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Relato de viagem à Índia, Nepal, Sudeste e Sul da Ásia - Janeiro de 2013


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Dias 129 a 130 - Da Nang

 

Em geral, a maioria das pessoas que viajam de norte a sul pelo Vietnã, de Hanói para Saigon, vão após Hue, para Hoi An. Eu resolvi fazer uma parada em Da Nang. A cidade fica no caminho e estava na rota dos ônibus turísticos, tinha praia e era uma cidade com um grande crescimento no país. Além disso, eu havia conhecido duas moradoras da cidade pelo Couchsurfing que me convidaram para mostrar a cidade e não queria perder a oportunidade dessa interação. Eu acredito que é dessa forma que conhecemos melhor o país: através das pessoas e não através das atrações turísticas. Comentei algo sobre isso no post Turismo de Culpa. O primeiro dia foi rico justamente em função dessa interação. Conversamos sobre a vida delas na faculdade, da moradia distante dos pais, das possibilidades de futuro, de viagens, enfim, como o dia a dia do outro lado do mundo pode ser tão diferente, mas ao mesmo tempo as dificuldades podem ser tão semelhantes das que vivem os estudantes no nosso país.

 

Na cidade de Da Nang existem duas áreas bem diferenciadas: a área central e a área praiana. Ambas são separadas pelo rio Han por cinco pontes (três delas belíssimas). A área central, embora não lembre a bagunça de Hanói, mostra o lado de uma cidade grande, com trânsito e muitas motocicletas indo e vindo por todos os lados. O lado praiano parece outra cidade: amplas avenidas, poucos veículos, muitos quarteirões vazios, mas com uma crescente ocupação, principalmente de hotéis, embora pareça que a oferta é bem maior do que a demanda. No hotel que fiquei não havia praticamente ninguém hospedado. A praia e seus arredores são muito bem cuidados. Calçamentos impecáveis, jardins constantemente aparados e irrigados mostraram um Vietnã que eu ainda não tinha visto, moderno e preparado para crescer. Naturalmente, não era uma das mais belas praias que havia visto, mas era bem gostosa, com uma vista montanhosa na esquerda muito bela, e que estava privilegiada no dia da visita, com nuvens densas cobrindo os picos de uma forma não usual. Algo como uma calda de açúcar quente colocada num sorvete gelado…

 

A estadia na cidade foi rápida, e além da praia em si conheci alguns pontos da cidade junto com as amigas do Couchsurfing. Da Nang é uma cidade com grande crescimento no Vietnã, com uma economia forte, principalmente em função de seu porto, e mostra uma dinâmica atividade na construção civil. Não é entretanto, uma cidade turística, e, exceto pela praia, não possui muitos lugares específicos para conhecer. Nós fomos no Templo Cao Dai, uma religião nova que eu não conhecia e que tem ao menos 7 milhões de seguidores no Vietnã (http://pt.wikipedia.org/wiki/Portal:Cao_Dai). Fomos ainda visitar a catedral da cidade, onde estava acontecendo uma missa. O catolicismo tem muitos adeptos no Vietnã em função da influência francesa. No dia seguinte, visitei também o Pagoda Phap Lam, que possui em seus jardins 3 grandes estátuas de Buda e andei bem pela cidade, inclusive visitando um grande supermercado e me deliciando com algumas delícias da padaria de lá, com preços do Brasil da época do Plano Real… No segundo dia, parti a Hoi An em uma viagem curta, de cerca de meia hora.

 

Mais fotos aqui.

 

Próximo post: Hoi An.

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Dia 131 a 133 – Hoi An, Vietnã

 

A distância de Da Nang para Hoi An é de apenas 25km, o que resultou na menor viagem que fiz até agora no Vietnã. De uma cidade nova, grande e em crescimento, fui a uma cidade antiga, pequena, mas com crescente movimentação turística em função de sua atribuição pela UNESCO de Patrimônio Cultural da Humanidade (mais uma). Hoi An, entretanto, merece muito ser visitada. Apesar de ser uma cidade fundamentalmente turística, possui uma harmonia entre a beleza de suas antigas casas e construções chinesas e japonesas, muitas delas atualmente restauradas, entre a funcionalidade dos inúmeros e aconchegantes hotéis espalhados pelas suas ruas, na maior parte estreitas e de trânsito limitado para automóveis e entre seus inúmeros restaurantes, que embora cobrem valores maiores, possuem uma atmosfera agradável e o convida à refeição. Para aumentar o leque de opções, fica a 3km da praia mais próxima, possibilitando prazerosos banhos de mar com um conforto de uma razoável infra-estrutura. E se a aventura for além, permite a visitação de várias vilas locais baseadas na pesca e a aproximação mais forte com a cultura do país.

 

A história da cidade é complexa, em função da interação de muitos comerciantes de diversas partes do mundo, que usavam o porto de Hoi An como principal ponto comercial de seus produtos. Japoneses e chineses deixaram profundas marcas, especialmente os últimos. Árabes e europeus também colaboraram para o mix cultural, sendo que Hoi An foi uma das primeiras cidades expostas ao Cristianismo no Sudeste Asiático. Essa herança torna a pequena cidade única e partilha as diversas construções de época, muitas delas renovadas e bem conservadas, que podem ser visitadas. A pequena ponte japonesa sobre um canal do Rio Thu Bon existe desde 1590 e foi restaurada completamente em 1986, e desde aquela época resistiu a todo tipo de tráfico imposto, pois já tinha sido construída solidamente para ser estável sob a ação de terremotos. Muitas construções chinesas, como casas e locais de reuniões de assembléias que datam de desde o século XVII estão por toda a parte, e podem ser visitadas (algumas permitem a entrada mediante um ingresso). Bonitos pagodas fundados desde o século XV (Chuc Thanh Pagoda – 1454) estão presentes pela cidade e retratam a atmosfera do budismo Mahayana, predominante no Vietnã, assim como alguns templos confucionistas. Enfim, oferecendo muitas opções de passeios históricos, Hoi An preenche os anseios do visitante interessado na história da cidade e do país.

 

A vida noturna da cidade é agitada, porém apenas até às 22:00hs, como na maioria das cidades vietnamitas. Muito iluminada e decorada com luminárias chinesas, torna-se aconchegante para as pessoas sairem para jantar nos inúmeros restaurantes ao longo do rio. O prato principal aqui é o Cau Lau, um noodle de arroz, carne de porco, verduras, brotos de feijão temperados com um molho de capim-limão. Aqui é muito frequente a presença da Bia Hói, cerveja que comentei no post de Hue e que custa entre R$0,40 e R$0,50 a caneca. Possui ainda um comércio fervilhante no qual se destacam as centenas de costureiro(a)s que oferecem qualquer tipo de roupa sob medida com entrega garantida no dia seguinte. O mercado noturno é rico, com produtos que variam desde simples bijouterias até bonitos enfeites de mesa e abajures chineses. Como em toda cidade vietnamita, mulheres passam carregando todo tipo de frutas nas suas “balanças” de ombro, mas aqui surgiu um produto novo: patos vivos. E pareciam felizes, não sabiam ainda do seu destino…

 

