, ou alguma carne e banana que eu conseguia pedindo pras pessoas que eu conhecia. Eu acho que eu perdi muito peso. Eles mesmo nao comem muito pois na ha muito pra comer. Cada dia que passava eu ficava mais cansado. Assim num belo dia saimos para tarapacá. O Problema era que nos estavamos em muitos, Don Florentin, sua esposa, seus 4 filhos. Uma Outra Mulher com mais 4 filhos, dois madeireiros que haviam chegado por la tambem, um Porco selvagem e muita banana. Para comer somente banana e farinha. Com a fome que tinha, eu fantasiava em comer aquele porco pela noite enquanto todos dormiam e falar que foi uma onca que nos atacou e robou uma parte do porco e fugiu nadando. Será que eles iam acreditar? O unico problema é que esses porcos sao os bichos mais escandalosos do mundo, só de encostar neles eles gritam feito gente, alto pra burro!

O Problema principal(fora minha fome) era o seguinte, nós so conseguimos 3 galoes de gasolina com uma pessoa da comunidade, e para chegar a tarapaca sao 4 galoes. Assim, nós saimos ao meio dia, todos nessa canoa bem grande construida de uma arvore só. As nove da noite a gente desligou o motor e ficamos até 5 da manha a flote, ou seja descendo no ritmo do rio. Esporadicamente acordando com algum galho da beira do rio ralando na cabeça, ou barulho de algum bicho no mato. Depois das 5 nos ligamos o motor outra vez e chegamos em Tarapaca la pelas 10 ou 11 da Manha. Quase 24 horas de Viagem. Minha bunda quadrada de ficar sentado na tabua tanto tempo, minhas costas doendo, e eu ja tava praticamente alucinando com comida, faltando um poquitiko assim pra eu atacar aquele porco!

Tarapaca é uma cidade abandonada. O que me pareceu pelo pouco tempo que la passei é que é habitada por madeireiros e traficantes. Certeza que tambem ha muitos guerrilheiros a paisana, mas quem domina la é o exercito que esta por toda parte e nao hesitam em pedir passaporte, nunca saia na rua sem documento. Esses soldados sao do mau galera, acostumados a matar guerrilheiros e por mais que eu sorria e era simpatico, nem um fio de sorriso ou simpatia se expressava no rosto deles. Só ha uma rua na cidade e uma pista de pouso bem precaria da onde saem avioes pequenos de 5 passageiros em sua grande maioria voos militares. Na rua se ve muitos caras carregando cordoes e dentes de ouro, sempre bebendo, e rindo. Eles riem que nem aqueles caras malvados dos desenhos animados e sao bem medonhos. A cidade fica no rio Putumayo bem perto da area controlada pela guerrilha. E Ontem quando eu estava la vi nos noticiarios que um guerrilheiro muito importante havia sido assassinado, e a Colombia estava entrando em crise diplomatica com a Venezuela. Eu nao quis ficar por la pra ver no que ia dar e por sorte na proxima manha saia uma daqueles avioes de 5 passageiros para Leticia, e eu resolvi tomá-lo. O que é uma aventura por si só. O Aeroporto consiste somente em uma pista de pouso asfaltada e bem irregular, no canto da cidade. É só essa pista mesmo no meio de um campo, e no canto da pista tem uma casinha que parece favela, pedacos de pau cobertos por uma lona plastica que na verdade é onde vivem uns 4 ou 5 soldados, e eles controlam a pista de pouso. Quando o teco-teco chega, antes de voce poder embarcar eles vao checar toda sua bagagem, um figura ate pegou o meu diario onde eu escrevo sobre minhas viagens e ficou lendo mó tempao. O voo dura menos de uma hora e vai bem baixo. Da pra ver bem cada arvore, e uma tapete verde infinito, uma visao que eu nunca vou esquecer.

Agora estou de volta em Leticia e amanha ou depois vou entrar pro Peru. E por hoje é só pessoal.

-------------------------------------------

 

Pacote que eu fechei de quatro dias com aquela agencia, com tudo pago me custou 400R$. Mas vc nao precisa fazer assim. Na Aldeia yagua que fica a 30 minutos de Leticia na lancha expressa(23R$), há muitas pessoas que oferecem guiadas para essa cachoeira que eu mencionei. Os preços por dia do guia começam a 20R$ e vao ate 50R$. Se vc carregar sua propria comida e coisas só um guia basta, mas senao vc precisa de um carregador. Essa trilha e de dois dias e facil. O peque-peque com motorista que eu aluguei pra nos deixar na cabeceira do amakayaku me custou 60R$(foi um roubo), e eu tive que por cerca de 35R$ de gasolina. Vale lembrar que na colombia a gasolina é por galoes e nessa parte isolada do mundo chega a custar 12,50R$ Galao em tarapaca, e 8,50R$ em Leticia. La na Ldeia de Buenos aires dinheiro nao existe mas mesmo assim eu dei 20 R$ para Don Florentin no final de tudo, dei tambem alguns remedios, minhas panelas, e um cacho enorme de Banana. Eles ficaram bem agradecidos. Eu recomendo para quem quiser fazer esse caminho que procure Tomas na Aldeia Yagua, pois ele se mostrou muito amigo, ajudou muito, e parecia ter uma melhor noçao de localizaçao que abelardo. Ele deve cobrar 30 ou 40 por dia. E vc tem que levar sua comida, e ele deve levar uma espingarda para que comam no caminho. Essa trilha já é bem séria e para pessoas com experiencia de caminhada na floresta. Voo de volta de Tarapaca a Leticia em aviao capenga sai 230R$. Acho que sao todos os preços. Qualquer coisa é só perguntar.

