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MARROCOS - MARRAKECH, SAHARA, FEZ, MEKNES E VOLUBILIS


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Em outubro de 2012 eu passei 9 dias fantásticos no Marrocos.

Meu roteiro foi o seguinte:

Marrakech - 3 dias

Viagem ao Sahara - 3 dias

Fez- 2 dias

Meknes/Volubulis - 1 dia (bate-volta de Fez).

 

Nessa primeira parte eu vou postar os 3 dias em Marrakech. Espero que possa ajudar a galera!

 

Quem quiser ver o post com fotos, é só entrar no meu blog: http://deoculosemochila.wordpress.com

 

 

A cidade Vermelha.

Uma das 4 Cidades Imperiais do Marrocos, a “cidade vermelha”, como é conhecida, encanta. A mais vibrante das imperiais, Marrakech é o principal destino turístico do Marrocos e se orgulha de ser o mais “aberto” deles, onde as mulheres podem andar segurar e usar shorts e camisetas sem grandes problemas.

 

A cidade é dividida em dois grandes pontos de interesse: a medina, que é a cidade velha, e a ville nouvelle, a parte nova da cidade.

 

Por aqui o sol é figura fácil durante, aproximadamente, 300 dias por ano. Não costuma chover, mas a noite, durante o outono e o inverno, pode esfriar um pouco. O verão é quente e abafado e, na minha opinião, é uma época a ser evitada. Eu fui no outono, em outubro, e o clima estava ótimo. Sol bonito durante o dia e bem fresco a noite. Um único dia fez um calor um pouco mais forte, mas nada insuportável.

 

Quanto tempo ficar em Marrakech? Essa é a pergunta que a maioria dos visitantes se faz. A resposta é difícil, pois isso depende do que cada um deseja da viagem, mas eu recomendaria 3 dias somente em Marrakech. Em 2 dias você consegue ver quase tudo, mas se você tiver 3 dias na cidade você vai fazer as coisas com mais calma e vai ter tempo de relaxar, tomar um chá de menta, ver o movimento, o pôr do sol…

 

>Como ir do aeroporto pro hotel e vice-versa?

 

A melhor maneira é contratar esse serviço de transfer direto com o hotel. Custava, em 2012, cerca de 160 Dirhams. Quando você sair do vôo e fizer todos os trâmites (imigração, câmbio) terá um motorista esperando por você. Não é ótimo?

 

Você também pode pegar um táxi na saída do aeroporto. Lembre-se de negociar o preço antes e certificar-se que a pessoa entendeu. Custava em torno de 140 Dirhams em 2012, mas eu não utilizei essa opção.

 

A última opção é o ônibus, que custa de 3 a 5 Dirhams, mas eu não aconselho. Os ônibus no Marrocos param muitas vezes e são, geralmente, cheios. A viagem não será confortável e você levará o dobro ou triplo do tempo. Se ainda assim você quiser arriscar, é só sair do aeroporto e perguntar pelo ponto do ônibus que vai para a medina ou para Gueliz, se for o caso, e facilmente você encontrará.

 

>Onde ficar?

 

Como era minha primeira vez no Marrocos, eu quis me hospedar na medina e ver de perto o dia-a-dia da maior parte da população. Viver dentro da medina é como voltar no tempo ou entrar num filme e queria essa experiência. Me hospedei no maravilhoso Riad Tamarrakecht e indico de olhos fechados.

 

Embora um pouco difícil de encontrar, tem uma boa localização, a uns 5 minutos de caminhada da Jamaa el Fna, mas longe do barulho e da agitação. O Riad é cuidado por uma família, como é tradicional em Marrakech. O pai, que embora não fale inglês se desdobra em mil para fazer o hospéde se sentir um rei, coordena os filhos: um rapaz muito simpático e disposto a ajudar e uma moça excepcional no trato com as pessoas, que faz um esforço enorme para vencer a timidez e falar inglês, explicando sobre os pontos turísticos, as day trips, culinária, dicas e tudo mais. Além disso, a esposa e irmãs ou cunhadas (não sei dizer) cuidam da cozinha e fazem o café da manhã mais espetacular que comi no Marrocos (experimentem o Msemen, uma espécie de panqueca marroquina, e verão do que estou falando!). Os quartos são grandes e bem cuidados, embora tenham um cheirinho de mofo quando passam o dia fechados (que percebi ser comum no Marrocos). Além disso o Riad tem um terraço bem legal para tomar um chá de menta e ouvir os chamados para as orações. Enfim, indicaria esse Riad com os olhos fechados!

 

Fora da medina há grandes hotéis com muitas estrelas e para muitos bolsos. Um dos mais luxuosos e fantásticos é o Hotel La Mamounia, que conta com um serviço 5 estrelas impecável, digno de 1001 noites nas arábias, com spa, campo de golfe, piscinas, etc. Além disso, no hotel também há um excelente e concorrido restaurante, que é aberto a não-hóspedes, além de bares e bruch aos domingos.

 

>Como se locomover?

 

Isso vai depender de onde você está hospedado! Se você estiver dentro da medina, seu principal meio de transporte serão seus pés! Aqui dentro os pés podem te levar mais longe que qualquer outro! Você até pode alugar uma moto, mas eu não recomendo, diria até que eu aconselho fortemente que você não faça isso. O motivo? O trânsito aqui é de matar mesmo. Não é pesado, não é engarrafado…é confuso, sem regras e perigoso! Só um local pode se locomover dentro da medina de moto sem morrer nem matar ninguém!rs

 

Para ir para as atrações mais distantes – e não são muitas – você pode recorrer ao táxi mesmo. Nos arredores da Jamaa el Fna você consegue um táxi com facilidade. Eles são velhos e feios, mas são baratos e eficientes. Não se esqueça de perguntar pelo preço antes de entrar, eles não usam taxímetro. Combine o preço e vá sem medo! Não é difícil, não tem uma longa negociação para isso. Apenas pergunte o preço, se você achar que está bom, entra e pronto.

 

Se você está fora da medina, as distâncias são um pouco maiores. Mas você pode usar o táxi tranquilamente. Como eu disse, não é caro.

 

>O que ver?