Eu fiz o passeio em Hoi An com uma brasileira que havia conhecido em Hue, e estávamos viajando na mesma direção ao sul. Em um dos dias, na volta para o hotel, passamos por um orfanato por acaso e arriscamos a perguntar se podíamos visitá-lo. O segurança, com a típica amabilidade da maioria dos vietnamitas, permitiu e foi nosso guia no local. Infelizmente, um guia com comunicação através de mímicas, pois ele não falava quase nada de inglês, e assim não podemos saber de forma profunda como funciona o centro. O que vimos porém, foi algo bem cuidado, limpo e profissionais que demonstravam um carinho muito grande pelas crianças. Haviam portadores de deficiências, como síndrome de Down e paralisia cerebral, mas também crianças sem nenhum problema cognitivo aparente. Apesar de parecerem bem tratadas, demonstravam uma carência grande e na sala de aula, praticamente se jogaram para nossos colos. Depois disso, o difícil era sair de lá…

 

Em um dia, alugamos uma scooter, modelo que perfaz 99% dos modelos de duas rodas motorizados existentes no Vietnã por um preço irrisório: US$4 por dia. Os dois litros de gasolina usados custaram US$2,5. Usamos a moto o dia inteiro pagando então, apenas R$13,00! Foi um dia super aproveitado, e incluiu o suicídio de uma borboleta que se espatifou no óculos que eu usava, passagens com a motoneta ao lado de búfalos com cara não muito amigáveis e interrupções de uma reunião de centenas de patos em um dos açudes. Nunca havia visto tanto pato junto! Andamos 60km pela região e conhecemos muitas vilas locais, povoações de pescadores, as bonitas praias de Cua Dai e An Bang, além de mais uma ao norte habitada apenas por pescadores. Descobrimos um bonito tempo que não estava em nenhum dos guias. Tudo isso passando em estradas rurais, muitos açudes que alimentavam centenas de campos de arroz. A infra-estrutura rodoviária, mesmo dessa região, é surpreendentemente muito boa. Apenas no final encontramos uma estrada de terra um pouco mais mal-cuidada, mas as anteriores, sempre calçadas, embora sua largura invariavelmente sempre abaixo de 4 metros, o que dificulta a passagem de uma caminhão facilmente. Caminhos feitos para bicicletas e motonetas, que são, de fato, a prioridade de escolha do povo vietnamita.

 

Na cidade ainda visitamos o lado “de lá”, isso é, a área não turística, em direção ao velho porto. Surpreendeu novamente a boa infraestrutura da cidade, bom asfalto, boas calçadas, bonitas casas verticais (aqui no Vietnã é um padrão; pouco terreno e muita altura) e uma limpeza urbana razoável, que, mesmo não apresentando nota 10, não faz feio aos demais países da região. Nesse dia apenas não gostei de um outro prato típico que experimentei em um agradável restaurante ao lado do rio: bahn lao, ou “white rose”, feito de uma massa de farinha e batata enrolando uma mistura de carne, alho, ovos, cogumelos e vegetais. Insosso e caro para os padrões vietnamitas, vinha servido em uma porção de tamanho “infantil” e contribuiu para que minha fome chegasse mais cedo posteriormente. Mas a liberdade das experimentações sempre envolvem riscos, e é justamente isso que nos faz independentes!

 

Mais fotos aqui.

 

Próximo post: Nha Trang.

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Dias 134 a 137 – Nha Trang

 

A chegada na cidade a partir de Hoi An ocorreu durante o nascer do sol, antes das 6 horas da manhã, e percebemos in loco a diferente rotina de horário que os vietnamitas possuem em relação a nossa cultura ocidental. Eles acordam muito cedo e dormem bem cedo também. A praia é muito cheia no horário das 5 e meia da manhã até às 8:00hs, e volta a encher novamente após às 17:00hs. Fogem do sol, indubitavelmente. Quando acrescentamos o fato de que muitos se mumificam no dia a dia, usando máscaras no rosto e roupas compridas mesmo embaixo do sol, percebemos que exista talvez algo mais além do que simplesmente uma manutenção da saúde da pele. Ouvi comentários (posteriormente confirmados) que aqui, assim como nos países mais a leste da Ásia, beleza significa pele clara, além de traduzir uma posição social melhor, em oposição às pessoas de pele mais escura que necessitam trabalhar dia a dia no sol. Totalmente diferente da cultura ocidental, onde um bom bronzeado é o desejo da maioria.

 

Se você procura uma bonita praia com águas e areias claras e uma excelente infra-estrutura de cidade grande no Vietnã, seu destino é Nha Trang. Novamente, o país surpreende pelo cuidado na manutenção das bonitas avenidas e jardins. A avenida Than Phu é um exemplo disso: 6km margeando as praias com bonitos boulevards com calcadões, parques e um agitado comércio e restaurantes. A praia é de tombo, com uma queda abrupta da profundidade: a menos de 10 metros da margem, já não dava mais altura para ficar de pé. Mas não existem quebras de ondas fortes e a corrente é fraca, o que não a torna perigosa. No final da tarde, a caminhada na praia da região central, próxima à água, transforma-se em uma agradável dificuldade, necessitando de inúmeros desvios para não passar por cima da infinidade de crianças esbanjando felicidade nas suas margens. É uma diversão ver tanta alegria estampada em seus rostos.

 

A cidade oferece ainda algumas atrações para quem não quer ficar somente na praia. No lado oeste, existe uma bonita catedral, construída entre 1928 e 1933 em estilo gótico francês com lindos vitrais acima do altar, a menos de 1 km da região central. Caminhando mais 500m, chega-se a Pagoda Son Lao, construída no século XIX e cuja entrada e painel superior são adornados com mosaicos de vidros e cerâmicas. A pagoda fica ao lado de um monte que pode ser acessado por uma escada de 152 degraus para alcançar uma grande estátua alvíssima do Buda sentado sobre um botão de lótus. Ao redor da estrutura existem outras estátuas, incluindo um grande Buda deitado. A vista da cidade, porém, embora a altura seja privilegiada, é um pouco prejudicada pela vegetação ao redor. Ao norte da cidade, outros pontos visitados foram as torres Po Nagar Cham, construídas entre os séculos VII e XII AD, pela dinastia Cham e até hoje local de devoção budista. Encontramos muitas oferendas e orações ao redor da área, além de muitos artesãos locais, construindo quadros com imagens em areia e fiando tecidos. De quebra, o local permite uma bela visão da Baía do Rio Cai ao norte da cidade.

 

Caminhando à leste e ao norte a partir desse ponto, encontramos praias mais isoladas e bonitas vistas próximas à projeções de granito que avançam ao mar (Hon Chong). Essa área é facilmente alcançada pela linha de ônibus número 04, que passava em frente ao hotel. Ela cruza a cidade de norte a sul e ajudou-nos a visitar também, agora na parte sul, o aquário municipal e o porto, sempre no conforto do ar condicionado. E diferentemente dos preços de ônibus no Brasil, aqui ele custa somente R$0,50. O aquário, embora não seja a oitava maravilha do mundo, é honesto, e mostra várias espécimes de peixes dessa região asiática, inclusive alguns pequenos tubarões e belíssimos corais.

 

A noite de Nha Trang possui um certo agito. Muitos bares, muitos coloridos neons bem ao gosto vietnamita, além de cerveja barata. Na maioria dos lugares, as hostess saem no meio da rua para angariar novos clientes e preencher as mesas dos bares, cuja oferta é grande e faz com que cada turista seja uma particular mina de ouro, principalmente pelo fato de que não estávamos em época de alta temporada. Após o barzinho, existem nas ruas (como no resto do país) carrinhos de lanches (Bánh mì) onde por menos de um dólar podemos encher a barriga com uma baguetinha cheia de derivados de porco e vegetais. Nesse dia o segurança de uma loja estava ajudando a senhorinha a fazer os lanches. Surreal... O fato interessante na cidade é que a cidade é um dos principais destinos turísticos dos russos. Existem milhares deles, todos com cara de agente secreto. Menus nos bares e restaurantes estão escritos em inglês e em russo. Aqui eles dominam totalmente o turismo na cidade, fazendo com que os habitantes tenham de aprender tanto o básico em inglês quanto nessa linguagem.

