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El Chaltén e Torres del Paine, 03/2013


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Após alguns anos alimentando a ideia, finalmente pude caminhar por algumas trilhas na Patagônia. Desde que vi um programa sobre a Patagônia na década de 90 fiquei fascinado pela região. Quando comecei a gostar de trekking e vi as imagens de Chaltén, TDP, Nahuel Huapi, Dientes de Navarino, Los Alerces a vontade de trilhar aqueles caminhos só aumentou. Finalmente, depois de 3 anos, nesse verão conciliei as férias nos dois trabalhos. Tudo pronto, zarpamos pra Argentina, eu e minha esposa, que nunca tinha feito uma trilha na vida. Ficamos 4 dias em Buenos Aires pra relaxar um pouquinho e de lá partimos pra Calafate. Como o voo atrasou quase duas horas , por pouco não perdemos o ônibus pra Chaltén, mal tivemos tempo de deixar algumas coisas no hotel e comprar um cartucho de gás antes de subirmos no ônibus. A Alyne dormiu praticamente a viagem toda, acordando apenas quando eu a chamava pra mostrar alguma coisa às margens da estrada. Sentei na escada próxima ao motorista e agente foi tentando conversar, afinal meu portunhol é péssimo e ele de português não falava nada. E assim, na enrolação fomos “batendo papo”, ele me mostrou onde ficava o Glaciar Viedma e que há alguns anos ele não retraía tanto como agora e podia ser visto desde a estrada, diferentemente de agora que não conseguimos observar o glaciar desde a rodovia. As nuvens encobriam tanto o Fitz Roy quanto o Cerro Torre. Ao chegarmos na portaria do parque descemos para ouvir as orientações e conheci uma colega de busão: Sabrina, uma argentina que falava sem parar. Perguntou-me o que iríamos fazer e disse-lhe que iríamos até o Campamento Poincenot e de lá até Campamento De Agostine. Insistiu em nos acompanhar e eu com o pé atrás, pois ela carregava uma parafernalha que me dava a certeza da garota não conseguir chegar nem ao mirante do Rio de Las Vueltas. Compramos os últimos suprimentos e a menina no nosso encalço, a Alyne como é um anjo, dava toda atenção pra Sabrina que não parava de falar que tinha medo de acampar só, que não tinha bastão, precisava alugar sei lá o que... Eu já estava puto, paramos numa lanchonete pra comer qualquer coisa e a Sabrina tava de prosa com uns caras que a convidaram pra uma festa no dia seguinte. Ela falou que gostaria de ir, mas que iria acampar nessa noite. Terminamos de lanchar e ao colocar a mochila nas costas já com toda comida percebi o “trambolho” que carregava. No aeroporto, tinha pesado 19,5 kg, como tinha colocado mais comida e a água, devia estar beirando 24-25 kg. Levar a esposa pra uma trilha não tem preço, mas tem um pesiiiiiiinho! Toda a comida e todo o material de acampamento pra duas pessoas estavam comigo, além de 4 litros de água. A Mochila da Alyne estava com pouco mais de 8 kg. A argentina enrolou mais um pouco e após 15 minutos esperando-a sair de uma loja qualquer, acabamos deixando-a para trás e seguindo nosso caminho sozinhos. O início da trilha para o Fitz Roy é uma subida puxadinha e no meio desse trecho a Alyne estava abrindo o bico. Juro que acreditei que ela não conseguiria e já estava disposto a subir com minha mochila e voltar pra buscar a dela ou carregar a mochila dela dependurada no meu peito. Como a danadinha é orgulhosa, negou-se a passar por qualquer uma das situações e devagar venceu a subida. Depois desse trecho a trilha é plana e bem arborizada, bem fácil. Como íamos num ritmo fraco, levamos mais de 2 horas até a Laguna Capri, nessa hora o tempo já estava bastante coberto e os trovões anunciavam a chuva. Resolvemos armar o acampamento ali mesmo. Armamos a tenda e fomos cozinhar, mal acabamos de jantar e a chuva caiu forte, depois de me agasalhar, pois eu estava com um saco de dormir meio vagabundo, dormimos com o delicioso barulho da água caindo na barraca acordei duas ou três vezes durante a noite e pela manhã a chuva insistia em continuar. Esperamos até ás 13:00 horas e como ela não passava, resolvemos ir até o acampamento Poincenot. Não gosto de caminhar na chuva, mas desarmar ou armar acampamento nestas circunstâncias é