 

>>A medina de Marrakech

 

A medina de Marrakech vibra, pulsa desde muito cedo em seus souks e sua praça Jemaa El Fna. Das cidades marroquinas que visitei, nenhuma oferecia a vibração estonteante, o clima de abraço que Marrakech oferece. Há muito o que ver por aqui, porém, não é difícil andar pela medina. No primeiro dia você pode se sentir confuso e intimidado, as ruelas são estreitas, há muitas pessoas disputando espaço e parece ser tudo igual. Mas depois de um dia você já estará andando muito bem por essa medina, sem precisar de ajuda.

 

Para o primeiro dia, leve um mapa (você pode tentar conseguir um em seu Riad ou hotel) e tenha como ponto de referência a Jamaa el Fna, a praça principal. Antes de sair do hotel, olhe o mapa e marque o caminho do hotel até a praça, tentando deixar tudo o mais claro possível. Tenha muita atenção ao se deslocar por aqui, pois o “trânsito” é de enlouquecer. São centenas de pessoas andando em ruas estreitas, disputando espaço com as carroças, jegues, vendedores ambulantes, barracas e, principalmente, com dezenas de motocas que cortam as ruelas como se não houvesse ninguém na frente. Não há leis, não há uma ordem aparente, o movimento de todos esses elementos pelas ruas estreitas da medina é orgânico e só não acontecem centenas de acidentes por dia porque Maktub! Estava escrito nas estrelas que eles não aconteceriam!

 

Quando eu estava fazendo pesquisas sobre a viagem, vi muitas vezes recomendações sobre tomar muito cuidado com falsos guias, ou seja, pessoas que se oferecem para ajudar a te levar a algum lugar e depois te intimidam e cobram uma fortuna por isso. Bom, eles existem, claro. Assim como aqui no Brasil os turistas são cercados por moleques querendo se aproveitar. O entendimento que se deve ter é que turista é, de fato, alvo fácil. E como não ser? Simples, quando alguém se oferecer para te levar a algum lugar, diga não e saia andando. E é só. Eles vão te seguir e insistir, é uma coisa cultural, mas diga não e continue seu caminho. Mesmo que você esteja perdido, siga andando até que veja que ele desistiu. Se precisar de ajuda, procure um dos guardas turísticos ou, em última instância, pergunte a um garçom de restaurante ou dono de loja. Uma coisa que faço questão de dizer é que em nenhum momento eu me senti ameaçada na medina de Marrakech e que fui, muitas vezes, ajudada por pessoas que realmente só queriam ajudar. Portanto, lembre-se disso: malandro existe em qualquer lugar do mundo e nunca é demais ter um pouco de cuidado, mas o povo marroquino é muito receptivo e muitas pessoas, muitas mesmo, querem apenas ajudar.

 

 

>>Jamaa el Fna

 

Essa praça será o ponto alto da sua viagem e várias vezes! É aqui que tudo acontece em Marrakech, é aqui que tudo ferve! Sua localização central é um ótimo ponto de referência quando você precisar se encontrar na medina. Seu movimento é o passatempo mais gostoso da cidade. Por aqui passam encantadores de cobras, contadores de histórias, adestradores de macacos, vendedores e, claro, pessoas de todos os cantos do mundo. Não que eu seja grande fã de adestradores de macacos, por exemplo, mas é simplesmente fantástico dar uma volta na praça, olhar as barracas de frutas secas, de suco de laranja, os vendedores de bugigangas, as carroças. Isso sem falar em todos os souks que cercam a praça, cheio de quinquilharias atrativas e pashminas maravilhosas! Enfim, essa praça tem tanto a oferecer, que fica difícil não voltar aqui mais e mais vezes.

 

Além disso, ela é cercada por restaurantes com terraços para você sentar e ficar só observando tudo lá de cima. Meu programa favorito em Marrakech era subir um terraço no fim da tarde e ficar observando o sol se por lá atrás da Mesquita Koutoubia, tomando um chá de menta ou água com gás e ouvir o chamado para a oração ecoar pela praça – causando arrepios – enquanto ela se transforma num enorme restaurante a céu aberto para a noite que chega. Sim, além de tudo que acontece na praça durante o dia, a noite são montadas dezenas de barraquinhas onde os sabores da comida de Marrakech são oferecidos, aos berros, para quem passa. Se é tudo limpo e higiênico? Não, não é. Mas eu comi lá e não morri. Não tive uma dor de barriga sequer. Claro que é sempre bom dar uma boa olhada na barraca antes de escolher e aqui também vale a máxima de “se está cheio é porque deve ser bom”. Pois é, pode parecer achismo – e é – mas a verdade é que as barracas servem praticamente cardápios iguais e você se sentirá mais seguro comendo onde todo mundo come.

 

Eu fiquei com medo porque no meu riad me disseram para evitar comidas de rua e -pasmem!- suco de laranja das barracas. Acabei me arrependendo porque deixei para comer na praça apenas nas duas últimas noites e posso dizer que foi uma experiência gastronômica ótima! Uma comida impecável, muito gostosa, tudo servido em recipientes descartáveis (embora o pão seja trazido à mesa com as mãos nuas e colocado em cima do papel pardo que cobre a mesa!), atendentes simpáticos e um clima maravilhoso! Uma sensação fantástica de pertencimento, de estar vivendo aquele momento, naquele lugar único! No fim, um chá de menta super gostoso servido em copo de vidro que, depois, por uns 5 minutos, fiquei me perguntando onde eram lavados, mas ao chegar a conclusão que não eram, deixei pra lá!rs

 

Quanto ao suco de laranja, eu acabei não bebendo mesmo. A questão da água é muito séria no Marrocos e pode te causar algo bem mais sério que o piriri, então quando uma marroquina me disse que as barracas de suco de laranja forjavam a água mineral (violando lacres e enchendo na torneira), eu preferi não arriscar. Então, fica uma dica valiosa: água no Marrocos só mineral e depois de verificar que o lacre está intacto.

 

 

 

O que ver: Vendedores ambulantes, barracas de frutas secas, adestradores, encantadores de cobras, contadores de histórias, pôr do sol em um terraço.

 

Onde comer: Café de France, Café Argana (estava em reforma quando eu fui, mas é muito recomendado!)