 

O ponto forte da visita em Nha Trang, porém, foi uma visão espetacular do céu enquanto caminhávamos pela praia durante o pôr do sol. De repente, quando o céu começou a escurecer, um show de luzes apareceu um pouco acima do horizonte, com nuances azuis, amarelos e avermelhados. Começou de forma tímida, mas depois ampliou-se e contrastou ainda mais com o escurecimento do céu. Não é um fenômeno comum por aqui, pois todos na praia pararam para observar e admirar. Uma certa reverência surgiu, pois eu nunca tinha visto nada parecido. Inconscientemente, sempre temos alguma reverência ao desconhecido, o que pode ser bom quando ela é preenchida com curiosidade e humildade, e não com medo e submissão… Eu não entendo de fenômenos atmosféricos, então, não sabia do que se tratava. Quando postei a foto no facebook, um amigo comentou que era uma aurora boreal (só que não “boreal” e sim “equatorial”). Até questionei, pois achava que isso ocorria apenas nos pólos, embora ele me garantiu que também pode acontecer próximo ao equador, o que confirmei posteriormente através de sites. Assim, a princípio, vou considerar que presenciei uma aurora “boreal” no Vietnã até que alguém venha cortar o meu barato .

 

Mais fotos não editadas aqui de Nha Trang e desse fenômeno.

 

Próximo post: Cidade de Ho Chi Minh

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Dias 138 a 140 e 143 a 145 – Ho Chi Minh, Vietnã

 

Cheguei em Ho Chi Minh com o dia amanhecendo, da mesma forma que Nha Trang. Estava estabelecido na cidade que me forneceria a última experiência no Vietnã, uma vez que meu vôo para Bali sairia daqui. A estadia na maior cidade e centro econômico do país ocorreu em duas etapas. Após 3 noites na cidade, adquiri um pacote turístico para o Delta do Mekong, com duração de dois dias. Na sequência, voltei à cidade para as despedidas finais. Esse post trata de ambos períodos em Ho Chi Minh. No próximo post, regredirei um pouco no tempo e comentarei sobre o Delta do Mekong. Ho Chi Minh proporciona todas as diversas sensações que uma grande cidade pode oferecer, como o contraste entre o moderno e o novo, experiências culturais, diversos museus, milhões de locais para compras e principalmente, o teste mais radical para a desenvolver sua experiência em atravessar ruas e avenidas inundadas de scooters nos muitos cruzamentos sem semáforos. Como andei muito a pé, acho que tirei meu diploma de Ph.D nessa área de conhecimento.

 

Ainda viajando com a brasileira que conheci na região central do Vietnã, fizemos a maioria dos programas juntos. Elegemos alguns pontos a serem visitados na cidade, como o Museu da cidade de Ho Chi Minh, que possui um arsenal de objetos, pinturas, vestimentas, mapas, moedas e muitos mais artefatos que construíram, ao longo da história, a história do sul do Vietnã. Estivemos no Museu da Guerra, cuja amostra de fotos mostra sem disfarces os horrores que uma atividade desencadeada por Estados pode causar; fotos de pessoas mutiladas, queimadas por agentes químicos e com mal formação após o nascimento em função desses agentes. Muitas delas, crianças. Algumas áreas da realidade sempre chocam. Permite ainda o contato próximo de armas, bombas e, inclusive, aviões, helicópteros e tanques, que estão expostos na área externa do museu. O museu cobre principalmente a Guerra Vietno-americana, mas possui algumas informações e peças da Guerra pela Independência da França. Claro, sempre vista sob uma perspectiva vietnamita, que não exclui as (reais) atrocidades ocidentais, mas omite sempre suas próprias atrocidades. Outro ponto visitado foi o Palácio da Reunificação, símbolo de poder do Vietnã do Sul que foi tomado pelo Vietnã do Norte em 1975, colocando um fim na guerra interna do país. É apresentado como um motivo de orgulho nacional, como uma demonstração da superioridade das forças comunistas sobre as demais, exibindo em seus jardins, o primeiro tanque soviético que entrou no palácio encerrando o conflito. O palácio, apesar de ser apresentado por um bom guia, não oferece muito para se admirar, exceto pelo fato da visita ao seu bunker, construído na década de 60 para proteger o então impopular chefe de estado de seus inimigos.

 

Visitamos em um dia os famosos túneis de Cuchi, que foi um dos grandes campos de batalha da recente guerra. O heroísmo dos vietnamitas é apresentado aqui em virtude de uma construção de inúmeros túneis na região, que chegaram, segundo eles a estender-se por 200km e eram usados para o combate de guerrilha contra os norte-americanos. O que está aberto para visita (ou o que existe; é fácil falar que existiu sem mostrar) são pequenos túneis de cerca de 1 metro de altura, mas sem adjacências, ou seja, toda a estrutura que pudesse manter os vietcongs por tempos sem contato com o mundo da superfície, não é mostrada. O que vi do túnel que atravessei não me impressionou, até porque fiz relação com os túneis que os cristãos viveram nas cidades subterrâneas que visitei na Capadócia. Aqueles sim, são fantásticos, de alta tecnologia envolvida. Sem comparação. O que vi de mais interessante em Cuchi foi o mostruário das armadilhas que os vietcongs usavam na floresta para sua guerra de guerrilha. Fotos dos norte-americanos mortos e e mutilados por essas armadilhas não estavam no Museu da Guerra. Mas, ok, um desconto pode ser dado pois eles eram, afinal, os invasores…

 

A cidade possui muitas pagodas, muito frequentada pelos vietnamitas, embora a religiosidade no país não esteja tão incorporada quanto no Camboja ou Laos. A pagoda mais interessante foi a Jade Pagoda, que, apesar de não impressionar muito na sua apresentação inicial, possui um interior riquíssimo de estátuas, imagens e um grande público local, que lotava seu recinto, acendendo incensos e tornando seu interior um teste de resistência à asfixia. Apesar de o budismo Mahayana ser a principal religião do Vietnã, o catolicismo possui um percentual grande de adeptos. Existem muitas igrejas católicas na cidade e em muitas delas, percebia-se um número grande de fiéis em seu interior. Algumas construídas com forte influência arquitetônica local. Menos comum, o islamismo é praticado por grupos locais e em nossas andanças encontramos apenas uma mesquita na cidade.

 

Ho Chi Minh, da mesma forma que as demais cidades visitadas no país, acorda muito cedo. No meu último dia da cidade tive que sair do hotel às 5 e meia da manhã e muitas pessoas, dentro de uma ampla faixa etária, corriam, se exercitavam, e até jogavam (principalmente peteca). E, embora hajam exceções, a maioria, mesmo dos jovens, não costumam ficar até muito tarde na rua. Por três noites, tivemos a privilégio de sair com amigos locais, conhecidos através do Couchsurfing, e em todas elas voltamos cedo. Uma delas foi um jantar básico em um restaurante, outra um jantar com extensão de comida de rua acompanhada de cerveja estilo Bia hoi e a outra em um barzinho animado com um show de rock de alto nível. Nessa última, de umas 200 pessoas presentes, contei, além de mim e da brasileira, dois estrangeiros que estavam com suas namoradas vietnamitas. E só! Duas bandas vietnamitas se apresentaram e a primeira era muito boa; a vocalista arrasou! Detalhe: o show começava às 08:30hs, bem cedo para os padrões ocidentais. Com uma hora cada grupo, às 10:30hs o som ao vivo havia acabado.