--------------------------------------------

Ai BCanever,

Cara, eu caminho meio que sem rumo mesmo, bem que eu tento planejar mas sempre mudo de ideia no meio. Essa viagem ja dura quase 3 meses e começou quando eu sai de Sao Paulo para conhecer Fortaleza, e me deu a louca de entrar pra Floresta. Foi Fortaleza, Jericoacoara, Lagoinha, Mundau, Flecheiras, Sao Luis, Barreirinhas, Lençois Maranhenses, Belem do Para, e o resto vc ja sabe!

 

E ai Enxaqueca

Valeu por apreciar a viagem ai. E a bebida nao tem jeito, quando nao é a cervejinha é chapando o coco tomando TchiTcha de Macaxeira com os indios na Selva Colombiana!! haha

 

 

Abraço ai Galera

-------------------------------------------------

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Membros

47293_ATgAAABz9JvpXu7_2lL5HA9PVjZaY8_Ik6NoQcJ1We0rnPq0xmTTJdQQzPZZKaS5YLh3aVjHro3jn95h8RvsUPUsc7WxAJtU9VB7jf5scjuL4dDGhLNmQPH5dYapEg_1.jpg

 

Isso ai em cima, é uma arvore que caiu deviso a um cyclone. Nessa selva a gente se sente fraco e pequeno, e parte de um sistema de tamanho e força infinitos.

 

47293_Madeira_1.jpg

 

Ai esta o que poucos veem, extracao de madeiras especificas. Os madeireiros que fazem esse trabalho, conhecem a floresta as vezes até melhor que muitos indios. Parte deles sao indios. Eles ganham 1R$ por cada tora dessa que eles cortam. Passam meio ano dentro da floresta sem ver ninguem. Um trabalho horrivel, mas as pessoas daqui nao tem muitas opçoes. O que mais se ouve sao estorias de irmaos que foram sequestrados pela guerrilha e ja morreram em combate. Ou um filho que morreu de uma dor na perna. Uma realidade que quase nao cabe na nossa concepçao. Agora quanto dinheiro que as grandes empresas ganham em cima desse povo batalhador? Ai que mora o problema, os colarinhos brancos que sentados na suas cadeiras ganham dinheiro sem sujar suas maos.

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Membros

47293_Tapiri1_1.jpg

 

Um acampamento rapido pra passar a noite, essa é minha rede de selva, como a cobertura nao ta impermeavel ainda, por cima ta a minha capa de chuva, que por ser muito curta, precisou de uma cobertura extra com aquelas folhas...

 

47293_Tarta_1.jpg

 

Ai foi nosso ultimo almoço descente... um dia de chuva foda, num dava peixe. O resto dos dias foram dificeis!! Nos viravamos como podiamos. Os naturalistas que me perdoem, mas pra esses tipos de trilha nao é possivel levar comida pra todos dias.

 

47293_Sorriso_1.jpg

 

Aprender com eles a sorrir. Menina Ticuna na aldeia...

 

47293_peque_1.jpg

 

Duas Familias da Aldeia, dois madeireiros, um porco e eu nessa canoa. 24 horas de viagem, e pela noite somente flutuando com a corrente. Dormiamos como podiamos.

 

47293_Aviao_1.jpg

 

Um outro angulo da trilha que eu fiz...

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Membros de Honra

Caramba cara... excelente rs... que inveja.....

 

cara .. continue dando noticias.... postando fotos..... que a sua viagem é maravilhosa... e é uam viagem que poucos fizeram.. admiro muito sua coragem de viajar para tais lugares....

 

abraço e fico na espectativa de novas fotos e estorias...

 

abraço

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • 3 meses depois...

Participe da conversa

Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.

Visitante
Responder

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emojis são permitidos.

×   Seu link foi automaticamente incorporado.   Mostrar como link

×   Seu conteúdo anterior foi restaurado.   Limpar o editor

×   Não é possível colar imagens diretamente. Carregar ou inserir imagens do URL.

×
×
  • Criar Novo...