 

>>Souks

 

Fazer compras no Marrocos é uma experiência muito maior do que escolher um produto e pagar por ele. Aqui há todo um processo. O primeiro deles é, entre tantas coisas que você verá pelos souks, saber o que você realmente quer comprar. Porque a oferta é muito grande e as bugingangas são tão diferentes e coloridas que você vai querer comprar tudo! Mas só no início, porque aqui no Marrocos você precisa negociar até pra comprar um cinzeiro. E negociar cansa, esgota o cérebro do pobre viajante. É ótimo quando você consegue comprar algo por um bom preço, quando estabelece uma meta e consegue cumprir, mas a verdade é que sempre fica a sensação de que está sendo enganado e levando a pior. Nós não somos profissionais, afinal, somos apenas turistas encantados querendo levar tudo pra casa e, de repente, somos arrastados para uma negociação longa e exaustiva apenas pra comprar uma pashmina de 10 euros!rs

 

A uma certa altura você se acostuma e até gosta, mas no fim das compras você estará esgotado!

 

 

Não vou ficar falando da localização de cada souk pela medina de Marrakech; isso não me ajudou em nada quando eu estava lá. O que posso dizer é que se embrenhar nos souks é uma parte muito importante da sua viagem, então faça o seguinte: perca o medo de andar pelas ruelas, você não vai se perder! Entre nos souks pela Jamaa el Fna e liberte-se! Caminhe a esmo, observe, namore seus objetos de desejo, vá do souk de tecidos pro souk de metais, de couros, etc.

 

Se você não está interessado em comprar, não olhe e, de jeito nenhum, entre na loja! Você dificilmente conseguirá sair sem comprar algo!

 

Há muitos turistas em Marrakech, o que faz os vendedores serem um pouco menos insistentes aqui do que em outros lugares. Aproveite para treinar.

 

A última e valiosa dica é impor um limite. Se você vai comprar um tapete, antes de ir à caça, pense no preço máximo que você está disposto a pagar por ele. Não saia da loja enquanto não conseguir esse preço ou simplesmente não compre e vá para outro lugar. Eu, por exemplo, queria comprar pashminas. Muitas delas. Então estabeleci que pagaria, no máximo, 100 dirhans por cada uma. E tentava pagar abaixo disso de qualquer maneira. Isso me poupou de gastar uma fortuna, embora muitas vezes eu tenha tido a impressão de que o vendedor tinha levado a melhor!

 

>>Mesquita Koutoubia

Da Jamaa El Fna você verá o miranete mais imponente de Marrakech: o miranete da mesquita Koutubia. Aliás, vale uma ressalva sobre as chamadas para as orações: elas são lindas, simplesmente lindas. Eu fiquei encantada e parava tudo para ouvir aqueles chamados, dava aquela vontade de suspirar que vem do fundo da alma, sabe? Enfim, achei fantástico, então, não perca a oportunidade de prestar atenção.

Voltando à mesquita, a Koutubia, como a grande maioria das mesquitas marroquinas, não é aberta ao público não muçulmano. Mas, de qualquer forma, vale uma visita à praça onde fica seu miranete, até por ser bem próxima da Jamaa el Fna.

 

>>Tumbas Saadianas

Os mausoléus construídos no final do século XVI para abrigar os corpos dos falecidos reis saadianos foram cercados por um muro no século seguinte e esquecidos até 1917, quando foram encontrados pelos franceses. É muito bonito ver como a luz incide nas tumbas, principalmente no primeiro mausoléu, a de Ahmed el Mansour, que foi enterrado no saguão central, cercado pelos seus filhos, sob um monumental teto de cedro apoiado em 12 colunas.

 

Entrada paga de 10 Dirhams, em outubro de 2012

 

>>Palacio El Badi

Ruínas. É só o que sobrou desse palácio espetacular, denominado “o incomparável” (um dos 99 nomes de Alá) e construído por Ahmed el-Mansour para consolidar o seu poder e apagar a memória de outras dinastias. Mas não pense que não basta, o palácio é tão fantástico que mesmo restando apenas ruínas ele tirará o seu fôlego. Onde outrora havia 360 salas ornamentadas com mármore italiano, granito irlandês, ónix indiano e cobertas de folhas de ouro – o que rendeu ao palácio o título de uma das maravilhas do mundo árabe – agora só há areia, pés de laranja e buracos, pois em 1683, Moulay Ismail demoliu-o e usou os seus materiais para decorar a sua própria cidade imperial, Meknès.

De toda a pompa, restaram apenas alguns azulejos e as paredes de adobe, além da vista panorâmica da cidade que se tem no segundo andar da construção.

Entrada paga de 10 Dirhams em outubro de 2012

 

>>Palacio Bahia

 

O palácio Bahia foi construído no fim do século XIX e encanta com seus mosaicos, azulejos, estuques, esculturas e belíssimos pátios internos. O que mais encanta nesse palácio são os detalhes riquíssimos de cada cantinho. Imperdível!

Entrada paga de 10 Dirhams em outubro de 2012

 

>>Medersa Ben Youssef

A mais bonita do Marrocos segundo um guia de …Fès! Isso mesmo, quando eu estava em Fès e queria visitar a maior Medersa local, o guia foi enfático: Você esteve na Ben Youssef, em Marrakech? Então você já viu a mais bela de todas!

 

A Medersa é realmente impressionante. Não só pela beleza, mas por permitir ver como vivem os meninos que estudam dentro dessas escolas. Ela foi foi fundada pelo sultão Abu el Hassan no século XIV. Foi, no entanto, quase totalmente reconstruída pelos saadianos e foram estes que deixaram maior marca na arquitetura e arte do local.

O valor da entrada em outubro de 2012 era de 10 Dirhams, e valia cada centavinho de dirham. A arquitetura é linda, os mosaicos são impressionantes e entrar nos quartinhos dos meninos, ver as mínimas janelas (quando existem), as pesadas portas de madeira…ai, é de tirar o fôlego!

 

Entrada paga de 10 Dirhams em outubro de 2012

 

 

Museu Dar si Said – Museu de artes de Marrakech

O acervo do museu em si não é tão impressionante, o que vale a pena aqui é a arquitetura, especialmente dos pátios internos. Algumas coisas no acervo daqui chamam atenção, e para aqueles que gostam de ver obras étnicas, é um bom lugar. Depois de passear bastante, certifique-se que você visitou um pátio interno recoberto de mosaicos e com uma fonte central para ablação. Se não, pergunte ao atendente por esse pátio, por alguns dirhams ele te leva lá e é lindo!

Entrada paga de 10 Dihrams em outubro de 2012.