 

Acho que fiz bem de dividir o post. Se comentasse aqui também do Delta do Mekong, ficaria muito extenso :)

 

Mais fotos aqui.

 

Próximo post: Delta do Mekong.

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Dia 141 a 142 – Delta do Mekong - Vietnã

 

De Ho Chi Minh, comprei um pacote de uma operadora local para a visita do Delta do Mekong, com a duração de dois dias, passando uma noite na região dentro de uma homestay mantida por uma família local (hotel era outra opção). Fiquei um dúvida como seria essa homestay, e desconfiei de ser algo meio turístico. Mas mesmo assim arrisquei, e essa escolha nos proporcionou um dos melhores momentos da viagem, narrados a seguir. O delta do rio é, apesar das condições geográficas peculiares – em todo lugar há rios, igarapés, formando milhares de ilhas, uma das áreas mais populosas do país, em uma economia baseada na pesca e no cultivo do arroz, beneficiado justamente por essa abundância de umidade.

 

A viagem teve uma parada inicial na cidade de My Tho, onde paramos para ver a bela Pagoda Vinh Tragn, com uma das estátuas mais divertidas de Buda. Após essa parada, pegamos um barco e até o dia seguinte o transporte principal seria aquático! Paramos em uma ilha um passeio de charrete (?...). Coisas de pacote turístico, sem comentários… E almoçamos, junto com um espanhol e uma colombiana, na ilha Tortoise, um um bonito local com pontes de bambu atravessando igarapés. Jaulas de crocodilos também estavam presentes, e uma das diversões dos turistas era alimentá-los com carne através de varas de bambu. Claro, sempre tentando fazer os bichinhos de idiotas. Mas era divertido vê-los imobilizados e rapidamente, darem o bote na carne. Após o almoço, ocorreu um dos pontos altos da viagem: fomos a um passeio de canoa conduzido por duas vietnamitas entre estreitos cursos de água, admirando as plantações na margem e a vegetação local. E posteriormente visitamos várias vilas, pomares, artesanatos locais, e em um deles tive a oportunidade de carregar uma cobra de 8 quilos nas costas. Sensação meio estranha…

 

Chegando ao final da tarde, fomos para a homestay, em uma viagem que finalizaria com quase 40 minutos de barco por um canal nos arredores de Can Tho. O por do sol, durante essa navegação estava incrível. Pena que a vegetação atrapalhou um pouco a contemplação. A homestay era simples, mas bem aconchegante. Claro, não havia ar condicionado, mas as camas tinham mosquiteiro. Dá para sentir como um bebê se sente dentro de um berço. O jantar na homestay foi servido cedo, logo após quando chegamos, por volta das 18:30hs e foi muito bom! Um peixe delicioso, feito pela própria família, arroz, vegetais e sopa. Acompanhado claro, de uma cervejinha. Até então não fazíamos muita

 

noção de onde estávamos, pois chegamos de barco na residência. Algo como a porta dos fundos para a gente, mas talvez para eles, seria a da frente… Fomos direto após o jantar para a rua no lado oposto e vimos que estávamos em uma autêntica vila local. Sem vendedores, sem agências de turismo, sem pessoas oferencendo táxis e motorbikes para você… um paraíso em tranquilidade. Na volta para a homestay, estava acontecendo uma festa de aniversário de uma moradora local dentro do mercado central (!). E como paramos na frente apenas por curiosidade, fomos convidados a entrar. Em meio a músicas eletrônicas e dançantes como Gangstyle escolhidas por uma espécie de DJ, nos ofereceram cerveja (quente, mas com gelo no copo), puxavam assunto e dançavam muito. O dono do homestay disse que bebem até cair. Muitas crianças estavam no local e dançavam muito. Acabei ficando um bom tempo com elas em uma coreografia que inventei na hora, lembrando das aulas de ritmo e dança da faculdade. Nesse aspecto porém, eu só consigo enganar de forma razoável crianças mesmo…

 

Acordamos para ver o amanhecer e tomar café no mercado local. O mercado é como todos os outros aqui na Ásia: cheio de peixes, caramujos, tartarugas, cobras e outros bichos vivos e também já degolados, com muito sangue escorrido nas calçadas. Voltamos posteriormente para a homestay para o café da manhã, que não foi tão bom quanto o jantar anterior, mas deu para enganar a fome. Após a despedida da família, nos encontramos no barco junto com o grupo que passou a noite no hotel e fomos ao maior mercado flutuante do delta, o Cai Rang. Os barcos, centenas deles, formam uma miríade no rio em uma linha praticamente onde é possível caminhar de um para o outro tranquilamente. Vende-se de tudo o que de pode imaginar nos barcos, desde um noodle quentinho até um café gelado (comum no Vietnã). As frutas, especialidade da região, são inúmeras e muito saborosas.O passeio continuou por vilas locais, mostrando o artesanato realizado pelos moradores. Porém o mais interessante nessa parte final foi a visita de uma mini-fábrica bem artesanal de noodles. Lembrei muito dos meus antigos estudos no Curso de Engenharia de Alimentos, algo que hoje, estou bem distante… Voltamos, após uma viagem de 3 horas, para Ho Chi Minh para os últimos dois dias no Vietnã.

 

Mais fotos aqui.

 

Próximo post: Bali, Indonésia.

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Dias 146 a 151 – Bali, Indonésia

 

Minha ida à Bali, primeiro local na minha visita a Indonésia, criou uma expectativa considerável, em virtude da mistura de misticidade da ilha com um dos spots mais badalados do mundo, presença de diversas paisagens diferentes como praias, montanhas, vulcões e cachoeiras, e uma grande diferenciação religiosa dentro de um mesmo país, pois a grande maioria dos balineses são hindus, ao invés da maioria muçulmana no resto da Indonésia. E mesmo assim, praticam um hinduísmo particular, com elementos de animismo, presentes desde o início do povoamento da ilha que data de muitos séculos atrás, anteriormente ao ano 3.000 a.C. A diversidade linguística está presente, assim como em toda a Indonésia. Esse tipo de diversidade, presentes em outros países da Ásia, talvez seja um dos

pontos mais intrigantes de toda minha viagem, pois a experiência que temos do Brasil, um país sem história antes dos portugueses (estou falando de história escrita, civilização, o que nunca tivemos com as tribos indígenas), colonizado de forma homogênea por todo território, é completamente diferente. Aqui, um um espaço territorial muito menor, convivem centenas de linguagens bem diferentes uma das outras, e o governo central encampa grandes movimentos para unir os indonésios em uma linguagem nacional, o Bahasa. Leva a pensarmos muito em todas as facilidades culturais, sociais e naturais que nosso país possui, e como não conseguimos tirar vantagem disso, promovendo nossa liberdade e melhorando nosso padrão de vida.