muito pior. Umas 2 horas depois chegamos ao Poincenot, o acampamento estava cheio de barracas mas não havia ninguém fora delas. Escolhemos um local e levantamos a tenda, pulamos pra dentro dela e o tempo parou, acho que uma hora à toa dentro da barraca parece um dia inteiro, sem contar que a TNF Tadpole é apertadinha pra duas pessoas, principalmente quando um deles está com físico baleia. Estupefato de ficar preso, aproveitamos uma diminuída na chuva pra subirmos até a Laguna de Los Três, partimos por volta das 17:00 horas. Mas parece que São Pedro estava de sacanagem conosco. Passamos pelo acampamento Rio Blanco e ao iniciarmos a subida o tempo começou a abrir e a chuva diminuiu mais ainda, pra alimentar ainda mais nossa esperança de melhora no clima. Com muita chuva a subida fica chatinha, mas nada de outro mundo. Cruzamos com algumas pessoas que nos disseram que a visibilidade estava péssima, mas que estávamos com sorte, pois com o vento que soprava, o tempo deveria abrir bastante e teríamos uma visibilidade melhor que a deles. Doce ilusão, vimos o lindo azul da Laguna de Los Três por no máximo 10 segundos, foi só chegarmos lá no alto o tempo virou totalmente, a névoa cobriu tudo e não tínhamos nem 5 metros de visibilidade, o que era uma chuva moderada se transformou numa tempestade e o frio começou a castigar. Ouvi um estrondo enorme e tive certeza de se tratar de uma avalanche em alguma geleira próxima. Tratamos de nos mandar dali, pois o tempo estava horroroso. A descida foi um pouco complicada, a trilha ficou bastante escorregadia e a chuva cada vez mais impiedosa. Na descida passamos por um cara que vinha correndo morro acima apenas de bermuda e agasalho. Entramos no Campamento Rio Blanco e esperamos pra ver se a chuva dava uma diminuída, havia 4 pessoas conversando bastante lá, mas não trocamos nenhuma palavra. Depois de uns 30 minutos, como o tempo não melhorou, seguimos rumo ao Poincenot. Pulamos pra dentro da barraca e de lá só saí no outro dia já quase 11:00 da manhã, quando finalmente a água deu uma trégua. Como a Alyne ainda dormia aproveitei pra trocar ideia com alguns “vizinhos”. Conheci o Juan Pablo e o Santiago, ambos argentinos. O Santiago disse que tinha 5 dias que estava no Poincenot aguardando o tempo melhorar pra ter uma boa vista do Fitz Roy. O Juan Pablo estava lá há 3 dias. Eu não sou tão paciente e como o tempo continuava extremamente nublado, partimos em direção ao Campamento De Agostini. O caminho pelas Lagunas Madre e Hija e pelos bosques patagônicos é fantástico, e mesmo nublado as paisagens são fascinantes. O Cerro Torre também estava coberto pelas nuvens, e depois de mais um dia nublado e noite nublada, mas felizmente secos resolvemos voltar para El Chaltén, saindo do De Agostini por volta das 15:00 horas. No final da tarde, no caminho de volta à cidade, o tempo nos presenteou com uma boa visão do Cerro Torre e do Fitz Roy. Seria ruim ter passado quatro dias em El Chaltén e não ter visto nem a silhueta dessas montanhas. Achei o caminho para o De Agostini bem mais cênico que para o Poincenot. Chegamos em Chaltén já escurecendo e entramos na primeira hospedaria que encontramos. O preço não era lá essas coisas, mas o quarto estava excelente. Tomamos um banho quente demorado e caímos na cama. Acordei antes das 07:00, deixei a Alyne na cama e fui ver como estava o tempo. Certeza que São Pedro estava nos sacaneando: enquanto estávamos na trilha só chuva e nuvens, foi só dormirmos na cidade que o sol estava radiante e o céu completamente limpo. O Fitz Roy estava lá, mostrando-se perfeitamente lindo sem o seu manto de nuvens. Juro que tive vontade de botar a mochila nas costas e voltar à Laguna de Los Tres pra ver o bichão de perto. Como tinha combinado com a Alyne de voltarmos naquele dia pra Calafate desisti da ideia. Assim que Alyne acordou, tomamos café, um outro bom banho e fomos comprar a passagem. Antes de ir pra Torres Del Paine, ficamos três dias em Calafate pra descansar, secar as coisas encharcadas e lavar algumas roupas, mas acima de tudo tiramos esses dias pra conhecer o Perito Moreno.

Continua...

 

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