 

>>Museu de Marrakech

Esse eu acabei não visitando. Mas pelo que pesquisei e pelo que pude ver, é bem parecido com o Dar si Said, ou seja, vale a pena muito mais pela arquitetura do que pelo acervo. Se você tiver tempo, dê uma passada! As entradas por aqui não custam caro e como o dirham é uma moeda desvalorizada, as entradas dos museus custam de R$ 2,00 a R$ 8,00. Não é muito a se pagar para ver uma arquitetura fantástica, certo?

 

>>Qoubba Almorávida

A mais antiga Qoubba do Marrocos e o único exemplo de arquitetura almorávida ainda de pé. Infelizmente quando eu estive em Marrakech, estava fechada. Mas não deixe de conferir! Ela fica pertinho da Medersa Ben Youssef.

 

>>Jardim Majorelle

Este belo jardim, que fica no coração da Ville Nouvelle de Marrakech, foi desenhado pelo pintor francês Jacques Majorelle e trata-se de uma reserva natural de cactos, bambús, bouganviles e muitas outras plantas que envolvem um casarão de cor azul cobalto. Um deleite ver tanta cor numa cidade tão ocre como Marrakech! Em 1980, a propriedade foi comprada e esplendorosamente restaurada por Yves Saint-Laurent que trabalhava em suas criações nesses inspiradores jardins. Quando de sua morte, em 2008, suas cinzas foram jogadas aqui – respeitando seu desejo – e um mausoléu foi erguido em sua homenagem.

Quando se entra nesses jardins, o silêncio e o barulho de água e pássaros é de uma paz extrema. Entenda, Marrakech é, de fato, um cidade pulsante. Seus barulhos e ruídos são tão coesos que você sequer se dá conta de como dominam o ambiente até que você entra em um lugar como esse. Pronto! A paz reina! Uma paz diferente do silêncio das Medersas, uma paz azul…opa, na verdade azul são as paredes!

Além disso, dentro do jardim há um café. Gostosinho, nada demais, mas vale a pena sentar aqui e comer com calma, degustar um chá de menta, relaxar!

Atualmente, a pitoresca casa de estilo Art Déco que pertenceu a YSL abriga também o Museu de Arte Islâmica.

A entrada no jardim custava, em outubro de 2012, 20 Dh e 15 Dh extra se quiser visitar também o museu.

 

>>Jardins de la Menara

Não vá até lá! Sério, foi o único lugar de Marrakech que não gostei e achei que não vale a pena!

O jardim não tem sombra, não tem um lugar tranquilo para sentar e relaxar e, se você não ser sorte, não tem banheiro! Quanto estive por lá, os únicos banheiros estavam fechados, o sol estava forte e não tinha sombra! Não era um jardim! Parecia uma grande plantação, meio esquisita mesmo! Para quem está com crianças ou é uma eterna criança, há dromedários na entrada para subir no bicho e tirar fotos!

 

>>Gueliz e Ville Nouvelle

A parte nova da cidade merece uma visita exploratória! Quer ver Mc Donalds com letreiro árabe? Aqui tem! Quer ver carros novinhos, grifes famosas, marroquinas usando jeans e camisetinha? Aqui também tem! O paradoxo entre o novo e o velho vive em Marrakech e visitar a parte nova da cidade é como sair do passado direto para o futuro em 15 minutos! Ah, dica valiosa: perto do Mc Donalds tem um Carrefour. É meio escondido, mas se você perguntar você consegue achar! Além disso, seguindo a rua direto, até o fim, você chega na Koutoubia, ou seja, volta pra Medina!

Ah, nessa parte da cidade também há bares e restaurantes que vendem bebidas alcoolicas!

 

 

>>Cyber Park

Um parque agradável, cheio de banquinhos e sombra. Fica no caminho entre Gueliz e a medina, então é uma boa maneira de se refrescar nas sombrinhas e relaxar durante o percurso!

 

>> Passeio de Caleche ao redor dos portões

Os portões da Medina, conhecidos como “babs”, são uma atração a parte. E, justamente por isso, há um passeio inteiramente dedicado a eles. Se tratam das Caleches, carroças puxadas por cavalos que dão a volta nas muralhas da medina parando para fotos e observação.

 

Pense bem, a muralha que protege a Medina tem mil anos de idade, 12 quilômetros de extensão, 2 metros de espessura, 9 metros de altura e 19 portões impressionantes. Vale ou não vale a pena dar uma olhada nisso?

 

Aliás, você sabe o motivo de as medinas serem cercadas por muralhas? Para evitar ataques externos, saques e outras violências diversas, ou seja, os muros serviam como proteção. A muralha original de Marrakech foi construída pelos almorávidas, a mando de Ali Ben Youssef, no início do século XII e seus portões são muito mais que simples acessos adornados à medina.

 

O mais imponente deles, o Bab Agnou, é o mais decorativo e assim como Bab er Rob, seu vizinho, tinha o papel de defesa da medina. Atualmente, é a porta mais bonita cidade e um dos melhores exemplos da arquitetura mourisca do século XII. Ao cruzar o Bab Agnou, você entrará no Kasbah da medina e a visão é bem diferente da Jamaa el Fna, por exemplo. Ali ficam o Palácio Real, o Palacio El Badi e as Tumbas Saadianas.

 

Você pode pegar uma calèche nos arredores da Jamaa el Fna, bem em frente ao Club Med ou na Praça de Foucauld, perto do Bab Kob ou em frente ao Hotel La Mamounia. Combine o preço e a quantidade de paradas. Esse passeio costuma durar entre 1h30min ou 2hs, mas pode durar mais, tudo depende do que você combinar.

 

Os pontos mais importantes do passeio são o Bab Agnou, como já foi dito, e seu vizinho Bab er Robb. Também não deixe de ver as ruínas do Bab el-Raha e também o Bab Doukala. Este último foi construído sob o reinado de almorávidas e leva o nome original do lugar onde ele fica, que se estendia até o norte da cidade, onde havia um bairro de leprosos. Se ainda tiver tempo, pare no Bab Debbagh, que dá acesso aos curtumes, e também no Bab Aghmat.

 

 

 

Abaixo segue uma organização possível de um roteiro de 3 dias em Marrakech e – de brinde! – os mapas do Google Maps mostrando onde fica cada coisa!