 

Minha estadia em Bali foi oferecida através da rede do Couchsurfing, na cidade de Seminyak, bem próxima a Kuta, que podia ser alcançada a pé em 30 minutos, e foi uma ótima experiência, assim como as anteriores. A cidade de Kuta não fica devendo nada a maioria das cidades turísticas do mundo. Totalmente ocidentalizada, nos deixa talvez pouco à vontade em imaginar que estamos na ilha de Bali. Repleta de nightclubs (visitei um durante a semana com 5 andares e nove ambientes diferentes – Skygarden), shopping centers, muitas lojas de artesanatos para os milhares de turistas que circulam pelas ruas em meio a um tráfego absurdo. A presença balinesa é percebida apenas nos inúmeros templos em terrenos particulares pela cidade. Em direção à Legian e a Seminyak, a intensidade dessas percepções são diminuídas, embora a área ainda seja considerada “central” e muitos restaurantes e lojas de artesanato ainda esteja presentes. As praias são bonitas, o mar é limpo e o pôr do sol proporciona um belo espetáculo, mas também é só. Nada muito a acrescentar. Interessante é que a cidade, as ruas, são muito mais cheias do que as praias. Andando por elas não percebe-se que estamos no agitado centro da ilha.

 

Em um dos dias aluguei uma scooter, apesar de saber que aqui a licença internacional é teoricamente “necessária”, embora colegas tenham comentado que é muito difícil ser parado pela polícia. Mas como de vez em quando somos agraciados pela Lei de Murphy, aconteceu comigo. Entre vai e vem de conversas com o policial, tive que deixar 25 dólares com ele para que ele liberasse o veículo da apreensão e da multa. Corrupção corre solta por aqui. Eu estava no começo da viagem, mas mesmo assim decidi continuar. Nesse dia, visitei Ubud, na área mais central de Bali, uma cidade também bem turística com alguns importantes templos e famosa pelo seu artesanato na madeira. Fiz um caminho totalmente rural de Ubud a Sanur, guiado pelo GPS. O tráfico simplesmente desapareceu em certo momento e rodei por estreitas estradas cercadas de pequenos templos e campos de arroz. Um momento de descontração durante o dia. A pequena estrada acabou de repente em uma grande auto-estrada, que me levaria a Sanur, uma cidade no leste de Bali, famosa por ser uma alternativa menos movimentada que Kuta. Sanur possui uma bela praia que em alguns pontos, é uma mera extensão de alguns campos de arroz. No final do dia, voltei a Seminyak por rotas nada turísticas, mas muito movimentadas, agraciado por ter ao redor a verdadeira e tradicional Bali.

 

No final de semana, fui convidado para uma aventura que foge totalmente dos destinos dos turistas da ilha. Junto com uma turma de amigos do Couchsurfing, cerca de 35 pessoas, fui ao norte de Bali, na Vila Pakesan, próximo à praia de Singaraja. Durante o caminho, passamos em volta do vulcão Catur, em uma impressionante vista do monte com um grande lago ao fundo. Foi minha primeira visão de um vulcão ativo. Já em Pakesan, o objetivo era passar o resto do dia, a noite e a manhã seguinte em um orfanato local. O grupo havia arrecadado doações de roupas e dinheiro através de vendas de rifas, além de ter planejado algumas atividades com as crianças. Como entrei de gaiato, não ajudei a organizar o evento, pois todas as atividades já estavam prontas, mas

 

participei em algumas e na apresentação dos países para as crianças (realizada pelos estrangeiros presentes), onde fui o primeiro latino americano a aparecer por aquelas bandas. E sim, o Brasil é conhecido apenas pelo seu futebol mesmo, mais nada… Na noite na vila, na escuridão, tive a oportunidade de ver um céu estrelado como há muito tempo não via (a última vez foi a um ano e meio na Chapada Diamantina). É uma das mais bonitas e intrigantes visões que um ser humano pode ter, que faz com que repensemos muito nossos papéis aqui na Terra (Os nobres desafios). E no retorno da viagem, no Domingo de tarde, passamos em um parque nacional com muitas trilhas e um grande conjunto de cachoeiras – Air Terjun Gitgit. Como não tínhamos tempo, visitamos apenas uma, com 80m de altura, porém muito bonita. O spray que a volumosa quantidade de água fazia quando batia no lago e nas pedras era fortíssimo e formava belos arco-íris próximo do solo.

 

Na segunda-feira seguinte, voltei a Denpasar para pegar meu onibus para Probolinggo, onde um novo colega do Couchsurfing me esperava.

 

Mais fotos aqui.

 

Próximo post: Probolinggo e monte Bromo.

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Dia 152 a 157 – Indonésia, Leste de Java: Probolinggo, Malang e Surabaya

 

A ilha de Bali deixaria saudades, mas a viagem tem de continuar… De ônibus, fui a Java, a mais populosa ilha da Indonésia e seu centro econômico. Minha parada inicial foi em Probolinggo, onde um colega do Couchsurfing me ofereceria apoio para minha ida ao Mount Bromo, um vulcão ativo na ilha. Após uma “meia” noite, onde tive que acordar às 3 horas da manhã, saí em direção ao local, no intuito de alcançá-lo a tempo do nascer do sol, situação muito comentada como belíssima por vários locais e turistas. Eu não achei grande coisa. Um nascer do sol é sempre bonito, mas nada fez sê-lo espetacular. Algumas fotos que vi na internet mostravam a área do vulcão cheia de pequenas nuvens, mas isso só acontece durante poucos dias do ano. Não tive essa sorte. Com os primeiros raios do sol, entretanto, pude ver com mais detalhes onde estávamos. O lugar em si era mais interessante que o nascer do sol propriamente dito. A visão do vale onde o vulcão descansava era impressionante. Em meio a um terreno lunar, conhecido como Sea of Sand, com areia negra e muito pedregoso, jazem vulcões extintos, como o Mount Batok e ativos, como a grande cratera do Bromo e a alta montanha do Mount Semeru. Chegar na cratera foi uma aventura de moto, pois a areia preta estava úmida e muitas vezes quase ficamos atolados. A caminhada em direção a cratera tem um quê de solene, quando, em meio ao solo rochoso, escuro e vulcânico, nos damos conta que estamos em frente a um protagonista que é responsável por uma das maiores demonstrações de força da natureza. Comentei um pouco disso no artigo "Os nobres desafios". Estar na boca da cratera esfumaçante a sensação é ainda mais intensa, é imaginar uma viagem ao interior de nosso planeta e todas as condições internas, estáveis ou não, que nos mantém aqui no lado externo. E como tudo pode acabar de uma hora para a outra, cabendo à humanidade apenas o seu monitoramento e nada mais.

 

De Probolinggo, segui viagem a Malang, onde outro colega do couchsurfing me esperava. Encontraria muitos amigos do CS na cidade, onde participamos de uma reunião do grupo na minha última noite. Malang é uma cidade com uma bela arquitetura colonial, herança recebida pelos holandeses mas também aliada com elementos locais, como o edifício da prefeitura (Balai Kota) e inúmeras mansões na Avenida Besar Ijen. É também conhecida pela grande variedade culinária e baixos preços. Realmente, se come bem aqui por apenas um dólar a refeição! O Museu da Guerra vale a pena ser visitado, com um mostruário rico sobre a história e as armas usadas nas batalhas. O mercado de animais vale a visita, mas é algo desolador de se ver, pois muitos animais, principalmente aves, ficam trancafiados em pequenas jaulas para serem vendidos. Andamos bastante pela cidade, pelas praças e mercados, e a cidade, com boas avenidas, praças e limpas para os padrões que tenho visto, agradou aos olhos. Todas as companhias que encontrei por aqui (acredito que fiz ao menos 4 bons amigos) fez da minha estadia algo bem agradável.