 

 

 

Dia 1

 

https://maps.google.com/maps?saddr=riad+Tamarrakecht,+Arset+Moulay+Bouaza,+Marrakesh,+Morocco&daddr=Café+Argana,+Marrakesh,+Morocco+to:Dar+Si+Said,+Rue+de+la+Bahla,+Marrakesh,+Marrakech-Tensift-El+Haouz,+Morocco+to:Palais+de+la+Bahia,+5+Rue+Riad+Zitoun+el+Jdid,+Marrakesh,+Morocco+to:Mellah,+Marrakesh,+Marrakech-Tensift-El+Haouz,+Morocco+to:El+Badi+Palace,+Marrakesh,+Marrakech-Tensift-El+Haouz,+Morocco+to:Saadian+Tombs,+Rue+de+La+Kasbah,+Marrakesh,+Marrakech-Tensift-El+Haouz,+Morocco+to:Koutoubia+Minaret,+Avenue+Mohammed+V,+Marrakech,+Morocco+to:Rue+de+la+Koutoubia&hl=en&ie=UTF8&sll=31.6228,-7.985255&sspn=0.022255,0.038581&geocode=Faub4gEdrUWG_yExY3yPc9a0bCmXa5dHPu6vDTExY3yPc9a0bA%3BFWaV4gEd8RiG_yHiWozHG_SGMSn3rzRRQu6vDTHiWozHG_SGMQ%3BFT-E4gEdWiuG_yFUgBabJmLASynPfYTdRu6vDTFUgBabJmLASw%3BFW6C4gEdOjaG_ymrS8FyR-6vDTHbf4FFR1-Ygg%3BFSd84gEd6C-G_yltJXwpOO6vDTGXM8gutdEGnQ%3BFR114gEdVyWG_yFhWg56UoWa6imVYc4ERu6vDTFhWg56UoWa6g%3BFRRx4gEdIhqG_yHObp6D72rH_SkLMiwbT-6vDTHObp6D72rH_Q%3BFZGL4gEdOwiG_ylBUGC_XO6vDTH1kH2PCGh6EA%3BFU2V4gEdvBSG_w&oq=bahia+palace&dirflg=w&mra=dme&mrsp=8&sz=15&t=m&z=15

 

Almoçar na Djemaa El-Fna e passear nos souks

Museu de artes de Marrakech

Bahia Palace

Caminhar pelo bairro judeu (praça des flerbantiers)

Visitar as ruinas do El Badi Palace

Visitar as tumbas saadianas

Seguir para a Mesquita de Koutubia

Voltar para os souks da Praça Djeema El Fna

Terminar o dia com um lanche nos terraços da Djemaa El-Fna

 

Dia 2 https://maps.google.com/maps?saddr=Riad+Tamarrakecht,+Arset+Moulay+Bouaza,+Marrakesh,+Morocco&daddr=Qoubba+Almoravide,+Marrakech,+Marrakech-Tensift-El+Haouz,+Maroc+to:Ben+Youssef+Madrasa,+Marrakesh,+Morocco+to:Cafe+de+France,+Rue+des+Banques,+Marrakesh,+Marrakech-Tensift-El+Haouz,+Morocco+to:Koutoubia+Minaret,+Avenue+Mohammed+V,+Marrakech,+Morocco&hl=en&sll=31.627678,-7.986181&sspn=0.005563,0.009645&geocode=Faub4gEdrUWG_yExY3yPc9a0bCmXa5dHPu6vDTExY3yPc9a0bA%3BFYyo4gEdACCG_yH1LLGLTIKI_Slxy_2Eae6vDTH1LLGLTIKI_Q%3BFYCq4gEdsCSG_yGho-Tsxa0SVSmvQDaAae6vDTGho-Tsxa0SVQ%3BFbOU4gEdWB-G_yFyfl0COXqh_SkZ-hczQu6vDTFyfl0COXqh_Q%3BFZGL4gEdOwiG_ylBUGC_XO6vDTH1kH2PCGh6EA&oq=ko&mra=ls&t=m&z=16

 

Qoubba Almorávida

Museu de Marrakech

Madrassa Ben Youssef

Almoçar na no Cafe de France na Djema El Fna

Passear pelos souks

Fazer um passeio de Calèche

 

Dia 3 https://maps.google.com/maps?saddr=Avenue+Mohammed+V,+Marrakech,+Morocco&daddr=Rue+de+la+Liberte,+Marrakesh,+Marrakech-Tensift-El+Haouz,+Morocco+to:Rue+de+Yougoslavie,+Marrakesh,+Marrakech-Tensift-El+Haouz,+Morocco&hl=en&ll=31.633433,-8.010278&spn=0.00517,0.009645&sll=31.633292,-8.009717&sspn=0.010341,0.01929&geocode=FYyv4gEdC8iF_ykbjJGui-6vDTFbbACE72KKzA%3BFfa34gEdm7-F_ylBD_ZGju6vDTFP_E9jfXgQ2A%3BFd294gEdNbSF_ykhJrswkO6vDTF3tpPR-e5dgQ&oq=RUE+DE+yo&mra=ls&t=m&z=17

 

Tomar café no jardim Majorelle

Seguir para os jardins de la menara

Almoçar na place du 16 novembre, em gueliz

Passeio por Gueliz (av mohammed v, liberte e youguslave)

Voltar para a Medina pelo Cyber Park

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  • 2 meses depois...
  • Membros

Muito bom seu relato... Parabéns!

 

Estou indo no final do ano para o Mundial de Clubes, e com certeza usarei do seu relato para conhecer a cidade....

 

Vc falou da cidade nova. Por aquelas bandas, eles vendem cervejas? Pelo que ano lendo nos relatos, essa bebida é artigo raro naquela região....

 

Obrigado!!!

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  • 6 meses depois...
  • Membros

[Parte 2 do roteiro]

 

Gente, mil desculpas por ter demorado a escrever a parte 2! Me enrolei completamente!rs

 

Para ver as fotos, podem acessar: www.amochilaamarela.vai.la

 

Vamos lá...

 

Ait Ben Haddou, Ouarzazate, Gorge du Todra, Merzouga e Saara.

Antes de sair do Brasil, pesquisei exaustivamente sobre o passeio até o deserto. Vi inúmeras dicas de agências, mas a verdade é que, chegando lá, a opção mais prática e que achei mais segura foi fechar o passeio no próprio Riad onde eu estava hospedada.