 

Por duas vezes, fui ao norte na região de Batu, onde, em uma terreno montanhoso, além de lindas plantações de arroz em terraços, encontram-se cachoeiras, montanhas, águas termais e o Selekta, um bonito resort, com interessantes locais, como aquários (superpovoados de peixes, possibilitando até “acariciá-los”), um belo jardim de diferentes flores e excelentes piscinas. As cachoeiras, onde estive no primeiro dia com uma amiga, estavam lotadas (feriado nacional) apenas com residentes da região, assim como as águas termais no dia seguinte e o resort, dia em que fui com meu anfitrião e uma outra amiga. Vi apenas um estrangeiro em Malang durante a reunião do grupo do CS. Foi excelente a convivência com pessoas da própria cidade, saindo do roteiro turístico e percebendo como é a real vida dos indonésios. Sinto-me melhor em uma viagem dessa forma do que simplesmente a simples visitação de pontos turísticos, como citei em "Turismo de culpa". A reunião do grupo na sexta-feira, com cerca de 25 pessoas, mostra que o CS aqui tem uma força razoável, e essa comunidade só tende a crescer pelo mundo.

 

Seguindo viagem, fui à Surabaya de trem. Na verdade desci em uma estação antes de chegar à Surabaya, pois uma amiga me esperava para irmos à Trowulan, um sítio arqueológico e antiga capital do maior império hindu da Indonésia no século XIII e XVI que ficava cerca de 40km de Surabaya. O império caiu no século XV após as invasões islâmicas e suas ruínas, cobertas pela vegetação foram descobertas apenas em 1815 por um explorador inglês. As construções, entre templos, portões, cemitérios e piscinas de banho, estão espalhadas em uma grande área e o Museu Trowulan guarda inúmeras peças retiradas das escavações arqueológicas da região. Em Surabaya, segunda maior cidade da Indonésia e que não possui um apelo turístico, visitamos um belo templo chinês, que margeava o litoral. Fiquei surpreso com o número de pessoas que frequentavam o templo como uma forma de devoção, mostrando a grande influência da cultura chinesa em todas as cidades que visito na Ásia. Em frente ao templo, existem um jardins de esculturas a princípio budistas, mas com alguma influência hindu (existiam Ganeshas por lá), o que demonstra o sincretismo religioso que existe no país. Fechando o dia, visitei a antiga fábrica dos cigarros Sampoerna, um grande grupo na Indonésia. Eles exportaram até para o Brasil tempos atrás. A antiga fábrica abriga um interessante museu, com toda a história da empresa, explanações sobre o processo de fabricação além de inúmeras embalagens e campanhas publicitárias da companhia. A visita foi muito interessante, ainda mais por que o museu disponibiliza um tour guiado e você não paga absolutamente nada, nem mesmo pela entrada. Surabaya possui grandes shoppings centers, e ao lado de um deles existe um grande submarino russo que serviu à Marinha até 1990 (Submarine Monument) e hoje é aberto para a visitação. Da mesma forma, existe guias que explicam cada parte do submarino, como funcionam os motores, os torpedos, as salas de comando, quartos e banheiro. E é possível pelo periscópio observar o caótico trânsito da cidade. Visita interessantíssima!

 

De Surabaya segui viagem de cinco horas de trem para Yogyakarta, no Centro de Java. E a viagem continua pela Indonésia, sendo que ainda não precisei usar nenhum hotel no país, em virtude de todos os convites de estadia que recebi pelos amigos do CS.

 

Mais fotos de Probolinggo aqui.

 

Mais fotos de Malang aqui.

 

Mais fotos de Surabaya aqui.

 

Próximo post: Central Java, Yogyakarta e Borobodum.

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Dias 158 a 161 – Indonésia, Java Central: Yogyakarta e Borobudur

 

O trem de Surabaya para Yogyakarta viaja rápido para os padrões asiáticos, completando 330km em menos de 5 horas, apesar das paradas no meio do caminho. Estava nesse momento na área central da ilha de Java, na cidade considerada capital cultural do país onde as inúmeras universidades compõem um ambiente jovem e mais liberal aos costumes das leis islâmicas. Yogyakarta, carinhosamente chamada de Yogya (pronuncia-se Djógia) por seus moradores, é uma cidade que tem um histórico frequente de erupções vulcânicas e abalos sísmicos (em 2010 a erupção do Mount Merapi matou 353 pessoas e em 2006, mais de 6000 pessoas foram mortas em um terremoto), foi capital do país por três anos, antes da expulsão definitiva dos holandeses de Jakarta, e exerce um importante papel sendo pólo de atração turística, em virtude de seus próprios atrativos, mas principalmente pela proximidade da atração turística mais visitada da Indonésia: Borobudur.

 

Junto com um colega do couchsurfing, visitei na cidade suas duas principais atrações: O Kraton e o Water Castle. O Kraton é um complexo de palácios, templos, residências e jardins onde o sultão vivia com sua família e seus empregados. Esse tipo de construção é muito comum nos países islâmicos, mas já vi em outras cidades algo bem mais suntuoso, embora isso não seja em todo positivo, pois toda construção destinada aos governantes sempre vêm do dinheiro da taxações impostas à população. O complexo abriga hoje alguns museus com roupas, peças de decoração, mobiliário, armas e pinturas dos sultões e seus antepassados. Já o Water Castle, próximo ao Kraton, servia como um parque de lazer para o sultão e seus correligionários, cercado de piscinas, fontes e canais artificiais. O complexo atual não é o original, pois foi destruído após guerras e terremotos, e o seu entorno foi ocupado com construções de residências pela população. Tentei visitar o Museu Sono-Budoyo, que possuía uma coleção de arte javanesa, mas incrivelmente o horário de fechamento do Museu é 13:30hs. Perdi.

 

Mas, mais uma vez, preferi a cidade real do que seus pontos turísticos. A Rua Malioboro possui uma vibração efervescente, com muitos restaurantes, shoppings-centers, bonitas e bem cuidadas charretes, além de um trânsito de cidade grande. Esculturas intrigantes fazem parte do cotidiano. Yogyakarta é uma cidade bem cuidada, com uma vida noturna agitada em função de sua população majoritariamente estudantil. Assim como Malang, a comida é muito barata, em torno de um dólar. Nesse período conheci mais três colegas do CS, entre eles meu anfitrião. Continuava a viajar na Indonésia sem ainda ter ficado em um hotel. Oportunidades de estar na mesa de um bar com um muçulmano e com uma cristã protestante. Oportunidade para entender que na Indonésia, diferentemente dos países árabes, existe, pela grande maioria e pelos mais jovens, uma tolerância religiosa muito grande. Oportunidades para ficar a par dos costumes reais do país, além de entender quais são os sonhos e aspirações da população. E oportunidade, devido à posição geográfica da cidade, de conhecer o maior monumento budista do mundo.