 

Os hóteis/hostels/riads sempre tem uma agência com a qual trabalham e acabam arrajando tudo para você. No meu caso, o passeio era de 3 dias e duas noites, de Marrakech até o deserto e de volta a Marrakech, porém, como eu iria para Fès depois nhão fazia sentido voltar para Marrakech para depois pegar a estrada toda de volta até Fès. Então combinamos que na volta o motorista nos deixaria em uma cidade próxima para pegarmos um ônibus ou táxi até Fès.

 

O passeio custou cerca de 95 euros por pessoa e incluía o jantar. Mas olha, tenho que confessar, foi um perrengue!rs

 

Claro que, estando no Marrocos e tendo tempo, conhecer o deserto do Saara é o tipo de passeio indispensável. Mas já saiba que é um passeio perrengue. Quando eu voltar ao Marrocos (sim, pretendo voltar!), certamente optarei pelo aluguel de um carro para fazer a viagem no meu ritmo. Mas essa não é uma opção para quem está indo pela primeira vez ou para quem não se sente seguro dirigindo em estradas perigosíssimas!rs

 

Bom, vamos lá. No dia marcado, acordamos por volta das 5:30 da manhã e o dono do Riad estava de pé nos esperando para ajudar e, claro, com um delicioso café da manhã posto à mesa feito pela esposa ou cunhada (<3 Riad Tamarrakecht! Sério, gente, fiquem lá e amem esse lugar pra sempre!). De barriguinha cheia, nos levou até o ponto onde os carros conseguem chegar e havia um motorista nos esperando. Quando chegamos na van, sentimos que o passeio seria um perrengue.

 

Depois de estar todo mundo sentado, pediram que saíssemos e trocássemos de van. O motorista do carro não tinha nos deixado pegar nossas malas e elas estavam paradas no meio da rua enquanto eles decidiam em que van nós iríamos. Eu morria de medo a cada segundo, achando que eu iria embora e minhas malas se perderiam para sempre. Mas, no fim das contas, todos dentro da van (inclusive minhas malas) e pé na estrada.

 

A paisagem é sensacional. A estrada vai serpenteando pela montanha e a cada curva uma vista nova e incrível. Ah, eu falei curva? Pois é. Muitas e muitas curvas. Quem enjoa fácil eu aconselho levar algum tipo de remédio, porque é o dia todo subindo e descendo montanha, uma curva atrás da outra. A estrada, como já disse, é bem perigosa. Não há guard-rail e os motoristas correm bastante. O nosso, por sinal, não só corria como também falava ao celular enquanto corria e fazia curvas a uma altura surreal. Alguma vezes tive muito medo e olha que não sou medrosa. Mas, de certa forma, tudo aquilo fazia parte da aventura e as paisagens compensavam.

 

Fizemos algumas paradas pela estrada, incluindo uma no ponto mais alto do trecho, que nos presenteia com uma visão fantástica do Atlas, mas nossa primeira parada oficial foi em Ait Ben Haddou.

 

 

Ait Ben Haddou é um kasbah que fica na antiga rota de caravanas entre o Saara e Marrakech, na colina do sopé do Alto Atlas, à beira do rio Ounila. Foi fundado em 757 e é patrimônio da humanidade pela UNESCO. Começou como a casa de uma família apenas, no entanto a população cresceu, buscando um local seguro para viver. A cidade é toda construída por tijolos de barro e palha que funcionam como isolante térmico e não me pergunte como está tudo de pé até hoje! A maioria dos habitantes da cidade vive agora numa aldeia mais moderna, no outro lado do rio; no entanto, dez famílias ainda vivem no kasbah. O Oued Malih é um rio praticamente sem água a maior parte do ano, mas no inverno e na primavera o antigo ksar de Ait-Benhaddou fica isolado. O túmulo do seu fundador, Ben-Haddou está na base da colina, por trás da cidade.

 

Ait Ben Haddou faz parte da rota de Hollywood do Marrocos: atraídas pelos custos baixos e pela paisagem, muitas produtoras vão filmar na região. Ali já foram filmados vários filmes famosos, como Lawrence da Arábia, A Múmia, Gladiador, Alexandre e Príncipe da Pérsia, entre muitos outros. Quando visitei a cidade, estavam filmando Game of Thrones. (OMFG!)

 

Chegando lá, fomos recebidos por um guia local, que me contou tudo isso aí em cima e muitas outras curiosidades. Super simpático e o tempo todo dando informações úteis, sua presença foi crucial para entendermos tudo em relação ao local, que é, de fato, fantástico e cheio de histórias. O passeio durou umas 2 horas (talvez mais, foi tão bom que não sei precisar!) e depois fomos levados para almoçar em um restaurante caro e ruim =(

 

Saindo de Ait Ben Haddou, voltamos para a estrada que levava à Ouarzazate e logo chegamos lá (são apenas 30km). Mas não achei nada demais na cidade, para ser bem sincera. Há um museu do cinema e um outro Kasbah, mas não me interessei muito por nenhum dos dois e ficamos sentados nas escadarias do museu descansando.

 

Depois de Ouarzazate, seguimos para Valley of roses e fizemos uma pequena excursão por uma plantação de oliveiras. É impressionante ver uma imensidão verde no meio do deserto, o engenhoso sistema de irrigação e, por fim, entender o modo da população local de trabalhar e de cultivar a terra. Depois de andar pela plantação, fomos levados à uma tenda bérbere de produção de tapetes onde nos foi explicado o processo de produção de tapetes bérberes artesanais e, claro, no fim, nos ofereceram uma dezena de tapetes dos mais variados tipos, tamanhos e preços. Eu confesso que não resisti e comprei, mas, atenção: eu me arrependi! Primeiro porque chegando em Fès vi que poderia ter comprado por um preço melhor (ou seja, em Marrakech encontraria um preço melhor ainda!) e segundo que o tapete acabou desfiando um pouco durante o breve uso que teve em minha casa (meu namorado espirrou x-14 em uma louça no meio da sala e manchou o meu amado tapete mágico!rs). Achei decepcionante ver os fios do tapete se desprenderem, porque o rapaz que nos vendeu garantiu que duravam “para sempre” e não desfiavam de jeito nenhum. Obviamente eu não esperava que durassem para sempre, mas era um tapete árabe, afinal, esperava que durasse mais que dois meses sem desfiar! Bom, seguindo viagem…

 

Depois disso veio uma longa viagem até o vale de Dades, onde faríamos o pernoite. Chegamos lá já em total escuridão e tudo que queríamos era um banho, uma cama limpa e comida quente. O local não era dos melhores, mas tinha água quente, lençois razoalvelmente limpos e uma comida comestível. Não espere muito das refeições durante a viagem, especialmente se você teve uma boa experiência gastronômica em Marrakech.