 

Visitar Borobudur não é barato para os padrões asiáticos. A entrada custa 20 dólares, mesma quantia, se não me engano, do Taj Mahal e Angkor Wat. Porém, é uma construção única. Construído no século IX e composto de 2 milhões de blocos de pedras em uma forma totalmente simétrica com seis andares quadrados e mais três circulares, lembrando uma flor de lótus visto de cima, é o maior monumento budista do mundo. Em todas suas paredes, abundam desenhos escavados na rocha formando vários painéis, representando um mundo dominado pela paixão e pelo desejo, onde os “bons” eram recompensados por uma melhor forma de vida após a reencarnação, inversamente aos “maus”. Sobre as mesmas, várias esculturas de Buda e animais completam a decoração. Em céu claro, é possível de seu topo, junto à grande coleção de stupas que cobrem estátuas de Buda, ter uma bela visão do Monte Merapi. Mas eu não tive a mesma sorte, pois o dia estava bem

 

encoberto. A entrada dá o direito de visita nos museus dentro da área do monumento, onde encontram-se várias esculturas encontradas na região e uma coleção de rochas que aparentemente, os cientistas não sabem onde se encaixam… Em um dos museus existe uma réplica bem interessante dos barcos a vela que os antigos povos javaneses usavam para o comércio com a China e demais civilizações antes das chegadas dos europeus. Vale muito a pena dar uma olhada. E,ao final da minha visita, de tão encoberto o céu começou a descarregar toneladas e toneladas de água, inundando a pequena cidade e dificultando o meu retorno. O ônibus teve dificuldade de chegar ao ponto para me levar de volta a Yogyakarta. Mas no fim, a chuva diminuiu a as águas começaram a baixar. As coisas, de forma geral, sempre acabam se resolvendo. De um jeito ou de outro. O que talvez pode mudar é a nossa aceitação da forma ou meio de resolução. E por consequência,

 

Mais fotos aqui.

 

Próximo post: Oeste de Java: Jakarta

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Dias 162 a 167 – Indonésia, Java Oeste: Jacarta

 

A capital do país seria minha última parada na Indonésia e ponto de partida para Filipinas. De Yogyakarta, cheguei a Jacarta de ônibus, em virtude de uma combinação desfavorável de preços e horários de trens. Novamente, o ônibus até que é bom, mas as estradas… o que impede qualquer sono razoável. Cheguei na cidade amanhecendo e esperei uma colega que me buscaria no terminal rodoviário. Jacarta não é só a maior cidade da Indonésia, mas também de todo o Sudeste Asiático. Tem fama de ter um dos piores tráfegos do mundo e sofre por não possuir metrô ou trens elevados como as demais grandes cidades da região, como Kuala Lumpur e Bangkok. Recentemente, a cidade implantou corredores exclusivos de ônibus (que muitos motoristas não respeitam), aliviando um pouco a caótica situação, mas ainda assim, muito aquém do aceitável. Porém, por outro lado, a cidade, cosmopolita, oferece algumas agradáveis praças de lazer, esbanja opções de compras – dezenas e dezenas de shopping-centers, e uma vibrante vida noturna. Sua história data do século XII com reinos hindus e os primeiros europeus a chegarem na cidade foram os portugueses, em 1522. Retomada posteriormente por reinos muçulmanos, entrou sob controle holandês, mantido, com circunstanciais perdas para os franceses e ingleses, até 1949, quando a Indonésia conquistou sua independência, libertando-se do jugo dos antigos colonizadores que não são vistos com bons olhos, em virtude do processo de escravidão e limitações diversas impostas à população, como, por exemplo, sua proibição de frequentar escolas.

 

Apesar do sono, não quis desperdiçar esse primeiro dia e propus a minha colega do couchsurfing visitarmos algumas áreas de Jacarta que eu havia visto no meu guia de viagem anteriormente. Começamos pelo Monas, monumento de 137 metros de altura feito de mármore branco que levou 14 anos para ser concluído em 1975, na gestão do antigo ditador Sukarno. No piso inferior há o Museu de História Nacional, mostrando de forma dramática, através de bem construídos dioramas, a história da Indonésia e de sua suposta exploração pelos europeus. Do alto do monumento, tem-se uma vista em 360º da cidade, isolando-nos um pouco do tráfego e da poluição. Tive o ensejo no museu de estar presente e assistir uma apresentação escolar, onde exaltava-se todas as conquistas do país e mostrava o antigo ditador como um herói nacional, apesar de todas as falcatruas descobertas anos depois e notórias mundialmente. Lavagem cerebral começa-se cedo, na escola, e principalmente na escola pública, onde as crianças aprendem cada vez mais a legitimar o que não deveria ser legitimado. A inversão dos valores de ética e caráter é um assalto ao processo de construção lógica das mentes ainda ingênuas e aptas a absorver toda essa indução. Recurso semelhante está ocorrendo no nosso país atualmente, com as infames cartilhas e livros que são impressos a pedido do MEC para distribuição nas escolas.

 

Visitamos ainda a mesquita Istiqlal, onde um guia interno no museu ofereceu-nos uma visita guiada, e tivemos que usar as vestimentas islâmicas apropriadas. Com cinco níveis representando os cinco pilares do Islã e construída em 1978, possui um domo de 45m de raio e 90m de altura e impressionantes colunas de aço inoxidável, o que faz a torna a maior mesquita do sul da Ásia. A catedral católica, oposta à avenida foi construída em 1901, possui estilo gótico e também impressiona pela sua beleza. Os demais pontos vistos, como o Palácio presidencial, a praça com o monumento da Liberdade e do Agricultor, assim como a Igreja Emannuel, construída em 1893 em um estilo diferente, misto de vitoriano com grandes colunas gregas, ajudam a compor uma atmosfera amigável, buscando manter nossas mentes longe do caos da cidade.

 

No dia seguinte, uma outra colega e sua filha me convidaram para um almoço e visitar um grande centro comercial onde me ofereceram muitas diferentes comidas e delicatessen para eu experimentar. Foi uma tarde muito agradável e lamento muito ter perdido as fotos desse dia, em virtude de uma total estupidez: deletei as fotos do SD da câmera achando que já as tinha copiado para o computador. Ridículo… No final da tarde eu encontraria uma outra colega que me hospedaria, junto com sua família, na noite que chegava, e que, junto com seu irmão, proporcionou-me grandes momentos na cidade, seja em um tour por quatro museus da capital e uma saída noturna em um bar muito bacana na cidade. Os museus mostram muito da história do país, dos costumes, vestimentas e passeia por diversas áreas como numismática (até o Brasil estava representado, embora por cruzeiros e cruzados antigos) e finas artes. Astro por um dia: nesse mesmo dia estava acontecendo atividades de escolas secundárias onde os grupos deveriam procurar estrangeiros e aplicar um questionário. Fui entrevistado por 4 vezes dentro de uma hora, uma vez que existiam poucos estrangeiros por lá...

 

No Domingo participei de uma corrida de rua na cidade e continuei misturado com os locais. Vi durante toda a preparação e percurso apenas um estrangeiro com sua namorada/esposa indonésia. Sim, definitivamente Jacarta não é uma cidade turística. Na corrida, não forcei a barra, entretanto. Fiz acompanhar minha amiga indonésia e agradeci por ela ter um ritmo menor que o meu, mesmo eu estando já há 6 meses sem nenhum treinamento. No retorno, o caminho estava livre, sem carros: a prefeitura fecha a avenida principal da cidade (a cada 15 dias, descobri depois) para pedestres, bicicletas, cachorros e afins, mantendo apenas a faixa exclusiva de ônibus em operação. Um oásis para quem passou por aquela avenida com pesado tráfego e alto nível de poluição um dia atrás. O domingo terminou com uma volta pela cidade com uma colega, também do CS onde experimentamos mais uns pratos diferentes, os quais já desisti de lembrar dos nomes… Seis meses viajando experimentando tanta coisa dá um nó absurdo na cabeça. E eu nunca fui muito bom de memória…

 

E fim de mais um país... Indonésia, o país dos amigos do Couchsurfing! Vinte e uma noites e apenas uma delas em hotel! Encontros com estrangeiros, apenas no final de semana em Bali, no trabalho voluntário. Formidável!