 

No dia seguinte acordamos bem cedo e seguimos para a Gorge du Todra. No caminho, paisagens espetaculares, coisa de tirar o fôlego! A Gorge du Todra é outra coisa linda de se ver e a vontade era de ficar por ali para o almoço. Mas, infelizmente, fomos novamente levados a um restaurante caro e ruim e depois disso seguimos nosso caminho até Merzouga, rumo à nossa noite no Saara.

 

Depois de passar o dia na estrada, tudo o que queríamos era chegar logo. Mas uma surpresa desagradável nos pegou na entrada do deserto: uma tempestade de areia. Eu tinha vontade de chorar, de gritar, de dizer que não era justo passar dois dias na estrada e ser impedido de entrar no deserto por uma tempestade de areia. Mas não havia nada a ser feito. Não havia visibilidade e a viagem de camelo deserto adentro era muito perigosa para ser feita com turistas naquelas condições. Ficamos ali, esperando para saber se iríamos entrar no deserto ou se a viagem tinha sido em vão. Ficou decidido que faríamos a viagem de camelo na madrugada, antes de o sol romper, se a tempestade já tivesse ido embora. Acabamos dormindo em tendas sujas e fedorentas, no ponto de apoio logo na entrada do deserto. Uma noite pavorosa, fria, com muita raiva e decepção, além de um medo terrível de escorpiões e outros bichos. Levantamos ainda de madrugada para fazer o passeio de camelo, que, na verdade, são dromedários. Fomos no lombo dos macios bichos por cerca de 20 minutos até uma grande duna de onde já não se via sinais de civilização. Era o Saara. Ainda uma pontinha dele, mas era o místico e fantástico Saara! Vimos o nascer do sol entre nuvens, fazendo força para se libertar e brilhar alto no céu. Foi indescritível. Eu só queria sentar ali e olhar o sol, olhar o horizonte infinito de onde ele se levantava. Não passamos a noite no meio do deserto, mas na entradinha dele. Não vimos o nascer do sol no lombo dos camelos voltando para a cidade. Mas estávamos ali. Em uma duna, no meio do deserto mais fantástico do mundo. Era demais! Pegamos os dromedários para mais 20 minutos de viagem de volta. Os rapazes estavam com um certo desespero de sentar nos bichos de novo, mas eu me sentia bem, meu camelo era pequeno e confortável. Olha, quando voltei de lá eu praguejei muito sobre esse passeio. Porque depois de todo o perrengue da estrada, eu acabei sendo surpreendida por uma tempestade de areia que quase estragou meu passeio por completo. Mas a verdade é que mesmo assim, valeu a pena. Aquele nascer do sol no Saara valeu a pena todas as horas na van, a poeira grudada no corpo, a bunda doendo, a tenda suja, o medo de escorpiões. Minha maior vontade agora é voltar ao Saara e tentar de novo. Tentar passar uma noite mágica como aqueles 20 minutos observando o nascer do sol.

 

Depois que chegamos ao ponto de apoio novamente, tomamos café e pegamos a van que nos deixou na rodoviária (1h de distância,mais ou menos). Ali começava a nossa viagem para Fès: uma aventura extremamente desconfortável e estranha, que durou 11 horas dentro do ônibus mais incomum que já vi na vida!

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[Terceira parte do roteiro]

Fès

 

Fès é uma cidade muito mais fechada do que Marrakech. Logo que você chega, já percebe que não há muitas moças com os cabelos à mostra e não há turistas de shorts e camiseta. Aliás, a quantidade de turistas por aqui é bem menor.

 

A medina, maior e mais complexa, vai acabar exigindo que você consiga um guia. Nós, depois de tantos dias em terras morroquinas, achamos que já estávamos espertos o suficiente para andarmos sozinhos pela medina. Ledo engano. Nos perdemos, não achamos os lugares que queríamos achar e voltamos pro nosso Dar com o rabinho entre as pernas. No dia seguinte, com um guia, vimos tudo que queríamos e foi ótimo, porque ele ainda nos contava histórias e nos explicava aspectos interessantes da religião.

 

Bom, nós chegamos numa sexta a noite, depois de 11 horas de viagem em um ônibus vindo do deserto. Não foi uma boa experiência. Parecia que não iríamos chegar nunca, fazia frio, ficamos com fome, o ônibus era sujo e velho. Chegando em Fès, queríamos comida, banho e cama. Qual não foi a nossa surpresa ao descobrir que sexta a noite não tinha comida por lá. Era feriado, dia santo ou sei lá o quê. Não tinha comida. Deus! O rapaz que nos atendeu no Dar Mehdi estava encantado com o fato de sermos brasileiros e foi para a rua atrás de comida para nós. Voltou com cuscus de frango e carne. Tudo ok, exceto pelo fato que o do Gustavo devia estar velho ou podre ou as duas coisas. Na fome, ele não notou nada. Mas teve uma severa intoxicação alimentar que o acompanhou pelos 4 dias seguinte, só amenizando em Paris.

 

No dia seguinte pela amnhã, com o Gustavo muito mal e fraco, resolvemos sair sozinhos. Tínhamos um roteiro a seguir e mapas, mas nos perdemos e acabamos seguindo um cara muito louco que nos ofereceu informação e nos enganou. Nos assustamos, porque quando vimos estávamos subindo as escadarias de uma casa com umas pessoas estranhas pelo caminho, quando, na verdade, pedimos que ele nos levasse à Mesquita Karouine. Mas, no fim das contas, o cara nos levou a um terraço com uma vista até bacana e nos cobreou uns trocados por isso. Resolvemos pagar sem questionar muito, porque estávamos num terraço, com um estranho, no Marrocos. Pagamos e eles nos levou de volta, depois de nos oferecer tapetes, lenços e tudo mais. Depois do susto, resolvemos voltar para o Dar. Isso serve um pouco como alerta. Em Marrakech, muitas pessoas nos ofereceram ajuda e realmente nos ajudaram. Acabamos “relaxando” em relação a isso. Mas a regra geral é não aceitar ajuda de estranhos que se oferecem. Pedir ajuda para comerciantes é mais seguro. Assim, essa primeira manhã foi praticamente perdida, tirando o fato que vimos muitas coisas curiosas pelo caminho e rimos de nós mesmos de tão bobos que fomos!

 

Fès tem uma oferta maior de restaurantes mais “requintados”. O Café Clock é uma ótima pedida e o Le44 é uma excelente opção de fuga da culinária árabe se você já estiver um pouco cansado. Comemos lá três ou quatro vezes, já que o Gustavo não podia nem sentir cheiro de cuscus. No segundo dia, já com o guia, fomos ver os pontos de interesse de Fès, que são:

 

 

 

Medersa Bou Inania – para quem visitou a Ben Youssef em Marrakech, não impressiona tanto. O nosso guia nos disse que a Ben Youssef é uma das mais bonitas do país.

 

 

 

Bab boujloud – o portão azul, principal entrada para a Medina. A vantagem de estar com o guia é que ele conta toda a história do portão e nos mostra até um menor, que quase ninguém vai ver.

 

Medersa merinide – acabamos não indo e não houve motivo, apenas não fomos! =/

 

 

 

Quartier tanneurs – Todo mundo tem aquela imagem do tingimento de couros quando pensa em Marrocos. Na praça Es-Seffarine começa o quarteirão do tingimento de tecidos e lá é possível observar as tinas de tingimento. Nosso guia nos levou a um terraço, nada muito bonito. Ganhamos um ramo de hortelã e lá fomos nós. Para falar a verdade, não achei muito impressionante, Talvez porque tenha dado o azar de não ter visto muitas cores.

 

 

 

La Zaouïa De Moulay Idriss – Não podemos entrar, mas dá pra ver da porta. Aliás, Fès, sendo muito mais fechada que Marrakech, tem diversas “atrações” fechada apenas para muçulmanos. Isso acontece pelo motivo óbvio: o que para nós é atração, para eles é sagrado.

 

 

 

Al-Karaouine University – Foi fundada em 859 por Fatima al-Fihri e é a mais antiga universidade ainda em funcionamento no mundo de acordo com a UNESCO. É outra atração que podemos ver apenas da porta e é linda. Quando passamos por lá, estava justamente na hora de uma das orações e os homens estavam se lavando para rezar. É grandiosa e vale a pena ver, mesmo que da porta.

 

 

 

Museu de Artes e Ofícios de Madeira de Nejjarine – não entramos, vimos da porta também. Mas é possível entrar.

 

 

 

Além desses pontos, o guia nos leva por ruelas e labirintos, é uma verdadeira viagem no tempo. Eu, particularmente, não gosto de passeios com guia, mas no caso de Fès é absolutamente maravilhoso ter um bom guia local te contando histórias e te mostrando detalhes que você nunca olharia sozinho. Pequenas janelas acima das portas, por onde as mulheres podem ver quem bate sem serem vistas. Batedores de porta diferentes, para que se saiba se quem bate à porta é homem ou mulher. Tingimento de tecidos, com caldeiras fumegantes e tinta escorrendo pelas ruas. Ruelas que só passam uma pessoa por vez. Cortiços utilizados pelas antigas caravanas. Lojas, temperos, frutas, histórias diversas. No nosso caso, estávamos às vèsperas do feriado Eid el Kebir ou Eid Adha (festa do cordeiro), um dos mais importantes para os muçulmanos. Nessa festa, os muçulmanos sacrificam animais para lembrar a disposição de Abraão em sacrificar seu filho Ismail segundo a vontade de Deus. Não entedíamos o motivo de vermos tantos cordeiros pela medina e tanta gente nas ruas e ele nos contou sobre o feriado e nos explicou que as pessoas com condições financeiras compravam mais de um cordeiro para doar à famílias mais pobres para que também possam sacrificar. Além disso, eles trocam presentes. Eu, sinceramente, fiquei extremamente aliviada de nossa passagem por lá terminar antes do feriado chegar, porque pensar em todos aqueles cordeirinhos fofos mortos me dava vontade de chorar!

 

 

 

Já sem o guia, tomamos um taxi até o Tombeaux merinides. Você pode tomar um táxi na praça, do lado de fora dos muros, é uma corrida rápida. O lugar tem uma vista linda da cidade e vale muito a pena!

 

Os muros da medina são uma atração à parte. Eu não me cansava de tirar fotos com diferentes iluminações!

 

No segundo dia fomos explorar um pouco da cidade além-muros. Passamos pelo Dar-el-Makhzen (Palácio Real) e tomamos um puta susto: devia ter alguém muito importante por lá no dia, porque ao apontar a câmera em direção ao palácio (que é fechado ao público) tomamos meia dúzia de gritos de uns guardas e um deles veio correndo atrás de nós. Pensei: pronto, é agora que seremos presos! Hahaha. O cara me obrigou a mostrar a câmera pra ela e provar que não havia nenhuma foto. Depois nos “liberou”. Mais brancos do que nunca, seguimos explorando a cidade sem muito rumo. Tirando fotos e parando nos lugares interessantes. Ao voltar para a medina, aproveitamos para explorar as barracas de frutas e carnes (tirando fotos e não comprando!) e para comprar mais alguns lenços e lembrancinhas. O pessoal aqui é mais insistente que em Marrakech e apelam mesmo pra família, pros filhos que precisam alimentar, etc. Um deles chegou a nos dizer “estou vendo que são um jovem e feliz casal e estão viajando (está implicíto aí que o tio achava que a gente tinha grana! coitado!). Vocês tem filhos? Não. Pois é. Eu tenho. Vários. E preciso alimentá-los.” Acabamos comprando com ele, mas nos sentimos meio putos com o discurso. Eles ficam repetindo que em Fès não tem muito turista, que os comerciantes sofrem, só faltou dizer que passava fome. Enfim, estejam preparados!

 

A noite fomos comer no Café Clock, que tem hambúrguer de carne de camelo. Go, baby!

 

O nosso terceiro dia em Fès nós usamos para fazer um bate-volta em Meknes e Vollubilis. Valeu a pena. Muito. Conto no próximo post!

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