 

Mais fotos aqui.

 

Próximo post: Manila, Filipinas.

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Dias 168 a 179 – Filipinas: Metro Manila e Anilao

 

Após um intenso networking na Indonésia, viajei a Filipinas, com muito do meu trabalho atrasado e precisando colocar algumas coisas em dia. Na maioria desses dias, reservei cerca de 3 a 4 horas para atualizá-lo, assim como esse blog, que estava com quatro postagens atrasadas (e no momento que escrevo, já está com duas…). Assim, não viajei para as ilhas do sul, até pelo pouco tempo que tinha no país, e fiquei na região metropolitana, que oferece muito mais para conhecer a cultura e os costumes dos filipinos, bem como sua vida real. Os principais pontos em sítios históricos, os quais gosto de visitar, estão na região também. Para não ficar com gostinho de não ter conhecido uma praia filipina, viajei ao sul da ilha de Luzon, e visitei a pequena vila de Anilao, próximo a Batangas. Aqui também conheci muitas pessoas do Couchsurfing, sendo que nesses 11 dias, dividi as noites em hostel (e adiantando o que estava atrasado), mas também na casa de 3 pessoas. Ainda saí com mais amigos que dividiram seu tempo comigo durante algumas andanças e refeições na cidade.

 

O país possui cultura e costumes extremamente opostos aos outros países da Ásia, em função de uma forte colonização espanhola até o fim do século XIX e posteriormente norte-americana, até o final da Segunda Guerra Mundial. A ausência de uma significativa civilização anterior à colonização (como no Brasil), facilitou a implantação de uma cultura ocidental, baseada no catolicismo. Hoje o país é considerado o terceiro maior país católico do mundo, em população. A assimilação da cultura americana é massiva, e pode ser sentida através dos filmes e seriados que possui uma enorme audiência, no consumismo desenfreado que faz surgir inúmeros shopping-centers (4 dos 10 maiores do mundo estão aqui) onde os filipinos compram a crédito que estende-se por meses (também como no Brasil) e na presença de praticamente todas as redes de fast-foods que conheço, em cada esquina da cidade.

 

Manila é sede de uma grande região metropolitana, com diversas municipalidades muito próximas uma das outras. Em um dia, era possível por exemplo, passar por três cidades diferentes. Passei as noites desses 11 dias em Manila, Makati, Muntilupa e Quezon City, apenas para ter uma ideia de como tudo se junta em uma mesma metrópole. A principal atração turística de Manila é a área conhecida como Intramuros, onde existia a Manila antiga, controlada pelos espanhóis. Muitas construções dessa área remontam ao século XVI e XVII e toda a área era cercada por uma fortaleza composta de muitos bastiões de defesa. Grande parte da muralha é ainda preservada. Visitei essa área com uma amiga num dia em que a temperatura incomodava, e muito. Sombrinha, muita água e auxílio de richshaws foram necessários… Outras caminhadas ocorreram em outros dias, como na região de Makati, centro financeiro do país. Nessa área, não se avistam sinais de pobreza ou que estamos em um país subdesenvolvido. Arranha-céus rasgam as visões verticais e as avenidas, limpas, com passagens subterrâneas para pedestres nos transportam para paisagens das prósperas cidades asiáticas, como Kuala Lumpur e Bangkok. Faltaram apenas os sky-trains ou metrôs para compor o quadro. O que não falta em toda a região são os jeepneys, meios de transporte coletivo mais comum nas Filipinas. Estão por toda a parte, possui as mais diferentes sofisticações e existe concursos periódicos para escolher os veículos mais transados, em diferentes categorias. Andar em um deles é bem desconfortável, pela altura disponibilizada e pelo aperto. Em geral, sempre lotados. Mas é muito barato. Algo em torno de US$0,20 por uma corrida básica de 5km.

 

Outros locais visitados foram o bairro de Guadalupe, que possui uma igreja cujo início da construção remonta ao ano de 1531, e também na área central de Malate e Ermita, passando por todo o belo Parque Rizal, considerado um herói nacional na mesma linha que Tiradentes, quando questionou o domínio da metrópole durante a colonização. Passei também por lugares com parca infra-estrutura como Quiapo, com muitas construções que denominaríamos de favelas, para alcançar a linda Basílica de São Sebastião, a segunda construção pré-fabricada de aço do mundo (após a Torre Eiffel) e a única igreja a utilizar esse material. Sua construção em estilo gótico é belíssima, e foi finalizada em 1891. Os arquitetos a construíram no final do século XIX em resposta a incêndios e terremotos que

 

outrora destruíram as igrejas até então existentes. Novidade para mim… Você bate na parede e ouve o som de metal. Inúmeras igrejas estão por toda a parte da região, evidenciando a colonização espanhola. Algumas belas construções, como o prédio central de correios, em estilo neoclássico de 1926, destruído na segunda guerra mundial e reconstruído posteriormente, estão ainda bem preservados, mas outras, como o Teatro Nacional, construído em 1931, está em estado de deterioração total. Uma pena em virtude da beleza da construção. Todos esses contrastes podem ser vistos no link das fotos no final do texto.

 

Na Metro Manila, denominação comum por aqui para a região metropolitana, participei junto com amigos do CS de eventos talvez um pouco inusitados para um turista real. Mas como eu não sou um turista real, estive presente em uma campanha de marketing em um hotel para o lançamento de um novo produto (batata frita, tipo Rufffles) de uma indústria local. Interessante a campanha, com a contratação de várias pessoas que dançam, cantam, enfim, fazem um agressivo marketing do produto. Além de comer muito no almoço servido, ganhei muitas batatas e ainda fui presenteado com vouchers no valor de US$50.00 para serem gastos em uma grande loja de departamentos (consegui comprar um tênis e uma camiseta ). Participei ainda de um encontro dos blogueiros da Filipinas na Universidade de Manila, com palestras interessantes para o mundo dos blogs. Enfim, vivenciando um pouco da vida real da população filipina.

 

Saindo da região metropolitana, fui a Anilao, conhecer uma praia do país, cerca de 3 horas distante. Optei pela cidade por ter lido que possui uma das mais belas águas cristalinas do país e por ser ainda uma pequena vila com uma população residente local, ainda não infestada por turistas (exceto no isolamento de alguns resorts). De fato, a vila é pequena, precária em termos de infra-estrutura, mas realmente a transparência da água é magnífica, o que atrai também pessoas para o mergulho submarino. Difícil, porém, são os meios de transporte para chegar até lá. Em geral, o transporte nas Filipinas não possui facilidades caso sua viagem não seja em ônibus fretados por agências. Muitas baldeações, estradas ruins e falta de informação para os turistas são comuns no país, tornando a aventura mais complicada, o que irrita em alguns momentos. Anilao, entretanto, foi um bom destino para relaxar um pouco. Perguntando por algumas informações, encontrei um morador local que fez questão de me levar para almoçar e conversamos um pouco na beira da praia. Foi um fuga do trânsito, da poluição, do tráfico e do vai e vem de pessoas que caracterizam a região metropolitana de Manila.

 

Mais fotos aqui.

 

Próximo post: Hong Kong.

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